Família
de Wilhelm Gottlieb Fischer
e seu
neto Carl Fischer
UM PANORAMA SOBRE O NOME FISCHER
O nome Fischer
significa “pescador” o que denota aproximação com o
litoral das terras alemãs e com as águas
em geral, do qual os povos tiravam seu sustento. É um dos
nomes bastante frequente na Alemanha e
entre os imigrantes originários
de diferentes regiões dos territórios de língua alemã que aportaram na região de Blumenau em SC. Na relação dos
pioneiros luteranos da Igreja Luterana de Blumenau, aparecem o nome 15 famílias de imigrantes com o nome
Fischer.
Como então
encontrar os ascendentes de uma família neste
emaranhado de Fischer ? Nesta pesquisa seguiu-se
o preconizado pelos ensinamentos básicos
da genealogia:
- a partir da avó, saber
quem foi
seu pai, e por sua vez quem foram
os pais e avós deste.
-conhecer onde
viveram estes antepassados aqui em Santa Catarina, fundamental na busca dos
registros tanto eclesiásticos como civis.
-com base nestas
informações, tentar buscar na lista de navios o nome dos imigrantes [1].
-outra
estratégia foi buscar na literatura, pesquisas anteriores e isto foi de
grande valia no presente caso, pois há um grupo que pesquisa das famílias imigrantes de Pomerode que já tinham feito uma pesquisa sobre os Fischer
na antiga Rio do Testo.[2]
Importante destacar que comparando os nomes dos alemães que
colonizaram o sul de SC, originários principalmente da Renânia
e Westfália o nome Fischer não está
presente. Sendo a Westfália e Renania distantes do litoral, é possível inferir que nestas
regiões a ocupação de pescador não
fosse tão frequente. Diferente da Pomerânia terra de muitos lagos e mais próxima
do mar Báltico, de onde vieram muitas das famílias denominadas Fischer.
OS IMIGRANTES: LOCAIS
DE ORIGEM E VIAGEM
O lugar de origem
A família de Gottlieb Fischer era de uma pequena aldeia rural
chamada Gross Borckenhagen que estava localizada até 1945 dentro do
Distrito governamental (Kreiss) de Regenwalde e da região governamental da cidade de
Stettin na Provincia da Pomerânia. Apenas
8 km de distância na localidade de
Friedrichsgnade, morava o filho mais
velho Carl que era operário e casado com uma jovem desta localidade.
Na época que os
Fischer emigraram, Gross Borckenhagen era uma aldeia com população independente e havia um
latifúndio pertencente a uma família nobre
onde moravam as famílias descendentes dos servos deste senhor feudal. O
comando militar era na cidade de
Naugard/Nowograd e quando precisavam se dirigir a justiça tinham que ir na
vizinha cidade de Labez atualmente Lòbez. O registro civil era feito dentro da
própria vila. Gross Borckenhagen era de população protestante razão porque a
única igreja no local era luterana. O
distrito governamental de Regenwalde pertencia a Provincia da Pomerania na
parte ocidental dentro da Prússia que era um país até 1870, quando a Alemanha
foi unificada. A partir da unificação a Pomerânia se tornou uma Provincia da
Alemanha até 1945.
Após 1945 esta parte
da Pomerânia foi incorporada pela Polonia, a população alemã teve que fugir
e atualmente vivem nestes locais poloneses católicos. Em vista disto
todos os nomes das cidades e vilas foram modificados. Atualmente a antiga
Borckenhagen é denominada de Borkowo
Wielki . É uma pequena aldeia rural que
pertence a comuna de Radowo Male que dista 13 km da cidade de Lòbez e 26 km da
cidade de Nowogard/Naugard em alemão[3].
Gross Borckenhagen dista da cidade de Szczecin antiga Stettin 63 km. A aldeia Friedrichsgnade atualmente é denominada de Trosczczyno e dista 55km da cidade de Szczecin antiga Stettin. A rodovia 147 que liga o leste com o oeste da
Polonia, passa pela aldeia. As duas
localidades pertencem administrativamente ao município de Lòbesky cuja cidade principal é Lòbez
Localização da aldeia de Friedrichgnade/Troszczyno e Gross Borckenhagen/Borkowo Wielkie na outrora Pomerania ocidental e atual Polonia.
