segunda-feira, 16 de maio de 2022


Família de  Wilhelm Gottlieb Fischer  

e   seu neto Carl Fischer   

          UM PANORAMA SOBRE O NOME   FISCHER   

O nome Fischer significa “pescador” o que denota   aproximação   com o litoral das terras alemãs   e com as águas em geral, do qual   os povos tiravam seu sustento. É um dos nomes   bastante frequente na Alemanha e entre os  imigrantes   originários de diferentes regiões  dos  territórios de língua alemã que aportaram  na região de Blumenau em SC. Na relação dos pioneiros luteranos da Igreja Luterana de Blumenau, aparecem o nome   15 famílias de imigrantes com o nome Fischer.

Como então encontrar os ascendentes  de uma família neste emaranhado de  Fischer ? Nesta pesquisa seguiu-se  o preconizado pelos ensinamentos básicos da genealogia:

- a partir da avó, saber  quem foi  seu pai,  e por sua vez quem foram os pais e avós deste.

-conhecer onde viveram estes antepassados aqui em Santa Catarina, fundamental na busca dos registros tanto eclesiásticos como civis.

-com base nestas informações, tentar buscar na lista de navios o nome dos imigrantes [1]

-outra estratégia  foi buscar na literatura,  pesquisas anteriores e isto foi   de grande valia  no presente caso,  pois há um grupo que pesquisa das  famílias imigrantes de Pomerode que  já tinham feito uma pesquisa sobre os Fischer na antiga Rio do Testo.[2]

 Importante destacar que   comparando os nomes dos alemães que colonizaram o sul de SC, originários   principalmente da   Renânia e Westfália   o nome Fischer não   está presente. Sendo a Westfália e Renania distantes do litoral, é possível inferir   que nestas regiões   a ocupação de pescador não fosse tão   frequente. Diferente   da   Pomerânia terra de muitos lagos e mais próxima do mar Báltico, de onde vieram   muitas das  famílias denominadas Fischer.

OS IMIGRANTES: LOCAIS DE ORIGEM E VIAGEM

O lugar de origem

 A família de Gottlieb Fischer  era de uma pequena  aldeia rural  chamada Gross Borckenhagen  que  estava localizada até 1945  dentro do   Distrito governamental (Kreiss) de Regenwalde  e da região governamental da cidade de Stettin na  Provincia da Pomerânia. Apenas  8 km de distância na localidade de Friedrichsgnade,  morava o filho mais velho Carl  que era operário  e casado com uma jovem desta localidade.

Na época que os Fischer emigraram, Gross Borckenhagen era uma aldeia  com população independente e havia um latifúndio pertencente a uma família nobre  onde moravam as famílias descendentes dos servos deste senhor feudal. O comando militar  era na cidade de Naugard/Nowograd e quando precisavam se dirigir a justiça tinham que ir na vizinha cidade de Labez atualmente Lòbez. O registro civil era feito dentro da própria vila. Gross Borckenhagen era de população protestante razão porque a única igreja no local era luterana.  O distrito governamental de Regenwalde pertencia a Provincia da Pomerania na parte ocidental dentro da Prússia que era um país até 1870, quando a Alemanha foi unificada. A partir da unificação a Pomerânia se tornou uma Provincia da Alemanha até 1945.

Após 1945 esta parte da Pomerânia foi incorporada pela Polonia, a população alemã teve que  fugir  e atualmente vivem nestes locais poloneses católicos. Em vista disto todos os nomes das cidades e vilas foram modificados. Atualmente a antiga Borckenhagen é denominada de  Borkowo Wielki .  É uma pequena aldeia rural que pertence a comuna de Radowo Male que dista 13 km da cidade de Lòbez e 26 km da cidade de Nowogard/Naugard em alemão[3]. Gross Borckenhagen  dista da cidade de   Szczecin antiga Stettin  63 km. A aldeia  Friedrichsgnade  atualmente é denominada de Trosczczyno  e dista 55km da cidade de  Szczecin antiga Stettin.  A rodovia 147 que liga o leste com o oeste da Polonia,  passa pela aldeia. As duas localidades pertencem  administrativamente  ao município  de Lòbesky cuja cidade principal é Lòbez











Localização da aldeia de Friedrichgnade/Troszczyno e Gross Borckenhagen/Borkowo Wielkie na outrora Pomerania ocidental e atual Polonia.

