Lápide do túmulo de Albert Maass no Cemiterio Luterano Testo Central Alto Martin Luther. Foto Bilion Graveshttps://pt.billiongraves.international/grave/Albert-Maahs/24729882.Em janeiro de 2022 constatou-se que o túmulo estava destruído.
Minna sobreviveu ao
esposo durante mais 19 anos falecendo em
29/1/ 1958 com a idade de 84 anos. Como após a morte do esposo foi morar com o
filho Arthur, está sepultada no cemitério antigo de Rio do Testo Alto. No túmulo
a inscrição: Gutte Mutter Schlaf wohl. Ruhe sanf gute nacht. Es ist
volbracht. Tradução: Boa mãe durma bem. Descanso suave boa noite, está
consumado.
Túmulo de Minna Maass nascida Franz. Cemitério Luterano /Imigrantes no bairro Alto Rio do Testo.Foto Bilion Graves https://pt.billiongraves.international/grave/Minna-Franz-Maass/24394738 Túmulo em janeiro de 2022 continua conservado bem como o cemitério
Filhos de Albert Maas e Wilhelmina (Minna) Franz
1- IDA. Nasceu em 12.08.1898 em Pomerode,
casou com Augusto Dräger de Pomerode. Migraram
primeiramente para o distrito de Nereu Ramos (Retorcida) depois foram para o
bairro Três Rios do Sul também em Jaraguá do Sul. A família de Alwin foi no
casamento do filho Vitor, foi uma festa grande onde estavam os familiares MAAS.
O filho Erwino ficou solteiro, e ia muitas vezes à Guaramirim de bicicleta
visitar seu tio Alwin. Ida faleceu em 29.10.1971 às 18 hs de Insuficiência
Cardíaca aos 73 anos. Deixou os seguintes filhos: Henrique, Erwino, Vitor,
Cilli e Frida.
2 –Emil / Emílio. Nasceu em 01.07.1900 e faleceu em 24.11.1977 às 5:30 da manhã. Casamento civil em Jaraguá do Sul 05.04.1930 com Emma Stolberg * 8.06.1908, Erwin Spieder e Arthur Maas foram as testemunhas. Moravam na denominada Sohnstiefer uma servidão lateral da estrada principal de Rio da Luz. Era lavrador, religião luterana como os demais da família. Foi sepultado no cemitério de Ribeirão Grande da Luz.
O filho Herbert teve 4 filhas, sendo que a esposa faleceu no último parto. Ele então criou as filhas sozinho.
3 – Alwin. Nasceu em 24.07.1902 e faleceu em 9.10.1967 casou com Lina Fischer cuja família tinha raízes em Pomerode.
5 – Augusta. Nasceu em 18.5.1907 e faleceu
em 16.11.1983. Casou com Bertold
Hornburg nascido em 19.7.1901 e falecido em 2.7.1983. Permaneceram em
Pomerode e foram sepultados no
Cemitério novo de Alto Rio do Testo, rota de enxaimel, em Pomerode. Na lápide
de Augusta consta: “In deine Hände befehle ich meinem Geist, du hast mich
erlöst, Herr du treuer Got.” Em tuas
mãos coloco minha alma, você me resgatou Senhor Deus.
Filho de Augusta: 1. Egon, 2. Elly casou com Hubert Krüger, 3. Erna nascida em 20.06.1940 casou com Herbert Utbartel. A filha Elly ainda manteve nos anos recentes muitos contatos com integrantes da família de Alwin Maass, pelo fato de possuir uma casa de veraneio no Balneário de Penha. Os descendentes de Alwin relatam sobre seu aniversário de 80 anos que foi festejado neste balneário com a presença de muitos descendentes oriundos do casal Albert e Minna.
6-Arthur. Nasceu em 12.8.1909 e faleceu em 21.9.1990 casou com Lina Hornburg nascida em 11.6.1909 e faleceu em 2.8.1956 sepultada no cemitério velho de Alto Rio do Testo. Tinha apenas 45 anos de idade. Seu túmulo está ao lado de sua sogra Minna Franz. Na lápide consta a frase: Du liebes Mutterherz.Wie gross ist doch unser schmerz.Es ist so still bei uns und lehr.Es felt die Mutter uns gar sehr. Ruhe sanft nach machen schmerz du lieber Mutterherz. Querido coração de mãe, quão grande é nossa dor, está tão vazio e quieto, está faltando a mãe. Descanse em paz coração de mãe. O casal permaneceu em Pomerode residiam no Alto Rio do Testo sendo que seus descendentes ainda residem nesta região. Ele está sepultado no cemitério novo da Rota de Enxaimel, Pomerode.
