FAMILIA EGGERT
JOHANN HEINRICH EGGERT E DOROTHEA LOUISE TESSMANN/TESSMER
Sumário
1-
A história desta
pesquisa
2- Introdução
3- Terra de origem
4- A nova pátria: Joinville
4.1 Friderike Eggert
4.2 Auguste Eggert
4.3 Berta Eggert
4.4 O casamento de Carl Eggert
4.5 O casamento de Gustav Eggert
4.6 O ano de 1891: mudanças à vista
5- Em Jaraguá, Itapocuzinho/Bananal
5.1 Os filhos de Gustavo
5.2 Os filhos de Carl
6-A História de Emil Eggert e Emma Friedemann
6.1 A vida adulta dos filhos de Emil e Emma
7- Tempos depois lembranças da casa de Emil
8-Na casa de
Alitor Eggert
9- Os reencontros
Esquecer os ancestrais é como ser um riacho
sem nascente, uma árvore sem raízes. Provérbio chines
1- A história desta pesquisa
Em 1982, realizei uma pesquisa sobre os descendentes de Johann e Luize Eggert e
escrevi um pequeno texto que circulou entre alguns parentes. Depois fiz um
livro que foi lançado com uma pequena cerimonia no Museu Histórico Emilio da
Silva em Jaraguá do Sul no ano de 2003.
Após este evento realizei uma viagem junto com meu esposo e a prima Mariane Eggert
para a região da Pomerania em 2008. Novas descobertas foram feitas nestes anos,
de modo que apresento aqui a versão do livro revisada com a introdução de novas
descobertas sobre a vinda da família e correção de um lugar de nascimento.
Também sobre a descendência das irmãs que permaneceram em Joinville.
Como autora deste estudo, sou filha de Alitor Eggert neto de Carl Eggert,
portanto, tataraneta de Johann Heinrich Eggert e bisneta de Carl. Cresci nas
terras que Carl Eggert adquiriu quando se instalou, em 1892, na então
localidade de Itapocuzinho I, hoje limite entre os municípios de Guaramirim e
Jaraguá do Sul, por conseguinte, nos primórdios da formação dos mesmos. Parte
deste terreno abriga a Empresa Weg e uma pequena parte ainda está com a
familia.
Passei minha infância ouvindo meu avô Emil, meu pai e meu tio Oscar falando de Carl
Eggert. Muitas vezes, mostravam certas árvores e diziam: “estas foram plantadas
por meu pai”, “aqui, meu pai já tinha feito uma roça”. Lembro também, da foto
de Carl morto no caixão, pendurada no quarto do meu avô. Estes detalhes foram
instigando – me a buscar mais detalhes sobre a história da família.
Assim, em 1982, quando eu já estava distante deste meio, residindo em Florianópolis, foi a morte trágica dos meus
tios Emílio e Nilda, os quais residiam em uma das partes do terreno original da
família, que me fez buscar dados e escrever a história, pois eu temia que esta
parte daquele lugar encantado, onde estavam nossas raízes, poderia desaparecer,
e o que em parte já aconteceu.
O meu estudo começou tendo, como a principal fonte de dados, meu pai Alitor e o
tio Oscar. Com os principais nomes e algumas datas específicas, fui ao Arquivo
Histórico em Joinville, depois consultei os livros da Igreja Evangélica Luterana
em Pirabeiraba, local em que se encontravam[2] os livros da Paróquia da Estrada da Ilha.
Consultei também os livros de registro da Paróquia do Centro da Igreja Luterana
de Joinville, da Paróquia da Igreja Luterana de Guaramirim e Jaraguá do Sul e
Cartório em Jaraguá do Sul.
Auxiliada por meu pai, entrei em contato com parentes que não conhecia, como
Hedwig, a filha de Gustav Eggert, e Matilde Grun, filha de Helene, portanto
neta de Carl, que se constituíram em fontes valiosas por me revelarem aspectos
do cotidiano destes dois pioneiros, detalhes que incluíam o modo de ser e agir.
Em muitos momentos, usei os detalhes de minha própria memória, aquilo que tinha
ouvido na infância, checando-as novamente e procurando detalhes com o tio Oscar
ou com meu pai. Fotografias foram resgatadas, e sempre, acompanhada por meu
pai, visitei cemitérios para ver os túmulos daquelas pessoas que na medida que
ouvia falar delas, passavam a ter vida na minha imaginação.
Em 1982, quando ainda não dispúnhamos de computadores, minhas irmãs, Roseli e
Gisela, datilografaram o trabalho, mas também envolvi minhas outras irmãs como
a Renita, que, por residir mais perto das fontes de dados sempre procurava um
dado de última hora. Ainda escrevi para parentes que eu nem conhecia e descobri
na lista telefônica como foi o caso de Afonso Eggert em Joinville que me
auxiliou nos dados dos descendentes de Gustav.
É importante enfatizar que, nas pesquisas realizadas nos Livros de Atas,
Batismos, Casamentos, da Igreja de Pirabeirada, município de Joinville,
encontrei outros integrantes da Família Eggert que eram mencionados como
padrinhos de casamento e batismos e que eu não conseguia identificar. Posteriormente
após o lançamento do livro consegui saber quem eram estes integrantes da
família, mas sem ligação com nossa família. Isto mostra que a história é
dinâmica, novas descobertas nos fazem corrigir, elucidar ampliar os
conhecimentos.
Este texto escrito em 1982, reescrito em
2002 e publicado em 2003, foi revisto em
2023 utilizando fontes dos registros civis digitalizados, com novas informações
recolhidas ao longo do tempo.
2-Introdução
A vida familiar pode ser comparada a uma grande corrente na qual cada elo
representa uma geração. Este elo simboliza um importante papel, embora pequeno,
se olharmos a corrente como um todo. Normalmente, vivemos a nossa vida pensando
apenas em nosso elo, sem avaliar a importância dos anteriores e posteriores,
isto é, não avaliamos a importância que as gerações anteriores desempenham em
nossa vida e nem a importância da nossa vida nas gerações futuras.
Na
Família de Johann Heinrich Eggert e sua esposa Dorothea a decisão de emigrar
partiu provavelmente de Frederike e seu esposo August Klug que chegaram em
Joinville em 1865 trazendo também a sua irmã a menina Bertha de apenas sete
anos. No ano seguinte vieram os pais e os demais filhos Carl, Auguste, Gustav e
Emilie. Esta grande viagem foi um destes elos significativos na corrente da
família. Foi deles a importante decisão de emigrar ao Brasil,
proporcionando-nos um destino diferente, uma vida no Brasil e não na Alemanha.
Normalmente, conhecemos a história de uma
dinastia na França, mas não conhecemos a história de nossa própria família, por
isto, não nos valorizamos, não valorizamos nossos ancestrais e nem a futura
vida dos nossos descendentes. Isto acontece, porque o meio em que vivemos, não
valoriza o trabalho e a história do homem comum, apenas a história dos que
governam, esta sim é ensinada nas escolas e escrita nos livros.
Os homens e as mulheres comuns gastam a vida fazendo o trabalho pesado e árduo,
e são eles e elas que verdadeiramente constroem um país. Por esta razão, sua
história merece ser conhecida e transmitida através das gerações, e isto poderá
acontecer se as próprias famílias buscarem um pouco mais suas histórias.
Imbuída deste pensamento, resolvi estudar a história da Família de Johann
Heinrich Eggert e Dorothea Luise Tessmann. Esta história começa na Pomerânia no
século XIX a viagem para o Brasil e sua
vida aqui na terra brasileira até a segunda geração e alguns dados da terceira
geração. Esta obra tem como objetivo ser um
subsídio para encontros de família, para as histórias que podem ser contadas às
crianças e aos jovens contribuindo para compreender de onde vieram e se
identificar dentro de sua própria história.
Sobre o significado do nome Eggert este
aparece primeiramente em terras germânicas na idade media por volta de 1300
como primeiro nome, de um tal Meister Eckart. Significando forte, duro,canto
(ecke). Variantes do nome Eggert são Eckhardt,Eckert, Eckart. Como nome de
família começa a aparecer por volta de 1500 em diante em terras germânicas.
3-Terra de Origem
A Alemanha, antes de sua unificação em 1871, era formada pequenos e grandes
reinos independentes entre si. Após a
revolução de 1848, começaram várias disputas com a finalidade de unir os seus
inúmeros pequenos estados. Várias guerras se sucederam, o povo do campo e da
cidade sofria privações.
Da América procedia a propaganda de um mundo maravilhoso, um lugar onde os
indivíduos teriam oportunidade de tornarem - se proprietários de terras e
enriquecerem. Assim, muitas pessoas optaram pela emigração.
A Pomerânia, nesta época, uma província da Prússia, era limitada a oeste por
Mecklemburgo, ao sul por Brandeburgo, a leste pela Prússia Ocidental e ao norte
pelo Mar Báltico. Era um dos territórios mais baixos da Alemanha, com uma
temperatura média de 8ºC. Constitui-se em uma área cercada pelo mar. Os
produtos agrícolas mais importantes consistiam no centeio, cevada e batatas.
Entre as plantas para fins industriais, cabe mencionar o cânhamo, tabaco e o
lúpulo. Como a Pomerânia era constituída de grandes latifúndios a terra estava
concentrada nas mãos dos nobres e ricos; os camponeses apenas trabalhavam
nestas terras, em um regime de servidão feudal, em condições miseráveis. Com a
libertação dos servos que começou na Pomerânia Ocidental a partir de 1806 os
agricultores passaram a trabalhar na condição de diaristas para os donos dos
latifúndios. O trabalho era sazonal,
isto é, próprio de uma época do ano, provavelmente no verão, que havia trabalho
na plantação e colheita.
A Pomerânia nesta época, era dividida em três
distritos governamentais: Stettin, e Köslin na Pomerânia Oriental que
está situada na parte oriental do Rio Oder, e que atualmente pertence à Polônia
(Hinterpommern), e Stralsun na Pomerânia Ocidental, na parte ocidental do rio
mencionado (Vorpommern) que integra a Alemanha. O distrito governamental de
Köslin, apresentava-se subdividido em treze distritos menores, em média de 600
habitantes cada um.
De acordo com Granzow (2009), referindo-se à Pomerânia Oriental, local de onde
vieram nossos antepassados, naquela época, integrava a Prússia. A emigração dos
alemães não era muito bem aceita pelos governantes, já que estavam perdendo
muitos trabalhadores. Este autor salienta que Otto Bismark após 1870 quando a
Alemanha foi unificada e se tornou Chanceler, fez uma declaração sobre aqueles
que estavam emigrando: “Um alemão que se despe de sua pátria como se despe
de uma roupa velha, não é mais um alemão para mim, não tenho mais interesses
patrióticos para com ele”. Daí as leis que se seguiram dificultando
qualquer alemão emigrado ou seus descendentes de reaverem a cidadania alemã.
Somente a partir de 1859, os pomeranos
receberam autorização para emigrar, razão pela qual, a emigração dos pomeranos
ocorre da década de 1860 em diante. Ainda segundo Granzow (2009), a escolha do
destino à América do Norte ou do Sul, se fazia na maioria não de acordo com os
interesses dos alemães, e sim dos Agentes das Companhias que arregimentavam os
migrantes com sua propaganda. Refere – se ao fato de que esta propaganda
mostrava a possibilidade de serem proprietários de terras com independência.
Isto era particularmente atrativo, já que grande parte dos pomeranos eram
pobres trabalhadores agrários de vários tipos: trabalhadores nômades pagos por
dia de trabalho, servos, às vezes pequenos proprietários. No entanto, a maioria
das famílias trabalhava e dependia dos propritários dos latifúndios que eram
comuns na Pomerânia (Hinterpommern). Ressalta ainda que os locais de nascimento
dos Pomeranos no Brasil são: aldeias ou localidades pequenas (Dörfer) das
cidades (Kreisen) de Köslin, Kolberg, Regenwalde, Belgard,Greifenberg,
Schiebelbein, Neusstetin entre outros.
Assim, segundo registros de imigração e da igreja evangélica luterana, foi na
aldeia de Moltow, no distrito governamental de Köslin, que viviam Johann
Heinrich e Dorothea Luise Eggert nascida Tessmann, quando nasceu a 04 de maio
de 1851, um de seus filhos mais velhos Carl Friedrich Ferdinand. Johann o pai, era
“landmann” e, presume-se que não possuia terras, sendo também um trabalhador
agrário nômade, trabalhando sempre em lugares diferentes. Isto, pode ser
deduzido pois os outros filhos de Johann nasceram em lugares diferentes, porém,
próximos. Como pode ser observado no quadro a seguir.
Nome |
Local de nascimento |
Data do nascimento |
Frederike Wilhelmine Luize |
Fritzow (Wrzosowo) |
1844 |
Suposto Wilhelm |
Provável Fritzow |
Suposta data 1846 / 1847 |
Carl
Friedrich Ferdinand |
Moltow (Moltowo) |
4-5-1851 |
Auguste Wilhelmine Luise |
Ramelow
( Ramlewo) |
5-4-1855 |
Bertha Henriette Auguste |
Ramelow (Ramlewo) |
1858 |
Johann Gustav Carl |
Gross Jestin (atual Góscino) |
24-8-1860 |
Emilie |
Gross
Jestin |
Janeiro 1866 |
Moltowo e Ramlewo são atualmente duas
aldeias que pertencem ao distrito de Góscino no município de Kolberg/Kolobrzeg
uma cidade turística a beira do mar Báltico.
Na época do nascimento de Carl, presume-se que o pai Johann Heinrich trabalhava para a Família Braunschweig que tinha ali em Moltow o seu feudo. Esta família era muito rica e possuía um Palácio na cidade de Kolberg distante a 15 kms de Moltow, e que é um museu na atualidade.
O casal ainda tinha um outro filho, chamado supostamente de Wilhelm,
provavelmente segundo mais velho, do qual nós temos informações apenas na
história oral. Este filho provavelmente nasceu em 1848, considerando que as
mulheres tinham filhos num espaço de 2 a 3 anos.
Em 1865 a filha mais velha Friderike já casada com August Klug e a irmã Berta
então com apenas 7 anos de idade viajaram ao Brasil no navio Franklin de acordo
com a lista de passageiros em Hamburgo e a lista de chegada. (BÖBEL, SANTIAGO,
2001). Zarparam de Hamburgo no veleiro Franklin em 10 de outubro de 1865
chegando no Porto de São Francisco em 12 de dezembro deste ano. Ventos
contrários fizeram com que ele se detivesse por muitos dias no Mar do Norte
além de 21 dias no temido canal da Mancha. No Kolonie Zeitung de 23 de dezembro
de 1865 consta a notícia da chegada dos imigrantes: A barca Franklin sob o
comando do Capitão Fend chegou sã e salva com 191 passageiros após 66 dias de
viagem com 191 passageiros. Deste 142 foram destinados a permanecer na Colônia
Dona Francisca e 49 para a Colônia de Blumenau. Uma criança de meio ano faleceu
durante a viagem. Os recém-chegados a Colônia Francisca eram 106 adultos, 32
crianças e 3 lactentes. A maioria 122 eram da Prússia sendo assim a maioria era
também protestant. Observando-se
a lista de passageiros é possível verificar que apesar de muitas famílias terem
procedência da Pomerania oriental, apenas August Klug e esposa e cunhada vinham
de Gross Jestin. (BÖBEL 2001 p. 420.)
No ano seguinte 1866, o casal Johann Heinrich e sua esposa e 4 filhos incluído
a mais nova Emilie com 4 meses viajaram em direção a Hamburgo, após se desfazer
de seus pertences. Conforme Granzow (s/d) era o caminho trilhado pelos
pomeranos, facilitado pelo fato de que havia já uma estrada férrea da Pomerânia
para Berlin e de Berlin para Hamburgo inaugurada alguns anos antes.
Ainda existe uma versão na relatada na
família, de que viajaram até Hamburgo com 5 filhos, mas chegando lá Wilhelm
resolveu que não acompanharia seus pais ao Brasil e rumaria sozinho aos Estados
Unidos, sendo que a família nunca mais teve notícias dele. O restante da
família partiu de Hamburgo em 14 de maio de 1866, chegando a Joinville em 03 de
setembro de 1866 na barca Najade, sob o comando do Capitão Maalz.
De acordo com o Livro de Registros da Entrada dos Imigrantes do Arquivo
Histórico de Joinville, desembarcaram: Louise e Johann que se encontravam ambos
no desembarque com 43 anos, seu filho mais velho Carl com 15 anos, Auguste com
11 anos, Gustav com 5 e Emilie sua filha mais nova com apenas 4 meses de idade. Tanto na saída como na entrada em Joinville, o nome das
pessoas e as idades eram os mesmos. Não se fazia um novo registro da entrada,
apenas era conferido os dados e registrados posteriormente em um caderno.
Apenas no caso de morte no navio isto era comunicado. No caso de Emilie, ela
deve ter falecido logo após o desembarque pois não há registro posterior
confirmando sua existência e nem registro de óbito no navio.
Encerra-se assim a trajetória da família na
Alemanha, onde deixavam suas raízes para encarar um novo mundo que legaram para
todos os seus descendentes. Importante considerar o valor das decisões provavelmente
tomadas pelo jovem casal August Klug e Frederike Eggert que devem ter
convencido o casal já quase idoso Johann e Louise a tomarem esta decisão. O
real motivo sempre lembrado na família é que a decisão foi fugir do serviço
militar do filho Carl e ter que prestar
serviço na guerra.
Há lacunas que até hoje não foram
respondidas, ou seja, a do segundo filho, o suposto Wilhelm e ainda outra
versão da emigração que meu avô Emilio portanto filho de Carl contava a seus
filhos: que Carl veio sozinho com amigos
antes da família. Desembarcaram primeiramente na Bahia onde não lhe agradou o
lugar, vindo depois para Joinville. Os registros mostraram que esta narrativa
não se sustenta, talvez tenha havido confusão com a vinda no ano anterior de August,
Frederike e Bertha. Provável a história
sobre Wilhelm também tenha se transformado em um mito na família sobre sua
viagem aos Estados Unidos que até o momento deste escrito não há comprovação de
registro.
Hoje estes lugares deixados por nossos
antepassados pertencem a Polônia, em virtude de que após a segunda guerra
mundial, a denominada o território da Pomerânia oriental foi devolvida para os
poloneses como dívida de guerra. Esta foi sempre uma zona de litígio e por
isto, lá hoje só vivem poloneses, uma vez que todos os alemães foram evacuados
da região.
Moltow (Moltowo), Fritzow (Wrzosowo), Gross Jestin (Goscino) são pequenas
aldeias rurais que pertencem a cidade de Kolberg (Kolozobreg) e Ramelow (Ramlewo) pertence a pequena cidade de Carlino.
Todas são aldeias que tem igrejas construídas na idade e se conservam até hoje.
Estas igrejas que eram católicas depois se tornaram evangélicas luteranas sendo
que depois de 1945 se transformaram em igrejas católicas novamente com a
chegada dos poloneses.
4-A Nova Pátria
Na chegada do Navio Najade não consta nenhum
acontecimento relevante na imprensa de Joinville. Mas é possível enfatizar que
outra família também veio no mesmo navio da localidade de Gross Jestin,
trata-se da família Berndt um jovem casal: Friedrich de 28 anos, Johanna de 27
e o filho Wilhelm de 1 ano de idade. Um
total de 99 passageiros do Najade seguiram para Itajai onde desembarcaram
seguindo para Blumenau e posteriormente para a colônia Rio do Texto futura
Pomerode. Grande parte das famílias deste navio vinham da Pomerânia das
localidades de Regenwalde.
Segundo Ficker (1965), em 1865, foi realizado em Joinville um levantamento da
situação da colonização. Verificou-se que havia 4.275 habitantes, e que
nasceram naquele ano, 184 crianças e faleceram 87 pessoas. Existiam, até
dezembro, na zona rural, 25 arados e 112 carros de quatro rodas, 827 vacas
leiteiras e 400 cavalos.
Ainda de acordo com este autor, em dezembro, foram realizados os exames
escolares na presença das principais autoridades da colônia. Foram examinados
115 alunos do Colégio Público para rapazes e 101 alunas do Liceu para meninas.
Em seguida, foram examinados os 109 alunos da localidade de Annaburg, sendo que
os últimos estabelecimentos a serem visitados foram o de Pedreira, com 32
alunos, e a Escola Particular da Inselstrasse (Estrada da Ilha) sob a direção
do Pastor Feynauer com 44 alunos.
O ano de 1866 foi marcado por vários
acontecimentos relevantes para a história de Joinville. De acordo com Ficker
(1965), em fevereiro a costa de Santa Catarina foi castigada por forte temporal
seguida de intensas chuvas. Joinville estava em vias de tornar-se independente
de São Francisco do Sul. A 22 de maio era inaugurada a Usina de Açúcar na
localidade Pedreira que hoje é denominada de Pirabeiraba as margens do rio
Cubatão. Ainda de acordo com este autor,
o cenário que se apresentava na região de Pedreira era de grandes áreas
desmatadas e transformadas em pastos, plantações de cana de açúcar que se
estendiam ao longo do rio, e a serra azulada com suas florestas virgens ao
fundo. A chaminé alta da usina, dava um aspecto fabril nesta paisagem.
Depois da chegada do Barco Franklin em
dezembro de 1865, que trouxe August Klug e sua esposa Frederike Eggert grávida com
sua irmã a menina Bertha, no anos seguinte apenas dois barcos aportaram em São Francisco
trazendo no total 214 imigrantes. Um deles era o Najade no qual estavam os outros
integrantes da família Eggert que foram alocados no norte da colônia na
localidade da Estrada da Ilha.
A
Estrada da Ilha se constitui em um lugar privilegiado para a agricultura, é uma
área extensa com terras férteis, totalmente plana, no qual de todos os ângulos
se visualiza ao longe as montanhas azuis. No entanto no início da colonização
este lugar estava sujeito a enchentes o que somente muitos anos mais tarde foi
resolvido com obras de contenção.
A Comunidade Luterana da Estrada da Ilha, foi fundada em 1862 e a Casa de
Oração foi inaugurada em 1864. O Pastor Feynauer veio para assumir o pastorado
na Estrada da Ilha em 1864 por solicitação dos próprios colonos e permaneceu na
localidade até 1883.