 

 



Placa indicando Borkowo WLK antiga Gross Borckenhagen



A outrora igreja luterana de  Gross Borckenhagen , hoje uma igreja católica. A construção data de 1500 feita de pedra e sem torre. Ao lado os restos de uma construção de madeira onde se localizam os sinos

 




Construção que abriga os sinos ao lado da igreja




A viagem

A saga de atravessar o oceano, é algo que exigia um longo planejamento. Uma idéia que começa   pequena,  vai crescendo, amadurecendo  e depois da convicção, começa a se espalhar  nas conversas da família e na comunidade de entorno. Os imigrantes que vieram da Pomerânia   e  também de outros locais  dos territórios de língua alemã  não vinham sozinhos. Como eles eram conduzidos por agentes de imigração, estes   arrebanhavam várias famílias de uma localidade ou região. Isto facilitava o trabalho deles e as famílias podiam se ajudar entre si durante a viagem e no local de destino.  Isto foi bem comum nas famílias que colonizaram  Rio do Testo atual Pomerode. Razão porque continuaram uma comunidade bastante homogênea cultivando  a língua e costumes.

 A imigração se faz normalmente com casais jovens, que  tem a vida pela frente e o entusiasmo e coragem para enfrentar  esta empreitada. Na família de Gottlieb Fischer o filho mais velho Carl que era operário na localidade de FRIEDRICHGNADE/TROSZCZYNO   fez a travessia do oceano antes do seu pai e irmãos. Foi aquele que deu o primeiro passo  e depois influenciou os demais da família.

Carl Fischer   filho de Gottlieb Fischer de 27 anos com sua esposa, filhos,  sogra e cunhada  saíram de Hamburgo dia 19 de outubro de 1865 no veleiro Franklin  sob o comando do Capitão Fend. Logo no início da viagem, ventos contrários   fizeram  com que o veleiro se detivesse por muitos dias no Mar do Norte, além de 21 dias no temido Canal da  Mancha. Houve muito desconforto e escassez de água potável.

Chegaram no Porto de São Francisco dia 16 de dezembro  de 1865 alguns dias antes do natal.   No dia 19 de dezembro o  veleiro zarpou em direção ao Porto de Itajaí onde desembarcaram 49 passageiros que seguiram para Blumenau. Entre eles estava Carl Fischer 27 anos operário de Friedrichsgnade, Pomerânia, sua esposa Wilhelmine Koch  e filhos: August de 6 anos e Wilhelm de 4 anos. Junto com eles  a mãe de Wilhelmine, Caroline Koch 49 anos consta como casada mas sem menção ao marido e a irmã Ernestine  Koch de 20 anos, solteira. Todos vinham de Friedrichsgnade. Além da família Fischer e Koch vieram para Blumenau várias outras famílias registradas como procedentes da Prússia.

Após quase três anos,  chegaram   o pai Gottlieb e os irmãos  de Carl. Vieram no Navio Victória   no comando do Capitão Fend, que zarpou de Hamburgo em 10 de maio de 1868 com 273 passageiros. A maior parte deles, 230 eram da religião protestante - luteranos   e apenas 7 católicos. Estes 201  vinham da Prússia  local onde prevalecia  o protestantismo.

O navio carregava como lastro 50 toneladas de carvão de pedra. Carregava também as provisões para a alimentação dos passageiros tais como: carne salgada, toucinho, arenques, pão, trigo, leguminosas, arroz, ameixas, chucrute, melado, café torrado, chá e vinagre. Para a colônia Dona Francisca seguia também uma caixinha de sementes de trigo.

O incidente maior desta viagem foi a morte de uma criança lactente   de uma família que seguia para Joinville e  também o nascimento de uma criança. Na tarde do dia 12   de julho, o navio aportou no Porto de São Francisco onde desceram os  83 imigrantes que iriam seguir para a a Colonia Dona Francisca/Joinville.  Os passageiros que seguiram para Joinville se mostraram satisfeitos com a viagem.

Após o desembarque destes passageiros, provável depois de 2 dias  para descarregar e carregar  frete, o navio seguiu viagem para o Porto de Itajaí. Lá    desembarcaram os 190 passageiros que estavam destinados a Blumenau incluindo a família de Gottlieb  Wilhelm  Fischer  com 49 anos e seus filhos: Ferdinand de 24 anos solteiro, Henriette 22 anos, Albert 17 anos. Não há menção sobre a esposa de Gottlieb e nem se era viúvo. Conta também erroneamente que eram de Borckenhagen  de Holstein.