Filhos:
6.1-Gerad casou com Raulina. Filhos: Analina e Dolores que casou com Fritz Kamke e tiveram os filhos: Jefferson Arthur, Maira e João Fritz.
6.2-Natália casou Borchardt Filhos: Rosita e Lauro.
6.3- Renata casada com João Cardoso.
7-Reinoldo nasceu em 1913. Casou em primeiras núpcias
com Edi Bahr que faleceu prematuramente.
Casou então em segundas núpcias com a viúva Blank de Blumenau. Quem o conheceu
relata que Reinold era uma pessoa muito alegre e tinha cabelos negros e fama de
homem bonito entre os parentes que o conheceram. Depois do segundo casamento
foi residir em Blumenau e quando faleceu foi
sepultado no cemitério luterano do Bairro Fortaleza. Filhos: Raulina e
Norberto.
8 – Hugo nasceu em 08.04. 1916. Casou com Fride Piske
e foi residir em Rio da Luz I Jaraguá do Sul onde tinha uma grande propriedade
agricola. Quem o conheceu relata que ele era muto semelhante a seu irmão Alwin,
magro e loiro. Hugo foi o padrinho de Egon Maas filho mais novo de Alwin. Faleceu em 10.3.1976 com 59 anos de enfarte
de miocárdio. Teve duas filhas: Elly e Elvira.
HISTÓRIA DE ALWIN MAAS
Alwin nascido 24/7/1902 em Pomerode, consta no registro do casamento
civil que residia na localidade de Ribeirão Rega/ Tifa dos Canudos, Rio do
Testo/Pomerode. Casou em 11.02.1929 com Lina Maas
filha de Carl Fischer e da já falecida Auguste Achtenberg da localidade de
Benjamim Constant. A família Fischer também era originária de Pomerode e tinha
migrado para esta localidade. As testemunhas do casamento civil foram Gustav Kylcköfel
e Walter Ribock. Walter Ribock já tinha sido testemunha do casamento de Erwin Fischer e a
família Kylcköfel era vizinha da
propriedade da família Fischer. Não se
sabe se Alwin já tinha migrado para Benjamim Constant antes do casamento ou se
isto ocorreu após o casamento.
Importante constar que nenhum dos irmãos de Alwin constam como
testemunhas do casamento civil que se realizou em Blumenau.
Após casar, Alwin e Lina residiram primeiramente em Benjamim Constant
onde nasceram os filhos Lucia em 1929, Herbert 1930, Helga 1932 e Zita 1935. A principal plantação era arroz na
técnica de alagamento de terreno. Relatos da filha Helga, referem que Alwin
tinha saúde frágil e não se adaptava com este tipo de plantação pois pelo fato
de estar em contato com a água do terreno tinha afecções respiratórias
frequentes.
Aproximadamente após 1935, algumas famílias de Benjamim Constant,
começaram a buscar lugares mais perto de cidades onde pudessem escoar melhor os
produtos agrícolas. Entre estas, estava
o chefe da família Zastrow que decidiu
prospectar a região de Guaramirim e Jaraguá do Sul. O Sr. Zastrow voltou
entusiasmado com a compra de um terreno em Jaraguá do Sul no local chamado
Estrada Itapocú próximo a Guaramirim. Espalhou seu entusiasmo para os vizinhos e assim Alwin também foi a
procura de terras, comprando um terreno na então Bananal atual Guaramirim e na
localidade de Itapocuzinho, não muito longe do terreno da família Zastrow.
Naquele
tempo Bananal era um distrito que pertencia a Joinville e a localidade de
Benjamim Constant era um distrito de Blumenau. Em 1937, Getúlio Vargas decretou
o estado Novo instituindo a ditadura. Nereu Ramos que era o governador
tornou-se o interventor do estado de
Santa Catarina. Logo em 1939 iria começar a segunda guerra e começaria a
perseguição aos descendentes de alemães com a campanha da nacionalização. No
entanto o Jornal Correio do Povo de Jaraguá do Sul do dia 13 de novembro de
1937 anuncia na sua primeira página: A nação integrada em suas aspirações
democráticas toma novos e seguros rumos. Novos rumos que iriam causar
muitos sofrimentos a população local com a perseguição ao movimento
integralista e depois aos descendentes de alemães com fechamento dos clubes,
escolas e proibição da língua alemã.