A família Eggert na chegada a Colônia Dona
Francisca foi recebida pelas filhas Bertha de 7 anos, Frederike com esposo
Augusto Klug e a filhinha Emilie que nasceu em janeiro. Certamente tinham
muitas novidades para contar pois já estavam se acostumando depois de 9 meses.
Portanto quando chegaram já havia uma parte da família que podia ajudar na
integração a esta nova Pátria onde ainda reinava o Imperador D. Pedro II. Um
Brasil prestes a entrar na Guerra do Paraguai, e uma Santa Catarina cuja
capital era Desterro. Já havia outras colônias em formação com imigrantes
alemães como Blumenau, Brusque, São Pedro de Alcântara, Teresópolis, Santa
Isabel.
O casal Johann Heinrich e Luise já era um
casal maduro enfrentando um novo país e ao mesmo tempo já vendo a experiencia
de acolher os primeiros netos, mas tendo ainda crianças pequenas. Na descrição sobre a vida de cada filho
podemos acompanhar a vida desta família.
4.1 Frederike Eggert: 5-11-1844; + 2-9-1891
Frederike era a filha mais velha de Johann
Heinrich Eggert e Luize Tessmer . Ela nasceu em Fritzow, Kolberg Körlin,
Pomerania. C asou com August Cristian Friedrich
Klug nascido em 13 de março de 1839 em Lustebuhr também pertencente a
Kolberg-Körlin, Pomerania oriental.
Ela veio para a Colonia Dona Francisca junto com o esposo e a
irmã Bertha meio ano antes dos pais e irmãos. Ela já veio casada e estava
grávida quando embarcou no navio Franklin em 10 de 0utubro de 1865 chegando em Joinville
um pouco antes do Natal em 16 de dezembro em pleno calor do verão. Logo em
janeiro dia 28 nasceu sua filha Emilie, talvez tenha nascido no barracão dos
imigrantes. Se instalaram na Estrada da
Ilha e tiveram nove filhos.
Frederike faleceu com 46 anos em 2 de
setembro de 1891 a causa morte foi Influenza sendo sepultada no cemitério da
Estrada da Ilha. Nesta data seus pais ainda viviam na Estrada da Ilha e o irmão
Carl estava tomando providencias para mudança a colônia Jaraguá. A sua filha mais nova Martha tinha apenas
sete anos e vários filhos e filhas ainda jovens e solteiros. Seu esposo August faleceu
em 1902. Deixando todos os filhos órfãos de pai e mãe.
Filhos de Frederike Eggert e August Klug
1-Emilie Louise Henriette*28-1-1866 se casou
com Carl Böge ( *12.1.1864) em 31 de junho de 1888.Carl Eggert o tio, e Hermann
Penski foram as testemunhas no casamento
religioso.
2- Ricardo Alberto *1869 Casou com Luiza
Kühl. Faleceu em 1924.
3-Anna *20-5-1870 se casou em 29 de maio de
1891 com Guilherme Augusto Emilio Retzlaff filho de Guilherme e Augustina
Retzlaff. As testemunhas foram Carl Eggert e Johann
Wilhelm Friedrich Mühlmann.
4- Augusta *1873 se casou com Carlos Otto
Patzch em 22-12 1896. Tinha 18 anos
quando a mãe faleceu.[3]
5- Frederica *1875. Tinha 16 anos quando a
mãe faleceu em 1891
6- Alma tinha 14 anos quando a mãe faleceu. Casou-se
com Gustavo Meier.
6- Hedwig *1880 tinha 11 anos quando a mãe
faleceu. Casou-se com Jorge Meier. Faleceu em 2 de dezembro de 1946
8- Helene Frederike Luise *1882. Casou com
Emilio Guilherme Schramm em 29-7-1901.
+1953 tinha 9 anos quando a mãe faleceu
9-Martha Augusta Anna *1884 casou com Emilio
Oscar Paulo Schwarz e faleceu em 1964.
August Klug faleu em 14 de junho de 1902 na
casa de seu filho Ricardo residente na Estrada Meldorf ? . A causa da morte
registrada foi inflamação do fígado comunicada por Ricardo. Foi sepultado no
cemitério de Pedreira ( Pirabeiraba) na Estrada Dona Francisca.
4.2 Auguste
Eggert: *5.4.1855 +7.5.1932
Auguste Wilhelmine Luise a número 4 do casal Johann e Louise veio ao Brasil com
seus pais em 1866. Casou com Wilhelm Heinrich Christow Ponick em 18 de dezembro de 1877. Ele, o esposo era o filho do primeiro
casamento de Anton Gottlieb Christow Ponick e de Regina Friderike Scheibe,
vieram da Pomerânia em 1860. Após o casamento Auguste e o esposo se
estabeleceram como lavradores no morro onde atualmente está situado o Jardim
Sofia.
Filhos de Auguste Eggert e Wilhelm Heinrich
Christow Ponick
1-Gustavo
se casou com Karoline Karnnop
2-Augusto
se casou com Helena Holz
3-Marie
nasceu em 1884 e se casou com Heinrich Wolfgramm após ficar viúva se casou pela
segunda vez com Francisco Hardt também era viúvo e residia na Estrada Dona
Francisca. Após o falecimento de Francisco casou novamente, desta vez com seu
cunhado com Ricardo Holz que tinha ficado viúvo de sua irmã Liuze falecida
em 1941. Após o casamento o casal foi morar em uma nova casa na Estrada
da Ilha. (Holz 2011)
4-Hermann
/ Germano se casou com Luize Elmer Se estabeleceram na Estrada Botucas.
5-Luize
casou com Ricardo Holz, faleceu em 5 de outubro de 1941.
6-Luiz
se casou com Paula Kersten.
7-Otto
se casou com Luize Hardt
8-Adolfo
se casou com Serafina Moreira
De acordo com Holz 2011, na memória da
família ainda permanece a história do parto de Marie que aconteceu durante a
grande enchente de 1884 na Estrada da Ilha e região. Como o casal Auguste e
Wilhelm Ponick moravam em um morro estavam tranquilos pois a água não costumava
invadir a casa. No entanto Auguste entrou em trabalho de parto. Sabendo que a parteira não poderia chegar no
morro para fazer o parto durante a enchente, de forma resoluta tomou uma
decisão. Pegou um cocho que era utilizado para colocar açúcar que tinha 2
metros de comprimento e um metro de largura para servir de canoa. Com muita
habilidade remando contra a correnteza e com risco de bater em obstáculos como
troncos de árvores, levou a esposa para a casa de comercio da família Hoff. Em
seguida usando o mesmo cocho foi buscar a parteira que corajosamente também
embarcou no cocho de açúcar e pode chegar na casa de comercio para realizar o
parto com muito sucesso. Nasceu a Marie abençoada no dia 11 de março de 1884.
Auguste faleceu aos 77 anos de morte natural
na casa de seu filho Hermann na Estrada Botucas/ e foi sepultada no Cemitério
Municipal de Annaburgo.
4.3 BERTHA EGGERT *26-1-1858, + 27 -10-1932
Bertha
Henriette Auguste nascida em Ramelow no 26 de janeiro de 1858, batizada em 7 de
fevereiro de 1858 veio em 1865 acompanhando sua irmã Frederike e seu cunhado
August Klug ao Brazil no navio Franklin. Bertha se casou em 28 de janeiro de
1876 com Johann Wilhelm Friedrich Mühlmann nascido em 1852, Saxônia.
Bertha Eggert faleceu aos 74 anos de Insuficiência Cardíaca atestada
pelo médico Norberto Bachmann. Faleceu na casa de sua filha Anna que residia na
Rua Duque de Caxias s/n. O esposo Friedrich faleceu em 9-8-1929 de fraqueza
senil e gripe também atestado pelo médico Roberto Bachmann. Faleceu na casa da
filha Frida na Rua Duque de Caxias. O sepultamento e o registro no livro da
igreja foram feitos pelo Pastor Carl Müller. O registro no cartório de ambos
foi feito pelo genro Roberto Bachmann.
Johann Friedrich Mülhmann
Registro de óbito da Igreja, destaque para o local de
nascimento
Filhos
de Bertha Eggert e Johann Wilhelm Friedrich Mühlmann
1-
Louise Wilhelmina Frederike *1876.
Possivelmente sua tia Frederike foi a madrinha de batismo, daí seu nome.
2-Ida Auguste * 1878, casou-se com
Guilherme Voos
3-Bertha *1-2-1880 + 5-9-1946, recebeu o
mesmo nome da mãe. Antes de casar já teve uma filha aos 22 anos como mãe
solteira,a quem a família deu o nome de Lina Bertha Mühlmann. Sabe-se que o pai
desta criança era um jovem da família Karnnop. Lina seguiu morando e sendo
educada pelos avós, após o casamento de sua mãe com Carlos Pollnow. [4]Posteriormente
se casou com Carlos (Carl Hermann Wilhelm) Pollnow *9-10-1873 +6-3-1953 (Holz,
2011)
3.1Hedwig Pollnow (*1904 +1999), 2.2Helena Anna
Pollnow (*1906 +1972), 2.3Rudolfo Pollnow, (*1914 +1993) 2.4 Gottfried Pollnow
(1918 +2003), 2.5Adolpho Pollnow (1920 +1966)
4-
Cristian Friederich *1882
5- Gustavo*1882, casou-se com Helena Proknow
6-Anna Wilhelmime *1884, casou-se com
Guilherme Hörner
7-Frida *26-4-1890 + 27-7-1962, casou-se
com Heinrich Johann Karnopp. Tinham propriedade na Estrada da Ilha e
produziam cachaça, melado, açúcar mascavo, tinham gado e muitas caixas de
abelhas. Seu Hindirique como era apelidado ocupou cargos na Diretoria da
Igreja. (Holz,2011 p. 162)
8-
Mina* 1893 se casou com Gottlieb
Hardt
Familia de Frida Mülhmann
Registro de falecimento do esposo de Bertha no número 54
4.4 O
CASAMENTO DE CARL EGGERT
Carl, sendo filho mais velho, logo que chegaram a Colônia, foi trabalhar na
construção da “Serrastrasse”/Estrada da Serra, para trazer dinheiro à família
pois Auguste e Bertha já tinham idade para
ajudar os pais no trabalho da lavoura.
Estrada da Serra, era a denominação na época
para a estrada em construção ligando a Colonia Dna Francisca/Joinville à Colonia de São Bento. De acordo com Ficker
(1965), o projeto para a construção de uma ligação para o planalto iniciou em
1856, ficando estabelecido depois de uma viagem pelo local, que esta seria
feita pela subida da Serra Geral no Vale do rio Seco. De acordo com este autor,
a construção desta estrada teve muitos percalços, pois dependia de verbas dos
governos provincial e imperial, ainda acrescida das dificuldades próprias de
construir uma estrada na serra, assim teve uma construção lenta com várias
interrupções. Em 1865, a construção já estava bem adiantada e chegando ao alto
da serra, e empregava principalmente colonos recém-chegados, que assim tinham
condições de obter um salário mensal, para aliviar as primeiras necessidades
financeiras. Pela história da família Eggert, pode-se deduzir que as famílias
mandavam seus filhos solteiros para estes obterem um salário, enquanto os
demais integrantes cuidavam da lavoura.
Através de relatos de seu neto Oscar, sabemos que Carl morava em acampamentos
de trabalhadores e só raras vezes visitava seus pais pois a obra se encontrava
em cima da serra onde atualmente se situa o município de Campo Alegre.
Neste período, apaixonou-se por uma jovem,
filha de pais brasileiros, estes o receberam muito bem em seu meio,
presenteando-o com um cavalo. È provável que devido ao namoro com a jovem brasileira, Carl teve a
oportunidade de aprender a língua portuguesa. Isto lhe foi muito útil durante toda sua vida, já
que os alemães geralmente não falavam português e, portanto, tinham dificuldade
de se comunicar com os brasileiros. O dominio da língua portuguesa permitiu
que, mais tarde, ele teve papeis de
liderança em Jaraguá.
Depois de algum tempo, seu pai, Johann
Heinrich, soube através de vizinhos acerca do namoro com a brasileira. Muito preocupado, mandou chamar o filho
imediatamente, e disse-lhe: “Nós somos alemães, sempre pertencemos a Igreja
Evangélica Luterana e não admitimos nenhum filho casado com moça brasileira e
católica”. Conforme depoimento de Oscar Eggert Johann impediu o filho de
voltar para o trabalho da construção da estrada, cortando definitivamente o
namoro. A partir deste dia, Carl voltava a trabalhar com pais e irmãos na
lavoura.
Mais tarde, para a alegria de seus pais, Carl se casou com Johanna Wilhelmine
Keyser, filha de Gottfried Keyser e Elfriede Luise Giese. A família Keyser
chegou a Joinville alguns anos depois da fundação da colônia de Joinville, sendo
que Johanna Wilhelmine nasceu em Joinville a 06 de fevereiro de 1859. Moravam
na estrada Cometa atual Rua dos Bororós que inicia na Zona Industrial de
Joinville atravessa a Br 101 e termina na SC 418.
A
família Keyser tinha outros filhos e filhas, sendo que a filha nascida em 9.10.1866 casou com um jovem
da família Teichel da West Strasse em 6 de maio de 1886.
O casamento de Carl e Johanna Wilhelmine realizou-se em 05 de dezembro de 1878,
na Casa de Oração da Estrada da Ilha, tendo por testemunhas August Klug e Fredericke Eggert e Friedrich Holz possivelmente pai ou irmão da esposa de seu irmão Gustav.
O casal Carl e Wilhelmine foi morar na Estrada Cometa, nas terras da família
Keyser. Lá nasceram seus filhos Marie, em 1881; Helena Carolina Wilhelmina em
27 de novembro de 1882. Os demais Gustav Albert Bernard, em 1884; Paul
Friedrich Gottfried, em 30 de junho de 1888; e por último, Emil Louis
Guilherme, em 20 de março de 1891 nasceram na Estrada da Ilha de acordo com os
registros[5].
Isto nos leva a concluir que após um período na Estrada Cometa, Carl voltou
para a Estrada da Ilha já que suas irmãs já estavam casadas e residindo em
outro local.
4.5 O
CASAMENTO DE GUSTAV
Johann Gustav Carl, filho mais novo
de Johann Heinrich, casou em 26 de junho de 1887, com Luise Wilhelmine Holz,
filha de Friedrich Holz e Ernestine Duwe que eram
procedentes de Rheienbach localidade da cidade de Stettin e na data do
casamento moravam na Estrada Cometa. (Livro3, ano de 1887, n.6. da Igreja da
Estrada da Ilha). No registro de casamento consta que Gustav já morava na
Estrada da Serra e sua profissão era ferreiro. Segundo os relatos de Oscar
Eggert ele trabalhava na Usina de Açucar de Pirabeiraba, exercendo esta
profissão. No registro de nascimento da filha Hedwig consta também que Gustavo
era ferreiro. Esta informação mostra que
as terras de Johann Eggert na Estrada da Ilha
eram insuficientes para manter os filhos na agricultura e como Carl
assumiu a propriedade dos pais, Gustav que era solteiro na época, teve que buscar
outra maneira de prover seu sustento.
Gustav, após seu casamento, levou sua esposa
para o lugar que ele já morava na Estrada da Serra. Os três primeiros filhos
nasceram na Colônia Dona Francisca na Estrada da Serra (Registro Civil de
Nascimento, Joinville): Otto nascido em
1888 um ano depois do casamento, Guilherme nascido em 1889 e Sophie nascida em
1891. Já os demais filhos nasceram após a
migração para a localidade de Itapocuzinho atual município de Guaramirim.
Importante relatar que mesmo já residindo nesta nova localidade distante 80 km,
Gustav foi para Joinville para fazer o Registro civil do nascimento de dois de
seus filhos: Roberto nascido em 1894 e Elisa nascida em 1896.
4.6 O ANO
DE 1891: MUDANÇAS.
O patriarca imigrante nascido em 1821 já
estava completando 70 anos e a matriarca imigrante nascida em 1825 completava
nestes anos de 1891, 66 anos. Já tinham um número considerável de netos e
começavam a nascer os bisnetos. Neste ano nasceu Emil filho de Carl e Sophie
filha de Gustav. As filhas mais velhas
de Frederike já estavam se casando, a filha Emilie já estava casada desde 1888
e filhos nascendo. A segunda filha Anna se casou em 29 de maio de 1891. E no meio destas alegrias, também veio uma
tristeza que a família teve que vivenciar: a morte de Frederike em dois de setembro neste ano de 1891
Depois de 25 anos no Brasil é possível dizer
que o sonho de ter terras próprias estava se realizando para quase todos os
filhos e filhas. Exceto para Gustavo que trabalhava para terceiros.
A Colônia Dona
Francisca já tinha se desmembrado de São Francisco em 1886 passando a se chamar
de Joinville. Tinha neste tempo mais de 15 mil habitantes. No ano de 1891 foi
inaugurada a primeira agência bancária do Banco Industrial e Construtor Paraná.
Já funcionava o Cartório de Registro civil de nascimento, casamento e óbitos
desde 1888, um ano antes do Brasil se tornar República.
Com o rápido progresso da cidade as terras
já não estavam mais facilmente disponíveis para quem queria trabalhar na
agricultura. Novas colônias estavam sendo fundadas e terras mais baratas eram possíveis
muito longe de Joinville.
Assim
Carl vivendo na Estrada da Ilha não conseguia mais ver futuro no terreno dos
pais onde morava, pois, com os filhos nascendo queria garantir um futuro na
agricultura para eles. Talvez o terreno que os pais compraram também estava
sujeito a enchentes o que acontecia com certa frequência nesta região.
Nesta época, o Domínio Dona Francisca estava
vendendo os terrenos próximos à margem esquerda do Rio Itapocú, na Colônia
Jaraguá (Ficker 1965). Algumas famílias da Estrada Cometa e Estrada da Ilha,
sentiram-se atraídas para este novo lugar, os lotes da localidade eram mais baratos
e, portanto, poderiam adquirir mais terras. Certamente, movidas pela
necessidade de ampliar a fronteira agrícola para seus descendentes, pois a
família não tinha terras suficientes para que seus filhos pudessem praticar a
agricultura com uma razoável área para plantar.
Carl acompanhou a propaganda feita oficialmente e aquela feita pelos seus
vizinhos sobre a localidade, por isto, resolveu conhecer pessoalmente as novas
terras, fazendo assim, uma longa viagem a cavalo. Segundo o depoimento de Oscar
Eggert, ele saiu de madrugada e chegou ao cair da noite daquele mesmo dia em
Itapocuzinho. Conversou com as pessoas possivelmente perto do barracão de
recepção dos imigrantes que estava situada na cabeceira da atual ponte férrea e
a ponte do Zannoti (Emendoerfer, 2001).
Neste local ficava a sede da localidade de Itapocuzinho. Possivelmente
já tinha tratado sobre a compra do terreno com a administração do Domínio
Francisca em Joinville e vinha agora ver a localização e as condições destes
terrenos. Não se sabe se ele pode
escolher, mas pode-se dizer que os dois terrenos adquiridos foram de excelente
qualidade, planos e longe do perigo de enchentes.
Ainda
durante esta viagem, Carl resolveu que trocaria Joinville pela nova colônia.
Voltando para casa comunicou entusiasmado a decisão à sua esposa, aos filhos, aos
pais e parentes.
Presume-se que ainda neste ano de 1891 ou no
início de 1892, Carl deixou seus pais junto com seu irmão Gustav, vendeu o que
lhe pertencia e rumou para as novas terras em Jaraguá.
Johann Heinrich e a esposa Luise com a venda
do terreno da Estrada da Ilha, passaram a morar com Gustav na Estrada da Serra.
Eles já eram idosos e não poderiam enfrentar mais uma vez a derrubada da
floresta, a moradia improvisada.
Mais
tarde por influência de Carl, Gustav também deixou Joinville, levando consigo
os pais Johann e Louise e os filhos já nascidos: Otto nascido em 1888,
Guilherme nascido em 1889 e Sophie nascida em 1891 estabeleceram-se no Bananal,
atual Guaramirim. Não se sabe a data que da mudança, mas em 1894 nascia
Roberto. Gustav foi a Joinville fazer o registro de nascimento no cartório em
Joinville, mas comunicou que ele nasceu em Itapocú. Adquiriu terreno na atual
Rua 28 de agosto entre a igreja católica e o cemitério. A Empresa Nutrimental
ocupou por muito tempo este terreno.
E possível verificar em registros
posteriores de nascimentos e casamentos que as famílias de Joinville
continuaram se comunicando com os de Jaraguá. No entanto este elo se perdeu
logo na geração seguinte. Ninguém mais nas gerações seguintes mencionava parentesco
com as famílias Mühlmann, Ponick ou Klug.
5-EM JARAGUÁ,
ITAPOCUZINHO/BANANAL
Itapocuzinho I foi
fundada a partir de 1887, situava-se próxima a atual ponte férrea sobre o Rio
Itapocuzinho, local que hoje faz divisa entre os municípios de Guaramirim e
Jaraguá do Sul. É próximo onde o rio Itapocú e o Rio Itapocuzinho se encontram,
no qual ainda hoje há uma ponte da Estada de Ferro no bairro Imigrantes em
Guaramirim. Havia ali, um barracão de imigrantes próximo ao rio, que tinha sido
construído previamente pela Sociedade Colonizadora de Hamburgo[6] que
estava vendendo as terras do Domínio Francisca colonizando as terras da margem
esquerda do rio Itapocú e na margem esquerda e direita do Rio Itapocuzinho com
colonos na maioria de origem alemã. A fundação do povoado ocorreu aproximadamente
em 1887 com a chegada dos imigrantes Carlos Schäfer. Manoel Alves Siqueira,
Jose Vicente Caetano, Ferdinand Hänsch, Carl Vasel. (Silva 1975 p.84).
Neste local junto ao barracão, mais tarde foi construída a Escola de Comunidade
Evangélica Luterana, esta construção funcionava também como Igreja aos domingos
para os cultos. Algum tempo depois com a construção da Estrada de Ferro São
Paulo-Rio Grande que entrou em funcionamento em 1910, a povoação com o nome
Itapocuzinho I entrou em decadência, sendo sua sede transferida para o local
onde atualmente se situa o município de Guaramirim.