O DESTINO DA FAMÍLIA DE GOTTLIEB WILHELM FISCHER - RIO DO TESTO/POMERODE

Supões-se  que   Carl o filho mais velho que já estava em Blumenau  provável em Rio do Testo (Pomerode) e  tenha recepcionado o pai e os irmãos na chegada. Nos registros da Igreja Luterana de Blumenau consta que Carl era agricultor em Rio do Testo  mas não localizamos o registro do seu lote nas margens deste rio. Possivelmente seu lote estava situado às margens de algum ribeirão lateral.

Ainda no registro da Igreja de Blumenau,   consta que a esposa de Carl faleceu em  1869  após o nascimento de seu filho Erderei. Não se sabe se foi logo após o parto. Os registros apontam que em 1872, Carl casou com Johanne Christine Henriette Pumplun  filha de Johann Pumplum e Sophie nascida Medon . Esta família   tinha  lote  nas margem direita  do  rio do Testo.   Carl teve cinco  filhos com a primeira esposa e  cinco  com a segunda.

 Quanto ao segundo filho, Ferdinand, logo 2 meses   após a chegada, casou em 1° núpcias em  27.09.1868 com Johanna Wilhelmine Caroline Gustmann  nascida em  27.03.1847 de Knüpshof, filha de Wilhelm Gustmann e Charlotte nascida  Reinchow. No registro dos imigrantes assentados nas margens esquerda e direita do Rio do Testo  está o lote do segundo filho de Gottlieb, Ferdinand   Fischer n° 111 na margem direita de 1868.

Ferdinand  viveu a mesma saga de seu irmão, Johanna Wilhelmine Caroline   veio a falecer, não se sabe quando e quais as circunstâncias, sendo que não há registro de filhos. E assim Ferdinand   em  01.03.1874 casou na igreja de Badenfurt  com Emilie Blödorn * 14.12.1846 de Corlin (possivelmente Körlin norte da Pomeraânia, próximo de Kolberg/Kolobrezeg e Köslin/Kozalin), filha de Heinrich Blüdorn e Louise nascida  Schumacher. Testemunhas: August Grützmacher e Christian Withöft. Há o registro de três filhas com a segunda esposa.

A terceira filha de Gottlieb, Henriete Marie Louise Caroline Fischer nascida em  20.12.1845  em Gross  Borckenhagen casou com  Carl Daniel  Friedrich Riebe.  

O filho mais novo, Albert Heinrich Friedrich Fischer nascido em 25.03.1851  em Gross Borckenhagen, casou aos 11.04.1874 com Justine Augustine [4] Henriette Strelow nascida em  25.04.1853 em  Strachmin distrito governamental de Köslin na Pomerânia/ Kozalin que se situa mais ao norte mais próximo do litoral da atual Polonia. Ela era filha de Friedrich Wilhelm Strelow e Friedrike Marie nascida Reiche. Esta família veio no navio Najade em 30.06.1867 com três filhos entre os quais Johanne Augustine que tinha 14 anos na época. As testemunhas foram:  August Fischer. Não se sabe quem é August Fischer seria um segundo nome de seu irmão Carl ou ainda algum primo. O casal foi morar em   algum lote às  margens do Ribeirão Rega onde nasceram  seus 5 filhos dentre os quais o ascendente da autora:  August Karl  Friedrich depois denominados nos registros civis simplesmente de Carlos Fischer.

 

DADOS GENEALÓGICOS DE JOHANN WILHELM GOTTLIEB FISCHER E WILHELMINE POLZIN

1-Wilhelm Gottlieb * 1819 ao desembarcar do navio em julho de 1868 tinha 49 anos. Era lavrador e da religião luterana

Era casado com Wilhelmine Polzin no entanto veio sozinho ao Brasil com seus filhos. Não consta seu estado civil, mas nos dados dos pioneiros da igreja de Blumenau consta que era casado com esta pessoa. O nome de Gottlieb se supões que seja Wilhelm Johann Gottlieb visto que na lista do navio Victória consta apenas Wilhelm e na lista dos pioneiros da igreja luterana consta Johann Gottlieb. Esta suposição  se faz pelo fato  de que na tradição  no mínimo era ter três nomes

Filhos de Wilhelm Gottlieb

1.1  Carl Fischer (possivelmente Carl August)* 26.04.1838  em Gross Borckenhagen. Faleceu em Rio do Texto/Pomerode. Era lavrador e da religião luterana

1° núpcias: Wilhelmine Koch *1838 tinha 27 anos quando chegou ao Brasil. Possivelmente nasceu em Friedrichgnade.     