Alwin
e sua família migraram para o Bananal naquele ano de 1937. A família Zastrow
foi de grande ajuda para fazer a viagem. Foi uma mudança com as crianças ainda
pequenas, Zita tinha apenas dois anos, Helga 5, Herbert 7, Lucia 8 e o filho de
Lina, Raulino já tinha 10 anos de idade. Helga relata que veio sentada no meio
da mudança na carroça do Sr. Zastrow.
Lá em Bananal,
que em 1949 viria a ser o município de Guaramirim, permaneceram durante muitos
anos e onde nasceram os filhos Regina em 1944 e Egon em 1946. Logo depois, não
se sabe a data, o pai, madrasta e irmãos de Lina também migraram para Jaraguá
do Sul na Estrada Itapocú muito próximo da família Zastrow e de Alwin.
Alwin e família, se estabeleceram na localidade
de Itapocuzinho, muito próximo onde os primeiros imigrantes luteranos ergueram
a escola que funcionava também como local de cultos. Mais tarde ali bem próximo
foi erguida a igreja luterana. O terreno se situava em uma servidão onde atualmente está uma instituição de
ensino superior sendo que o bairro atualmente
é denominado de Imigrantes. A propriedade se estendia desde as margens do Rio
Itapocuzinho até uma parte do morro. A servidão vinha da estrada principal atravessava a propriedade entre a parte
plana e alta do terreno. Havia um pequeno caminho com um pontilhão sobre
minúsculo curso de água que ligava a servidão ao pasto em frente da casa.
A casa era de madeira, pintada de cor amarela
com uma varanda. Depois da varanda no lado esquerdo estava situada a sala de
visitas e em seguida a cozinha. No lado direito estava o quarto de dormir.
Havia um sótão onde as crianças maiores
dormiam. Este era um modelo de casa
popular da época. Estava situada na
primeira elevação do terreno no meio de um grande pasto que se estendia até o
morro íngreme. Tinha um jardim frontal com flores e um gramado que servia para
alvejar as roupas sem que as galinhas e o gado tivessem acesso. Havia grandes pés
de laranjas no lado direito que proporcionavam sombras para a casa, onde ficava
também o tanque de lavação das roupas e o varal. Nos fundos ficavam os ranchos: galinheiro,
chiqueiro e estrebaria, o pasto e o morro. Portanto era um terreno onde havia
bastante pasto, mas a parte plana própria para a lavoura era sujeita a
enchentes, no outro lado da servidão.
A casa nunca teve energia elétrica, tinham
lampiões alimentados por querosene, para isto compravam latas grandes, que
depois de vazias eram limpas e utilizadas para outros fins. Os vizinhos já
tinham luz elétrica, mas Alwin era contra modernidades achava isto
desnecessário. Quando mais tarde foram morar em Joinville a casa também não
tinha energia elétrica, só quando foram residir no bairro da Vila Nova desfrutaram deste
conforto porque lá já estava instalado este recurso.
O vizinho mais próximo no lado esquerdo era a
família de Luiz Balisteri, de origem italiana e fervorosamente católica que
tinha muitos filhos sendo que alguns foram estudar para padre em seminários.
Residiam em uma grande casa de alvenaria, do lado oposto da servidão numa
pequena elevação, com o terreno que se estendia desde as margens do Rio
Itapocuzinho até o morro. Nas enchentes, a casa também ficava totalmente
ilhada. A família era bem situada economicamente tinha muitas vacas, porcos e
extensas plantações. Liria era a menina da família companheira de Regina da
família Maas. O vizinho do lado direito era família Batista, uma família de
origem lusa e católica. Mais tarde eles venderam o terreno para a família
Dallman.
Os filhos mais velhos Raulino, Herbert e Lucia frequentaram
primeiramente a escola comunitária denominada escola da cooperativa ou Escola
de Itapocuzinho que era paga pelos próprios moradores. Era uma escola fundada
pelos imigrantes alemães já em 1893 e que inicialmente funcionava aos domingos
como igreja luterana.