Placa indicando Borkowo WLK antiga Gross Borckenhagen
A outrora igreja luterana de Gross Borckenhagen , hoje uma igreja católica. A construção data de 1500 feita de pedra e sem torre. Ao lado os restos de uma construção de madeira onde se localizam os sinos
Construção que abriga os sinos ao lado da igreja
A viagem
A saga de
atravessar o oceano, é algo que exigia um longo planejamento. Uma idéia que
começa pequena, vai crescendo, amadurecendo e depois da convicção, começa a se
espalhar nas conversas da família e na
comunidade de entorno. Os imigrantes que vieram da Pomerânia e também de outros locais dos territórios de língua alemã não vinham sozinhos. Como eles eram
conduzidos por agentes de imigração, estes
arrebanhavam várias famílias de
uma localidade ou região. Isto facilitava o trabalho deles e as famílias podiam
se ajudar entre si durante a viagem e no local de destino. Isto foi bem comum nas famílias que
colonizaram Rio do Testo atual Pomerode.
Razão porque continuaram uma comunidade bastante homogênea cultivando a língua e costumes.
A imigração se faz normalmente com casais
jovens, que tem a vida pela frente e o
entusiasmo e coragem para enfrentar esta
empreitada. Na família de Gottlieb Fischer o filho mais velho Carl que era
operário na localidade de FRIEDRICHGNADE/TROSZCZYNO fez a
travessia do oceano antes do seu pai e irmãos. Foi aquele que deu o primeiro
passo e depois influenciou os demais da
família.
Carl Fischer filho
de Gottlieb Fischer de 27 anos com sua esposa, filhos, sogra e cunhada saíram de Hamburgo dia 19 de outubro de 1865
no veleiro Franklin sob o comando do
Capitão Fend. Logo no início da viagem, ventos contrários fizeram
com que o veleiro se detivesse por
muitos dias no Mar do Norte, além de 21 dias no temido Canal da Mancha. Houve muito desconforto e escassez de
água potável.
Chegaram no Porto
de São Francisco dia 16 de dezembro de
1865 alguns dias antes do natal. No dia 19 de dezembro o veleiro zarpou em direção ao Porto de Itajaí
onde desembarcaram 49 passageiros que seguiram para Blumenau. Entre eles estava
Carl Fischer 27 anos operário de Friedrichsgnade, Pomerânia, sua esposa
Wilhelmine Koch e filhos: August de 6
anos e Wilhelm de 4 anos. Junto com eles a mãe de Wilhelmine, Caroline Koch 49 anos
consta como casada mas sem menção ao marido e a irmã Ernestine Koch de 20 anos, solteira. Todos vinham de
Friedrichsgnade. Além da família Fischer e Koch vieram para Blumenau várias
outras famílias registradas como procedentes da Prússia.
Após quase três
anos, chegaram o pai Gottlieb e os irmãos de Carl. Vieram no Navio Victória no
comando do Capitão Fend, que zarpou de Hamburgo em 10 de maio de 1868 com 273
passageiros. A maior parte deles, 230 eram da religião protestante - luteranos e apenas 7 católicos. Estes 201 vinham da Prússia local onde prevalecia o protestantismo.
O navio carregava como
lastro 50 toneladas de carvão de pedra. Carregava também as provisões para a
alimentação dos passageiros tais como: carne salgada, toucinho, arenques, pão,
trigo, leguminosas, arroz, ameixas, chucrute, melado, café torrado, chá e
vinagre. Para a colônia Dona Francisca seguia também uma caixinha de sementes
de trigo.
O incidente maior
desta viagem foi a morte de uma criança lactente de uma família que seguia para Joinville e também o nascimento de uma criança. Na tarde
do dia 12 de julho, o navio aportou no Porto de São
Francisco onde desceram os 83 imigrantes
que iriam seguir para a a Colonia Dona Francisca/Joinville. Os passageiros que seguiram para Joinville se mostraram
satisfeitos com a viagem.
Após o desembarque
destes passageiros, provável depois de 2 dias para descarregar e carregar frete, o navio seguiu viagem para o Porto de
Itajaí. Lá desembarcaram os 190 passageiros que estavam
destinados a Blumenau incluindo a família de Gottlieb Wilhelm
Fischer com 49 anos e seus filhos:
Ferdinand de 24 anos solteiro, Henriette 22 anos, Albert 17 anos. Não há menção
sobre a esposa de Gottlieb e nem se era viúvo. Conta também erroneamente que
eram de Borckenhagen de Holstein.