1.1.1       Albertine *1856  não veio com os pais ao Brasil. Registros do Family Search indicam que ela foi para os Estados Unidos entre 1870  a  1872. Casou em 31 de agosto de 1876 com Georg Wittig em Dodge no  estado de Wisconsin. Teve 12 filhos entre os quais: Edward,Charles,Arthur,Alvin,Alfred,Willie e Elsie.  

1.1.2       August *1859

1.1.3       Wilhelm *1861

1.1.4        Otto Friedrich Albert *30.10.1869

1.1.5       Erdreich August Hermann 30.10.1869  

 

2° núpcias: em 21.12.1872 com Johanne Cristine Henriette Pumplum *05.03.1851 tinha 21 anos quando casou.

1.1.1 Richard Carl Gustav  *02.03.1877

1.1.2 Gustav Carl Wilhelm *12.09.1879

1.1.3 Bertha Auguste Emilie *20.02.1882

1.1.4 Carl *1888

1.1.5 Alwine

 






Erdreich Fischer com sua esposa Anna Hoge e seus dois filhos. Erdreich faleceu com 29 anos e posteriormente seu irmão Gustav Fischer casou com Anna. Os irmãos Erdreich e Gustav Fischer são filhos do imigrante CARL Fischer. In Texto Notícias 19 de agosto 2020. Foto : Acervo Tania Rahn

 

1.2  Wilhelm Ferdinand Friedrich dito Ferdinand/ Fernando *09.06.1843 em Gross Borckenhagen/Naugard . Era lavrador e da religião luterana

1° núpcias: Em 27.09. 1868 com Johanna Augustine Wilhelmime Gustmann

2° núpcias: 01.03.1874 na igreja de Badenfurt com Emilie Blödorn

1.2.1       Anna Ida Caroline* 9.1.1875

1.2.2       Anna Marie Henritte * 06.07.1879

1.2.3       Bertha Emilie Luise *23.08.1881 casou com Guilherme Hoffmann e faleceu   em 19.09.1958

 

1.3  Henriette Marie Luise *20.12.1845 casou com Carl Daniel Friedrich Riebe.

Filhos: Johann Friedrich August  Riebe*1872; 

Auguste Riebe *1874; 

Anna Riebe 1*876; 

Bertha Riebe 1879; 

Wilhelmine  Riebe*1882. 


 

1.4  Albert Heinrich Friedrich dito Albert /Alberto *25.03.1851 em   Gross Borckenhagen  + 17.06.1916 em Pomerode. Era lavrador e da religião luterana

Casou em 11.04.1874 Justine Augustine Henriette Strelow * 22.2.1918 em Stramim , Köslin/ Kozalin + 22.02.1918  local?

 

1.4.1       Bertha Augusta Johanna *18.05.1875 no Ribeirão Rega/ Pomerode

 

1.4.2       August Carl Friedrich dito Carl/Carlos 01.06.1877 no Ribeirão Rega/ Pomerode

1.4.3     Hermann Friedrich Wilhelm *21.05.1879 no Ribeirão Rega/ Pomerode

casou em 13.11.1901 com Eliza Schmauch

 

1.4.4    Wilhelm Friedrich Hermann *25.10.1881 no Ribeirão Rega/ Pomerode

casou em 13.08.1902 aos 20 anos com Guilhermina Borchard.

 

1.4.5       Alberto Fischer *10.2.1894  no Ribeirão Rega/ Pomerode

casou com Bertha Rhon. Migraram para Jaraguá do Sul e tiveram os seguintes filhos: Alfredo, Helmuth, Herbert, Irmgard, Hilda.






 



Esquema genealógico do patriarca imigrante Johann Gottlieb Fischer e filhos e alguns netos. 

 




A HISTÓRIA DE AUGUST CARL FRIEDRICH  / CARLOS FISCHER E AUGUSTE ACHTENBERG

Augusto Carl Friedrich  Fischer.  Nasceu em 1 de julho de 1877  nasceu  em Ribeirão Rega, Rio do Testo. Este local faz parte do atual bairro Rega em Pomerode.  Faleceu em  + 03-02-1954 as 21:30 da noite em Jaraguá do Sul. Sua sepultura se encontra no cemitério Evangélico do bairro de João Pessoa. Era lavrador e da religião luterana

Assim como dois de seus tios, também teve dois casamentos. Casou em primeiras núpcias com   Auguste Ernestine Wilhelmine Achterberg   no casamento civil em 07.11.1900 as 9 hs da manhã no Paço da Comarca de Blumenau. As testemunhas foram Augusto Fischer e Gottfried Hüffter.