Foi próximo dali na atual Rua Waldemar Grubba município de Jaraguá do Sul,
perto da entrada para o município de Schroeder, que Carl adquiriu em 25 de
julho de 1892 seus dois lotes de terra (Silva 1975 p.153). Eram terras planas,
ideais para a agricultura e longe do perigo de enchentes. Oficialmente no Registro dos lotes do Domínio Francisca constam os
lotes 790 e 791 em Itapocuzinho I registrados como vendidos em 25 de julho de
1892. Já tinha um proprietário vizinho Hermann Rörich no lote 789/ 389
adquirido em 1889. Posteriormente outro vizinho foi Theodor Bolduan em 1894 e
do outro lado no ano seguinte se instalou Peter Möeller em 1893. (Silva,E.)
A
nova terra era uma imensa mata virgem. A primeira moradia foi um rancho
construído na parte leste do terreno, na encosta de uma pequena elevação[7]. Para Carl e esposa, tudo começava outra
vez, a derrubada da mata, a primeira plantação, a espera pela colheita. Para
isso, todos os integrantes da família trabalhavam arduamente desde a madrugada.
Este fato ainda era relatatado nas gerações seguintes, sendo exemplo de
abnegação ao trabalho árduo.
Em Jaraguá, nasceram ainda os seguintes
filhos de Carl: Max, Carlos e Johann
Theodor Anton.
Em pouco tempo, houve progressos nas terras de Carl.
Carl, logo no início, enfrentou
dificuldades, quando os federalistas, também chamados de maragatos, passaram,
em 1893, pela localidade de Itapocuzinho. Estes revoltosos contra o governo do
presidente Floriano Peixoto estavam sendo levados por um de seus principais
chefes, Gumercindo Saraiva, pelo interior de Santa Catarina. Durante a sua
trajetória, estes revoltosos chamados de maragatos praticavam horrores ao povo
civil: assassinavam, roubavam tudo o que encontravam principalmente o gado dos
colonos. Carl foi levado pelas tropas, mas conseguiu fugir. Marie e Helena
tiveram que levar o gado, para o meio do mato durante alguns dias, para evitar
os roubos, mesmo assim, os maragatos mataram o único touro que a família
possuía. Estes fatos foram relatados por Mathilde filha de Helena em 1982
para a autora.
Após estes incidentes iniciais, a família começou a colher os frutos do seu
trabalho e a vida continuava. Agora, que o irmão de Carl, Gustav e seus pais
Johann e Luise, moravam também no Bananal a família podia
ajudar-se com frequência.
Construíram uma olaria, sendo que os primeiros tijolos e telhas fabricados
foram utilizados na construção em 1898 de uma grande e bonita casa, no lado
oeste do terreno, um local plano de fácil acesso à entrada. Mais tarde, em
1901, foi demolido o rancho que serviu de primeira morada à família Eggert,
este material foi aproveitado para a construção de um rancho próximo à nova
casa, que serviu de estrebaria, na época e gerações seguintes. Conforme Silva
(1975 relatos dos netos [15], Carl construiu também um engenho de
açúcar e aguardente. Levava os produtos para Joinville de carroça onde eram
comercializados, já que Jaraguá, uma colônia incipiente, ainda não tinha
mercado para absorver plenamente todos os produtos produzidos. Provável que
nestas viagens entrava em contato com os parentes, pois tinha que pernoitar em
Joinville, visto que não era possível ir e voltar num mesmo dia.
Carl foi um dos pioneiros na fundação de Jaraguá, dinâmico e desembaraçado,
participava ativamente de todos os acontecimentos da nova localidade. Segundo
Silva (1975p.153) foi, além de Juiz de Paz, também zelador da estrada de
Itapocuzinho I, cargo que exerceu de 1896 a 1913. Este cargo, na época, exigia
enormes sacrifícios, pois além de seu trabalho na roça, mantinha a estrada em
condições de uso, um trabalho do qual não recebia remuneração alguma.
Ainda sobre sua participação na
comunidade, Ficker (2008 p.346) faz o seguinte relato em sua obra sobre a
história de Joinville:
.... em dezembro de 1906, realizaram-se em Joinville as eleições para
Superintendente Municipal, Conselheiros e Juízes de Paz para Joinville e
Jaraguá. Carl Eggert, juntamente com Domingos da Nova e Henrique Piazera
e Caetano Deeke, foram eleitos Juízes de Paz de Jaraguá. O fato já
mencionado que ele dominava a língua portuguesa possibilitou a participação
junto com pessoas como Domingos da Nova que só falava português. Importante enfatizar
que Jaraguá era neste período um distrito do município de Joinville e só iria
se tornar município em 1930.
A Igreja Evangélica Luterana começou a ser
organizada em Itapocuzinho I e na colônia Jaraguá a centro da cidade. A data da
fundação da Comunidade Evangélica Luterana em Itapocuzinho I é 1891 com a
construção de uma pequena edificação que servia para escola e também para os
cultos. Os filhos de Carl e Gustav frequentaram esta escola. Hedwig a filha de
Gustav Eggert, irmão de Carl, na
entrevista se referiu a esta escola como a “escola da cooperativa”
O pastor Walter Lange que fundou
Brüderthal em 1880, vinha a cavalo atender os imigrantes os evangélicos
luteranos da região de Jaraguá. Com a saída dele em 1897 veio o pastor Conrad
Rösel que permaneceu até 1901. A partir deste ano de 1901, veio o Pastor
Schlünzen para Brüderthal e região, e como a população de Jaraguá estava
ficando maior ele decidiu em 1907 fixar a sede de Jaraguá. Carl e Gustav participaram na fundação da
Igreja Evangélica Luterana de Itapocuzinho I. No entanto Carl também consta no Livro O
primeiro livro de Jaraguá do Frei Aurélio Stulzer como um dos integrantes do grupo que
elaborou os primeiros estatutos da Comunidade Evangélica de Jaraguá centro.
Algumas características da pessoa de Carl
ainda permaneciam nos relatos daqueles que o conheceram ou eram próximos de
seus filhos, cujos depoimentos foram possíveis de se levantar no ano de 1982.
Uma delas era que Carl gostava de beber a cachaça que fabricava, pois todos que
o conheciam, mencionavam que carregava em um bolso próprio da camisa uma
pequena garrafa de cachaça, que o acompanhava a todos os lugares. Antes de
iniciar uma conversa com um amigo ou conhecido, oferecia um gole e só depois
conversava. Era um homem divertido que animava adultos e crianças. Conta-se que
em 1962, quando da demolição da casa, encontraram a garrafa, mas infelizmente
não a guardaram.
De acordo com Hilda Rode filha de Emil, única neta que o conheceu relatou
em 1981, que na velhice Carl tinha dificuldade de andar e por isso andava com
uma bengala para ir para roça. Quando ela tinha em torno de 6 anos, ela
geralmente voltava da roça com ele antes dos outros no final da tarde. Ela
tinha que andar na frente dele e ele mandava que andasse rápido e se ela não o
fizesse logo, já levava uma bengalada.
A vida na povoação de Itapocuzinho I prosseguia com sucessos e percalços. A
enchente de 1906 foi um desastre, alagou boa parte de toda a região. Os rios
Itapocú e Itapocuzinho, sairam de seu curso natural, formando um imenso lago.
Nas terras de Carl, as baixadas foram tomadas de água, e quem viveu a tragédia,
posteriormente dava referências da altura em que a água chegou, pois foi a pior
enchente que a região conheceu, pior ainda do que a enchente que ocorreu
depois, em 1944.
Desde
1901 estavam em projeto a construção da estrada de Ferro da Cia Estrada de
Ferro S. Paulo-Rio Grande. Os primeiros trabalhos de terraplanagem iniciaram em
1905 no trajeto São Francisco,Joinville e distrito de Jaraguá e Colônia Hansa (
Corupá atual). Para viabilizar a
construção uma larga faixa de terra teria que ser ocupada da propriedade dos
imigrantes.No caso de Carl e de seus vizinhos Moeller, Bolduan esta faixa era em torno de 120 metros na parte frontal do terreno. Desta forma
ficou uma faixa de terra entre os trilhos e o caminho, futura rodovia, atual
Rodovia Waldemar Grubba. De acordo com Ficker 2008 p. 348, os trabalhos
estavam sendo perturbados no Distrito Jaraguá e Colonia Hansa em virtude da
falta de pagamento das indenizações dos terrenos por onde passava a linha
férrea”. Os moradores a expulsaram os trabalhadores da construção
alegando que só poderiam voltar a entrar em seus terrenos após o pagamento da
referida indenização. Somente em 1910 a linha férrea atingiu a Colonia Hansa, e
em 1913 foi inaugurado o último trajeto via São Bento atingindo Rio Negro.
A inauguração da Estrada de Ferro, que faz
até hoje a ligação do interior ao Porto de São Francisco, ocorreu em 1910 e se
constituiu um marco no progresso na região, afetando a vida cotidiana das
famílias imigrantes. A manutenção da ferrovia por trabalhadores de origem lusa,
repercutiu muito na vida das famílias de imigrantes alemães. Na família Eggert podemos observar, na
história dos descendentes de Gustav, casamentos que ocorreram com integrantes
da “turma”, como eram chamados estes trabalhadores funcionários da Rede
ferroviária.
Após a construção e funcionamento da via
férrea, os trabalhadores moravam em uma vila de casas que estava situada às
margens da via próxima a ponte que fazia divisa entre Jaraguá e Guaramirim.
Atualmente chamada Ponte do Zanotti. As casas tinham todas o mesmo padrão de
tamanho, cor e todas as casas de madeira. A cor era marrom com traços em
amarelo.
A ferrovia
fez com que, aos poucos, Jaraguá e Guaramirim se tornassem locais de passagem
para quem vinha de outras regiões como de Blumenau e Curitiba. Com isto houve
um incremento na economia com a construção de hotéis, do comercio e transportes
próximos as estações de trem. Aos domingos, o lazer nas duas cidades era passear
na estação, uma vez que lá havia oportunidade de conhecer as pessoas que
estavam em trânsito.
Em Guaramirim houve o deslocamento da
primeira povoação perto do rio Itapocuzinho,atual bairro dos Imigrantes, para
as proximidades da estação. Com
esta mudança o nome de Itapocuzinho I passou para o nome de Bananal. Ficaram
ainda perto do rio a Igreja Evangélica luterana e a escola da cooperativa,
sendo que por volta de 1940 a escola pública estadual foi construída também no
atual centro. Mais tarde na década de
1950 com a demolição do cemitério evangélico, a igreja, o salão paroquial e a
casa pastoral foram construídas sobre este local próximo à estação.
5.1 Os filhos de Gustav
Os pais imigrantes Johann Heinrich e Luise, que viviam na casa de Gustav, já estavam
bastante idosos, e a vida ia declinando lentamente. Conforme o Registro de
Óbito:João Eggert faleceu no ano de 1898 às seis horas no seu domicílio na
Estrada Itapocú,sendo do sexo masculino, cor branca, natural da Alemanha. Tinha
a idade de setenta e seis anos e seis meses. Não constava a filiação e nem a
causa de morte. Consta ainda que ele deixou 4 filhos e que foi sepultado no
Cemitério de Bananal O registro foi lavrado em 29 de junho de 1898, sendo
declarante o filho Gustavo Eggert.
Louise Eggert nascida Tessmer, segundo a Certidão de Óbito faleceu dia 7
de julho de 1905 às duas horas na residência de Gustav, sendo do sexo feminino,
cor branca, natural da Alemanha, aos 81 anos. Destaca-se ainda que: a causa de
morte é ignorada e faleceu sem assistência médica.Foi sepultado no Cemitério da
Estrada Itapocú. O registro foi lavrado
em 7 de julho sendo declarante Gustavo Eggert. Como observação, consta que ela
deixou 4 filhos. Como Frederike já tinha falecido entendemos que os 4 filhos
são: Bertha, Auguste, Carl e Gustav.
Johann e Louise, faleceram sem voltar a sua
terra natal, provavelmente saudosos da sua antiga Pomerânia, mas também é
possível que, junto a esta saudade, estava a certeza que vieram para esta nova
terra e venceram. Estas são minhas conjecturas, mas também foram feitas por
Granzow ( 2009 p. ), um alemão da
Pomerânia Oriental, que, na década de 60 do século passado, veio ao Brasil para
conhecer os descendentes de pomeranos. Na sua viagem de ônibus de Curitiba para
Pomerode, descrevia a paisagem e fez esta mesma conjectura quando escreveu:
“ao
olhar a paisagem, as casas, percebe-se que os imigrantes e seus descendentes
venceram, pois, seus filhos agora tinham terras, sendo que estes eram
proprietários e não apenas servos”
Apesar das estreitas relações entre as duas
famílias Eggert, o modo de vida de cada uma tinha particularidades e diferenças.
Parece que Carl era aventureiro, ousado, mais conservador da origem germânica e
mais determinado em suas atitudes em relação aos membros da família. Os filhos
de Carl eram obrigados a seguir rigorosa disciplina, como levantar as três
horas da madrugada para trabalhar no engenho de cana e na roça, segundo meu avô
Emil. A terra era extensa e naquela época, era plantada e bem conservada em
toda a sua extensão. Mesmo depois de sua morte, a terra original não foi
dividida e nem vendida. Todos os filhos de Carl se casaram com pessoas de
origem alemã e de religião evangélica luterana. Já as filhas de Gustav e os
filhos de Gustav, casaram-se com pessoas católicas e não descendentes de
alemães.
Também Hedwig de Souza, a filha de Gustav no
depoimento feito em 1982 fazendo uma comparação entre seu pai e seu tio Carl,
referiu que Carl era muito dinâmico, quando chegava para uma visita na casa de
Gustav, entrava abordando as crianças, falando alto, colocando todos em
movimento. Ao contrário, seu pai Gustav era
diferente, jamais queria tirar fotografia, razão pela qual, os filhos não
tinham sua foto como lembrança. Tinha uma estranha maneira de proteger-se do
sol quando trabalhava na roça, em vez de chapéu como era costume, usava um pano
que cobria a testa e era amarrado atrás do pescoço, semelhante ao que as
mulheres usavam naquele tempo ou ainda hoje usam em algumas localidades.
Ainda de acordo com sua filha Hedwig na roça
plantavam cana, arroz, cará, taiá, aipim, criava porcos e fabricava açúcar e
cachaça.
A esposa de Gustav, Luise Wilhelmine, além
de trabalhar na roça e cuidar da casa e quintal, era parteira da localidade. Iniciou
este trabalho numa emergência quando ainda morava em Joinville. Depois no
Bananal já com mais experiencia era muito solicitada de acordo com o depoimento
de sua filha Hedwig. Muitas vezes, era chamada durante a noite e enfrentava a
travessia do Rio Itapocú de canoa, mesmo em época de cheias. Era também uma
espécie de agente de saúde da localidade, atendia as pessoas com ferimentos,
prestava os últimos cuidados a pessoas em estado terminal, lavava e vestia os
mortos. [8]
Filhos de
Gustav e Louise
1-
Otto *17-8-1888
Joinville /Estrada da Serra +1929
Filhos conhecidos:
-Erwin Paul Max se estabeleceu em Guaramirim
- Marie
2- Guilherme Augusto Gustav
Eggert *6-9-1889 na
Estrada da Serra em Joinville+1956 casou com
Filhos:
- Affonso residente em Joinville com três
filhos: Sandra Maria, Marlene e Affonso.
-João residente em Blumenau,
-Arno Bruno casou Avanil Anna falecida em
2019. Residiam em Joinville
- Yolanda
3- Sophie *13-4-1891 em Joinville/ Estrada da
Serra/+10-01-1981 faleceu na Ilha da Figueira na casa da filha.
Casou-se com Adolfo Bolduan. Residiram na
propriedade que herdaram do pai Theodor Bolduan. Filhos: Wanda, Bertoldo,
Waldemar, Elvira e Melita.
4- Robert August Wilhelm * 7-8-1894 em Itapocuzinho + 5-7-1982
Casou-se com Otilia Fröchlich (Ricardo
Fröchlich e Ida) sendo que as testemunhas
do casamento civil foram: Adolfo Bolduan.
Filhos:Armando Rudolfo,Dorvalino, Waldemar
Adolfo.
5- Elise/Elisa * 7.12.1896 Itapocuzinho + 11-01-1960.
Casou-se com Mathias Oliveira. Teve uma filha ainda solteira Paula Eggert que
depois casou com Roberto Haensch agricultor na Estrada Itapocú. Esta
propriedade era próxima da casa de sua mãe Elisa e de seu irmão João que
residiam em lotes entre a estrada de ferro e a estrada de rodagem. [9]Elisa
era uma pessoa forte e saudável, no entanto foi acometida de um câncer no
estomago que foi a causa de sua morte. Roberto Haensch fez a comunicação do óbito
no cartório, sendo que o médico Fernando Sprigmann atestou como causa da morte
“caquexia cancerosa”, ou seja, fraqueza e emagrecimento devido ao câncer.
Faleceu aos 63 anos e foi sepultada no cemitério municipal de Guaramirim, onde
seu esposo que faleceu em 15.01.1951 já estava sepultado.
Demais filhos de Elisa: João,Ines, Nino e
Domenice
6- Hedwig Marie Helene * 1898 + 21-6-1988 se casou com Belarmino
de Souza. Belarmino foi um dos
empregados de Gustav,sendo que Hedwig se
apaixonou por ele nesta ocasião. Mais tarde Belarmino também trabalhou na Rede
Ferroviaria. Residiam no centro de
Guaramirim [10].Filhos:
Maria, João, Lidia, Alfredo,Valdir.
7- Jorge Carlos Marcos * 27.10. 1900 + 19-4-1956 atestada a causa
de carcinoma gástrico Foi registrado que
residia na Estrada Itapocú. Roberto Haensch o esposo de sua sobrinha Paula
Eggert foi quem fez o registro de
óbito. Faleceu solteiro,consta no registro que era agricultor.
5.2- Os filhos de Carl Eggert
Agora,
todas as terras nas imediações estavam sendo plantadas, as pessoas se visitavam
e se auxiliavam com freqüência. Aos domingos, Carl saía para a vizinhança e jogava baralho com
pessoas de sua idade. Johanna também visitava seus vizinhos e recebia visitas.
Seus filhos, já moços, gostavam de música e tocavam aos domingos à tarde. Os
ensaios de uma pequena banda eram realizados aos domingos na ampla varanda da
casa de Carl.
É claro que, junto a isto, buscavam o companheiro ou companheira para suas
vidas, esta busca foi bem-sucedida
Maria Emilia Agnes *
27.02.1881 em Joinville. +
27-02-1933. Casou com Wilhelm Sacht (Frederico/Friedrich Sacht e Ernestine)
de Itapocuzinho II (atual bairro João Pessoa) em 29-09-1901, sendo testemunhas Wilhelm Vogel e Otto Falgather.
(Registro ano de 1901 n° 59) Foram morar nas terras daquela família que se
situavam próximos do cemitério evangélico luterano. Marie faleceu em 27 de fevereiro de 1933 aos 52 anos.
Relata-se que faleceu de tétano, no entanto o médico Fritz Weise atestou a
causa de septicemia. Deixou 9 filhos 5 maiores e 4 menores de idade. Foi sepultada no cemitério evangélico
luterano de Itapocuzinho II, seu túmulo junto a seu esposo ainda se conserva no
local no ano de 1923. Meu pai Alitor sobrinho de Maria relatou que era
conhecida por “Tante Marichen”.
Tiveram 10 filhos temos apenas alguns nomes:
Wanda sacht, Marie Sacht, Bernardo Sacht, Adele Sacht que se casou com Carlos
Friedemann, Fritz Sacht, Willi Sacht, Frida Sacht, Paula Sacht falecida
prematuramente em 1916.
Helene Caroline Wilhelmine* 27-11-1882
em Joinville + 8-09-1937. O casamento civil foi em 2-8-1902 com 20
anos com Otto Falgatter, 27 anos, marceneiro, natural de Anaburg-Joinville filho
de Henrique Falgather e Catarina Kohlmann. As testemunhas foram: Augusto Mielke
e Otto Radner, Joinville. Helena se
casou grávida de 8 meses aproximadamente pois já em setembro nascia seu
primeiro filho Rudolfo. Por ocasião
deste nascimento moravam na casa dos pais dela na Estrada Itapocú. De acordo
com os relatos dos parentes o casal fez uma tentativa de residir em Joinville
com a Família Falgather,mas logo houve desentendimentos com a família e o casal
voltou a morar com a Família Eggert.
Mas havia muita gente na casa, Carl adquiriu
as terras defronte ao seu terreno, doando-as para Helene e esposo.
Infelizmente, Helene e o esposo não tinham a energia e agressividade
necessárias para o trabalho duro, tão indispensável naqueles tempos. Os filhos
do casal permaneciam a maior parte do tempo aos cuidados da avó materna. A filha Otilia quando estava um pouco maior
ajudava nos serviços da casa da avó Guilhermina. Apesar de possuírem bastante
área de plantio, plantavam pouco, pois Otto trabalhava como marceneiro e Helene
trabalhava na roça com os filhos, mas não tinha boa saúde. Nos últimos anos de sua
vida tinha ferida crônica na perna. Faleceu em 1937 [11]e
foi sepultada no cemitério evangélico luterano do Bananal, Otto faleceu alguns
anos depois em 1944.
Mais
tarde um dos filhos prováveis o mais velho Rudolfo foi trabalhar na Empresul a
empresa de eletricidade inaugurada em 1938, na localidade de Bracinho exercendo
um serviço de vigilância na área da represa de energia elétrica. Algum tempo
depois, a família vendeu as terras para a família Tribess.
Filhos de Helene:
-RUDOLFO *13.9.1902 em Jaraguá do Sul, os pais
residiam na Estrada Itapocu. Faleceu em 26.10.1964 No Hospital Dona Helena em
Joinville, o médico Harald Karmann atestou a causa: Ictus cerebral. Foi
sepultado no cemitério da estrada Dona Francisca Km 21. Está registrado que
faleceu com 62 anos e sua profissão era guarda florestal. Deixou 5 filhos
maiores de idade.
- ALFREDO
* 12.11.1906 em Jaraguá se casou
em 29.4.1939 com Wanda
Elvira Bolduan (Adolfo Bolduan e Sofia Eggert) Ela nasceu em
11.12.1914. As testemunhas do casamento
civil foram: Emilio Bolduan, Emilio Eggert, Elvira Bolduan e Irma Friedemann.
