sábado, 15 de fevereiro de 2025

 

PETER MÖLLER1 E MARIA JOANA SUERDICK. 

A propriedade

 A propriedade Peter Möller adquriu o lote 793 - 493 e recebeu o documento em 24 de maio de 1893. Este terreno se situava ao lado dos lotes 790 e 791 de Carlos Eggert adquirido um ano antes. Nesta época a localidade onde se situavam estes terrenos era denominada Itapocuzinho I quando Jaraguá e Guaramirim ainda pertenciam para Joinville. Mais tarde quando Jaraguá conquistou sua emancipação como município, passou a ser chamada de Estrada Itapocú. Nas décadas de 1950/60 em diante, a denominação era Estrada Joinville, e a partir de 1999 passou a ser denominada Rua Waldemar Grubba. Atualmente este lugar é em parte no bairro Vieiras do lado direito da rodovia na direção do centro e em parte no lado esquerdo no bairro Centenário. O terreno de Peter Möller ficou na família por 4 gerações. A maior parte onde estava localizada a casa do imigrante Peter, foi vendida pela filha Hedwig para a família Hackbarth que depois vendeu para a família Siewert. Presume-se que esta venda para a família Hackbarth tenha sido feita após 1941 com a morte de Eduardo Möller,48 anos, solteiro que morava na casa junto com a família de seu sobrinho Roberto e família. Hedwig a filha mais nova já tinha casado e morava no centro de Jaraguá do Sul. A casa na qual a familia morava e uma pequena parte do terreno, ainda está na propriedade da família Siewert. Roberto Möller neto de Peter Möller e Maria Joana Suerdick, pagou para os demais herdeiros e ficou com uma parte do terreno em ambas as partes da estrada de rodagem e da via férrea. No lado direito de quem vai para o centro construiu uma casa de madeira e os ranchos. Lá nasceram e cresceram seus filhos permanecendo ali até a sua morte. Após a década de 1990 do século passado, a parcela do terreno a esquerda do trilho para quem se dirige ao centro da cidade onde era a roça e a parte entre os trilhos da ferrovia e a estrada, foi adquirida pela Empresa WEG. A parcela a direita de quem vai ao centro da cidade foi adquirida privativamente por um dos fundadores desta mesma empresa. O filho de Roberto Möller, Alvino Moller (Vino) foi o último proprietário da parte remanescente.

 História e Dados Genealógicos da Família de Peter Mölle

     Peter Möller veio da Alemanha da cidade de Osnabrick em 1888 visto que o filho Ludwig Ernst nasceu em 1886 em Osnabrik2. Não foi possível localizar o navio com o qual chegaram. No entanto é possível saber que em 1891 já estavam em Joinville sendo que lá nasceu a filha Else. No registro de óbito da filha Else em 1966, consta que vieram da Dinamarca, com é a única menção feita a este país, o dado é duvidoso e não há provas desta informação até o momento. 1O nome original é Möller como usado na língua alemã.

    1.No Brasil por falta do ¨ (trema) nas máquinas de escrever adaptou-se o nome para Moeller. Neste escrito está conforme o original. O nome Möller também é confundido em registros e até documentos como Müller. 

 2Não foi possível localizar em qual navio chegaram ao Brasil. O dado sobre Osnabrik está registrado no casamento civil de Ludwig/Ludovico Möller, e nos registros de confirmação dos demais filhos. imigrantes. 

     Peter Möller nasceu por volta de 1848. Faleceu em 1901, mas o óbito só foi   foi registrado em 1908 por Otto Schulz seu futuro genro, esposo de Bertha uma das filhas mais velhas. Peter foi sepultado no cemitério luterano do Bananal 3. No registro consta que deixou 11 filhos três maiores de idade que se supõe sejam Otto, Pedro e Anna que se casaram respectivamente nos anos de 1905 a 1908. Peter foi casado com Maria Joana Suerdick nascida em 19 de junho de 1852 em Walle situado em Bremen na Alemanha. Faleceu em 25 de agosto de 1936 com 84 anos de idade. Foi sepultada no lado B do cemitério da Rua Procópio Gomes em Jaraguá do Sul. O óbito no cartório foi registrado por Alice Santos a neta, filha do primeiro casamento de Else Möller. Consta no Registro de óbito da Igreja Evangelico Luterana de Jaraguá do Sul, que ela e família chegaram ao Brasil em 1888. A causa do óbito foi fraqueza senil e fratura de colo de fêmur. Consta que residia Estrada Itapocú4, e que deixou 9 filhos. Dois filhos já tinham falecido antes dela, Hugo e Eduardo.Pastor Weidner fez o registro e o sepultamento e utilizou os seguintes versículos bíblicos: I Romanos 19.4; Salmo 90 v.10.

     Analisando a trajetória de vida dos filhos, é possível enfatizar que Maria Joana foi uma matriarca, que com a morte prematura do esposo já em 1901, poucos anos após a vinda ao Brasil, conseguiu manter a terra, encaminhar os filhos para a vida adulta. Em 1912 reuniu os filhos mais velhos, alguns adultos e casados, fazendo com que fossem confirmados. O pastor registrou que o exame confirmatório destes filhos foi feito na presença da mãe.