 Auguste   era filha  mais nova de Friedrich Achterberg  imigrante da família originária da Vila de Roggow (Kreis Regenwalde) e de  Karoline (nascida Jahn). Esta família partiu do Porto de Hamburgo em 10 de maio de 1868 com o veleiro Franklin. Os Achterberg se instalaram na localidade de Testo Alto no lote 147. O casal teve no Brasil os seguintes filhos: Emilie Ernestine Caroline Achterberg (28.08.1869), Wilhelm Ferdinand Albert Achterberg (18.11.1870),Erdreich Christreich Eduard dito Eduardo Achterberg (12.06.1872), Hermann Friedrich Carl Achterberg (02.05.1874), Ida Ulricke Wilhelmine Achterberg (28.05.1875), Wilhelmine Auguste Henriette Achterberg (11.06.1878), Auguste Ernestine Wilhelmine Achterberg nascida em 16.06.1880 esta última que casou com Carl Fischer.

Os irmãos de Auguste se destacaram na localidade de Testo Alto com o Comercial e Salão de Festas Achterberg em meados do ano de 1900 (relevante ponto de referência na localidade). Na época, era o local da única passagem em direção a Jaraguá do Sul, perpassando a localidade de Testo Alto/Rio da Luz em direção ao norte do estado. Um dos  netos do imigrante, o senhor Adolf Achterberg, filho de Eduard Achterberg e Olga Schwarz se destacou com marcenaria e fábrica de móveis na localidade do ribeirão Gustmann[5].





Comercial Achtenberg aproximadamente em 1900.Foto:http://fotosantigaspomerode.blogspot.com/


 Segundo relatos orais, o casal Carl e Auguste foi morar   em Rio da Luz Alto em Jaraguá do Sul. Isto se comprovou pelo fato de que o filho Luiz nasceu em 1908 e foi registrado no cartório de Jaraguá do Sul. Neste registro   consta que residiam no Ribeirão Vitória.   Há relatos de que moravam na Tifa dos Macucos. Depois de 2008,  depois migraram para a localidade de Benjamim Constant que na época pertencia a Blumenau, posteriormente ficou anexado ao município de Massaranduba. Lá nasceram   outros filhos   casal, sendo que registrado em Blumenau encontramos apenas o nome do filho mais novo Ricardo.

 Auguste   que   casou com vinte anos,  teve   filhos praticamente  de  dois em dois anos no total de oito. A família teve muita dificuldade de subsistência, cedo os filhos foram trabalhar nas roças da vizinhança segundo os descendentes da filha Lina.  Lina  por exemplo foi trabalhar na propriedade   vizinha de Gustav Kylckövel aos  nove anos de idade. Outros relatos indicam que aos  sete anos já cuidava de uma criança na vizinhança.

Auguste faleceu em 25 de janeiro de 1918 às 2 horas da tarde aos 38 anos. Os relatos orais indicam   que devido ao excesso de trabalho, longas horas lavando roupa em um riacho e com reumatismo, a saúde dela foi se deteriorando. No registro de óbito descreve-se que faleceu em sua residência de morte natural sem  assistência medica pois residiam distantes de qualquer medico e provavelmente não tinham recursos e nem cogitavam   empreender viagem a procura  de assistência. Morrer  era considerado natural mesmo aos 38 anos. Na ocasião os filhos mais novo Richard  que nasceu em 21 de dezembro de 1915  tinha  2  anos de idade. Os   dois filhos  Alvina e Erwin, mais velhos   já tinham mais de 15 anos. 

Após   quatro anos na condição de viúvo com   os filhos mais   velhos cuidando dos mais novos, Carl casou em segundas núpcias com Emma Mohr nascida Rüdiger em 18.11.1922. A família Rüdiger era de Itoupavazinha, Blumenau. Ela era viúva de Roberto Mohr e também tinha oito filhos com diferentes idades. As duas famílias foram morar na propriedade de Carl Fischer.

Relatos das netas de Carl, dão conta que esta junção de famílias foi muito traumática e cheia de conflitos. Os adolescentes das duas famílias começaram a namorar, um dos filhos Erwino chegou a casar com uma das filhas da madrasta.  Os filhos maiores muito cedo procuraram trabalhos fora da propriedade   pois o   ambiente não favorecia   a presença de todos na mesma casa  e a propriedade não  conseguia dar sustento para todos.  A filha Lina   foi trabalhar na Cia Jensen na localidade de Campinha como operária, posteriormente teve uma gravidez ainda solteira.  As conversas   das descendentes de Lina sempre incluíam as dificuldades e os conflitos após  a junção das duas famílias  e percebe-se que ficou a lição de que “ juntar famílias de casamentos anteriores não dá certo”.