Em 21 de abril de 1941 foi
inaugurado o Grupo Escolar Almirante Tamandaré, na época foram matriculados 297
alunos distribuídos em 8 turmas. A data da inauguração foi em homenagem ao aniversário
do ditador Getúlio Vargas. Nesta data, outras
escolas foram inauguradas na região e faziam parte do processo de
nacionalização patrocinada pelo governo federal e executada pelo interventor
estadual Nereu Ramos. Estas escolas vinham substituir as escolas comunitárias
fundadas pelos imigrantes e fechadas compulsoriamente. Esta nova escola foi
frequentada por Helga, Zita, Regina e Egon. Cursaram o que na época se denominava ensino
primário que tinha a duração de 3 a 4 anos. Regina relata que entrou em 1952 no
1° ano e completou o 5°ano, mas não pode seguir adiante pois era costume vedar
o estudo para as mulheres. Refere que na época final da década de 1950 já havia
ali o ensino secundário. Explicou que
nas sextas feiras as 11 horas da manhã era ministrado o ensino religioso, para
os luteranos no qual o professor era o pastor. Para isto, havia a separação da
turma, os católicos iam para a sala do padre e os luteranos para a sala do
pastor. Neste processo ocorriam rivalidades entre as crianças, Regina lembra
que logo no primeiro ano, quando se dirigia para a sala do ensino protestante
uma colega católica lhe disse: você vai para o inferno. Frase que ficou
como uma triste lembrança.
Como o tamanho e condições do terreno de Alwin
não permitia aos filhos darem continuidade com as atividades agrícolas, os
filhos mais velhos Raulino e Herbert foram procurar outras formas de sustento
na adolescência. Raulino foi se empregar como aprendiz de mecânico, segundo
Helga em Itapocuzinho atual Bairro de
João Pessoa. Depois foi trabalhar na empresa metal mecânica Kolbach no centro
de Jaraguá de acordo com sua irmã Regina. Se deslocava a Jaraguá de
bicicleta. Depois foi para Blumenau
trabalhar na empresa têxtil Garcia, na função de torneiro mecânico. Lá casou,
constituiu família e permaneceu até sua morte.
Já Herbert em 1946, com 16 anos foi trabalhar
no cortume de Willi Lemke de Guaramirim. Na época, os principais funcionários
eram ele e seu futuro cunhado Fritz Prüsse. Após a saída de Fritz que fez seu
próprio cortume, primeiramente Herbert foi trabalhar com ele e seu antigo
patrão continuou trabalhando sozinho. Como trabalhar com Fritz Prüsse não deu certo,
seu antigo patrão convidou Herbert para voltar a a trabalhar com ele e em
seguida o convidou para comprar o seu cortume.
Como Herbert não tinha condições de sozinho fazer esta compra, pediu a
ajuda de seu tio Ricardo Fischer que estava querendo sair de Benjamim Constant
a ajudá-lo nesta empreitada. Assim Ricardo Fischer vendeu seu terreno em
Benjamim Constant, comprou um terreno na Estrada Itapocú em Jaraguá do Sul
próximo da divisa de Guaramirim e entrou em sociedade com seu sobrinho
comprando o cortume. Trabalharam juntos durante alguns anos, mas a relação
entre os sócios foi-se deteriorando. Como o cortume estava dando lucro, Herbert
comprou a parte de Ricardo. Inicialmente Herbert e Ricardo trabalharam duro,
buscavam os couros em locais distantes como Campinha, Benjamim Constant,
Massaranduba de carroça. Mais tarde já com os progressos compraram uma
caminhonete dos modelos antigos para depois comprar uma de modelo mais novo. O
cortume estava situado nos fundos do terreno herdado por sua esposa Edith
Prüsse. Este terreno ficava próximo do terreno de Alwin.
Com os filhos mais velhos já fora da lavoura,
mas ainda morando em casa, Lucia foi trabalhar na cidade de São Bento do Sul norte do estado
de Santa Catarina como doméstica. Helga
a segunda filha mais velha permaneceu em casa e era a principal ajudante do pai
na lavoura. Helga foi a primeira a
casar, isto aconteceu em 1949 quando tinha 17 anos. Na época, Regina tinha
apenas 5 anos, Zita 14 e Egon apenas 3 anos. Assim a década de 1950 se inicia
com uma filha casada, e três dos filhos mais velhos Raulino, Herbert e Lucia
buscando seu sustento fora da lavoura, e os filhos menores Regina e Egon
iniciando as atividades escolares.
Raulino e Herbert se casaram com uma semana de diferença no início da
década de 1950. O casamento de Raulino foi em Blumenau sem a presença dos pais
que não foram convidados, apenas Lucia e Zita foram ao casamento, mesmo sem um
convite formal. Uma semana depois os recém-casados atenderam ao convite do
casamento de Herbert. Quando os recém casados chegaram, Lina externou em
palavras toda sua mágoa por não ter sido convidada para o casamento.