O DESTINO DA
FAMÍLIA DE GOTTLIEB WILHELM FISCHER - RIO DO TESTO/POMERODE
Supões-se que Carl o filho mais velho que já estava em
Blumenau provável em Rio do Testo
(Pomerode) e tenha recepcionado o pai e
os irmãos na chegada. Nos registros da Igreja Luterana de Blumenau consta que
Carl era agricultor em Rio do Testo mas
não localizamos o registro do seu lote nas margens deste rio. Possivelmente seu
lote estava situado às margens de algum ribeirão lateral.
Ainda no registro da
Igreja de Blumenau, consta que a esposa de Carl faleceu em 1869 após o nascimento de seu filho Erderei. Não
se sabe se foi logo após o parto. Os registros apontam que em 1872, Carl casou com
Johanne Christine Henriette Pumplun filha de Johann Pumplum e Sophie nascida Medon
. Esta família tinha
lote nas margem direita do rio
do Testo. Carl teve cinco filhos com a primeira esposa e cinco com a segunda.
Quanto ao segundo filho, Ferdinand,
logo 2 meses após a chegada, casou em 1° núpcias em 27.09.1868 com Johanna Wilhelmine Caroline Gustmann
nascida em 27.03.1847 de Knüpshof, filha de Wilhelm Gustmann
e Charlotte nascida Reinchow. No registro dos imigrantes assentados nas margens esquerda e direita do
Rio do Testo está o lote do
segundo filho de Gottlieb, Ferdinand Fischer n° 111 na margem direita de 1868.
Ferdinand viveu a mesma saga de
seu irmão, Johanna Wilhelmine Caroline veio a
falecer, não se sabe quando e quais as circunstâncias, sendo que não há
registro de filhos. E assim Ferdinand em 01.03.1874 casou na igreja de Badenfurt com Emilie Blödorn * 14.12.1846 de Corlin
(possivelmente Körlin norte da Pomeraânia, próximo de Kolberg/Kolobrezeg e Köslin/Kozalin),
filha de Heinrich Blüdorn e Louise nascida Schumacher. Testemunhas: August Grützmacher e
Christian Withöft. Há o registro de três filhas com a segunda esposa.
A
terceira filha de Gottlieb, Henriete Marie Louise Caroline Fischer
nascida em 20.12.1845 em Gross Borckenhagen casou com Carl Daniel Friedrich Riebe.
O
filho mais novo, Albert Heinrich Friedrich Fischer nascido em
25.03.1851 em Gross Borckenhagen, casou
aos 11.04.1874 com Justine Augustine [4]
Henriette Strelow nascida em 25.04.1853 em Strachmin distrito governamental de Köslin na
Pomerânia/ Kozalin que se situa mais ao norte mais próximo do litoral da atual
Polonia. Ela era filha de Friedrich Wilhelm Strelow e Friedrike Marie nascida
Reiche. Esta família veio no navio Najade em 30.06.1867 com três filhos entre
os quais Johanne Augustine que tinha 14 anos na época. As testemunhas foram: August Fischer. Não se sabe quem é August
Fischer seria um segundo nome de seu irmão Carl ou ainda algum primo. O casal
foi morar em algum lote às margens do Ribeirão Rega onde nasceram seus 5 filhos dentre os quais o ascendente da
autora: August Karl Friedrich depois denominados nos registros
civis simplesmente de Carlos Fischer.
DADOS GENEALÓGICOS DE
JOHANN WILHELM GOTTLIEB FISCHER E WILHELMINE POLZIN
1-Wilhelm Gottlieb * 1819 ao
desembarcar do navio em julho de 1868 tinha 49 anos. Era lavrador e da religião
luterana
Era casado com Wilhelmine Polzin no
entanto veio sozinho ao Brasil com seus filhos. Não consta seu estado civil,
mas nos dados dos pioneiros da igreja de Blumenau consta que era casado com
esta pessoa. O nome de Gottlieb se supões que seja Wilhelm Johann Gottlieb
visto que na lista do navio Victória consta apenas Wilhelm e na lista
dos pioneiros da igreja luterana consta Johann Gottlieb. Esta suposição se faz pelo fato de que na tradição no mínimo era ter três nomes
Filhos de Wilhelm Gottlieb
1.1
Carl Fischer (possivelmente Carl August)*
26.04.1838 em Gross Borckenhagen. Faleceu
em Rio do Texto/Pomerode. Era lavrador e da religião luterana
1° núpcias: Wilhelmine Koch *1838 tinha 27 anos quando chegou ao Brasil. Possivelmente nasceu em Friedrichgnade.