Ficaram residindo em Jaraguá do Sul onde faleceu em 12-5-1972. Filhos: Ingo e
Nelson.
- LINA *11.5.
1904 +21.4.1948. Casou-se em primeiras núpcias com Ricardo Guilherme Alberto
Behling natural de Blumenau e morador do Bairro Retorcida atual Nereu Ramos.
Foram morar na Estrada Nova em Três Rios do Norte. Tiveram quatro filhos e
quando Ricardo completou 30 anos suicidou-se em 14-5-1937.Tinha uma doença
crônica, impaludismo/malária, atestado pelo médico Godofredo Suce.
Depois em 13-12-1941 casou em segundas
núpcias com Alvin Strelow, solteiro , lavrador e fixaram residência na Estrada Nova em Jaraguá. Ela faleceu de insuficiência
cardíaca aos 43 anos atestada pelo médico Godofredo Suce. Deixou seis
filhos menores: Egon Behling, Ely
Behling, Raymundo Behling, Arthur Behling, Renato Strelow e Alberto Strelow. Foi sepultada no cemitério de Tres Rios do
Sul.
-MATHILDE /TILLI. * 15.3.1909 + 19.9. 1986. Casou aos 36 anos com Carlos Guilherme Grun*(15.8.1908+ 2.7.1981 filho de Carlos Grun e Olga Engehart) profissão carpinteiro com 37 anos. Casaram-se em Guaramirim em 19.1. 1946, no registro consta que ela residia no centro de Jaraguá o que nos mostra que já tinham vendido a propriedade pois os pais já tinham falecido. As testemunhas do casamento civil foral o irmão de Mathilde, Rudolfo de profissão operário e Oswaldo Grun de profissão ferreiro. Não tiveram filhos, na velhice após a morte do esposo Mathilde foi acolhida na casa de Irena filha de Carlos Eggert no município de Schroeder. Morava no rancho da família dentro do qual improvisaram uma moradia. A autora a entrevistou em 1982 e com muita alegria ela contou vários fatos ocorridos na casa de seus avós Carl e Guilhermina.
GUSTAV ALBERT BERNHARD/GUSTAVO
Nasceu em 1884 em Joinville e faleceu
em 1960 em Joinville.
Era o
filho mais velho e, casou aos 22
anos com Wilhelmine /Minna Bolduan de 22 anos Seu casamento civil ocorreu em 4 de maio de 1907 tendo por testemunhas
João Doubrawa e Jorge Czherniewics. Mina Bolduan era filha de Theodor Bolduan e
Emma Körner família vizinha de Carl. Após o casamento, se estabeleceram no
terreno ao lado de Helena. Aproximadamente onde atualmente se situa
supermercado, banco e comercio no início da Rua Joao Lucio Costa. Lá iam
nascendo os filhos. A vida transcorria normalmente, até que um dia o seu rancho
incendiou, destruindo todos os pertences necessários à lavoura. Desanimado, sem
forças para recomeçar, vendeu o terreno, estabelecendo-se no Itapocuzinho II.
Lá teve participação na Igreja Evangélica Luterana. Ele consta junto com seu
irmão Paul e integrantes da Familia Sacht no documento colocado no fundamento
da construção da igreja em 1936, num culto festivo tendo como Pastores: Richard Hermann Weidner e Ferdinand Sclünzen.
Seus
filhos Henrique e Werner sem perspectivas de conseguir novas terras migraram
para Joinville lá seguindo outras atividades ligadas a marcenaria. Anos mais
tarde, por insistência dos filhos, transferiu-se para Joinville. Seus
descendentes continuaram na área de fabricação
de móveis.
Quando Gustav já estava envelhecido, veio de Joinville visitar seu irmão Emil e
pernoitou na casa que era também a sua casa de infância. De manhã ao acordar,
foi no pátio dos fundos da casa onde estava situado o poço de água. Bombou
água, bebeu e lavou o rosto sentindo o frescor da água e daquele momento em que
revivia a infância e a vida naquele lugar. Disse em seguida: que maravilha,
estou de novo em casa, bebi da minha água e me lavei com ela, agora já posso morrer.
Pouco tempo depois, receberam a notícia de que Gustav tinha falecido foi no ano
de 1960 em Joinville de tétano. (Depoimento de Oscar Eggert).
Minna depois da morte do esposo em 1961, voltou
a morar no Bairro João Pessoa provável na casa da filha Luisa. Faleceu em
22.10.1972 com 87 anos. Consta que a causa da morte foi trombose cerebral
atestada pelo médico Paulo Jorge Wiens. Não deixou bens e não era eleitora.
Deixou os seguintes filhos vivos: Henrique, Werner, Alwino e Luisa. O registro do óbito foi feito por Hilário
Krüger de profissão viajante.
Filhos de Gustavo e Minna
-Henrique Guilherme Adolfo, nasceu em
27.11.1908. Migrou para Joinville ainda
solteiro casando-se nesta cidade com
Thereza. Teve dois filhos Aldo e Iris. Faleceu
em Joinville de câncer de pulmão aos 85 anos. Consta que era viúvo e de
profissão industrial aposentado. Deixou bens a inventariar e foi sepultado no Cemitério
Municipal de Joinville
-Alwin/Alvino Casou em primeiras núpcias com
Cecilia Lange (Gustavo Lange e Catarina Machado Lange) e se estabelecerem
também no Itapocuzinho II. Ela faleceu
em 23.08 1938 no hospital São Jose em Joinville por problemas renais aos 19
anos deixando um filho: Erno
Eggert. Quem fez o registro de óbito foi
o cunhado Henrique de profissão marceneiro.
Alvino se casou novamente sendo que
residiram por muitos anos em Jaraguá do Sul na Avenida Waldemar Grubba próximo
do local onde atualmente é a loja da Havan. Teve uma filha Marli Eda Eggert. Alvino
mantinha relações com seus primos filhos de Emilio Eggert visitando-se
mutuamente. A filha Marli se casou com o proprietário da Relojoaria Hardt e
atualmente (2023) residem no município de Penha. Alvino foi sepultado no
cemitério do bairro João Pessoa junto aos seus tios e primos.
-Werner supostamente também tenha migrado para
Joinville.
- Luisa nasceu em 30 de 1gosto de 1907, casou-se em Primeiras Núpcias com José Rech que faleceu em 20.9.1935. Em segundas núpcias casou com o também viúvo Rudolfo Carlos Emilio Lange em 6.6.1936. Permaneceu em no bairro Joâo Pessoa e faleceu em 28 de junho de 2002 residiram no Bairro João Pessoa. O casal foi sepultado no Cemitério Ecumênico de João Pessoa.
PAUL FRIEDRICH GOTTFRIED
Paul Friedrich Gottfried * 30.6.1888 em Joinville
+ 21.07 1959 no Bairro João Pessoa, Jaraguá do Sul. Foi batizado na Igreja E.
L. da Estrada da Ilha em 2-9-1888, sendo padrinhos Gottfried Keyser (avô
materno), Friedrich Naas e Luise Eggert (avó paterna). O nome dos dois
padrinhos e avôs deram o nome para Paul por isto Gottfried Friedrich. (Livro
n°5 1888 p.72). Casou com Hedwig
Wilhelmine Lange * 15.9.1891 nascida em Blumenau ( Ferdinand Lange e Augusta
Anlauf,) Hedwig faleceu
em 07-09-1972
O
casamento civil foi em 11.5.1912 e as testemunhas foram: Augusto Mielke 46 anos
comerciante residente no centro de Jaraguá e Guilherme Witt 29 anos profissão
negociante. O casal estabeleceu-se
também em Itapocuzinho II, próximo às terras de Marie e mais tarde também de
Gustav. Não se sabe se recebeu auxílio de seu pai para se estabelecer neste
local.
Paul
não ficou satisfeito com seu pai, devido à partilha da herança, que no seu
entender, foi injusta. Houve rompimento
com a família sendo que se manteve sempre afastado das famílias de seus irmãos,
foram cortadas as relações de amizade e as visitas aos domingos entre os
parentes, tão comuns naquele tempo. Os netos e netas de
Emilio que herdou as terras do pai e razão da discórdia, não o conheceram e nem
era mencionada a família de Paul nas conversas na família.
No
ano de 2003 por ocasião do lançamento da primeira versão do livro da presente
autora, realizamos uma visita para o filho Walter, herdeiro da propriedade de
Paul. De forma muito amistosa nos receberam a mim e a meu pai Alitor filho de
Emil Eggert. Os primos conversaram e ficaram muito felizes com o convite do
lançamento do livro.
Nesta conversa a esposa de Walter
confidenciou que havia na casa a foto no caixão de Carlos Eggert, pai de Paul
pendurada na parede. Ela não gostava daquela foto lúgubre e aproveitou a
oportunidade da morte de Paul colocando secretamente a foto dentro do caixão
dele. Note-se que apesar do rompimento ele assim como os demais filhos,
receberam a lembrança do pai morto, um costume da época.
Os integrantes da família de Paul estiveram
presentes no lançamento do livro, no qual foram apresentados aos demais
parentes. Os presentes no lançamento do
livro foram: Walter e a esposa Bertha S, Elizabeth A. Eggert, Edina S. Eggert.
Houve assim uma espécie de reconciliação dos descendentes. Walter e Bertha em
2023 já são falecidos.
Paul faleceu em 21 de julho de 1959 aos
71 anos, a causa da morte foi Insuficiência Cardíaca atestada pelo médico
Alexandre Otsa. Foi sepultado no Cemitério de Itapocuzinho II atual cemitério
evangélico luterano de João Pessoa. No Bairro João Pessoa no município de
Jaraguá do Sul há uma rua em sua homenagem.
Hedwig faleceu em 8-9-1972 aos 81 anos foi
atestado velhice como causa pelo médico Waldemiro Mazurechen. (livro n°38
1972-1977 n° 6.804 p.20)
Filhos de Paul e Hedwig
FERNANDO, ELOISA, PAULO, ERNA E WALTER.
EMIL LUIS GUILHERME EGGERT
Nasceu em 20-3-1891 na Estrada da Ilha em
Joinville. Faleceu em 31-7-1972 em Jaraguá do Sul
Em 19-7-1913, contraíram núpcias Emil e Emma Friedmann, filha de Julius
Friedmann e Ida Nielsen Friedmann. As testemunhas do casamento civil foram o
Pastor Ferdinand Schlünzen e o Professor Theodor Lutz.
Após
o casamento, passaram a morar juntos com os demais membros da família, na casa
de seu pai Carl Eggert. Nesta época, Max de 19 anos, Carlos com 17 anos e João com
13 eram ainda solteiros. No entanto Max já tinha saído de casa pois era
aprendiz de alfaiate no centro da cidade. Carlos um pouco mais tarde também foi
para a cidade trabalhar na fábrica de charutos. João sofria de ataques
epiléticos frequentes, ocasionando muito trabalho para Wilhelmina e portanto
Emma a nora entrou nesta grande família
com muitas tarefas a enfrentar.
Em 1915, nasceu a primeira filha de Emil,
deram-lhe o nome de Hilda. Johanna Wilhelmina, a avó, não gostou muito deste
acontecimento, pois tinha que cuidar da neta, enquanto Emma trabalhava na roça.
Ela brigava muito com a nora, dizendo que não arranjasse outros filhos, uma vez
que já estava cuidando de uma, porém, de duas não cuidaria. De fato, após a morte de Guilhermina em 1920,
logo em 1921 nascia Oscar o segundo filho de Emma e Emilio. Era Mathilde filha de Helene que ajudava a
cuidar de Hilda e baseada nesta vivência, contou este e outros fatos. Em uma
ocasião ela (Mathilde) ficou cuidando de Hilda, que tinha em torno de 3 anos de
idade. Em um determinado momento ela engoliu uma semente de “tucum”[12][28] o
que a deixou muito receosa de receber uma reprimenda, por sorte, após alguns
dias, Hilda evacuou a semente para o alívio de todos.
[29]
Max Friedrich Carl/ Max
Frederico Carlos
Nasceu no ano de 1894 em Jaraguá do Sul e faleceu
+ 2-8-1948 em Jaraguá do Sul.. Casou-se
em 13-11-1915 aos 21 anos com Elizabeth Emmendoerfer (Guilherme Emmendoerfer e
Maria Luiza Scharf) com 20 anos. No registro civil do casamento consta que a
profissão era alfaiate. As testemunhas do casamento civil foram: Jacob Buck 35
anos alfaiate e João Dobrawa 52 anos negociante. (Livro 9 n°2.147 p.108,1915) É
provável que Max nesta época era um aprendiz do conhecido alfaiate Jacob Buck[13] que
tinha vários aprendizes. Para aceitar um aprendiz, a família tinha que
depositar $500 mil réis como garantia garantindo o ensino, casa,roupa lavada e
comida. Se ao fim de 3 anos saia formado alfaiate recebia o retorno do
dinheiro. (Silva 1975 p.260).
Após o casamento com Elizabeth Emendoerfer,
estabeleceu-se no Kammerland perto do local onde está situada a Industria Duas
Rodas. Max que migrou para a cidade e
fez o aprendizado de alfaiataria parece que não seguiu nesta profissão, abriu
um comercio no mesmo local da moradia, além disso tinha uma pequena roça. Em
Jaraguá do Sul no Bairro da Ilha da Figueira há uma Rua em homenagem a seu
nome.
Max faleceu aos 54 anos a causa foi colapso
cardíaco devido a arteriosclerose. O médico Waldemiro Mazurechen atestou o
óbito. Foi registrado que faleceu em sua residência nesta época na Estrada
Itapocú Hansa. Seu irmão Arthur fez o registro do óbito.
Filhos de Max e Elizabeth
1-Hugo se estabeleceu na localidade de Rio
Molha. * 13-12-1916.Faleceu em
13-7-1975. Casou-se com Ursula Krabeck *29-9-1922 +09-05-1994. Filhas
conhecidas Carmem e Claudete.
2-Arthur *19-7-1918. +2-2-1986. Residia no
centro de Jaraguá do Sul e era casado com Irmgard Müller. Tiveram 3 filhos:
Flavio, Ruy e Marlice.
3-Conrado *8-10-1921 + 4-8-1983 aos 61 anos.
Casou-se em 25-5-1946 com Ilka Fehmert e tiveram dois filhos: Edemar e Ivone.
4-Vitor * 28 11-1920 + 2-11-1920, faleceu
com 4 dias de vida.
5- Gisela se casou com Werner Enke falecido
em 27-2-1965.
Carl Robert
Nasceu em 07 .12. 1896 em Jaraguá do Sul e
faleceu em 15-9-1961 na cidade de
Schröder. No registro de seu nascimento foram nomeadas duas testemunhas: Máximo
Schubert e Vitor Rosenberg comerciante. Seu comercio se localizava no local
onde atualmente é a SCAR. Carlos
casou-se em 22-2-1919 aos 22 anos com Luiza Mielke chamada de Lisa pela
família. *10.11.1901 (Robert Mielke e Luiza Hoerner). As testemunhas foram do
casamento civil foram: Augusto Schlupp,23 anos de profissão charuteiro e o
irmão Emilio Eggert, 27 anos, lavrador.
O casamento de Carlos e Luise foi registrado
em uma foto na propriedade da família Mielke onde foi realizado o casamento,
casamento. De acordo com o costume, a festa era realizada na casa da noiva. O
terreno da família de Roberto Mielke se situava na Avenida Waldemar Grubba lado
direito para quem se dirige ao centro da cidade entre no local onde atualmente (2024)
tem um comercio de frutas e verduras englobando ainda um terreno de uma dos
fundadores da Empresa Weg. O casamento de Carlos e Luise aconteceu em 22 de
fevereiro e já em 20 de março nascia do mesmo ano de 1919 nascia o primeiro
filho do casal.
Depois destes dois anos, Carl Robert e a família foram morar também na casa do
pai Carl Eggert, onde permaneceram durante mais dois anos, até que Carl comprou terras no município de Schroeder e ali
estabeleceram-se, sendo que seus descendentes permaneceram no mesmo local.
Carlos construiu uma casa de alvenaria com varanda e muitos quartos. Na minha percepção
de criança, era uma casa muito grande. Quando já idosos Irena com seu esposo
Reihnold Maske assumiram a propriedade. Como a casa era muito grande e
precisava de manutenção após a morte de Carlos e Luise, esta casa foi demolida
e substituída por uma casa menor de madeira. Mais tarde Ivo Maske permaneceu na
propriedade. Carlos faleceu aos 64 anos de Apoplexia por doença hipertensiva e
Luise 4 anos depois por caquexia carcinomatosa atestada pelo médico de Jaraguá
do Sul Alexander Otsa.
Filhos de Carlos e Elisa
Harry Robert
*20-3-2019 + 28-4-1920 as 9 horas da noite com 11 meses e 8 dias causa
da morte difteria sem assistência médica e sepultado no cemitério do distrito.
O registro foi feito pelo pai Carlos, constando que residia no centro do
distrito e era charuteiro, ou seja, trabalhava fabricando charutos. De acordo
com as narrativas da família, esta fábrica que pertencia a família Dobrawa
estava situada na quadra entre as Ruas Jacob Buck e Hugo Braun onde está
situado o banco Bradesco.
Irena Paula Luiza *1920
casou com Rheinold Maske. Permaneceu na casa e terrenos dos
pais. Teve 6 filhos: Isolde, Gisela,
Ingeburg, Ivo, Horst e Mafalda. Irena faleceu em 4-12-1995 aos 75 anos de morte natural sem assistência médica.
Irena era uma mulher de fala mansa e expressão bondosa seu apelido era Rena.
Alvira Erna Martha após o casamento com um integrante da
família Lange foi morar no Bairro João Pessoa.
Johann Theodor Anton/João
Nasceu em 15 -4-1901. Seu Pai Carl fez o
registro diante de duas testemunhas: Vitor Rosenberg e Roberto Mielke. Faleceu 30-3-1928 aos 27 anos, a causa da
morte foi epilepsia. O Registro da morte foi feito por seu irmão Max que
residia mais próximo do cartório. Deve ter sido um alívio para Emma que além
dos afazeres com seus filhos ainda muito pequenos com as idades de 7 anos ,4, e
2 tinha que cuidar do cunhado, que após uma queda na estrebaria ficou em estado
quase vegetativo (depoimento de Otilia filha de Helena em 1972)
Segundo depoimento oral de Emilio da Silva
prestado a esta autora em 1982, estes ataques iniciaram após castigo corporal
que o professor lhe aplicou na escola. De acordo com este depoimento, as
correções do Prof. Walter mestre da “Escola da Gemeinde” era muito rigoroso e
as vezes nem olhava onde batia.[27] Esta Escola funcionava de forma
cooperativa entre os colonos, pois eles em conjunto com a igreja zelavam pela
sua manutenção e era ministrada em língua alemã. Situava-se em Itapocuzinho I
próximo ao barracão dos imigrantes como já foi relatado anteriormente.
Foi sepultado junto dos pais e avós no cemitério de Bananal /Guaramirim que já
não existe mais desde 1950.
Após o falecimento de João a imensa casa
tornou-se a habitação de apenas uma família com o casal Emil e Ema e seus
filhos Hilda que já tinha 13 anos e ajudava no serviço da casa e no cuidado dos
irmãos pequenos Oscar, Alitor, Edgar.
A partilha da herança foi feita segundo o
costume da época, um filho recebia toda a terra, sendo que os outros recebiam a
sua parte em dinheiro.
Após a morte dos pais, Carl e Gustav visitavam-se com freqüência, Na família
sempre ficou a narrativa sobre aquele irmão Wilhelm que não veio ao Brasil. Seus
pais e irmãos nunca souberam seu destino, embora sempre sonhassem com isto.
Gustav sempre dizia aos filhos:
“Um dia nós receberemos uma carta ou quem sabe uma herança do meu afortunado
irmão dos Estados Unidos”.( Depoimento de Hedwig , filha de Gustav gravado em
1982)
No entanto, eles nunca souberam se ele era realmente afortunado ou morava nos
Estados Unidos, se estava vivo ou morto..
A primeira geração Eggert brasileira, já era adulta, quase todos casados, na
década de 20. No ano de 1920, faleceu Johanna Wilhelmine, em um dia de agosto,
as três horas da tarde, de trombose. Sua cunhada, Luise, cuidou de seu corpo e
fez todos os preparativos para o sepultamento. Foi a primeira morte naquela
casa e o grande relógio na parede parou em sinal de luto. Wilhelmine foi
sepultada no cemitério do Bananal. Carl faleceu dia 09 de setembro de 1923.Uma
foto foi tirada de Carl no caixão
aberto, como era costume naquele tempo.
Luise, a esposa de Gustav, faleceu em 1925, após um longo período de doença,
sofria de uma moléstia do estômago, Gustav a seguiu cindo anos após, no dia 18
de julho de 1930.
Hoje não podemos visitar suas sepulturas no Cemitério da Comunidade Luterana de Bananal
onde foram sepultados estes pioneiros.
Houve a demolição dos dois cemitérios o evangélico e o
católico no início da década de 50. No lugar do
cemiterio foi construido o Salão
Paroquial da Comunidade Luterana de Guaramirim. [14]
Conta-se que havia muitos integrantes da comunidade que eram contrários, entre
eles meu avô Emil. Alguns mais afoitos e inconformados, no dia em que colocaram
um trator para destruir tudo, se posicionaram em frente da máquina como
protesto, mas foi tudo em
vão. Tudo foi destruído, voando ossos para todos os lados. As lápides de muitas famílias foram
perdidas, entre estas da família Eggert. Apesar da possibilidade da remoção dos
ossos Emil o principal herdeiro de seus pais e tutor de seu irmão João Anton
que também estava sepultado alí, não providenciou a remoção. Os descendentes de Gustav não se sabem se
providenciaram a remoção dos pais e avós alí sepultados. Por muito tempo havia
uma grande cruz que podia ser avistada ao longe, diziam que era alí que estavam
os ossos dos dois cemitérios. Este tema deveria ter uma atenção dos
historiadores, até hoje não há nem menção nos locais onde estes dois cemitérios
se situavam. Completo descaso com a história dos primeiros imigrantes.