O casamento de Herbert se realizou na ampla
casa da família Kohn que ficava perto do cemitério municipal na rua 28 de agosto
em Guaramirim, já que as famílias dos noivos não dispunham de local apropriado.
Foi uma festa grande com a presença dos familiares de ambas as partes.
Lucia casou mais tarde em 1957 quando já
completava 28 anos e Zita no início da década de 1960 sendo que Regina foi sua
testemunha. Permaneceram em casa apenas Regina e Egon os mais novos e solteiros. Regina ajudava as irmãs Lucia, Helga quando
iam nascendo os sobrinhos. Zita Também fez este papel no nascimento do quarto
filho de Helga, Alois.
A rotina da casa de Alwin e Lina relatada por
Regina, era semelhante a vida dos agricultores da região. Nas segundas feiras
as mulheres lavavam a roupa o que incluía a roupa de cama branca. Tudo era
lavado a mão esfregando as peças na tábua de lavar. A roupa escura era logo
pendurada no varal, enquanto a branca era estendida para alvejar no pastinho do
jardim até a manhã seguinte. Durante o dia se utilizava um regador para molhar
as peças pois elas não deveriam secar. Caso isto acontecesse a roupa poderia
ficar manchada. Na manhã de terça feira, as peças eram recolhidas e enxaguadas
e então penduradas ao sol. Segundo Regina, a roupa ficava totalmente branca
seguindo este processo. Depois de tudo seco era a hora de passar as roupas.
Como não havia luz elétrica, a tarefa era feita com o ferro contendo brasas.
Eram brasas especiais feitas com sabugos de milho. Mais tarde compravam pedaços
de carvão o que tornava a tarefa mais fácil. O ferro tinha que estar
criteriosamente limpo, para não manchar a roupa. Regina lembra que Herbert
usava calças de linho claras para ir namorar. Então Zita tinha que passar estas
calças com todo cuidado. Como o linho amassava facilmente, na hora de vestir
ele subia em uma cadeira e Zita ajudava a vesti-lo para não desmanchar o vinco
da calça.
Durante a semana, a rotina se dava entre o
trabalho doméstico e a roça. Aos sábados de manhã a tarefa era buscar o “trato”
para os animais, fazer pão e cuca além do almoço. Depois as mulheres limpavam a
casa e o pátio ao redor. A limpeza da casa consistia em, depois do almoço
esfregar todos os talheres e panelas com cinza até brilharem novamente. A chapa
do fogão a lenha era esfregada igualmente com a cinza, bem como todo o assoalho
da casa principalmente o da cozinha geralmente o mais sujo. Jogava-se as cinzas
depois se aspergia um pouco de água e usava-se uma escova de cerdas duras para
escovar. No final da tarde, matava-se um pato ou um marreco para o assado de
domingo. Os domingos eram reservados para ir ao culto na igreja que ficava próxima na rua principal além de
fazer almoço. Domingos a tarde, fazia-se visitas aos parentes ou recebiam
visitas. Estas visitas não eram anunciadas previamente exceto quando havia
aniversários a comemorar.
Alwin e Lina mantinham contato frequente com suas famílias de origem. Lina tinha seu pai, madrasta e irmão residindo 2 km de distância de sua casa. Alwin mesmo com seus irmão e irmãs residindo em Pomerode e Rio da Luz recebia visitas e visitava os irmãos. As irmãs Augusta e Berta casadas com os irmãos Hornburg tinham um caminhão com toldo na carroceria, e quando resolviam ir a Guaramirim, faziam uma lotação das duas irmãs, maridos e filhos mais o irmão Arthur com sua família e iam todos passar o domingo com o irmão. Para Rio da Luz ou para visitar a irmã Ida em Nereu Ramos e depois em Três Rios do Sul, Alwin com Lina e seus dois filhos menores Regina e Egon faziam o trajeto de carroça. Os padrinhos e madrinhas das crianças eram invariavelmente os tios de ambos os lados: assim Hugo irmão mais novo de Alwin era o padrinho de Egon, Reinoldo que morava em Blumenau era o padrinho de Regina. Por ocasião da morte da mãe de Alwin em 1958, um vizinho veio a Jaraguá do Sul e Guaramirim avisar sobre a morte para os filhos Hugo, Emilio e Alwin, assim eles puderam ir no sepultamento.