1.1.1 Albertine
*1856 não veio com os pais ao Brasil. Registros do Family Search indicam que ela foi para os Estados Unidos entre 1870 a 1872. Casou em 31 de agosto de 1876 com Georg Wittig em Dodge no estado de Wisconsin. Teve 12 filhos entre os quais: Edward,Charles,Arthur,Alvin,Alfred,Willie e Elsie.
1.1.2 August
*1859
1.1.3 Wilhelm
*1861
1.1.4 Otto Friedrich Albert *30.10.1869
1.1.5 Erdreich
August Hermann 30.10.1869
2°
núpcias: em 21.12.1872 com Johanne Cristine Henriette Pumplum *05.03.1851 tinha
21 anos quando casou.
1.1.1
Richard Carl Gustav *02.03.1877
1.1.2
Gustav Carl Wilhelm *12.09.1879
1.1.3
Bertha Auguste Emilie *20.02.1882
1.1.4
Carl *1888
1.1.5
Alwine
Erdreich Fischer com sua esposa Anna Hoge e seus dois filhos. Erdreich faleceu com 29 anos e posteriormente seu irmão Gustav Fischer casou com Anna. Os irmãos Erdreich e Gustav Fischer são filhos do imigrante CARL Fischer. In Texto Notícias 19 de agosto 2020. Foto : Acervo Tania Rahn
1.2
Wilhelm Ferdinand Friedrich dito
Ferdinand/ Fernando *09.06.1843
em Gross Borckenhagen/Naugard . Era lavrador e da religião luterana
1°
núpcias: Em 27.09. 1868 com Johanna Augustine Wilhelmime Gustmann
2°
núpcias: 01.03.1874 na igreja de Badenfurt com Emilie Blödorn
1.2.1
Anna Ida Caroline* 9.1.1875
1.2.2
Anna Marie Henritte * 06.07.1879
1.2.3
Bertha Emilie Luise *23.08.1881 casou com
Guilherme Hoffmann e faleceu em 19.09.1958
1.3
Henriette Marie Luise *20.12.1845 casou com Carl Daniel Friedrich Riebe.
Filhos: Johann Friedrich August Riebe*1872;
Auguste Riebe *1874;
Anna Riebe 1*876;
Bertha Riebe 1879;
Wilhelmine Riebe*1882.
1.4
Albert Heinrich Friedrich dito Albert
/Alberto *25.03.1851
em Gross Borckenhagen + 17.06.1916 em Pomerode. Era lavrador e da
religião luterana
Casou
em 11.04.1874 Justine Augustine Henriette Strelow * 22.2.1918 em Stramim ,
Köslin/ Kozalin + 22.02.1918 local?
1.4.1
Bertha Augusta Johanna *18.05.1875 no
Ribeirão Rega/ Pomerode
1.4.2 August
Carl Friedrich dito Carl/Carlos 01.06.1877 no Ribeirão Rega/ Pomerode
1.4.3 Hermann Friedrich Wilhelm
*21.05.1879 no Ribeirão Rega/ Pomerode
casou
em 13.11.1901 com Eliza Schmauch
1.4.4 Wilhelm Friedrich Hermann
*25.10.1881 no Ribeirão Rega/ Pomerode
casou
em 13.08.1902 aos 20 anos com Guilhermina Borchard.
1.4.5
Alberto Fischer *10.2.1894 no Ribeirão Rega/ Pomerode
casou
com Bertha Rhon. Migraram para Jaraguá do Sul e tiveram os seguintes filhos:
Alfredo, Helmuth, Herbert, Irmgard, Hilda.
Esquema genealógico do patriarca imigrante Johann Gottlieb Fischer e filhos e alguns netos.
A
HISTÓRIA DE AUGUST CARL FRIEDRICH / CARLOS FISCHER E
AUGUSTE ACHTENBERG
Augusto Carl
Friedrich Fischer. Nasceu em 1 de julho de 1877 nasceu
em Ribeirão Rega, Rio do Testo. Este local faz parte do atual bairro
Rega em Pomerode. Faleceu em + 03-02-1954 as 21:30 da noite em Jaraguá do
Sul. Sua sepultura se encontra no cemitério Evangélico do bairro de João Pessoa. Era lavrador e da religião luterana
Assim como dois de
seus tios, também teve dois casamentos. Casou em primeiras núpcias com Auguste Ernestine Wilhelmine Achterberg no
casamento civil em 07.11.1900 as 9 hs da manhã no Paço da Comarca de Blumenau.
As testemunhas foram Augusto Fischer e Gottfried Hüffter.