Meu avô Emil, que era um membro muito ativo
da igreja de Itapocuzinho mas morava em Jaraguá, desgostoso tanto com a
demolição do cemitério como com a mudança da comunidade para o centro de
Guaramirim, rompeu com esta comunidade transferindo-se para a Comunidade
Luterana do centro de Jaraguá do Sul.
6-A
História de Emil Eggert e Emma Friedemann
Emil herdou as terras que Carl comprou
quando veio a Jaraguá. Não sabemos exatamente porque foi Emil o escolhido, não
sendo ele nem o primogênito, nem tampouco o filho mais novo.
Assim, após a morte dos pais, Emil continuou trabalhando nas mesmas terras e
morando na mesma casa. Nesta época, também Carl Robert com a família residiam ali, mas depois,
este instalou-se em Schroeder onde comprou terras.
Johann Anton, o mais novo dos irmãos, ficou sob a guarda de Emil, pois como já
mencionado, ele sofria de “ataques”, precisava de muitos cuidados e era
solteiro.
Emil e Emma tiveram 6 filhos: Hilda, nascida em 1915; Oscar, em 1921; Alitor em
20 de fevereiro de 1924; Edgar nasceu em 21 de julho de 1926, Gehard em 22 de
fevereiro de 1929 Emílio Júnior em 7 de abril de 1932.
Emma contava com a ajuda da filha de Helena chamada Matilde, que ajudava nos
serviços da casa, cuidava das crianças e de Johann Anton, enquanto os outros
trabalhavam na roça. Johann Anton sofria ataques provavelmente epilépticos, com
muita freqüencia. Um dia, Emma deixou-o sentado no sótão da estrebaria
descascando milho e foi capinar numa roça próxima, recomendou a Matilde para
que esta o vigiasse. De repente, Johann teve um forte ataque, caiu da janela
sobre as pedras da entrada da estrebaria, ferindo gravemente a cabeça. Após
este fato, os ataques tornaram-se muito freqüentes, não tinha mais
responsabilidades sobre seus atos e era um perigo para as crianças. Nos últimos
meses de sua vida, permaneceu na cama totalmente dependente, sem controle das
eliminações, fazendo com que Emma além do trabalho com os próprios filhos,
tivesse ainda sob sua responsabilidade este cuidado. Anton faleceu dia 30 de
março de 1928, quando contava a idade de 27 anos, e foi enterrado também no
cemitério do Bananal.
Depois da morte de Anton, a antiga casa passava a abrigar apenas os membros de
uma única família, isto é, a família de Emil.
Emil tinha um empregado que era casado e
morava em uma pequena casa no lado leste do terreno. Ele ajudava na lida da
roça e ela na casa e no quintal. No entanto na lembrança do filho Alitor, este
casal depois foi despedido pois a esposa era alcoólatra em alto grau.
Trabalhava na casa alcoolizada trazendo as garrafas de bebida que escondia
debaixo do colchão de alguma cama.
Aproximadamente na década de 1930/1940, a
casa antiga construída por Carl em 1898 foi
reformada e ampliada. A pintura com os desenhos de flores nas paredes, foram
feitas por um conhecido pintor da redondeza que era imigrante alemão novo, como
eram chamados aqueles que tinham imigrado já no século XX.
Os filhos mais velhos, Hilda e Oscar,
estudaram na antiga escola da comunidade Luterana em Itapocuzinho I. Como Hilda
nasceu em 1915 deve ter frequentado esta escola aproximadamente de 1923 em
diante. Oscar nasceu em 1921 portanto deve entrado na escola em 1929. Já os mais novos, Alitor , Gehard, Edgar e Emilio
na Escola de Jaraguá na década de 1930. A Escola Jaraguá que foi inaugurada em 1907 servindo
primeiramente como escola e igreja para a Comunidade Evangélica de Jaraguá do
Sul. A igreja de Jaraguá do Sul que conhecemos até hoje foi construída somente
em 1935. Alitor relata que muitas vezes os alunos tinham como tarefa de aula,
carregar tijolos para ajudar na construção.
Emil e Emma foram pessoas que mantinham vivas as relações de amizade com
parentes e vizinhos. Participavam também, do trabalho na Comunidade da Igreja
Luterana de Itapocuzinho I até 1950, que se situava próxima do rio Itapocuzinho.
Nota-se que a família devido ao fato de residir em uma região de divisa de
municípios que naquele tempo ainda não era como hoje, oscilava entre um e outro
município.
Gostava de música e quando mais jovem tocava trombone em uma pequena banda da
localidade. Os ensaios, geralmente se realizavam na espaçosa varanda de sua
casa.
Emil na década de 30, abraçou as idéias do Integralismo, e de acordo com estes
preceitos utilizavam roupas próprias o que pode ser observado em fotos de
festas de família.
De acordo com Cavalett (1998), que realizou um estudo sobre o movimento
integralista na região de Joinville, havia recomendações expressas quanto ao
uso de vestimentas e comportamentos. A camisa era de cor verde com gravata
preta, ao estilo militar,uniforme este que adaptado também era utilizado pelas
crianças e pelas mulheres. Os homens eram chamados de camisas verdes e as
mulheres de blusas verdes. A gravata era de tecido preto e as calças eram
pretas ou brancas. O sigma era o sinal simbólico do Movimento Integralista.É
uma letra grega que corresponde ao nosso S e indica SOMA, seria a soma dos
infinitamente pequenos, lembrava que o movimento vinha no sentido de integrar
todas as forças do país na suprema expressão da nacionalidade.
Na região do norte do estado, havia vários núcleos de integralistas, sendo que
o sub núcleo de Itapocuzinho era liderado por Emílio Silva, sendo que Emil
Eggert era um auxiliar direto, uma espécie de vice líder. Faziam reuniões e
encontros ampliados que eram realizados nos salões de sociedades de atiradores.
Em um sábado, dia 7 de outubro de 1936, ocasião em que se comemorava um
aniversário do movimento, vários encontros estavam programados em toda a
região. Um deles ocorreu no Salão João Pessoa em Itapocuzinho II.
Um forte esquema de repressão foi acionado pela polícia de Blumenau sendo que
um pelotão de vários homens que lotavam um ônibus foi destacado para
surpreender os adeptos. Quando estavam todos reunidos no salão, a polícia
entrou. A reação de muitos presentes foi de fuga e outros de enfrentamento. Os
que fugiam saltavam pelas janelas e corriam para as casas próximas, pedindo
roupas emprestadas tirando o uniforme e vestindo roupas comuns para disfarçar o
envolvimento com o movimento. Outros, mais valentes, honrando a camisa verde,
mesmo sem armas resolveram enfrentar os policiais o que resultou em uma morte e
algumas prisões. Fernado Sacht de 54 anos, foi morto e Emil como vice-líder do
movimento foi preso e levado para Blumenau onde foi solto alguns dias depois.[34]
Fernado Sacht foi considerado um mártir do movimento, foi enterrado no
cemitério de João Pessoa e em sua homenagem foi construído um túmulo especial
com uma espécie de obelisco no qual além da “sigma “ dos integralistas está
escrito: Província de Santa Catarina ao seu segundo mártir. Anauê, Deus,
Pátria, Família.
Depois deste acontecimento e com a proibição das atividades do integralismo no
país, os participantes ainda tentaram em
10 de março reabilitar o movimento. Nas edições do Jornal Correio do Povo de Jaraguá, noticia sobre medidas repressivas empreendidas pelo Tenente Hersbter que era o
interventor municipal do município, junto com o delegado de polícia.Em
Guaramirim o sub delegado João Lira também fez diligencias.
AINDA O LEVANTE INTEGRALISTA.
Prisão de mais dois implicados – Aprehensão do archivo.
A polícia continuou, debaixo da activa, orientação do delegado Oswaldo Buch e
Tenente Leonidas, as diligencias para completo esclarecimento da tentativa de
subversão da ordem pública na noite de 10 de março p.p. neste município.
Com as últimas diligencias levadas a efeito pelo sr. João Lyra, activo
sub-delegado de Bananal, chegou ao conhecimento de que Emilio Silva, ex-fiscal
da prefeitura e chefe do sub-núcleo integralista de Itapocuzinho, mandara uma
carta a Carlos Oechsler, sub-chefe do núcleo de Ilha da Figueira, afim de que
este convocasse seus homens para estarem de prontidão, pois naquele dia o
exército e marinha, iriam dar o golpe integralista. Detidos Oechesler, João
Sanson e Emilio Eggert, este último portador da carta, ficou confirmada a
denúncia. Detido Emilio Silva este informou com todos os detalhes a sua
participação no aliciamento. Ambos, os detidos foram remetidos a Florianópolis
com respectivo inquérito. Correio do Povo, Anno XVII' Jaraguá -:- 2 de Abril de 193, n°.925. Sobre
a prisão de Emilio a narrativa na família é de que Emil Eggert foi levado a
Blumenau e solto em seguida.
Não sabemos ao
certo, porque Emil participou deste movimento, envolvendo os filhos a mulher e
demais parentes que também vestiam as camisas verdes. Talvez de forma
simplista, poderia-se dizer que foi levado pelo calor do discurso de Emílio
Silva e por que grande parte dos colonos aderiu, mas por outro lado, é
importante considerar os motivos considerados por Cavalett (1998) sobre a
adesão dos teutos da região a este movimento:
-a busca de uma ascensão social e política para que pudessem fazer valer seus
anseios;
-a organização e o discurso que defendia os interesses dos descendentes de
alemães;
- a hostilidade dos Ramos às colonias alemãs com medidas enérgicas que
culminaram mais tarde com a Campanha de Nacionalização com repressão aos
descendentes de alemães.
Em novembro de 1944, a região foi abalada
por uma grande enchente, que segundo os mais velhos, não foi tão forte como a
de 1906, porém foi a uma enchente de proporções que não mais ocorreram até os
dias atuais. Choveu quase sem parar durante uma semana, os rios Itapocú e
Itapocuzinho se tornaram um só, somente as partes mais altas dos terrenos
ficaram de fora da água. A casa de Emílio não foi atingida. As pessoas que
vivenciaram esta enchente, relatam que o mais lúgubre era estar cercado de água
e ouvir os gritos dos animais, bois e vacas, que, na época, eram muitos. A
propriedade de Emil estava situada num local onde o rio saia do seu leito
apenas na sua margem atingindo o pasto onde o gado era levado sempre no período
da tarde. Portanto todas as terras a casa e os ranchos eram livres de enchente.
Emil e família eram participavam ativamente
das atividades da Igreja Evangélica Luterana. Em 1933 aconteceu na cidade de
Joinville a Assembleia Sinodal da qual
Emil teve participação de acordo
com uma foto que foi conservada na casa de Emil e depois resgatada por Alitor
Eggert (vide fotos no final)
6.1 A vida adulta dos filhos de Emil e Emma
Emma era uma mulher que acompanhou a tragetória do esposo, na lavoura e nas
atividades sociais, como uma mulher do seu tempo. Apesar do trabalho duro que
enfrentava no dia a dia, tinha um rosto meigo, um olhar que inspirava simpatia
e confiança para as pessoas. Emma tinha apenas uma filha que era a mais velha 7
anos mais velha que seu irmão Oscar o segundo filho. Portanto as lidas da casa
eram da responsabilidade de Emma e Hilda.
Hilda* 1915 +01.09.1984 Casou em
6-05-1939 em Jaraguá com Gustavo Rode de 28 anos, ferreiro natural de
Massaranduba, filho de Gustavo Rode lavrador nascido na Alemanha em 1-08-1874 e
de Emma Leu também nascida na Alemanha em 16.01.1885. As testemunhas do
casamento civil foram: Erich Rode, Auguste Rode, Jenny Fröchlich e Augusto
Möglich. Logo em 24 de outubro nascia o primeiro filho Heinz. Foram residir em
Massaranduba, lá se estabeleceram em uma propriedade cujas terras se extendiam
até o rio situada na Rua 11 de novembro. Ao lado da casa estava localizada a
ferraria de Gustavo. Hilda e os filhos trabalhavam na roça, tinham também
algumas vacas e galinhas utilizadas apenas para a subsistência.
Após o
casamento de Hilda, Emma ficou sem sua principal ajuda nos serviços da casa.
Assim, Alitor, passou a auxiliá-la. Este, com paciência e habilidade, fazia
pão, ajudava a lavar e estender a roupa, enfim todas as tarefas domésticas
necessárias para uma família em que havia 5 filhos homens em casa. Alitor foi
dispensado do serviço militar, os seus irmãos Edgar, Gehard e Emílio cumpriram
o serviço militar no Rio de Janeiro.
Oscar *
12.06. 1921 + 09.12.1996. permaneceu solteiro. Residiu com os pais e irmão
na mesma casa construída pelo seu avô Carl. Após a morte dos pais continuou
residindo com a família de seu irmão Emilio Junior. Dedicou sua vida a lavoura
e ao Clube Recreativo Vierense, do qual foi um de seus fundadores. Decidiu
abreviar sua vida, causa de morte foi enforcamento.
Alitor dito Ali pelos pais e
irmãos, * 20.02.1924; +2-10-2013. Casou-se aos 25 anos com Helga
Maas de 17 anos, filha de Alwin Maas e Lina Fischer nascidos em Pomerode e
residentes no Bananal/Guaramirim. O casamento ocorreu em 20 de setembro de 1949
tendo por testemunhas: Raulino Maas[15]
mecânico residente em Blumenau, Edgar Eggert, Lucia Maas e Anita Bublitz futura
Bürger
Nos dois primeiros anos de casados residiram
na casa de Emil, sendo que logo construíram uma pequena casa de madeira no lado
leste do terreno dentro da propriedade de Emil. Nesta época na casa ainda
moravam e trabalhavam na lavoura os demais filhos solteiros: Edgar, Emilio e
Oscar. A grande casa mais uma vez abrigava a todos os filhos na expectativa de
que cada um pudesse encontrar seu caminho e seu sustento.
Edgar * 21.07.1926 + 24.03.1997. Casou-se
em 24 de abril de 1953 com Berta Vogel filha de Arnoldo Vogel e Leopoldina
Ender, lavradores, residentes na Estrada Itapocú (terreno ao lado da atual
fábrica de elásticos Zanotti). Após o casamento o casal Edgar e Bertha foi
morar na propriedade da família Vogel sendo que herdaram a mesma com a
responsabilidade de cuidar dos genitores. Bertha tinha apenas uma irmã,
Gertrudes Vogel.
Arnoldo pai de Bertha, era filho de Julius
Vogel nascido na Alemanha e morador de Timbó. No entanto, após ele ter
participado de um massacre aos índios Botocudos [16],
fugiu para a localidade onde atualmente é o bairro de Vieiras/Jaraguá do Sul.
Era um homem muito rico por conta das pepitas de ouro roubadas dos índios
adquirindo vastas terras e construindo uma moderna serraria.
Gehard *22.02.1929 + 1922. Já tinha se retirado da casa de seus pais
para trabalhar no comercio, casou aos 21 anos com Verônica Dalvowo de 17 anos,
em 27 de maio de 1950. Ela era filha de Alexandre Dalfowo natural de Indaial,
operário da Empresa Hufnnesler (atual Duas Rodas) e de Paula Wagner natural de
Jaraguá do Sul. As testemunhas do
casamento civil foram: Oscar Eggert, Alexandre Friedemann, Paula da Costa e
Elfride Gehring. Primeiramente foram morar em Itapocuzinho II, onde Gehard
trabalhava em casa de comércio da família Costa. Posteriormente Foi trabalhar
na Empresa Breithaupt e se estabeleceu na localidade de Rio Molha próximo a
família Dalfowo. Era apelidado de “
Schwartze Eggert” por ter cabelos pretos e parecer um pouco mais moreno do que
a maioria dos descendestes alemães.
Emílio Júnior dito
Milo pelos pais e irmãos *07.04.1932 +9-12-1981 Casou-se com Nilda Nagel *
1934 nascida em Timbó, filha de Hugo Nagel e Olga Sieman. Hugo Nagel era
marceneiro tinha muita habilidade com madeira.
Nilda trabalhou na casa do pastor Weidner da Igreja Evangélica Luterana
de Jaraguá do Sul antes de casar-se. Ela vinha do meio urbano e teve que se
adaptar a vida rural pois o casal ficou residindo com os pais e o irmão Oscar na antiga casa e foram sendo herdeiros da
propriedade e responsáveis pelo cuidado dos pais de Emilio de acordo com a
tradição.
Nilda fez esta adaptação com habilidade, sutilezas, carinho. O casal faleceu em
1981 devido a um acidente na ferrovia em frente de sua propriedade. Emilio
tinha 49 anos e Nilda 47. Em maio daquele mesmo ano já tinha falecido devido
acidente o filho Emilio Carlos de apenas 17 anos.
7- Tempos depois lembranças
da casa de Emil
Como autora deste escrito nascida em 1953,
viví até 1969 nas terras compradas por Carl Eggert em 1892. Nós morávamos até 1962 em uma pequena casa de madeira verde, no
lado leste do terreno. Era aproximadamente a 500 metros da casa do meu avô
Emil, e onde ainda moravam meus avós, meus tios Emílio e família e meu tio
Oscar. Da nossa casa podíamos observar todos os movimentos na casa grande e no
terreno e vice-versa.
Os terrenos e a casa
A área total dos terrenos em 1958 era de
275.333 m2. Consta nos dados da doação, que o terreno foi adquirido por compra
de Augusto Schlupp e sua mulher por escritura pública na Comarca de Joinville
sob o número 292, pg 72 do livro n°4. Augusto Schlup era na década de 1920 um
operário da fábrica de charutos e tinha sido testemunha de casamento de Carlos Eggert,
irmão de Emil. Há uma hipótese para esta compra de um terreno que tinha sido
adquirido do Dominio Dona Francisca em 1892.Provável por ocasião da morte de
Guilhermina esposa de Carl ainda não tinha sido feita a doação do terreno para
Emil. Era costume no caso de morte, passar o terreno para uma pessoa estranha
da família, impedindo o inventário. Depois o terreno era retomado numa compra
simbólica. Foi o que aconteceu neste caso em que Emil como herdeiro do total do
terreno recomprou simbolicamente o terreno passado para Augusto Schlup.
Do total do terreno Emil e Emma doaram para
o filho Alitor Eggert 117.362 m2 sem benfeitorias .Os doares também reservam
para Alitor Eggert um caminho com a largura de
4 metros através do terreno de Emilio Junior para garantir acesso.
Para Emilio Junior foi doado em regime de
usofruto vitalício para os pais, 157.973 metros quadrados com uma casa de
construção mista de 1 pavimento medindo 6x8 metro, .construida em 1898na
Estrada Itapocú Km 12 . Presente no ato da doação todos os filhos e noras que
concordaram e assinaram.
Meu
pai pagou aos demais irmãos Hilda,Oscar, Edgar e Gehard a quantia de 100
cruzeiros e meu tio Emílio ficou responsável pelos pais até sua morte. O tio
Oscar solteiro, como já mencionado anteriormente, ficou morando na casa com os
pais e com Emílio Junior e sua família.
Apesar de todos terem assinado concordando
com a partilha, havia insatisfeitos. Em 1959 na reunião familiar num domingo
após a assinatura, Bertha a esposa de Edgar, corajosamente expressou sua
insatisfação e a partir desta data as relações foram cortadas. Foi um momento
de muita emoção no qual nós crianças, vimos pela primeira vez os adultos como
meu tio Gehard e meu pai chorando. No entanto a vida seguiu seu rumo, pois os
pais tinham poder de decisão e foi a forma de os três filhos continuarem na
lavoura. Em 1963 nas bodas de Ouro de Emil e Emma, Edgar e sua esposa Bertha
estavam presentes, no entanto cessaram as visitas que fazíamos naquela casa de
enxaimel da família Vogel. Tantos anos
depois constatou-se que não somente Bertha ficou insatisfeita com a partilha,
já no século 21 Gehard que na velhice escrevia diários na forma de poesia,
entregou para nós descentes de Alitor Eggert e ainda proprietárias das terras,
uma reflexão revelando inconformismo. (vide anexo). Assim a história se
repetia, como aconteceu na partilha feita por Carl 35 anos antes, no qual o
filho Paul saiu insatisfeito e cortou relações com a família. A vida é mesmo um
eterno retorno.
Na minha lembrança dos 6/7 anos até 1962 quando a casa foi
demolida, lembro dos detalhes do interior e do exterior. Havia uma grande
varanda na parte da frente com arcos, o piso era de cimentado com uma cobertura
esverdeada brilhante. Havia ali vários vasos de folhagens dispostos sobre a
mureta ou em vasos com suporte de madeira sobre o piso. Emma cuidava destas
folhagens, regando, afofando a terra. Saindo da varanda e entrando na casa, havia um
pequeno hall, com cabides pregados na parede, onde eram pendurados os chapéus.
Em seguida, se deparava, à esquerda, com uma grande sala de estar, que tinha as
paredes pintadas de flores e uma das paredes coberta de fotos. Entre estas as
fotos estava o grande relógio, que batia de hora em hora. Havia uma saleta, à
direita, em que os móveis eram uma cristaleira e um conjunto de uma mesa e
cadeiras de vime amarelas. Havia dois quartos de dormir um deles ocupados por
Emil e Emma e o seguinte ocupado pelo casal Emilio Junior e Nilda. No lado
oposto do quarto de Nilda havia um quarto utilizado como dispensa, ali ficavam
latas com trigo, fubá entre outros. Saindo deste pequeno corredor na segunda
parte da casa, havia uma grande sala de jantar com uma mesa grande cercada por dois
bancos, sobre um aparador no lado esquerdo estava o rádio. Esta sala, era
separada da cozinha por uma escada de dois degraus. Lembro que Emma se queixava
da dificuldade de subir e descer esta escadinha. A parte posterior do forno
ficava dentro da cozinha do lado esquerdo e logo perto da porta estava o fogão
a lenha em seguida a mesa de lavação de louça sobre a qual havia uma bacia. No
lado oposto dois armários um para as panelas e outro para as louças.
A
cozinha dava para uma área de serviço aberta com piso de tijolos, ali estavam instalados
os coxos para a lavação de roupa e mais tarde Emilio Junior comprou uma máquina
de lavar roupa que também ficava nesta área. A boca do forno ficava nesta área.