A família de Alwin frequentava a igreja
luterana que na época ainda estava situada bem próximo da casa numa pequena
elevação e com uma linha de túmulos na frente. Mais tarde ela foi destruída e o
terreno vendido quando foi construída uma nova igreja no centro de Guaramirim
onde se encontra até os dias atuais, 2022.
Igreja luterana de Guaramirim cuja fundação ocorreu em 1893 e estava situada no atual Bairro dos imigrantes
Plantava-se um pouco de tudo, bananas, milho
para alimentar as aves e porcos, tinham vacas para produção de leite que era
vendida para a empresa Grubba, durante um tempo também foi vendida para a
empresa Costa de João Pessoa. Esta empresa comprava o leite e vendia seus
produtos para os colonos, antes das épocas de festas fazia um levantamento da
quantidade de carne bovina que os agricultores queriam comprar. Era a única
época que compravam carne bovina. Durante o ano, a carne era de porco e aves.
Regina lembra que a cada um ou dois meses matavam um porco cuja carne era
armazenada de diferentes formas no sal ou defumada para o consumo diário e a
fabricação de linguiças e morcilha.
Plantavam araruta em grande quantidade que era
transportada com carroça para a Fecularia em Rio Molha de Adolfo Emmendoerfer.
Geralmente Regina ia junto com o pai que na volta passava em uma padaria e
comprava pão de trigo. Para quem durante a semana normalmente comia pão de
milho, o pão de trigo era iguaria especial. Na ocasião da entrega da araruta
Alwin comprava sagú e polvilho de araruta e de aipim que era utilizada na
fabricação de biscoitos.
Quanto aos alimentos Regina refere que durante
muito tempo o pão era feito de fubá e cará. Mais tarde quando Alvin vendia
bananas ele tinha dinheiro para comprar um saco grande de trigo, possibilitando
fazer pão de mistura nos finais de semana. O fubá era produto do milho que
plantavam e levavam para ser moído nos moinhos do Hardt mais tarde no genro da família Friedemann. Para colocar
no pão, um produto que nunca faltava era melado, produto da cana que era levada
para a família Kohn que o fabricava. Também faziam “muss” de laranja e
tangerina, frutas que eles tinham em abundância. Também sempre havia banha
quardada nos potes de barro.
Nas festas havia comida especial e em
abundância. Regina lembra que faziam 3 latas grandes de biscoitos pintados por
ocasião do Natal. Também na Pascoa faziam os ovos coloridos recheados de
amendoim. O amendoim era da própria plantação. Depois de torrado era retirada a
casca e triturado grosseiramente. Depois era acrescentado açúcar e mais uma vez
torrado na frigideira. Esperava-se esfriar e em seguida era colocados dentro
das cascas de ovos previamente pintadas. Referem que quando crianças a cesta
dos ovos eram escondidos e as crianças procuravam no domingo de manhã.
As enchentes
assombravam a vida da família. Para a filha Helga, o acontecimento mais
traumático foi a enchente de novembro de 1944 quando ela tinha 12 anos. Apesar
da casa estar em uma elevação, seu pai ficou com medo das águas e foi instalar a família de forma improvisada no pasto no
alto do morro. Para isto Alwin pegou
folhas de Zinco e madeiras, e provavelmente com a ajuda de seus filhos mais
velhos Raulino e Herbert, contruiu uma espécie de cabana. A família saiu de
casa de canoa pois a casa já estava ilhada. Na época Regina a segunda filha
mais nova tinha apenas 8 meses de idade. Apesar de tudo, a casa não foi
atingida pelas águas. Esta enchente
matou pessoas e animais. No jornal o Correio do Povo de Jaraguá do Sul[1],
as notícias sobre a enchente foram: Depois de longa estiagem durante o ano, os
dias que antecederam aquele funesto domingo de 26 de novembro, caracterizaram-se
por uma chuva torrencial e incessante. E assim desde a noite do sábado,
começaram a se concretizar os maus presságios de uma enchente de grandes
proporções. No domingo em Jaraguá as 13 horas da tarde o rio estava 7 metros
acima de seu curso normal. O que resultou em prejuízos de mais de 300. 000,00
de cruzeiros; casas debaixo da água, plantações destruídas, pontes e estradas
levadas pela cheia. Em Guaramirim os trilhos da estrada de ferro foram
arrancados impedindo o tráfego ferroviário para São Francisco do Sul por uma
semana, na data da reportagem 2 de dezembro o trânsito ainda não havia se
restabelecido. A reportagem enfatiza que foi a maior cheia desde 1906 faltando pouco para
se igualar à aquela. Ainda em Guaramirim pela situação geográfica as casas e o
comercio no centro da cidade bem como a estação ferroviária foram inundadas
pelas águas.