Na velhice Carl Fischer e sua segunda esposa, ficaram aos cuidados do filho mais novo Richard/Ricardo. Ricardo decidiu migrar de Benjamim Constant para Jaraguá do Sul. Segundo Richard, decidiram migrar pois Benjamim Constant era um lugar distante de qualquer cidade e eles tinham muita dificuldade para vender os produtos da agricultura. Compraram um terreno na  na estrada Itapocú depois Rua Joinville, atual  Rua Waldemar Grubba. A casa se localizava  quase divisa com o município de Guaramirim (local da propriedade da família Forlin).  

Na visão de uma das netas que o conheceu e    que morava em Guaramirim, Carl  e também  sua esposa Emma eram pessoas  agradáveis, conversavam, visitavam e recebiam visitas dos parentes que moravam na região como a filha Lina em Guaramirim, e os filhos Erich e Reinoldo que moravam no então distrito de Schroeder.

Os parentes relatam que nos últimos anos de vida, ele tornou-se dependente de álcool. Talvez facilitado pelo fato de que na vizinhança havia o alambique da   família Ramthum. Era fácil adquiir o aguardante pois a famíllia Ramthun morava no outro lado da estrada bem em frente da casa de Carl.  O hábito lhe afetou o fígado o que ocasionou sua morte segundo   relato Richard/Ricardo seu filho.

Carl Fischer faleceu aos 75 anos de idade. No registro de óbito consta que faleceu de Insuficiencia cardíaca congestiva   atestado pelo medico Fernando Sprigmann de Jaraguá do Sul. Consta que faleceu as 21:30 da noite em seu domicílio.  O declarante da morte de Carl, foi Adolfo Schlösser, um vizinho que residia em um lote situado entre o trilho da via férrea   e a   rodovia. Tinha uma oficina onde fazia pequenos concertos de máquinas, bicicletas e outros. Carl foi sepultado no cemitério luterano de João Pessoa bairro que pertence ao município de Jaraguá do Sul. Emma, a segunda esposa, após a morte de Carl foi residir   com uma de suas filhas em Blumenau onde foi sepultada

Carl e Auguste tiveram os seguintes filhos: 

1-Alvina nasceu em 17.02.1901 (data do registro de casamento, no entanto no tumulo está 1902) e faleceu 11.12.1970. Casou  em 10.07.1920  com Albert Krieger. Erwino Fischer solteiro com 18 anos de idade foi uma das testemunhas.  Tiveram oss seguintes filhos: Alfons, Hugo, Renate, Erna, Irene e Herta. Alvina viveu e faleceu em Benjamim Constant onde está sepultada.

2-Erwin dito Ervino   Nasceu  em 24.03 -1903   Foi o mais controvertido da família. Relatos orais indicam que teve 4 mulheres. A primeira  era  Milda Mohr  filha de Roberto e Emma Mohr  Emma Mohr era a madrasta de  Erwin. Casaram em  08.05.1926  e  após três meses  em 14 -08-1926 ela faleceu.  Depois da morte desta, casou com Frida Kreiss   em 06.08.1929.  Ela era de uma família da Campinha uma localidade  próxima  a Benjamim Constant, filha de Luiz Kreiss e Ida. O irmão Luiz foi uma das testemunhas do casamento civil.   A terceira mulher era nascida Goldak ou Goldacker  e  a quarta era a viúva Zamke. Todas faleceram, depois da morte da quarta mulher ele tentou casar mais  uma vez, mas as filhas impediram. São relatados ainda outros fatos, no entanto certas histórias   é   melhor    permanecer “dentro d a caixa dos segredos de família”.

3-Erich casou com Tecla  Volkmann. Residiam em Schroeder III  e tiveram  os  seguintes filhos:  Iraci, Ivone, Kurt, Gehard, Alzira e Gerda. Foi sepultado em Blumenau.

4-Lina nasceu em 26.06. 1906  em Benjamim Constant  e faleceu em Joinville em 13.05.1993. Casou em 11.02.1929 com Alvin Maas  filho de Albert Maas e de Justina Augustina Strelow da localidade de Ribeirão  Rega,  Rio do Testo/Pomerode. As testemunhas do casamento civil  foram Gustav Kylcköfel  e  Walter Ribock. Walter Ribock  já tinha sido  testemunha do casamento de  Erwin Fischer e a família Kylcköfel  vizinha da propriedade da família Fischer.  Lina tinha trabalhado na propriedade desta família e um das filhas Adele casou com o irmão de Lina, Luiz.