Da
área de serviço entrava-se no banheiro, que era uma sala para tomar banho, pois
o banheiro propriamente dito para as eliminações estava situado fora da casa a
aproximadamente um metro descendo-se uma baixada.
Nesta
área, também estavam pendurados uma gaiola com um periquito e solto estava num
local próprio um papagaio. Havia também dois cachorros grandes, mas após uma
suspeita de raiva eles desapareceram, certamente sacrificados. O piso desta área
era de tijolos vermelhos já muito gastos.
Foi a casa que viu e abrigou as várias gerações da família, até sua demolição em 1962, quando ainda estava em boas condições de conservação.
No quintal, na parte de traz da casa estava o poço que tinha uma forma arredondada. A água do poço era bombada com uma bomba manual e despejada em dois tanques com água para o gado. O poço e os tanques estavam localizado estrategicamente numa área ladeada pelas 5 edificações: a casa, a estrebaria, o rancho dos cavalos e dos carros onde no tempo de Carl localizava-se a fábrica de açúcar e melado, o chiqueiro e o galinheiro. Esta configuração se assemelhava com as construções das vilas europeias onde o poço é o centro e as casas ao redor. Estas 5 edificações estavam na parte alta do terreno. Logo em seguida havia uma baixada onde estava situada a “privada” que era o sanitário da casa. Uma casinha de madeira em cujo acento havia um buraco para a pessoa sentar e fazer as necessidades. Esta casinha foi construída estrategicamente sobre um pequeno riacho que levava os dejetos para o pasto da propriedade. Por volta de 1958 a vigilância sanitária da prefeitura fiscalizou as propriedades rurais e ensinou a fazer fossas secas. Emma que ainda era a senhora da casa e tomava as decisões foi contra este projeto. Na construção da casa nova em 1962 foi construído sanitário dentro da casa com fossa séptica e sumidouro de acordo com os padrões sanitários.
Na parte de cima do galinheiro moravam os
pombos. Costumavam ser assados na brasa como
galetos, uma iguaria utilizada pela família principalmente pela geração mais
jovem como Oscar e Emilio Junior na reunião com os amigos e regada com cerveja.
O rancho destinado aos porcos era emendado
num grande cercado cheio de arvores frutíferas onde os porcos eram soltos. Mais
tarde este cercado foi desativado e os porcos em menor quantidade pastavam em
todos os lugares do pasto.
O jardim na parte frontal era um grande
cercado com uma entrada lateral. Lembro que a cerca era bem velha. Havia um
gramado central utilizado para quarar a roupa no sol. Depois do gramado havia
vários canteiros alguns com flores, outros com morangos e ainda outros com
verduras folhosas tipo couve, alface, na parte lateral do lado esquerdo de quem
olha para o trilho havia arvores antigas s e embaixo delas pés de bambú de salão
e outras folhagens. Em cada uma das pontas da cerca, havia do lado esquerdo um
grandioso pé de jabuticaba e do lado direito um pé de jabuticaba de uma espécie
menor mas que também produzia muitos frutos. Nós crianças passávamos muito
tempo sentadas nos galhos nos deliciando com os frutos. Após a demolição da
casa, o jardim continuava quase com a mesma configuração, mas menor de modo que
os pés de jabuticaba ficaram fora da cerca do jardim.
Ao lado da casa quase em frente ao
galinheiro havia uma pequena lagoa para os patos e marrecos nadarem. No centro
dela uma pequena ilha onde tinha uma palmeira com folhas tipo leque.
Algum tempo depois da partilha oficial das terras,
aproximadamente em 1961 foi construída uma cerca entre os terrenos de Alitor e
Emilio Junior. Após esta construção e com a nova casa em 1962, os ranchos foram
reformados e mudou a configuração da área destinada aos porcos.
As rotinas
e as mudanças na casa.
Nas férias escolares nossos primos de
Massaranduba filhos de Hilda, e nossos primos “da cidade”, filhos de Gehard,
passavam as férias na casa grande de Emil e Emilio Júnior. E nós, como
vizinhos, tínhamos a oportunidade de usufruir destas companhias que, para nós,
se constituíam em uma festa.
Também parentes mais distantes vindos de Rio Negrinho, a tia Amanda[17],
com seus filhos, passavam alguns dias naquela casa grande que parecia abrigar a
todos. Aos domingos, sempre havia alguma visita ora da família Friedmann ora da
família Eggert. E não raro nós íamos visitar estes parentes aos domingos em
Itapocuzinho na casa de Franz Kleber e Frida, Guaramirim na casa de Carl
Friedemann e Adele, Guamiranga na casa de Helene Friedemann. Para visitar
Hedwig Bruns a filha de Helene Friedemann atravessávamos o rio de canoa. Esta
travessia era tensa para nós crianças pequenas, mais tarde quando já tínhamos
carro fazíamos a volta por Guaramirim para chegar na casa dos Bruns. Para visitar a família de Estefano Meier cuja
esposa era Rosa costa filha de Auguste Friedemann iámos a pé pelo trilho o
mesmo acontecia na visita a Familia Bolduan
Quanto aos parentes do ramo Eggert lembro
apenas das visitas na casa de Carlos em Schroeder que visitávamos aos domingos indo de manhã e só voltando no final da
tarde. Estas visitas também aconteceram nos tempos que Emma e Emilio eram vivos
depois se tornaram mais raras. Nunca fomos visitar os parentes de Max, Paul ou
Gustav. Muito era falado sobre a família Sacht, mas nós de outra geração já não
sabíamos qual era nosso parentesco.
Os domingos seguiam uma rotina. De manhã, íamos para a casa grande onde brincávamos
com nossos primos filhos de Emil, espiávamos o que estava sendo preparado para
o almoço e descobríamos a visita que tinha por lá.
Meu avô Emil tinha sua própria rotina de domingos, jogava baralho na casa dos
vizinhos de sua idade, como o Alvin Tribess, Alwin Muller, Gustav Hänschel,
tanto no período da manhã como no período da tarde. Enquanto isto, as mulheres
minha avó e minha tia Nilda faziam o almoço.
Emil Eggert era uma pessoa que gostava do prazer das pequenas coisas, como
saborear uma boa alimentação, fumar e contemplar. No final da tarde, após a
lida da roça, gostava de preparar uma fatia de pão com banha de porco coberta
com rodelas de pepino de conserva e sobre estes uma camada de mostarda. Sentava-se
em um banco de madeira nos fundos da casa e saboreava devagar. Depois ia fumar seu
cigarro de palha, sentado na beira do poço de onde tinha uma boa visão da vizinhança. Ficava ali conversando conosco ironicamente ou
simplesmente ficava consigo mesmo, olhando para o horizonte. Tinha um vocabulário às vezes rude,
porém, sabia manter uma conversa irônica e carinhosa, principalmente com as
crianças, para as quais sempre tinha um apelido interessante. Apelidou nossa
irmã Renita de Môta Repsch.
Até a demolição da casa grande dos meus avós, em 1962, aparentemente o poder
ainda estava nas mãos de minha avó Emma. Porém, depois na casa nova, tia Nilda
a esposa de Emílio, foi impregnando gradativamente seu estilo. As fotos antigas
foram guardadas no sótão novo. Na nova sala, apenas fotos dos casamentos
recentes, e dos filhos bebês iniciando os passos eram alinhados de forma
estética. Os móveis mais antigos foram deixados no quarto dos meus avós, a
cômoda, a cama, um armário. As fotos antigas, como de Carl no caixão,
desapareceram.
Conforme meu pai, Alitor, a antiga casa ainda estava em ótimas condições de
uso, porém, a disponibilidade de dinheiro, e a facilidade de empréstimos que o
governo João Goulart fazia aos pequenos agricultores, motivaram a construção da
nova casa. Na minha percepção, talvez a tia Nilda tenha impulsionado esta
mudança, pois isto a levaria finalmente a ser a dona da casa, de seu espaço e
não mais o espaço da sogra.
Com a destruição daquela casa, e o avanço dos tempos, as mortes das pessoas
mais velhas como irmãs e irmãos dos meus avós, as visitas destes ramos mais
distantes da família foram diminuindo cada vez mais.
Aos poucos, também a saúde de Emma foi se deteriorando, cada vez ela caminhava
menos. Nos últimos 4 ou 5 anos de sua vida, ficou restrita a cama e a cadeira.
Esta imobilidade era motivo de maior convivência com ela, passávamos muitas
horas sentadas em seu quarto ouvindo suas histórias, suas recordações e suas
explicações sobre os parentes que só mais tarde passei a considerar nas minhas
recordações e dar valor histórico e afetivo.
Emil Eggert, foi um guardião das tradições e da língua alemã. Ele se preocupava
em ver-nos na adolescência falando a língua portuguesa, chamava nossa atenção,
não permitindo que na sua frente falássemos português mesmo entre nós primos ou
irmãos da mesma idade. Também vigiava nossas saídas de casa , e quando em uma
ocasião descobriu que a Renita, nossa irmã, estava namorando um aluno interno
do Ginásio São Luiz, com aspecto de “não alemão”, ele logo foi avisar nossa
mãe, o que rendeu a todos nós uma bela
surra e proibição de sair de casa aos domingos.
Em maio de 1968 faleceu Emma. Foi num dia nublado, estava apenas ela com meu
avô em casa, quando começou a sentir-se mal. Estávamos todos na roça, era em
torno de 16 horas e ele veio nos chamar muito apreensivo. Nossa mãe e tia
ficaram ao lado dela enquanto os homens foram chamar o médico. Ela viveu ainda
até às 18 horas, nossos pais estavam perto dela no momento da morte, que
segundo eles foi uma morte sem sofrimento. Nós ficamos em casa, cuidando de nossas
irmãs, não foi permitido vê-la, nestes momentos derradeiros. Na cerimônia do
velório e enterro estavam presentes os integrantes das várias famílias
Friedemann, Kleber, Frölhich, um integrante da família Nielsen que veio de
Joinville. Uma imensa tristeza se abateu sobre nós netos pois alí começávamos a
perceber que a configuração da família estava começando a se modificar. Após o
enterro quando já começava a escurecer todos os filhos ficaram juntos ainda
conversando ao lado do portão do jardim.
A partir da morte de Emma, Emil tornou-se mais triste, mais fechado em si mesmo.
Costumava falar de morte, neste tempo a neta Mariane era seu alento e sua
alegria. Em junho de 1972 contraiu uma doença pulmonar, esteve internado no
Hospital Jaraguá durante alguns dias. Era o tio Oscar que ficava a seu lado fazendo o cuidado. Lembro que fui
visitá-lo e como sempre costumava fazer, me perguntava, de modo rude e com
olhar irônico, quantos tinham morrido naquela semana[18].
Depois disse um provérbio “Heute rot morgen tot”. Fiquei um pouco sem graça,
pois o estado dele não era dos melhores. Retornou para casa onde faleceu no mês
de julho.
No enterro, pela última vez os descendentes da grande família estavam
presentes. Com a morte de Emil, fechava-se um ciclo, aquela geração estava
encerrada. Nós a terceira geração de brasileiros, adolescentes e crianças junto
com as todos os tios, tias e demais parentes, estávamos todos juntos pela
última vez, pois a pessoa que nos agregava estava deixando o palco da vida.
Depois de 1972
A vida ia seguindo, agora Emilio Jr e sua família juntamente com Oscar
continuavam morando na parte oeste do terreno enquanto Alitor na parte leste.
Todos seguiam a vida como agricultores, mas preparando seus filhos para um
futuro que nos anos do “milagre econômico”, parecia muito promissor.
A cidade de Jaraguá do Sul crescia rapidamente com as fabricas ampliando seu
espaço. Assim a terceira geração da família acompanhou o movimento do campo
para a cidade, os pais permaneceram na roça, ao passo que os filhos,
alavancados pelo estudo foram gradativamente buscando empregos urbanos.
Em 1981, acontecimentos drásticos modificaram totalmente a trajetória da
família de Emílio Jr. E, por sua vez, o destino daquele lugar. Em maio deste
ano Emílio Carlos o terceiro filho de Emílio, foi atropelado enquanto andava de
bicicleta em uma noite de sábado dirigindo-se para Guaramirim e faleceu logo no dia seguinte devido ao traumatismo de crânio.
Em novembro daquele mesmo ano, quando Emilio Jr e Nilda em um sábado no início
da tarde estavam saindo de carro para uma Festa de Rei no Salão Vierense
acompanhados de sua filha e de uma das noras, colidiram com uma automotriz
férrea também chamada de litorina, que passava naquele momento. Após internação
em estado grave ambos faleceram.
Seus filhos diante desta tragédia, tentaram por algum tempo manter a
propriedade, porém inúmeros fatores contribuíram para que mais tarde fosse
vendida.
Oscar, o filho solteiro, que até ali tinha vivido no conforto do lar dos pais e
depois do irmão, permaneceu morando com um dos sobrinhos até sua morte
escolhida, isto é, suicidou-se em 9 de dezembro de 1996 na mesma data em que 15
anos antes tinha falecido seu irmão Emilio Júnior. Hilda a filha mais velha de
Emil faleceu já em 1984, Edgar em 1995, Alitor em 2013 e Gehard em 2022.
A propriedade de Emilio Jr e uma parte da
propriedade de Alitor foi vendida para a Empresa WEG.
8-NA CASA DE ALITOR EGGGERT
Nós, os filhos de Alitor Eggert,netos de
Emil Eggert, ainda crescemos naquelas terras que foram adquiridas e desbravadas
pelo bisavô Carl Eggert. Ainda tivemos uma
vida que no cotidiano que se assemelhava com a vivida por nossos pais, tios e
avós. Neste capítulo vou descrever sobre o nosso trabalho e lazer utilizando
como principal fonte as minhas próprias lembranças na posição de segunda filha,
pois as rotinas variavam um pouco de acordo com esta posição.
O lazer e o trabalho não tinham limites muito definidos, pois desde as minhas
mais remotas lembranças aos 6 a 7 anos, ajudávamos nas atividades dentro da casa,
no quintal e na roça.
Os finais de semana
Creio que a recordação das atividades de
preparo para os finais de semana são as que primeiramente vem a minha mente. A expectativa
de sair dos limites do terreno para o lazer nos fins de semana, que simbolizava
o nosso mundo, era grande. Desta forma, sábado, era um dia de trabalho, mas
também um dia festivo, pois tudo era feito na expectativa do dia seguinte, o
domingo.
Os preparativos começavam na sexta feira a tarde. Era necessário fazer os
molhos de trato. Estes molhos eram
grandes feixes de folhas das mais variadas origens que cresciam ou eram
plantadas para este fim. Eram cortados com um ancinho e depois amarrados com
cipós. Também era preciso cortar os
molhos de inhame na beira do rio. No rancho, estes molhos eram desfeitos e
colocados em uma máquina para serem cortados em pedacinhos resultando em uma
ração que era colocada no cocho das vacas de manhã, ao meio-dia e a noite. Nossa
tarefa era “cortar batata” para que as vacas estivessem abastecidas no fim de
semana. Este cortar batatas significava colher as batatas com uma enxada do
terreno, e armazená-las em um balaio de cipó. Estas batatas eram um importante
complemento para as vacas, sendo colocado no cocho no exato momento em que era
feita a ordenha do leite, assim a vaca ficava calma e satisfeita naquele
momento.
Também um balaio de aipim cheio para os porcos era
necessário, mas esta tarefa cabia ao nosso pai. No sábado, era preciso recolher tudo, colocar
na carroça e levar para casa antes das 8:30 da manhã.
Por conseguinte, aos sábados, até a hora do Frühstück[19] (primeiro
lanche após o café da manhã), por volta das 8:30, no mais tardar às 9 horas
isto já estava pronto. Geralmente voltávamos para casa, quando o trem de
passageiros, vindo de São Francisco, estava passando pelos trilhos em frente da
casa. O trem era o nosso relógio.
Depois disso, para o nosso prazer, e
entrando em um clima mais festivo, fazíamos um serviço mais leve, como varrer o
rancho e o quintal, ou ajudávamos em algum serviço dentro da casa.
No período da tarde, íamos muitas vezes capinar perto do rio. Exceto nossa irmã
mais velha que limpava a casa, as demais que tinham idade suficiente e o irmão,
íamos felizes, visto que quando o tempo era propício, levávamos roupas para
depois tomar banho no rio. Capinar perto do rio era divertido, pois podíamos
ver o que acontecia no outro lado da margem. Pessoas que também capinavam, ou
estavam simplesmente pescando ou ainda tomando banho.
Tomar banho no rio era a nossa maior recompensa. Tentávamos nadar com um tronco
de bananeira servindo como bóia. Ou subíamos no barranco e de lá pulávamos
simulando, na nossa fantasia, um mergulho de piscina. Nosso pai geralmente
aproveitava para nadar nas partes mais fundas do rio, e fazia brincadeiras para
ver quem jogava as pedras com mais habilidade fazendo-as deslizar sobre a água.
Aos sábados, a mãe fazia pão e cuca na parte
da manhã, no período da tarde auxiliava nossa irmã mais velha na limpeza da
casa e, no final da tarde, providenciava a matança, normalmente de um marreco,
ou pato ou ganso para o almoço de domingo.
Voltávamos para casa ao anoitecer, sob os protestos de nossa mãe, que, a estas
alturas, estava debruçada sobre uma ave morta, tirando as penas, enquanto as
galinhas, porcos e vacas grunhiam de fome.
Quando as irmãs mais novas ainda eram
pequenas (3 a 4 anos e a mais nova ainda era um bebê), minha tarefa semanal, a
esta hora, era de banho de banheira nelas. Além disso ainda tínhamos os animais para
tratar, por sua vez, nossos pais tiravam o leite e nossa irmã mais velha
providenciava a janta. Depois de lavada a louça, íamos dormir exaustas,
enquanto nossa mãe ainda preparava a sobremesa para o domingo que consistia geralmente
um pudim de fruta ou de leite com um molho doce.
Domingo, nossa tarefa era ir ao Culto Infantil no centro de Jaraguá, que
distava 5 km. Quando éramos menores, em torno de 7 anos, íamos a pé e mais
tarde de bicicleta. Na volta um almoço especial nos esperava, com marreco ou
pato assado, macarrão e sobremesa. Aipim, feijão e frango eram alimentos da
semana e não comíamos aos domingos.
Finalmente, à tarde, tínhamos a grande oportunidade de sair de casa ou então
receber uma visita. Quando éramos pequenas, sempre acompanhávamos nossos pais,
ou na garupa da bicicleta em visita a casa dos Maas, pais de nossa mãe, em
Guaramirim, ou com o Trole do nosso avô, quando em companhia deles íamos
visitar parentes como os irmãos e irmãs de nossa avó da família Friedmann, ou
parentes do nosso avô Emil. Quando nosso pai adquiriu um carro, em 1961,
ficamos mais independentes e saímos com mais freqüência.
Quando íamos visitar nossos parentes, levávamos um buquê de flores. Chegando
lá, depois de uma boa conversa entre os adultos, que às vezes escutávamos,
outras vezes quando havia outras crianças, íamos brincar, tomávamos café.
Nestes cafés sempre tinha algum tipo de bolo ou cuca. Os bolos de aniversário,
normalmente tinham um pouco de recheio de pudim, que me deixava um tanto
nauseada. Depois do café, os adultos iam para a roça ou curral mostrar as plantações
e os animais. As mulheres mostravam o jardim, sempre levando alguma muda de
flor para casa.
Mais tarde, com mais de 10 anos, os domingos eram passados com nossos primos Wilson
e Ronald na casa de nossa avó brincando de esconde-esconde, futebol, pega-ladrão,
lendo a revista Seleções comendo amendoim torrado roubado do forno. Já na adolescência depois dos 14 anos, íamos
com frequência para o rio sem nossos pais saberem, tomávamos banho, andávamos
de canoa e nos encontrávamos com nossos primos segundos, os filhos e filhas da
família Bruns e Meier que moravam nas imediações e utilizavam o rio como lazer.
Também olhávamos para outros rapazes de outras famílias que tinham como fundos
de terreno o rio e para lá se dirigiam nas tardes de domingo.
Um fato que nos deixou amedrontadas aconteceu em uma ocasião: nossa irmã mais
velha que estava de “paquera” com um filho da família Ribeiro que morava no
outro lado do rio na localidade de Ilha da Figueira. Em um domingo à tarde, ele
nos levou em sua canoa no sentido da correnteza, isto é em direção a
Guaramirim. Quando não estávamos ainda muito distantes do nosso terreno, a
canoa entrou em um redemoinho fazendo uma volta brusca de 360 graus.Por sorte
ninguém caiu na água, pois neste local o rio era muito fundo. Conseguimos sair
dali tremendo de medo. Juramos que nunca mais iríamos nos meter fora daquele
espaço do rio que já conhecíamos.
Os dias de semana
A segunda-feira era sempre o pior dia da semana pois começava com a lavação de
toda a roupa da casa que era feita pela mãe com nossa ajuda. A rotina da semana
variava em função de nossos turnos na escola. Havia assim uma divisão de
tarefas, aqueles que estudavam à tarde ajudavam no período da manhã e
vice-versa. Lembro que estudei com mais frequência no turno da manhã. Desta
forma, chegávamos em casa por volta de meio dia e meio, muito cansadas em razão
de termos enfrentado 5 km de estrada poeirenta andando de bicicleta.
Almoçávamos, e depois de lavada a louça, tínhamos um breve descanso até às 14
horas. Após o café, ainda tínhamos aproximadamente mais uma hora para fazer os
deveres, depois íamos para a roça cortar batatas ou capinar aipim, arroz, ou
molhar as verduras quando era outono.
Na adolescência, tentávamos de todas as formas ludibriar nossos pais, fazendo
de conta que trabalhávamos. Assim, íamos para a roça, enquanto uma de nós
ficava por lá fazendo a tarefa acompanhada de nossas irmãs menores, e a outra
voltava para casa a fim de ouvir a novela de rádio, que era algo proibido. A
novela Redenção, que ouvíamos na Rádio Guarujá de Florianópolis, foi motivo de
muitas de nossas aventuras de fuga. Creio que o prazer não estava só na novela,
mas na própria proeza de estarmos fazendo algo proibido.