De acordo com a filha Regina, no início da
década de 1960 houve outra enchente muito grande, com ameaça de rompimento da
Barragem do Rio Bracinho. Por precaução Lina, Alwin Egon e Regina se refugiaram
no mezanino do cortume do filho Herbert. Nesta enchente novamente toda a plantação
foi perdida.
Alwin era inquieto e não era uma
pessoa conformada. Após residir neste local por quase 20 anos resolveu vender
suas terras em uma época que seus filhos já eram todos adultos e dois ainda
solteiros. A principal razão eram as enchentes que alagavam a parte plana do
terreno perto do rio. Tendo havido enchentes por dois a três anos consecutivos,
Alwin desanimou e vendeu toda a propriedade para uma família de origem
italiana. Primeiro pensou em migrar para o Paraná, pois havia nesta época a febre
da migração para este estado, mas a esposa Lina não concordou. Transferiu-se
então para a localidade de Estrada Blumenau
em Joinville. Lá adquiriu uma bela propriedade as margens de um ribeirão,
que passva do lado da casa que era de madeira. Era uma casa ampla e
confortável, mas sem energia elétrica. Mas ficaram neste lugar apenas 4 anos.
Vendeu novamente esta propriedade para uma família de origem italiana e
adquiriu outra no Bairro da Vila Nova também em Joinville. A casa de alvenaria
era ampla, próxima de comércios, igreja e bastante próxima da cidade.
Mas neste período Alwin lutava com
sintomas digestivos mais tarde constados por uma cirurgia que era um câncer de
estômago em fase adiantada, falecendo em 1967 com apenas 65 anos. Por ocasião
de seu enterro os irmãos de Pomerode e Jaraguá compareceram para última homenagem.
Lina ainda viveu durante muitos anos na sua casa aos cuidados de sua
filha Regina e de seu filho Egon. Faleceu com 87 anos, sendo que ela e o esposo Alwin estão sepultados no cemitério da
localidade Estrada Blumenau em Joinville.
Casa que pertencia ao casal Alwin Maas e Lina Fischer na localidade de Benjamim Constant, Massaranduba. Os últimos moradores da casa eram poloneses, as paredes internas tem pinturas pintadas a mão. Na foto de óculos escuros Helga Maas Eggert nascida nesta casa. Alitor Eggert o esposo e a filha Astrid autora deste escrito. Foto 2005. Acervo Astrid Eggert Boehs
Túmulo de Alwin Maas no Cemitério da Comunidade Estrada Blumenau Km 11 em Joinville.
Última moradia de Alwin e Lina em Joinville foto 2021
Da E. p/D Egon, Raulino, Lina, Zita e Herbert. Atraz Helga e Regina.
Dados genealógicos
Alwin nasceu em 24/7/1902 e faleceu em 9/10/1967 casou com Lina Fischer nascida em 1906 e faleceu em 13/5/1993
1-Raulino Fischer nascido em 29/11/1927. Faleceu em 24.04.2013. Filho de Lina e pai não revelado oficialmente. Casou-se com Ilse Becker de Blumenau. Ela era filha de uma família luterana bastante ativa na igreja. Ele era torneiro mecânico trabalhou primeiramente em Jaraguá do Sul e depois foi para Blumenau onde trabalhou na Empresa Garcia. Teve os seguintes filhos: Carmelita, Rolf, Carin, Wolfgang e Edward
3- Herbert Maas 4-10-1930 + 17.09.2011Sua primeira ocupação era curtidor de couros e tinha um cortume na sua propriedade que estava situada ao lado da propriedade de seu pai em Guaramirim. Com as mudanças na economia na década de 1970, passou a empreender na área de transporte de cargas. Casou em primeiras núpcias com Edith Prüsse filha de Emilio Prüsse e Anna Pieper. Edith nasceu em 1932 em Guaramirim e faleceu em 1989 25 com 57 anos vítima de câncer. Foi sepultada no cemitério municipal de Guaramirim. Tiveram dois filhos adotivos: Alcides e Ane Lore. Edith era uma pessoa franca e direta nas suas relações. Gostava muito de crianças e tinha uma forma carismática de lidar com elas. Numa ocasião em que sua cunhada Helga teve que fazer uma cirurgia, se dispôs a cuidar da filha dela de 8 meses por um período de 15 dias. Fez isto com entusiasmo e alegria. Dizia que arranjar um bom marido era uma loteria, nem todas acertavam. Falava abertamente de sua doença nas conversas frisando a palavra câncer. Após a morte da esposa Herbert casou em segundas núpcias com. Melda Maas. Ela era uma costureira aposentada, tinha filhos do primeiro marido. Pessoa meiga de conversa fácil, gostava de falar de suas experiencias profissionais. Faleceu um ano após o esposo Herbert.