Auguste era
filha mais nova de Friedrich Achterberg imigrante da família originária da Vila de
Roggow (Kreis Regenwalde) e de Karoline
(nascida Jahn). Esta família partiu do Porto de Hamburgo em 10 de maio de 1868
com o veleiro Franklin. Os Achterberg se instalaram na localidade de Testo Alto
no lote 147. O casal teve no Brasil os seguintes filhos: Emilie Ernestine
Caroline Achterberg (28.08.1869), Wilhelm Ferdinand Albert Achterberg
(18.11.1870),Erdreich Christreich Eduard dito Eduardo Achterberg (12.06.1872),
Hermann Friedrich Carl Achterberg (02.05.1874), Ida Ulricke Wilhelmine
Achterberg (28.05.1875), Wilhelmine Auguste Henriette Achterberg (11.06.1878),
Auguste Ernestine Wilhelmine Achterberg nascida em 16.06.1880 esta última que
casou com Carl Fischer.
Os irmãos de Auguste se destacaram na
localidade de Testo Alto com o Comercial e Salão de Festas Achterberg em meados
do ano de 1900 (relevante ponto de referência na localidade). Na época, era o
local da única passagem em direção a Jaraguá do Sul, perpassando a localidade
de Testo Alto/Rio da Luz em direção ao norte do estado. Um dos netos do imigrante, o senhor Adolf Achterberg,
filho de Eduard Achterberg e Olga Schwarz se destacou com marcenaria e fábrica
de móveis na localidade do ribeirão Gustmann[5].
Comercial Achtenberg aproximadamente em 1900.Foto:http://fotosantigaspomerode.blogspot.com/
Segundo relatos orais, o casal Carl e Auguste
foi morar em Rio da Luz Alto em Jaraguá do Sul. Isto se comprovou
pelo fato de que o filho Luiz nasceu em 1908 e foi registrado no cartório de
Jaraguá do Sul. Neste registro consta que residiam no Ribeirão Vitória. Há
relatos de que moravam na Tifa dos Macucos. Depois de 2008, depois migraram para a localidade de Benjamim
Constant que na época pertencia a Blumenau, posteriormente ficou anexado ao
município de Massaranduba. Lá nasceram outros filhos casal,
sendo que registrado em Blumenau encontramos apenas o nome do filho mais novo
Ricardo.
Auguste que casou com vinte anos, teve filhos praticamente de dois
em dois anos no total de oito. A família teve muita dificuldade de
subsistência, cedo os filhos foram trabalhar nas roças da vizinhança segundo os
descendentes da filha Lina. Lina por exemplo foi trabalhar na propriedade vizinha de Gustav Kylckövel aos nove anos de idade. Outros relatos indicam que
aos sete anos já cuidava de uma criança
na vizinhança.
Auguste faleceu em
25 de janeiro de 1918 às 2 horas da tarde aos 38 anos. Os relatos orais indicam
que devido ao excesso de trabalho, longas horas lavando roupa em um
riacho e com reumatismo, a saúde dela foi se deteriorando. No registro de óbito
descreve-se que faleceu em sua residência de morte natural sem assistência medica pois residiam distantes de
qualquer medico e provavelmente não tinham recursos e nem cogitavam empreender viagem a procura de
assistência. Morrer era considerado
natural mesmo aos 38 anos. Na ocasião os filhos mais novo Richard que nasceu em 21 de dezembro de 1915 tinha
2 anos de idade. Os dois
filhos Alvina e Erwin, mais velhos já
tinham mais de 15 anos.
Após quatro
anos na condição de viúvo com os filhos mais velhos
cuidando dos mais novos, Carl casou em segundas núpcias com Emma Mohr nascida
Rüdiger em 18.11.1922. A família Rüdiger era de Itoupavazinha, Blumenau.
Ela era viúva de Roberto Mohr e também tinha oito filhos com diferentes idades.
As duas famílias foram morar na propriedade de Carl Fischer.
Relatos das netas
de Carl, dão conta que esta junção de famílias foi muito traumática e cheia de
conflitos. Os adolescentes das duas famílias começaram a namorar, um dos filhos
Erwino chegou a casar com uma das filhas da madrasta. Os filhos maiores muito cedo procuraram
trabalhos fora da propriedade pois o ambiente não favorecia a
presença de todos na mesma casa e a
propriedade não conseguia dar sustento
para todos. A filha Lina foi
trabalhar na Cia Jensen na localidade de Campinha como operária, posteriormente
teve uma gravidez ainda solteira. As
conversas das descendentes de Lina sempre incluíam as
dificuldades e os conflitos após a
junção das duas famílias e percebe-se
que ficou a lição de que “ juntar famílias de casamentos anteriores não dá
certo”.