Lina teve um filho ainda solteira de nome Raulino Fischer em 1927. Quando jovem e ainda solteira trabalhou na Cia Jensen que ficava em Itoupava Central mais tarde tinha uma filial em Massaranduba.  Era uma empresa  que começou como açougue e foi evoluindo no beneficiamento de leite,porcos  e outros produtos dos agricultores.

 Após casar com Alvin, residiram primeiramente em Benjamim Constant onde nasceram os filhos Herbert, Helga e Lucia Zita. Por volta de 1939   migraram para Guaramirim onde permaneceram durante muitos anos e onde nasceram os filhos Regina e Egon. Porém como parte do terreno era sujeito a enchentes, migraram para Joinville na localidade de Estrada Blumenau aproximadamente em 1962. Após 4 anos venderam esta propriedade e compraram outra no bairro da Vila Nova.  Alvin não usufruiu   muito tempo de sua   nova propriedade pois   foi ficando fraco e doente falecendo em 1967. Lina ainda viveu durante muitos anos na sua casa aos cuidados de sua filha Regina e de seu filho Egon. Faleceu com 87 anos, sendo que   ela e o esposo   Alvin estão sepultados no cemitério da localidade Estrada Blumenau em Joinville.


Casa que pertencia ao casal Alvin Maas e Lina Fischer em Benjamim Constant. Massaranduna. Na foto de   óculos escuros  Helga  Maas Eggert  nascida nesta casa. Alitor Eggert o esposo e a filha Astrid autora deste escrito. Foto 2005. Acervo Astrid Eggert Boehs

 

 




Alitor Eggert e Helga Maas Eggert na parte posterior lateral da Igreja evangélica de Benjamim Constant atrás está situado o cemitério onde estão sepultados filhas e filhos de Carl Fischer. Foto 2005. Acervo Astrid Eggert Boehs

5- Luiz *22.02.1908  no Ribeirão Vitória, Rio da Luz Jaraguá do Sul. Casou em 29.07.1933 com Adele Kylcköfel *1.11.1908 +9.11.1974. Ela era filha de Ricardo e Ida Kylcköfe. As testemunhas do casamento civil foram os irmãos dos noivos Erwin Fischer e Bruno Kylcköfel. Luiz era conhecido como LUI, viveu e faleceu em Massaranduba .

                                            Lina com seus filhos ao lado de sua casa em Joinville

6- Reinold  nasceu em 1910. Era lavrador no município de Schroeder na Estrada Rio  Ernes onde tinham sitio  com casa de madeira.  Era  casado com Martha. Faleceu  em 05.10.1951 aos 41 anos de idade  de edema cardio-renal atestado pelo medico de Jaraguá Almiro Batalha. Deixou os filhos: Erica, Reinoldo, Ingrid e Regina?.  O declarante da morte foi Carlos Zerbien. Após o falecimento sua irmã Lina com esposo e os filhos menores Regina e Egon foram visitar a viúva, pois devido a distancia de Guaramirim não puderam ir ao enterro. A viúva estava inconsolável com a perda. Depois disto não houve mais contatos   com a família de Reinold.  

7- Matilde nasceu   cerca   1912.  Casou com Karl Hackbart teve 7 filhos. Faleceu em 4.01.1930  as 9 horas da manhã, aos 38 anos de idade,  tendo como causa o parto. Foi sepultada no cemitério da localidade de Rio Branco/ Guaramirim. Seus filhos eram todos de menor idade e foram distribuídos entre os parentes. A filha Anita foi criada pelo seu tio Richard, Clara  pelo  tio Ervino,  Zita trabalhou na casa de Comercio de Alvin Muller em Jaragua do Sul. Ruth foi criada por Hugo ( não se sabe se era um tio  paterno ) em Rio da Luz.  As filhas Hildegard   e Amanda os parentes não souberam informar, Felipe ficou solteiro. O viúvo Karl Hackbart  tinha uma má  formção no pé, foi trabalhar em diferentes propriedades e não casou mais. No entanto continuou visitando as irmãs e irmãos da esposa falecida, razão porque as filhas de Lina lembram destas visitas.