Herbert Maas jovem3- Helga Maas Eggert nasceu 20/1/1932 em Benjamim Constant, na época que esta localidade ainda pertencia a Blumenau. Tinha 5 anos quando veio com seus pais para Guaramirim. Veio na carroça da Família Zastrow que ajudou a trazer a mudança. Relata que mesmo sem idade para frequentar a escola, com seis anos acompanhava o irmão Herbert na escola comunitária na língua alemã de Itapocuzinho chama de “Escola da Cooperativa”. Iniciou o ensino regular no Grupo Escolar Almirante Tamandaré quando este foi inaugurado em 1941. Dentro da campanha de Nacionalização do governo Getulio Vargas e do 26 governador Celso Ramos, o ensino era em português e havia total proibição para falar alemão. Teve como resultado muito sofrimento e pouco aprendizado, no relato de Helga. Casou aos dezessete anos em 20 de agosto de 1949 com Alitor Eggert da Estrada Itapocú Jaraguá do Sul.
Helga Maas jovemFilhos:
Inge;
Astrid casou com Lourival Boehs filhos: Carlos Gabriel e Gustavo Eggert Boehs
Renita Casou com Osni Lenzi Filhos: Angela e Sara. Angela tem dois filhos Caio e Otto Shrauth Alois Eggert cc Laurita Fischer Filho: Bruno
Roseli casou com Hélcio Garcia do Nascimento filhos: Leticia e Ligia
Gisela casou com Mario Steindel
Edla Eggert casou com Efraim Golbert filhos: Sofia e Carlos
4- Zita Maas Pfiffer - Nasceu em 15/12/1935 ainda em Benjamim Constant, Blumenau, vindo a Guaramirim com apenas dois anos de idade. Quando solteira trabalhava de domestica na casa de Gustavo Lemke. Ajudou sua irmã Helga nos afazeres domésticos quando nasceu o quarto filho dela :Alois. Teve um filho ainda solteira em 1956. Casou no início da década de 1960 com Alfredo Pfieffer (*15/6/1927 + 13/5/1999) e se estabeleceram como agricultores em Guaramirim na localidade Bananal do Sul. Faleceu em 28 de fevereiro de 2022 em Guaramirim e sepultado dia 1 de março no cemitério municipal desta cidade. Filhos: Rubens Maas *07.05.1956 casou com Lili Gutknecht Filhos: Ivana e Rubens Peter Maas Renato *17.07.1962 casou com Marlene Demker Filhos: Marcelo e Markeli Pfiffer Ademir *24.10.1963 casou com Marta Scheur Filho: Gustavo Pfiffer
Zita Maas Pfieffer, foto feita durante uma viagem em companhia de sua irmã Regina. Acervo Regina Maas Baier
5- Regina Maas Baier nasceu em 23/3/1944. Primeiras núpcias com Renato Zuege
Filhos: 1- Ramonzito Züge Filhos: Jaquelina ,Janaina, Jonatan tem uma filha Sofie 2- Rosenilda apelidada de Popi Filhos: Gustavo e Guilherme .
Segundas núpcias com Heinz Baier. Filho: Marcio Baier tem uma filha Camila Baier
Regina Maas Baier e esposo Heinz Baier
6-Egon Maas nasceu em 3/11/1946 casou com Marita Margarida Trapp de Joinville em 1972. Ele trabalhou na cervejaria Antártica em Joinville até sua aposentadoria. Marita era professora de costura até sua aposentadoria, e mesmo após trabalhou de free lancer na área para diversas empresas. Ambos trabalham com hospedagem de turistas no litoral. Filho: Adolar Maas
Casamento de Egon Maas e marita Trapp 1972. Acervo