Na velhice Carl
Fischer e sua segunda esposa, ficaram aos cuidados do filho mais novo
Richard/Ricardo. Ricardo decidiu migrar de Benjamim Constant para Jaraguá do
Sul. Segundo Richard, decidiram migrar pois Benjamim Constant era um lugar
distante de qualquer cidade e eles tinham muita dificuldade para vender os
produtos da agricultura. Compraram um terreno na na estrada Itapocú depois Rua Joinville,
atual Rua Waldemar Grubba. A casa se
localizava quase divisa com o município
de Guaramirim (local da propriedade da família Forlin).
Na visão de uma das
netas que o conheceu e que morava em Guaramirim, Carl e também
sua esposa Emma eram pessoas agradáveis,
conversavam, visitavam e recebiam visitas dos parentes que moravam na região
como a filha Lina em Guaramirim, e os filhos Erich e Reinoldo que moravam no
então distrito de Schroeder.
Os parentes relatam
que nos últimos anos de vida, ele tornou-se dependente de álcool. Talvez
facilitado pelo fato de que na vizinhança havia o alambique da família Ramthum. Era fácil adquiir o
aguardante pois a famíllia Ramthun morava no outro lado da estrada bem em
frente da casa de Carl. O hábito lhe
afetou o fígado o que ocasionou sua morte segundo relato
Richard/Ricardo seu filho.
Carl Fischer
faleceu aos 75 anos de idade. No registro de óbito consta que faleceu de Insuficiencia
cardíaca congestiva atestado pelo
medico Fernando Sprigmann de Jaraguá do Sul. Consta que faleceu as 21:30 da
noite em seu domicílio. O declarante da
morte de Carl, foi Adolfo Schlösser, um vizinho que residia em um lote situado
entre o trilho da via férrea e a rodovia. Tinha uma oficina onde fazia pequenos
concertos de máquinas, bicicletas e outros. Carl foi sepultado no cemitério
luterano de João Pessoa bairro que pertence ao município de Jaraguá do Sul. Emma,
a segunda esposa, após a morte de Carl foi residir com uma de suas filhas em Blumenau onde
foi sepultada
Carl e Auguste
tiveram os seguintes filhos:
1-Alvina nasceu
em 17.02.1901 (data do registro de casamento, no entanto no tumulo está 1902) e
faleceu 11.12.1970. Casou em
10.07.1920 com Albert Krieger.
Erwino Fischer solteiro com 18 anos de idade foi uma das testemunhas. Tiveram oss seguintes filhos: Alfons, Hugo,
Renate, Erna, Irene e Herta. Alvina viveu e faleceu em Benjamim Constant
onde está sepultada.
2-Erwin
dito Ervino Nasceu em 24.03 -1903 Foi o mais controvertido da família. Relatos
orais indicam que teve 4 mulheres. A primeira
era Milda Mohr filha de Roberto e Emma Mohr Emma Mohr era a madrasta de Erwin. Casaram em 08.05.1926
e após três meses em 14 -08-1926 ela faleceu. Depois da morte desta, casou com Frida Kreiss em
06.08.1929. Ela era de uma família da
Campinha uma localidade próxima a Benjamim Constant, filha de Luiz Kreiss e
Ida. O irmão Luiz foi uma das testemunhas do casamento civil. A
terceira mulher era nascida Goldak ou Goldacker e a
quarta era a viúva Zamke. Todas faleceram, depois da morte da quarta mulher ele
tentou casar mais uma vez, mas as filhas
impediram. São relatados ainda outros fatos, no entanto certas histórias é melhor permanecer
“dentro d a caixa dos segredos de família”.
3-Erich casou com Tecla Volkmann. Residiam em Schroeder III e tiveram
os seguintes filhos: Iraci, Ivone, Kurt, Gehard, Alzira e Gerda. Foi
sepultado em Blumenau.
4-Lina nasceu em 26.06.
1906 em Benjamim Constant e faleceu em Joinville em 13.05.1993. Casou em
11.02.1929 com Alvin Maas filho de
Albert Maas e de Justina Augustina Strelow da localidade de Ribeirão Rega, Rio do Testo/Pomerode. As testemunhas do
casamento civil foram Gustav
Kylcköfel e Walter Ribock. Walter Ribock já tinha sido
testemunha do casamento de Erwin
Fischer e a família Kylcköfel vizinha da
propriedade da família Fischer. Lina
tinha trabalhado na propriedade desta família e um das filhas Adele casou com o
irmão de Lina, Luiz.