8-Richard nasceu  em  11 de agosto de  1915 [6] casou com Frida Loth. Viveu nos últimos anos com seu filho  Wendelino  no bairro Tres Rios do Norte em  Jaraguá do Sul.  Foi o amparo de Carl na velhice. Teve os seguintes filhos: Ilse, Iris, Laura, Rosi, Ilzita, Wendelin, Ivo. Ainda tiveram duas crianças menores que faleceram quando moravam na Rua Waldemar Grubba antiga Rua Joinville. Uma das crianças foi sepultada no cemitério da localidade de João Pessoa e outra no cemitério de Guaramirim. 

Esquema genealógico de Carl Fischer e Auguste Achtenberg e seus filhos e netos.


Mapa do norte de Santa Catarina localizando o trajeto de Carl Fischer e Auguste Achtenberg e seus filhos,  desde Ribeirão Rega. Fonte Google Maps

 


Bibliografia

1- BÖBEL, M. Thereza; THIAGO, R. Joinville Os PioneirosII: Documento e História  1851 a 1866. Joinville, SC: Univille, 2005. p. 79. 

2- Böbel BÖBEL, M. Thereza; THIAGO, R. Joinville Os Pioneiros: Documento e História. Joinville, SC: Univille, 2001. p.421.

3-RADUENZ, Genemir, KLEMANN, Edson, STRELOW, Johan Ditmar, WERLING, Cláudio. . Origem de uma família Pomerana: Fischer. Pomeranos no Vale Europeu disponível https://www.facebook.com/search/top?q=Pomeranos%20no%20Vale%20Europeu .

4-RADUENZ, Genemir, KLEMANN, Edson, STRELOW, Johan Ditmar, WERLING, Cláudio. Uma Familia Pomerana: Achtenberg Texto Notícias  2 de outubro de 2020. Disponivel em http://www.testonoticias.com.br/clic-tn/uma-fam%C3%ADlia-de-origem-pomerana-achterberg-1.2265747

 

Fonte de dados

1-Relatos orais de Helga Maas Eggert, Zitta Maas Phiffer, Regina Maas.

2- Entrevista com Richard Fischer  e  Wendelino Fischer em 2006 no bairro  Tres Rios do Norte em Jaraguá do Sul. Posteriores contatos com Wendelino Fischer. 

3-Consulta aos registros de óbitos de Auguste (Blumenau obitos 1917-1920 registro n°14 fl.41)e Karl Fischer (Jaragua do Sul 1954 n°309 fl. 555)

 no site Family Search. 

4-Consulta aos registros de nascimentos ,  casamentos  e óbitos  de diferentes integrantes da família nos cartórios de Blumenau, Guaramirim e  Jaraguá do Sul  disponíveis no site Family Search.   https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HT-6163-3N5?from=lynx1UIV8&treeref=LRX1-3PD&i=109 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



[1] a-Böbel BÖBEL, M. Thereza; THIAGO, R. Joinville Os PioneirosII: Documento e História – 1851 a 1866. Joinville, SC: Univille, 2005. p. 79. 

 b-Böbel BÖBEL, M. Thereza; THIAGO, R. Joinville Os Pioneiros: Documento e História. Joinville, SC: Univille, 2001. p.421.

[2] RADUENZ, Genemir, KLEMANN, Edson, STRELOW, Johan  Ditmar, WERLING, Cláudio.  

[3] Observar que há nomes de cidades e localidades iguais na Polonia. Por se tratar de um local muito pequeno , Borkowo Wielki  aparece no Google maps quando  colocado com o máximo de aumento.  Proximo fica a outra Borkowo, Borkowo Male. Estas localidades se situam ao lado  de uma rodovia menor que desemboca na rodovia 146 que vai em direção a cidade de Lobez.

[4] No registro dos pioneiros da Igreja luterana de Blumenau consta o nome  Justine Wihlemine no entanto em todos os registros civis posteriores dos filhos, consta Augustine e depois simplesmente Augusta.

[5] Helga Maas Eggert relata que as carteiras escolares  do Grupo Escolar atual  Escola Estadual Almirante Tamandaré  do município de Guaramirim, foram fabricadas pela família Achtentenberg. As etiquetas da fábrica estavam coladas nas carteiras. Helga estudou nesta escola  nos anos da segunda guerra mundial   início da década de 1940. Foi  aluna de uma das primeiras turmas  da  da escola inaugurada em 1941. A escola fez parte da politica de nacionalização  no governo de Getúlio Vargas, razão porque os alunos de origem alemã foram aterrorizados e pouco aprenderam nestes anos, de acordo com o testemunho de Helga M. E.

Pesquisa elaborada por Astrid Eggert Boehs.

mail para contato e informações: astridboehs@gmail.com

 

 

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