Tentávamos, dentro do possível, sanar nossas dificuldades de meninas que
trabalhavam na roça e estudavam em um colégio particular no centro da cidade, o
que nem sempre era fácil. A nossa tarefa de cortar batatas, por exemplo, fazia
com que nós andássemos sempre com as mãos manchadas, precisando todas as noites
limpá-las criteriosamente esfregando com limão para as manchas desaparecerem. À
noite, depois de todas as tarefas cumpridas, nos esmerávamos em passar a ferro
nosso uniforme e arrumar o material para o dia seguinte. A estrada de barro[20] até
o centro da cidade nos trazia muitos desconfortos, pois em dias de chuva,
corríamos o risco de sermos respingadas com a água que se acumulava nas poças e
nos dias de sol, a poeira deixava a nossa blusa branca com a cor amarela.
A rotina
anual
A nossa rotina anual era diferente daquela
que nossos colegas de aula viviam, que nas férias iam descansar na praia.
Sempre dizíamos para os nossos primos da cidade, o Odemir e a Lilian, que as
nossas férias eram quando tínhamos aulas. Eles nos ouviam meio incrédulos e com
certeza não compreendiam muito o que estávamos dizendo.
O verão era a época de muito trabalho na roça. Plantávamos o arroz em fins de
novembro. Assim quando as aulas estavam terminando, nosso pai contava com a
nossa ajuda para este empreendimento. Quando ainda plantávamos todo o arroz “no
seco”[21], assim que as mudinhas despontavam
passávamos grande parte do tempo fazendo a capina. Tínhamos uma pequena máquina
feita para ser puxada a fim de tirar o capim que crescia entre as linhas de
arroz. Como o espaço entre as linhas era muito pequeno e não podíamos usar a
força de um cavalo, uma vez que este derrubaria tudo, nós mesmos tínhamos que
puxar a máquina. Além disso, depois ainda tirávamos o restante do capim com a
enxada para tudo ficar bem limpo.
Em janeiro, colhíamos o milho que geralmente era plantado em julho. Era a
tarefa mais difícil de que tenho lembrança. Não era um trabalho pesado, mas era
muito desagradável. Como janeiro é o mês mais quente do ano, esta tarefa era
muito desconfortável, pois a palha seca do milho liberava uma poeira fina que
que ia se fixando nas roupas produzindo coceira e desconforto. Era um trabalho
que tinha um começo e fim, ou seja, começávamos de manhã tendo que colher uma
carroça cheia, transportar e armazenar no rancho visto que, com as trovoadas de
verão, este milho colhido não poderia ficar no relento, e por este motivo
fazíamos uma espécie de mutirão no qual todos da família trabalhavam em
conjunto. Íamos com a carroça e os cavalos para a plantação bem cedo as 7horas
da manhã para fugir do calor. Comíamos o Früshtück na roça, e voltávamos para
casa quando a carroça estava cheia, em torno das 10:30 da manhã. Aí a tarefa
era jogar o milho da carroça para o sótão do rancho, esta parte era mais
divertida. Trabalhávamos na sombra, e para nos divertir, deixávamos cair
propositalmente algumas socas de milho que os porcos prontamente pegavam. E nós
corríamos atrás deles para reaver a soca de milho. Muitas vezes nosso pai
entrava na brincadeira ensinando-nos a brincar de galinha cega, que consistia
em fazer de um pedaço da palha de milho uma armadilha para as galinhas. Com um
grão de milho encaixado na palha e depois jogado às galinhas elas logo iam
ciscar para comer o grão preso, mas acabavam por prender o bico na palha e não
conseguiam se livrar dela, o que dava um efeito de viseira e elas corriam
alucinadas de um lado para o outro até conseguirem se livrar da armadilha. E
nós riamos da pobre galinha.
No final de final ou neste meio tempo
nos períodos da tarde, voltávamos a nos ocupar com a capina de arroz que a
estas alturas já estava de tamanho maior e já não exigia uma capina tão
rigorosa. As tardes de verão costumavam ser curtas, pois íamos para a roça
somente depois das 15:30 devido ao calor, e muitas vezes tínhamos que ficar
atentas para as nuvens, pois era comum as trovoadas e neste caso voltávamos
correndo para casa.
Final de março iniciando abril fazíamos a
colheita. Esta foi uma época muito divertida, pois era uma tarefa comunitária.
Nós ajudávamos a colher arroz da família Meier, que eram nossos parentes por
parte da família Friedmann, do tio Emílio Junior, e, por sua vez, eles vinham
ajudar na nossa colheita. Todo o arroz destas famílias era plantado em uma
mesma época para ser colhido no mesmo tempo, e assim ser trilhado com a mesma
trilhadeira. Nestas colheitas, podíamos
ouvir o que os adultos falavam, e até participar das conversas. Muitas das
histórias de parentes, nós ouvimos nestas colheitas. Nesta ocasião, nosso avô e
tios principalmente o tio Oscar, lembravam dos antepassados ou contavam casos
de parentes ainda vivos, de política e outros assuntos. Lembro particularmente
da colheita de arroz em março de 1964, o assunto era a eminência da chamada
revolução. Estávamos em final de março,
e a cada dia o desfecho da crise era eminente.
Quando chegávamos em casa, ouvíamos as últimas notícias que nossa mãe
tinha ouvido no rádio, ela não estava colhendo arroz porque estava grávida de
nossa irmã Edla que nasceu em 29 de abril.
Em abril depois do arroz já colhido, ensacado e vendido, passávamos a nos
ocupar com a plantação de verduras. Após
o transplante das mudas, principalmente quando não chovia regularmente, nós
tínhamos que buscar a água em latas de um pequeno córrego e molhar plantinha
por plantinha.
Em julho fazíamos o preparo para o plantio
do milho, que era ajudar no arado do terreno, gradear e plantar. Isto era feito
com o arado puxado com um cavalo, nossa tarefa era sempre de ajuda. Uma delas era
recolher as batatas doces que sempre teimavam em aparecer na terra recém virada
pelo arado. Na hora de semear tínhamos que guiar o cavalo para marcar as linhas
do terreno a serem semeadas.
E assim passava o ano, no qual algumas tarefas variavam em função das
plantações e outras seguiam uma rotina o ano todo, como a função com o gado de
leite e as tarefas do quintal e da casa. Eu
não assumia das tarefas da casa,
meu trabalho maior, era o de cuidar de minhas irmãs menores. Cada uma de nós
tinha tarefas específicas, mas havia também um sistema de revezamento. Às vezes
brigávamos primeiro durante meia hora para decidir a quem cabia a
responsabilidade de uma determinada atividade.
Pão com melado
Quando, aos sábados nós éramos encarregadas de levar algum produto agrícola
para a venda do nosso tio Gehard, em Rio Molha, aproveitávamos para nos fartar
com uma alimentação mais citadina, com produtos mais industrializados e
variados. Nossa tia Verônica preparava uma mesa com muito salame e queijo,
pãozinho de trigo e eu comia avidamente. Ela ficava ali conversando comigo e
talvez se admirasse com o prazer que eu demonstrava ao devorar a comida e
quanto eu sentia feliz em estar ali.
Depois que eu saí de casa observei, o quanto nossa alimentação tinha um padrão
definido, diferente do que se comia na cidade. A alimentação era farta, mas de
certa forma frugal, com ingredientes que atualmente são considerados alimentos
orgânicos, pois comíamos basicamente o que produzíamos. Comíamos usualmente
carne de porco e de aves como galinha nos dias de semana, e marreco e pato ou
ganso nos finais de semana. De tempos em tempos, matávamos um bezerro novo e comíamos
assado de vitela. Carne de boi era um prato que só comíamos nos feriados de
Natal, Páscoa e Ano Novo, quando fazíamos a encomenda de churrasco no açougue
do João Lúcio da Costa em João Pessoa. Fora destas datas, só comíamos carne
bovina quando mandávamos matar um boi ou vaca velha, e ficávamos com uma parte
desta carne.
O ritmo das tarefas da casa na semana era determinado em função das tarefas
maiores e menores, uma delas era o fazer pão. Era a mãe que fazia o pão nas
quartas feiras e nos sábados. Como era assado no forno a lenha, era uma
operação em que se gastavam horas. Geralmente era um pão de mistura, isto é,
cará ou aipim cozidos onde se acrescentava fermento feito em casa, com fubá e
um pouco de trigo. Durante muito tempo, o trigo era considerado um produto de
luxo, custava muito caro, por isto os colonos usavam fubá. Nós mesmos é que
levávamos o milho em um saco na garupa da bicicleta para ser moído no moinho
que existia nas imediações.
O dia começava com o café da manhã, que era de pão com banha de porco e melado,
as vezes com doce de banana feito em casa que nós chamávamos de “muss” e
queijinho branco, às vezes com banha e açúcar mascavo ou açúcar branco. Pão de
banha com açúcar branco já era uma iguaria, pois o usual era usarmos açúcar
mascavo que os nossos parentes e vizinhos os Meier fabricavam.
No Früschtück, comíamos pão com algum salgado, geralmente à base de porco como
sülse (uma espécie de geléia de porco), morsilha, torresmo. Ou ainda queijo
fundido ou queijo branco curtido e, invariavelmente melado. Depois, até a hora
do almoço, a nossa fome era aplacada com frutas da época, banana, goiaba,
laranjas, carambolas, que tínhamos em abundância.
O almoço era colocado na mesa ao meio-dia pontualmente e todos se sentavam à
mesa comendo em conjunto. No almoço, sempre havia algum tipo de carne, aipim,
ou batata ou arroz e muita verdura de acordo com a época do ano. A sobremesa
dos dias de semana se resumia em caldas de fruta, os pudins eram feitos somente
para os finais de semana. Tinhamos dois pés das carambolas que davam muitos
frutos, para aproveitá-los eram cortados em pedaços finos, secados no forno a
lenha e depois colocados em uma lata fechada. Assim quando não havia frutas em
natura usávamos frutos secos.
O café da tarde acontecia em torno das 14 horas e tinha mais ou menos o mesmo
cardápio do café da manhã, pão com banha e melado ou açúcar e queijo branco.
No final da tarde, voltámos para casa com muita fome e invadíamos o armário e comendo
pão com melado, às vezes quando era véspera de quarta ou sexta feira e não
tinha mais muito pão, fazíamos uma mistura muito gostosa com farinha de
mandioca e melado. Enfim, o melado era o nosso doce mais abundante.
No
jantar comíamos o que sobrava do almoço, com algumas variações como: batata
doce ou aipim frito com toucinho, sopa de leite engrossada com alguma farinha
de trigo ou de araruta, pão e chá de mate.
Alguns mitos fizeram parte da nossa
alimentação como ser perigoso ingerir agua depois de comer melancia, ou beber
leite após comer pêssego sob a alegação que era morte certa. Era proibido comer caquí,
embora na casa da avó Emma havia um pé gigante que a cada ano dava frutas em
abundância. No entanto nós geralmente burlávamos esta proibição e comíamos
escondido.Esta proibição tinha como motivo a morte de Doris aos 9 anos, era a
prima de Massaranduba que nós não chegamos a conhecer. O motivo da morte foi a aspiração
para os brônquios de uma semente de caquí falecendo um tempo depois num
Hospital de Blumenau.
O
“Streppe de milho”
Na condição de filhas mais velhas nós testemunhamos o nascimento de nosso
irmão Alois em 1957, das irmãs gêmeas Gisela e Roseli em 1960 e da Edla em
1964.
A avó Emma e a tia Nilda eram um amparo nestas ocasiões. Enquanto a mãe estava
na maternidade, nós ficávamos sob o cuidado delas, com a vantagem de poder
ficar na casa delas durante o dia e fazer as refeições por lá.
No nascimento de Alois em 1957 a tia Zita
veio alguns dias para ajudar na lida da casa, sendo por isto convidada para ser
a madrinha.
O nascimento das irmãs gêmeas foi um acontecimento que mobilizou toda a família
e a vizinhança, pois não era um evento muito comum. Assim, desde que a mãe
voltou da maternidade, as visitas eram constantes, dando aquele ar de festa a
todo instante. A tia Regina, irmã mais nova da mãe, foi a pessoa que ficou na
nossa casa para fazer todos os serviços domésticos por alguns meses.
O agradável aroma de álcool ou cachaça misturado com a água do banho impregnava
a casa quando eram dados os primeiros banhos nas gêmeas. Nos primeiros meses, a
presença delas era meio distante para nós, já que os adultos faziam o cuidado.
Mais tarde, com talvez 7 a 8 meses, quando a mãe já ia para a roça, nós
ficávamos em casa cuidando delas. Isto era árduo, pois mal tínhamos terminado
de trocar e alimentar uma delas já a outra estava chorando.
As febres e doenças de infância eram tratadas em casa, havia um livro que a mãe
consultava com freqüência quando alguém estava com algum problema. Os chás eram
muito utilizados, a ida ao médico era excepcional, visto que, na época, um
colono pagava todas as despesas de uma consulta médica. Assim, a farmácia era
um recurso. Lembro quando tive uma ferida na cabeça que custou cicatrizar e o
pai me levou na Farmácia Schulz, mostrou a ferida e o dito farmacêutico logo
vendeu uma pomada que foi muito eficiente.
Um problema próprio de quem andava descalço era pisar em algum corpo estranho,
o mais comum era o estrepe de milho. Isto é, farpas do pé de milho que, após
colhido, eram colocados na posição horizontal no terreno, que apodreciam aos
poucos. Ao pisar neste terreno, na época da colheita, ou após, quando tirávamos
o trato para as vacas, com frequência pisávamos em uma destas lascas que se
alojavam na planta dos pés. A tarefa, então, era colocar calor sobre o local
com coalhada quente ou pirão de camomila, para a farpa sair espontaneamente.
Quando isto não acontecia, nosso pai tinha uma faca própria pontiaguda para
tirá-la mecanicamente. Não lembro de alguém ter ido ao médico para tirar estas
farpas.
Problemas como sarampo, varicela e cachumba foram todos resolvidos em casa com
cuidados como repouso, e boa alimentação. Cachaça com ramos de alecrim
colocados dentro de uma garrafa era o antisséptico preferido da avó Emma. Era
antisséptico para ferimentos cortantes como também analgésico tópico para dores
musculares e dores reumáticas.
Chás de folha de laranja era remédio para
gripe. Para fluidificar e retirar o catarro colocava-se no chá um pedacinho de
gengibre. No caso de gripe muito forte
além de gengibre colocava se no chá uma brasa bem quente, que logo depois era
retirada. Em caso de tosse seca e rebelde esquentava-se banha de porco e
esfregava-se no peito depois cobria o peito com um pano de lã para manter bem
quente.
Chá de folhas de goiaba eram utilizados para
diarreia. Em vez de bolsa de água
quente, era utilizado um saco branco com farinha de mandioca esquentada
previamente na frigideira.
A homeopatia da “Tante Adele” em Guaramirim
era o recurso para dores de cabeça, dores de ouvido ou outros males que os
remédios caseiros não davam conta.
OS JORNAIS, AS REVISTAS E OS LIVROS.
A televisão veio a Jaraguá por volta de
1965, mas só entrou na nossa casa aproximadamente em 1970, quando eu já morava
em Joinville. Nossa realidade anterior
era o rádio que preferencialmente era ligado para ouvir notícias ao meio-dia e
anoite e músicas em programas da Radio Jaraguá normalmente com músicas alemãs.
Havia também um programa de manhã cedo denominado Rancho do Dadí que o pai
ouvia eventualmente. As novelas que ouvíamos eram de forma clandestina.
Nosso maior lazer era a leitura. Meu avô
assinava um jornal semanal escrito em língua alemã editado em São Paulo: A
Brazil-Post, e meu pai assinava o jornal também semanal e local: Correio do
Povo. Estes dois jornais eram trocados entre si a cada semana. Por sua vez o
tio Emilio Junior assinava a revista SELEÇÕES, mas esta não circulava, nós
líamos quando íamos na casa deles. Mais tarde quando já éramos adolescentes,
podíamos levar para casa os exemplares mais antigos.
Eventualmente adquiria-se a Revista O
Cruzeiro quando tinha algum acontecimento importante, como por exemplo o golpe
de 1964.
Tínhamos também o recurso das bibliotecas.
Desde o curso primário na Escola Jaraguá podíamos levar para casa um livro por
semana aos sábados. Lemos todos os clássicos como os três mosqueteiros, Robin
Hood, Barba azul. O primo Wilson era um leitor voraz e no caminho da escola
trocávamos idéias sobre o tema dos livros lidos ou que estávamos lendo.
Jà no curso ginasial no Colégio Divina
Providencia tínhamos a disposição uma biblioteca imensa com livros para
juventude de autores como M. Delly. Além
disso havia livros mais densos que a professora de história nos indicava de
acordo com os temas que estamos estudando, lembro particularmente dos livros
sobre o império romano como: A Vestal e Quo Vadis.
Na adolescência emprestávamos ou comprávamos
de segunda mão, revistas como Sétimo Céu, Capricho, Contigo. Líamos na nossa
curta folga depois do meio-dia e a noite após todas as tarefas deitadas na
cama.
Além disso a leitura da bíblia, ouvir
programas religiosos, ensaiar cantos fazia parte das nossas obrigações nas
festas de Natal, Páscoa e Ano Novo.
8.7 Os
primos
Atualmente as crianças a partir de uma certa
idade costumam frequentar a casa de amigos. Nossa realidade principalmente das
filhas mais velhas, era de que tínhamos colegas
de escola entre as quais algumas amizades. No entanto devido ao fato de
morarmos a 5 km de distância, nossa convivência na infância e início da adolescência
se limitava as irmãs e aos primos vizinhos Wilson, Ronald, Emilio e Mariane e
os primos de Massaranduba filhos da tia Hilda Heinz, Ingo, Lendi e Günther e
Odimir e Lilian filhos do tio Gehard. Com os primos vizinhos a convivência era
diária quando ainda não estávamos na escola. Mais tarde quando éramos maiores,
convivíamos no caminho da escola e principalmente nos finais de semana. Nos juntávamos
sempre na casa dos avós e tios para brincar de esconder, sendo que o rancho das
vacas era nosso principal esconderijo, fugir para o rio, ler e pegar amendoim
do forno.
Também os nossos segundos primos filhos da família
Meier, Bruns e Bolduan todos do parentesco com a família de nossa avó
Friedemann foram nossos companheiros de infância aos domingos. Na família Bruns
a convivência ocorria dentro de uma visita formal junto com nossos pais já que
moravam no outro lado do rio. Íamos para lá de canoa e mais tarde de carro.
Quando adolescentes nos encontrávamos no rio. Já para a família Bolduan e Maier
quando éramos maiores íamos sozinhos para jogar futebol, conversar e brincar.
Também tinha a família Esterei vizinhos ao lado de nosso terreno no lado leste.
Lá havia duas moças que se tornaram nossas companheiras de brinquedo quando
nossos pais iam fazer visita. Esta família vinda da localidade de Benjamim Constant,
Massaranduba, adquiriu o terreno da Familia Zastrow e mais tarde vendeu para a família
Dalprá que fez deste local um loteamento residencial. Nossas irmãs menores
tiveram maior convivência com os filhos da vizinhança que que cursaram o ensino
primário na escola municipal perto de nossa casa.
8.8 A busca de novos
caminhos
No final do curso
ginasial, nós, as irmãs mais velhas, tínhamos que pensar em um emprego fora de
casa, pois as irmãs menores já podiam fazer os serviços e nos substituir. Foi feito um acordo conosco,
que os estudos em colégio particular seriam pagos até o final do ginásio,
depois teríamos que arranjar um emprego. Como eu decidi ser enfermeira já aos
14 anos, fui trabalhar, em janeiro de 1969, com 15 anos e meio de idade, no
Hospital Dona Helena, em Joinville, voltando apenas para visitas. Em 1973,
passei no vestibular para o curso de Enfermagem, em Florianópolis, o qual
concluí em 1976. Casei-me e permaneci morando nesta cidade, construindo uma
outra história muito diferente daquela da nossa infância. Mas aquelas conversas
nas colheitas de arroz e ao redor da cama da avó Emma, sempre me levaram a
olhar para trás na busca das minhas raízes. Neste ano já na aposentadoria após
mais de 40 anos de dedicação à enfermagem e a minha família, voltei-me quase
integralmente aos estudos das histórias de famílias[22].
9- Os reencontros
A festa dos descendentes de Emil Eggert
Os tempos mudaram, a família Eggert que era essencialmente agrária, mudou - se
para a vida urbana acompanhando a trajetória de grande parte da população
brasileira. Com esta mudança também mudaram as relações entre os parentes.
Antes a convivência era entre as pessoas da família, vizinhos, agora as
distâncias separam as pessoas.
Talvez com saudades daqueles tempos em 1998, em uma festa de aniversário em
Massaranduba nosso primo Ingo Rode (filho de Hilda Eggert) veio com a idéia:
por que não nos reunimos todos?
Esta pergunta ficou no ar, atravessou Jaraguá, Blumenau, Joinville, e da
pergunta começaram a surgir respostas. A
data 21 de fevereiro foi escolhida com facilidade, pois logo foi lembrado que
os mais velhos da família, Alitor e Gehard, fazia aniversário dias 20 e 22 de
fevereiro respectivamente.
Ainda em 1998, foi reservado o Salão da Comunidade Luterana dos Apóstolos em
Jaraguá do Sul, que, coincidentemente, foi edificado no local onde Carl Eggert
tinha construído sua primeira casa. A organização da festa foi liderada por
Alitor e Helga Eggert, que elegeram em cada família um representante para fazer
os contatos com os demais. O restaurante de Mauro Bolduan foi contratado para
oferecer o almoço, que seria pago pelos próprios convidados.
O encontro aconteceu no dia 21 de fevereiro de 1999 e o programa constou das
seguintes atividades:
9 : 00 – 9:30 horas: recepção e entrosamento. Um pequeno grupo
foi encarregado desta tarefa. Quase todos chegaram dentro do horário
estipulado.
Foi organizada uma sessão de posters com
dados sobre a história da família, e solicitado que os diferentes integrantes
trouxessem fotos, que foram penduradas em duas paredes preparadas para este
fim. O esboço da arvore genealógica foi colocada sobre a mesa e os integrantes
das novas gerações foram convidados para colocar seus nomes.Também um cartaz
sobre a origem do nome Eggert foi apresentado
Esta primeira etapa transcorreu de forma
ímpar, pois quem se conhecia, mas há muito tempo não se encontrava, ficava
feliz por estar junto novamente. Parece que mesmo quem não se conhecia,
principalmente os jovens, logo entravam no clima festivo. Havia um sentimento
de pertença, um sentimento de família. Houve o comparecimento de quase todos,
exceto de dois primos e uma prima que estavam distantes, sem condições de
comparecer.