Lina teve um filho ainda solteira de
nome Raulino Fischer em 1927. Quando jovem e ainda solteira trabalhou na Cia
Jensen que ficava em Itoupava Central mais tarde tinha uma filial em
Massaranduba. Era uma empresa que começou como açougue e foi evoluindo no
beneficiamento de leite,porcos e outros
produtos dos agricultores.
Após casar com Alvin, residiram primeiramente
em Benjamim Constant onde nasceram os filhos Herbert, Helga e Lucia Zita. Por
volta de 1939 migraram para
Guaramirim onde permaneceram durante muitos anos e onde nasceram os filhos
Regina e Egon. Porém como parte do terreno era sujeito a enchentes, migraram
para Joinville na localidade de Estrada Blumenau aproximadamente em 1962. Após 4
anos venderam esta propriedade e compraram outra no bairro da Vila Nova. Alvin não usufruiu muito
tempo de sua nova propriedade pois foi
ficando fraco e doente falecendo em 1967. Lina ainda viveu durante muitos anos
na sua casa aos cuidados de sua filha Regina e de seu filho Egon. Faleceu com
87 anos, sendo que ela e o esposo Alvin estão sepultados no cemitério da
localidade Estrada Blumenau em Joinville.
Casa que pertencia ao casal Alvin Maas e Lina Fischer em Benjamim Constant. Massaranduna. Na foto de óculos escuros Helga Maas Eggert nascida nesta casa. Alitor Eggert o esposo e a filha Astrid autora deste escrito. Foto 2005. Acervo Astrid Eggert Boehs
Alitor Eggert e Helga Maas Eggert na parte posterior lateral da Igreja evangélica de Benjamim Constant atrás está situado o cemitério onde estão sepultados filhas e filhos de Carl Fischer. Foto 2005. Acervo Astrid Eggert Boehs
5- Luiz *22.02.1908 no Ribeirão Vitória, Rio da Luz Jaraguá do
Sul. Casou em 29.07.1933 com Adele Kylcköfel *1.11.1908 +9.11.1974. Ela era
filha de Ricardo e Ida Kylcköfe. As testemunhas do casamento civil foram os
irmãos dos noivos Erwin Fischer e Bruno Kylcköfel. Luiz era conhecido como LUI,
viveu e faleceu em Massaranduba .
6- Reinold nasceu em 1910. Era lavrador no município
de Schroeder na Estrada Rio Ernes onde
tinham sitio com casa de madeira. Era
casado com Martha. Faleceu em
05.10.1951 aos 41 anos de idade de edema
cardio-renal atestado pelo medico de Jaraguá Almiro Batalha. Deixou os filhos:
Erica, Reinoldo, Ingrid e Regina?. O declarante da morte foi Carlos
Zerbien. Após o falecimento sua irmã Lina com esposo e os filhos menores Regina
e Egon foram visitar a viúva, pois devido a distancia de Guaramirim não puderam
ir ao enterro. A viúva estava inconsolável com a perda. Depois disto não houve
mais contatos com a família de Reinold.
7- Matilde nasceu cerca 1912. Casou com Karl Hackbart teve 7 filhos.
Faleceu em 4.01.1930 as 9 horas da
manhã, aos 38 anos de idade, tendo como
causa o parto. Foi sepultada no cemitério da localidade de Rio Branco/ Guaramirim.
Seus filhos eram todos de menor idade e foram distribuídos entre os parentes. A
filha Anita foi criada pelo seu tio Richard, Clara pelo tio
Ervino, Zita trabalhou na casa de Comercio de Alvin Muller em Jaragua do
Sul. Ruth foi criada por Hugo ( não se sabe se era um tio paterno ) em Rio da Luz. As filhas Hildegard e Amanda os
parentes não souberam informar, Felipe ficou solteiro. O viúvo Karl Hackbart tinha uma má
formção no pé, foi trabalhar em diferentes propriedades e não casou
mais. No entanto continuou visitando as irmãs e irmãos da esposa falecida,
razão porque as filhas de Lina lembram destas visitas.