Depois deste primeiro momento, com as cadeiras em círculo foram realizadas as
apresentações. No início esta apresentação começou aleatoriamente, no entanto
Gehard logo interrompeu dizendo que eles os mais velhos deveriam se apresentar
primeiro,sendo que prontamente todos concordaram.Este momento que durou
aproximadamente 2 horas, formou-se um clima muito familiar no qual muitos
contaram sua trajetória de vida sem constrangimentos, incluindo os sucessos e
os fracassos. Até segredos de família foram revelados. Esta parte foi filmada.
Esta parte terminou com palavras de gratidão
e uma benção do Pastor Ingo Piske da Igreja Evangélica Luterana - IECLB. A seguir todos foram convidados a partilhar do almoço
feito pelo restaurante de Mauro Bolduan neto
de Sophie Eggert e bisneto de Gustav
Eggert.
Após o almoço , houve uma pausa, na qual os convidados foram passear e rever um
pouco dos arredores que se constituíam as terras de Carl, Emil, depois de
Alitor.
Às 14 horas começou uma sessão de
entrevistas com Alitor e Gehard que transcorreu da seguinte maneira: todos os
convidados se reuniram no salão em
círculo e foram fazendo perguntas sobre o cotidiano da infância e adolescência. Esta sessão teve a
duração de uma hora e meia e foram momentos mágicos, no qual Alitor e Gehard
puderam falar sobre suas vidas e das vidas de quem já não estava mais ali.
Todos e especialmente os jovens, estavam ouvindo atentos e fazendo perguntas.
Foram feitas perguntas tais como: onde faziam as compras, onde cortavam o
cabelo, como era o namoro naqueles tempos entre outros.
Logo em seguida, todos se dirigiram novamente ao salão das refeições, no qual
um grande bolo e café os aguardava. Finalmente, após o café, uma sessão de
fotos foi realizada com o intuito de que este dia fique registrado para a
posteridade. Dois imprevistos aconteceram neste meio tempo: uma grande trovoada
com forte chuva típica de verão; e o fotógrafo que trouxe uma máquina sem
filme. Assim, todos tiveram que ficar aguardando o fotógrafo Waldemar Behling proprietário
do Foto Loss, voltar ao centro da cidade para tomar as providências e garantir
as fotos.
Na despedida, grandes promessas para futuros reencontros em outras festas foram
feitas . Infelizmente até o ano de 2023 a família se reuniu parcialmente nos
enterros de Alitor Eggert em 2013 e de Gehard em 2022.
A
festa dos descendentes de Robert Eggert.
Em 21 de abril de 2001, os descendentes de Robert Eggert filho de Gustav Eggert
irmão de Carl, reuniram-se para uma confraternização no Parque Malwe em Jaraguá
do Sul. Na preparação deste encontro, dados da família foram resgatados e uma
árvore genealógica foi confeccionada. Desta forma, também os descendentes de
Gustav, começaram a pensar em suas origens, e como refere a reportagem no
Jornal A Notícia daquela semana sobre a festa: o encontro também serviu para
resgatar laços afetivos.
10 - Referências
Referências
Bibliográficas
CAVALETT, Laucí Aparecida. O Integralismo e o Teuto- Brasileiro: Joinville -
1930-1938.1998. 164p.Dissertação (Mestrado em História) – Programa de Pós -
Graduação em História, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
BÖBEL, Maria Thereza; SANTIAGO Raquel. Joinville
Os Pioneiros Documentos e Histórias -1850-1866.
Joinville: Editora Univille, 2001
EMENDÖRFER FILHO, Vitor. A primeira história de Guaramirim.
Jaraguá do Sul: Editora Correio do Povo.
FICKER, Carlos. História de Joinville –
Crônica da Colônia Dona Francisca. 2.ed. Joinville: Ipiranga, 1965.
FICKER,Carlos. História de Joinville- Crônica da Colônia Francisca. 3°ed. Joinville:
Editora Letradagua,2008.
GRANZOW, Klaus. Pomeranos sob o cruzeiro
do sul: Colonos alemães no Brasil. Tradução: Selma Braun. Vitória, E.S-Arquivo
Público do Estado do Espírito Santo,2009. Disponível em: https://ape.es.gov.br/Media/ape/PDF/Livros/pomeranos_sob_o_cruzeiro_do_sul.pdf. Acesso em 15-11-2023.
Gierus,Friedrich;Ziemer,Osmar;Balz. Abrindo Novas Fronteiras:De uma Igreja de
Migração à Igreja de Confissão Luterana no Brasil. Blumenau:Editora Otto
Kuhr Ltda,2017
HOLZ, Nelson. A
comunidade conta sua história: Percorrendo o caminho da Ilha. Blumenau:
Editora Todaletra,2011
Jornal O CORREIO DO POVO 17:923, 19 mar., 1938.
SILVA, Emílio da. Um capítulo na
povoação do Vale do Itapocú. 1975.
385p.
STULZER, Frei Aurelio. O primeiro livro de Jaraguá. Editora
Vozes,1973. Consulta presencial na Biblioteca Pública Municipal de Jaraguá do
Sul em 2019
Entrevistas
EGGERT, Alitor. Jaraguá do Sul: Entrevistas
concedidas em 1982 e 2001. Exposição oral sobre o cotidiano na casa de Emil por
ocasião da Festa da Família Eggert em 21 de fevereiro de 1999
EGGERT, Gehard, Filho de Emil Eggert. Jaraguá do Sul: Exposição oral sobre o
cotidiano na casa de Emil por ocasião da Festa da Família Eggert em 21 de
fevereiro de 1999
EGGERT, Oscar. Jaraguá do Sul: Filho de Emil Eggert, prestou vários depoimentos
em diferentes datas no ano de 1982.
GRUN, Matilde Elisa Ana. Município de Schröder: Filha de Helene, neta de Carl
Eggert. Entrevista concedida à autora, em 1982. Gravado.
SILVA, Emílio. Jaraguá do Sul Entrevista concedida em julho de 1982. Não
gravada.
SOUZA, Hedwig Marie Helene. Filha de Gustav Eggert. Entrevista concedida a autora
em 1982 em sua residência em Jaraguá do Sul. Gravado.
Outras
Fontes
-Acervo fotográfico casa da família de
Alitor Eggert, Jaraguá do Sul
-EGGERT, Afonso. Carta com informações sobre
a descendência de Gustav Eggert. Joinville,14 de junho de 1982.
-Livro de registro de óbitos nº C-2 do Cartório de Registro Civil de Jaraguá do
Sul.
-Livro de Atas e Registros de Óbitos, casamentos e batizados da Comunidade
Evangélica Luterana de Jaraguá do Sul – Paróquia Apóstolo Pedro.
-Livro de Atas e Registros de Óbitos, Casamentos e Batizados da Comunidade
Evangélica Luterana de Guaramirim.
-Livro de Atas e Registros de Óbitos, casamentos e batizados da Estrada da Ilha.
-Livro de Atas e Registros de Óbitos, casamentos e batizados da Comunidade
Evangélica Luterana de Joinville – Paróquia da Paz.
Webgrafia
Family Search - Registro Civil de Jaraguá do Sul.
Nascimentos de 1899 a 1931, casamentos civis de 1896 a 1950 e óbitos 1896-1997.
Disponível em https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HT-62XS-JQV?owc=MXYP-4M4%3A338870801%3Fcc%3D2016197&wc=MXYB-C2W%3A338948001%2C340937001%2C340938801&cc=2016197 Acesso 2023.
Family Search - Registro Civil de Guaramirim. Nascimentos de
1919-1931, casamentos civis de 1919 a 1955 e óbitos 1931-1997. Disponível em https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HT-62XS-JQV?owc=MXYP-P23%3A339082901%2C339082902%3Fcc%3D2016197&wc=MXYB-C2W%3A338948001%2C340937001%2C340938801&cc=2016197 Acesso 2023
Family Search - Registro Civil Joinville 1852-1997
Nascimentos, casamentos civis e óbitos. Disponível em https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HT-62XS-JQV?owc=MXYK-K5M%3A337702401%2C337702402%3Fcc%3D2016197&wc=MXYB-C2W%3A338948001%2C340937001%2C340938801&cc=2016197
Acesso 2023
Family Search – Registro Civil Pirabeiraba: casamentos
civis1933-1958,óbitos 1973-1997. Disponível em
https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HT-62XS-JQV?owc=MXYK-K5M%3A337702401%2C337702402%3Fcc%3D2016197&wc=MXYB-C2W%3A338948001%2C340937001%2C340938801&cc=2016197
Acesso 2023
Family Search – Registros Igreja Evangélico Luterana
Joinville centro Batismos 1851 a 1970, Confirmações 1852-1937. Disponível
em https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HT-62XS-JQV?owc=MXYK-K5M%3A337702401%2C337702402%3Fcc%3D2016197&wc=MXYB-C2W%3A338948001%2C340937001%2C340938801&cc=2016197
Acesso 2023
https://www.familysearch.org/search/catalog/1122786?availability=Family%20History%20Library Acesso 2023
[1]
Reside em Florianópolis. Contatos: astridboehs@hotmail.com
[2]
Os livros de registros da estrada da Ilha encontram-se atualmente na secretaria
desta igreja. Também é possível encontrar de forma digitalizada no site do
Family Search
[3] No cartório de registro civil há o registro de casamento em 11 de janeiro
de 1891 de seu casamento com ilegível....Kühl
residente na Kreutzerstrasse testemunhas foram Germano Brietzig e Julius
Zietz
[4] Informação
via e-mail de Helcio Costa pentaneto de Bertha Eggert, tataraneto de
Bertha e bisneto de Lina Mühlmann.
[5] Na Certidão de Registro de
Nascimento do Escrivão Francisco Antônio Vieira, Juiz De Paz, consta,
entre outros dados, que: aos vinte e cinco dias do mês de março de 1891
compareceu em meu Cartório, Carlos Eggert, natural da Alemanha, casado,
lavrador, residente na Estrada da Ilha. Declarou que no dia 21 do corrente
pelas doze horas do dia, sua mulher Guilhermina Eggert deu a luz a uma criança
de sexo masculino Declarou mais que a referida criança é o quinto filho ainda
não tem nome por não estar batizada, e casou-se conforme o rito evangélico com
a dita mulher na Casa de Orações da Estrada da Ilha neste Município.
[6]
A Sociedade Colonizadora de Hamburgo foi substituída pela Sociedade
Colonizadora Hanseática que passou a vender os lotes as margens do Rio Itapocú
em direção a Corupá, as terras do atual município de Corupá que naquele tempo foi
denominada Colônia Hansa.
[7]
Esta elevação por volta de 1980 foi aplainada para construir um salão
para servir de Igreja Evangélica Luterana
em terreno vendido por Alitor Eggert. Este salão estava situado onde
atualmente passa a Rua Benildo Zamim em frente da Comunidade Evangélica dos
Apóstolos.
[8]
Informações de sua filha Hedwig para a autora deste escrito
[9]
Elisa residia em uma casa de madeira na Estrada
Itapocu onde atualmente está situada a Empresa WEG 2 e próximo dos descendentes
de Carl Eggert. Conheci seus descendentes na infância e juventude dos quais
obtive informações
[10]
Conheci Hedwig na sua casa em Guaramirim. Uma
pessoa meiga e falante com muitas lembranças de seus pais, da infância e
juventude
[11]
Helena foi sepultada neste cemitério um ano antes
de um decreto estadual proibir novos sepultamentos. Em 1950 o cemitério foi
demolido, não se sabe se a família dela fez o translado dos ossos para o
cemitério municipal.
[12]
Tucum (Bactris setosa) é um coqueiro de pequena estatura que era abundante nas
matas nativas da região do Itapocu e nas terras da família Eggert. Seus frutos
maduros têm cor lilás cujas sementes volumosas têm uma cobertura branca muito
deliciosa.
[13]
Jacob Buck nasceu em Stuttgart e veio ao Brasil com 23 anos no ano de 1903.
Veio a Jaraguá, mas logo depois foi para São Leopoldo retornando a Jaraguá onde
se estabeleceu definitivamente. Sua estava residência com a alfaiataria estava
situada na esquina da Rua Floriano Peixoto com a Cel. Gomes de Oliveira.
[14]
Logo após Guaramirim tornar-se um
município o primeiro prefeito Emilio
Manke sancionou a LEI N° 40 com o
seguinte teor:
-Considerando que os antigos cemitérios Católico e Protestante, desta
cidade, ambos interditados por força do Decreto-Lei estadual nº 105, de 6 de
maio de 1938, mais cedo ou mais tarde, deverão ser demolidos;
-Considerando que o primeiro já está sendo demolido, a fim de dar espaço a
construção de aumento da Igreja Matriz, e o segundo constituem sérios
obstáculos á retificação da rua central;
-Considerando que cabe a prefeitura, de conformidade com a lei acima
mencionada,resolve:
Art. 1º Fica reservada uma área no Cemitério
Municipal, onde poderão ser abertas as covas destinadas a receber as ossadas
removidas sos antigos cemitérios católicos e protestantes, desta cidade.
Art. 2º O chão de
que trata o artigo anterior, será requerido ao Prefeito Municipal que o cederá
gratuitamente e em caráter perpetuo, ao interessado, uma vez se tratando de
remoção daqueles dois cemitérios:
Art. 3º Todas as
despesas decorrentes das aludidas renovações, abertura da cova, transporto etc.
Correrão por conta do interessado.
Art. 4º O lugar para
a abertura da cova, nos casos da presente lei, será indicado pelo zelador, ou
cujo cargo também estará a fiscalização da fiel observância do regulamento do
cemitério.
Art. 5º O prazo para
a remoção de ossadas dos antigos cemitérios Católicos e Protestantes será de um
ano, a contar da data da assinatura da presente lei, afim de que haja o tempo
suficiente para notificação dos respectivos interessados, muitos dos quais não
residem nesta cidade.
Art. 6º A escolha da
área de que trata o artigo 1º desta lei, ficará a critério do Prefeito
Municipal.
[15]
O nome correto era Raulino Fischer visto que ele
era filho de mãe solteira, no entanto não se sabe por qual razão no registro do
casamento civil de Helga e Alitor consta Raulino Maas e ele assinou o documento
também com este nome.
[16]
A história da família de Julius Vogel está
descrita com detalhes no livro de Emilio da Silva Um capítulo na Povoação do
Vale do Itapocú,1975. Pgs: 186 e 187.
[17]
Tante Amanda era uma pessoa muito querida da família, era viúva e trabalhava na
fábrica Móveis Cimo. Não consegui dados sobre qual era o parentesco com a
família Eggert.
[18]
Na época eu trabalhava no Hospital Dona Helena em Joinville.
[19]
Na Alemanha o Frühstück seria o café da manhã
como primeira refeição. Em Jaraguá talvez pela influência da língua portuguesa ,
denominávamos Kafee a primeira refeição
e Frühstück o lanche da 9 hs da manhã.
[20]
Na época, a atual rodovia Waldemar Grubba era
denominada estrada Joinville, uma estrada de barro com morros e curvas que só
foi retificada e asfaltada aproximadamente em 1975/1976.
[21]
Plantar arroz no seco significa plantar arroz num terreno comum sem que a
plantação fique submergida em água chama de arrozeira. Esta técnica mais utilizada
atualmente foi introduzida mais tarde
por volta de 1969 quando foram feitas modificações no terreno aproveitando as
nascentes de agua que corriam no terreno.
[22] Co-autora com Lourival Boehs do Livro Trajetórias e Transformações: um resgate histórico da Família Boehs 1550-2020, Florianópolis,2020, e pesquisas sobre as famílias Maas, Fischer, Bolduan e Möller, Friedemann in https://astrideboehs.blogspot.com/
Lista de Presença ou mencionados no livro de presenças
da festa da Família de Emil Eggert e Frida Friedemann
Em Jaraguá do Sul,21 de fevereiro de 1999.
Alitor Eggert e Helga
Maas Eggert e descendentes
Astrid Eggert Boehs/Florianópolis
Lourival Boehs/Florianópolis
Carlos Gabriel Eggert Boehs/Florianópolis
Gustavo Eggert Boehs/Florianópolis
Alois Eggert /Jaraguá
do Sul
Laurita Ficher Eggert esposa
Bruno Guilherme Ficher Eggert
Roseli Eggert Nascimento/Florianópolis
Helcio Garcia Nascimento
Leticia Eggert Nascimento
Ligia Eggert Nascimento
Inge Eggert/Blumenau
Gisela Eggert Steindel/Florianópolis
Mario Steindel
Renita Eggert Lenzi/
Jaraguá do Sul
Angela Eggert
Lenzi
Sara Eggert
Lenzi
Edla Eggert/Porto
Alegre
Efraim Golbert/Porto Alegre
Sofia Eggert Golbert
Descendentes presentes
de Hilda Rode nascida Eggert in Memorian
Iris Rode Morsch/Massaranduba
Luciana Morsch Ramos
Paulo de Tarso Ramos
Lucas Ramos
Cristina Morsch
Ricardo Curt Morsch
Heinz Rode/Joinville
Wilma Kleine Rode
Ingo Rode/Massaranduba
Rosarita Rode
Günther Rode/Massaranduba
Daniel Rode
Gustavo Rode
Gabriela Rode
Thiago Rode
Thiago Rode
Haroldo Rode/Massaranduba
Venilda Rode esposa
Andrea Rode
Relinda Rode Macedo/Massaranduba
Rafael Cristiano Rode Macedo
Ana Paula Rode Macedo
Gehard Eggert/ Mafra
Isolde
Herbst Eggert (segunda esposa)
Lilian Eggert Gesser/Joinville
Aloísio
Gesser
Marco Tulio Gesser
Adriano Eggert Gesser
Katia
Simone Gesser
Edmar Eggert/Joinville
Vitelina Etelvina C.C. Eggert esposa
Sandy Eggert Claumann/Jaraguá do Sul
Simone
Eggert/Joinville
Marcio
Eggert/Joinville
Cassiano
Eggert/Joinville
Vanessa Cristine
Eggert/Jaraguá do Sul
Lilian
Daniele C. Eggert/Joinville
Odimir Dorneles Eggert In memoriam
Claudinei Eggert
cc Bianca/Blumenau
Claudia/Blumenau
Anderson//Blumenau
Alexandre//Blumenau
Fer…..ilegível
Alessandra/Blumenau
Cristiane/Blumenau
Descendentes presentes
de Edgar Eggert in memorian
Bertha Vogel Eggert esposa de Edgar/Jaraguá do Sul
Valmor von Eggert/Jaraguá
do Sul
Ana D. von
Eggert
Juliane
Karline von Eggert
Julio Cesar von Eggert
Alexandre von Eggert
Edie João von Eggert
Fernando Ramires da Silva
Juan Carlos von Eggert
Didimo Satyro da Silva
Felipe Eduardo Berté
Maichel Robert Theilocher
Adolar Eggert /Guaramirim
Norma Zastrow Eggert esposa de Adolar
Adriana Fabiana Eggert
Ana Paula Eggert
Carlos Roberto Eggert
Descendentes de
Emilio Eggert Jr. E Nilda Nagel in Memoriam
Wilson Eggert/Jaraguá
do Sul
Lorena Eggert esposa
Carlos Alexandre Eggert
Paulo Henrique Eggert
Ronaldo Eggert/Jaraguá
do Sul
Edilene
Eggert esposa
Edinaldo
Eggert
Fabiana
Eggert
Greice Eggert
Cintia Eggert
Os presentes deixaram
algumas mensagens
Edemar Eggert escreveu: São das pequenas sementes que nascem
as maiores árvores de frutos saborosos.
Lilian Daniele Eggert filha de Edemar menciona que: O homem
não morre quando deixa de viver, mas quando deixa de sonhar.
Sandy S.E. Claumann residente na Barra do Rio Cerro neta de
Gehard: um abraço e que venham grandes alegrias em nossas vidas
Gisela Eggert: somos muito felizes
Renita Eggert Lenzi: Para nós este foi um dia inesquecível...num
domingo de céu azul.
Bianca (esposa ) e Claudionei
filho de Odimir escrevem: Foi um dia bastante agradável.
Efraim Golbert e Edla Eggert referem que moram em Porto
Alegre e gostam muito de encontrar nossa família
Norma Zastrow Eggert explica que moram em Guaramirim
próximo a divisa de Jaraguá do Sul
Odimir escreve que tem os seguintes filhos: Claudionei,
Anderson, Claudia,Alexandre, Alessandra e Cristiane
ANEXO II
Escrito Por Gehardt Eggert e entregue para as filhas de Alitor Eggert em 2020
ANEXO III FOTOS
Cena de uma rua de Gross Jestin/Pomerania/Prussia
atual Goscino/atual Polonia terra de origem
Cena da casa senhorial de Moltow
localidade onde nasceu Karl Eggert
em 1851
Moltowo/Polonia
Karl Eggert
e esposa Guilhermina
nascida Kayser. data: 1919
Casamento
de Carlos Eggert (filho)
e Elisa Mielke em 22.2.1919.
Notar a presença de Karl e Guilhermina
no lado E da foto.
Tumulo de Maria Eggert
Sacht filha de Karl Eggert
Cemiterio Evangélico do
Bairro Joao Pessoa
Foto 1960
Data do casamento: 25-4-1953
Foto de 1982 feita por Astrid Eggert Boehs
mostrando o caminho final da roça com o pasto
frente ao rio. Ultima visita.
Alitor Eggert passeando dentro do rio
nos fundos de sua propriedade
foto ca. década 2000
Imagem do rio Itapocú das margens do terreno de Emilio Junior. Na foto Gisela, Roseli, Mariane ,
Edla e menina não identificada.
Caminho dos coqueiros nas terras adquiridas por Karl
e plantadas supostamente por ele. Vista da rua
em direção a casa.Autor da foto desconhecido acervo
casa de Alitor Eggert
Um comentário:
Parabéns Astrid pelo empenho e dedicação ao registrar essa história para as gerações futuras.
"Quem não sabe de onde veio, não sabe para onde vai"
Grande abraço
Seu primo distante,
Helcio
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