8-Richard nasceu em 11 de agosto de 1915 [6] casou com Frida Loth. Viveu nos últimos anos com seu filho Wendelino no bairro Tres Rios do Norte em Jaraguá do Sul. Foi o amparo de Carl na velhice. Teve os seguintes filhos: Ilse, Iris, Laura, Rosi, Ilzita, Wendelin, Ivo. Ainda tiveram duas crianças menores que faleceram quando moravam na Rua Waldemar Grubba antiga Rua Joinville. Uma das crianças foi sepultada no cemitério da localidade de João Pessoa e outra no cemitério de Guaramirim.
Mapa do norte de
Santa Catarina localizando o trajeto de Carl Fischer e Auguste Achtenberg e
seus filhos, desde Ribeirão Rega. Fonte Google Maps
Bibliografia
1-
BÖBEL, M. Thereza; THIAGO, R. Joinville Os PioneirosII:
Documento e História 1851 a 1866.
Joinville, SC: Univille, 2005. p. 79.
2- Böbel BÖBEL, M. Thereza; THIAGO, R. Joinville Os
Pioneiros: Documento e História. Joinville, SC:
Univille, 2001. p.421.
3-RADUENZ, Genemir, KLEMANN, Edson, STRELOW,
Johan Ditmar, WERLING, Cláudio. . Origem de uma
família Pomerana:
Fischer. Pomeranos no Vale Europeu disponível https://www.facebook.com/search/top?q=Pomeranos%20no%20Vale%20Europeu
.
4-RADUENZ,
Genemir, KLEMANN, Edson, STRELOW, Johan Ditmar, WERLING, Cláudio. Uma
Familia Pomerana: Achtenberg Texto Notícias
2 de outubro de 2020. Disponivel em http://www.testonoticias.com.br/clic-tn/uma-fam%C3%ADlia-de-origem-pomerana-achterberg-1.2265747
Fonte de dados
1-Relatos orais de Helga Maas Eggert, Zitta Maas Phiffer, Regina Maas.
2- Entrevista com Richard Fischer e Wendelino Fischer em 2006 no bairro Tres Rios do Norte em Jaraguá do Sul. Posteriores contatos com Wendelino Fischer.
3-Consulta aos registros de óbitos de Auguste (Blumenau obitos 1917-1920
registro n°14 fl.41)e Karl Fischer (Jaragua do Sul 1954 n°309 fl. 555)
no site Family Search.
4-Consulta aos registros de nascimentos , casamentos
e óbitos de diferentes
integrantes da família nos cartórios de Blumenau, Guaramirim e Jaraguá do Sul
disponíveis no site Family Search. https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HT-6163-3N5?from=lynx1UIV8&treeref=LRX1-3PD&i=109
[1] a-Böbel BÖBEL, M. Thereza; THIAGO, R.
Joinville Os PioneirosII: Documento e História – 1851 a 1866.
Joinville, SC: Univille, 2005. p. 79.
b-Böbel BÖBEL, M. Thereza; THIAGO, R. Joinville Os Pioneiros: Documento e História. Joinville, SC:
Univille, 2001. p.421.
[2] RADUENZ, Genemir, KLEMANN, Edson, STRELOW, Johan Ditmar, WERLING, Cláudio.
[3] Observar que há nomes de cidades e
localidades iguais na Polonia. Por se tratar de um local muito pequeno ,
Borkowo Wielki aparece no Google maps
quando colocado com o máximo de
aumento. Proximo fica a outra Borkowo,
Borkowo Male. Estas localidades se situam ao lado de uma rodovia menor que desemboca na rodovia
146 que vai em direção a cidade de Lobez.
[4] No registro dos pioneiros da Igreja
luterana de Blumenau consta o nome Justine Wihlemine no entanto em todos os
registros civis posteriores dos filhos, consta Augustine e depois simplesmente
Augusta.
[5]
Helga Maas Eggert relata que as carteiras escolares do Grupo Escolar atual Escola Estadual Almirante Tamandaré do município de Guaramirim, foram fabricadas
pela família Achtentenberg. As etiquetas da fábrica estavam coladas nas
carteiras. Helga estudou nesta escola nos anos da segunda guerra mundial início
da década de 1940. Foi aluna de uma das
primeiras turmas da da escola inaugurada em 1941. A escola fez parte da politica de nacionalização no governo de Getúlio Vargas, razão porque os alunos de origem alemã foram aterrorizados e pouco aprenderam nestes anos, de acordo com o testemunho de Helga M. E.
Pesquisa elaborada por Astrid Eggert Boehs.
mail para contato e informações: astridboehs@gmail.com
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