1-Otto Cristian nasceu em 20.10.1879 em Osnabrik,, Alemanha. Casamento civil em 10 de junho de 1905 quando tinha 26 anos de idade e era lavrador. Casou-se com Ida Emilie Person com a idade de 17 anos. Ela era filha de Peter Person e Johanna nascida Ahblom nascidos na Suécia. A mãe dela já era falecida por ocasião do casamento. As testemunhas do casamento civil foram Otto Polenski e Walter Marquardt de 26 anos, negociante no distrito de Jaraguá. O juiz de Paz foi Ignacio Zako e o escrivão Venâncio da Silva Porto.

    Foi confirmado pelo Pastor Schlünzen em 27.5.1912, na igreja escola de Itapocuzinho I junto com seus irmãos. 7 A família de Otto mais tarde migrou para cidade de Mafra, não se sabe a data exata. No registro da igreja luterana de Mafra, consta o nome de alguns filhos que nasceram em Jaraguá: Germano em 1908, Rudolf em 1912, Gustav Alfred Pedro em 28.10 1928 sendo batizado em 14.4.1929. Este último foi confirmado em abril de 1943 aparentemente em Rio Negro. Duas crianças que foram a óbito sem mais dados com os nomes Otto e Cristian. Demais nomes constantes no registro da família na igreja de Mafra foram: Emilio, Frida, Wilhelm, Ida casada com Sensel, Clara, Cristian, Helene, Alfred. Consta ainda na igreja de Mafra, que Otto era alcóolatra e estava separado da esposa há muitos anos. Acredita-se que a maioria dos filhos deve ter nascido em Jaraguá e que tenham migrado quando os filhos já eram adultos e adolescentes. Nem todos os filhos foram para Mafra, visto que o casamento de Germano ocorreu em Jaraguá. Otto faleceu em Mafra em 9-5- 1961 aos 83 anos de insuficiência cardíaca, deixando a viúva Ida Peters Möller. (registro civil Mafra Óbitos 1958-1961, folha 529 livros 8, Family Search)

 2- Pedro Möller nasceu 27.5.1881 em Osnabrik, Alemanha. Casamento civil em 11 de março de 1905 quando tinha 24 anos, era lavrador. A noiva era Matilde Müller,818 anos, lavradora. Ela era filha de Cristoff Müller e Julia nascida Jenz? naturais da Alemanha e residentes em Jaraguá. O casamento foi realizado na Sala de Audiências as 10 hs da manhã e as testemunhas foram Otto Schulz e Ricardo Schulz.Assinaram também Ignes Möller, Erna Krohn e Theodoro Musse. Venâncio da Silva Porto foi o escrivão do casamento e o Juiz de Paz foi Ignácio Zako. Os filhos nasceram na localidade de Ribeirão Grande ao norte de Jaraguá do Sul. Foi confirmado na Igreja evangélica luterana de Itapocuzinho I em 27.5.1912 com seus irmãos Otto, Peter, Hugo e Anna.

 3- Hugo nasceu em 25.8.1882 em Osnabrik,Alemanha . Foi confirmada em 27.5.1912 na Igreja Evangélica luterana de Itapocuzinho I com seus irmãos Otto, Petern Ludwig e Anna. Hugo faleceu em 17.6.1932 as 18 horas de morte natural sem assistência medica aos 50 anos na casa de sua mae na Estrada Itapocu. Foi sepultado no cemitério evangélico do Bananal. Existe uma lápide com seu nome no cemitério lado B na Rua Procópio Gomes de Jaraguá do Sul junto as lápides de Maria Joana Suerdick, e outros filhos como Eduardo, Hedwig, Alice dos Santos Schulz e esposo. Há neste mesmo local também uma lápide em homenagem ao pai imigrante Peter Möller esposo de Maria Joana Suerdick.

 4- Anna Thereze nasceu em 22.8.1884 em Osnabrik e foi confirmada em 27.5.1912 na Igreja Evangélica luterana de Itapocuzinho I com seus irmãos Otto, Peter, Hugo e Ludwig. Casou-se com Karl Hoering em 19 de março de 1904. Tiveram uma filha de nome Hedwig que nasceu em 29.9. 1908. Hedwig faleceu em um acidente de carro (talvez uma carroça?) na casa da avó materna em 5.12.1924.9 5-

   5- Ludwig (Ludovico)Ernd Carl nasceu 9.7.1886 em Osnabrik foi confirmado em 27.5.1912 na Igreja Evangélica luterana de Itapocuzinho I com seus irmãos Otto, Peter,Hugo e Anna Thereze. Casamento civil em 24 de agosto de 1912, aos 26 anos, era lavrador. Casou-se com Augusta Adam filha de Johann/ João Adam e Auguste Rückert, residentes também na Estrada Itapocú10. O escrivão do casamento civil foi Venâncio da Silva Porto auxiliado pelo intérprete juramentado Victor Rosenberg e o Juiz de Paz foi Leopoldo Jansen. Ludovico faleceu em Corupá em 8 de fevereiro de 1960 (Cartório de Corupá livro n.4 181/182 n° 2.500,Family Search).

6- Alma Doroteia Möller nasceu aproximadamente em 1887 na Alemanha possivelmente também em Osnabrik. Ela se casou aos 20 anos, em 11 de maio de 1907 em Jaraguá do Sul com Antonio Alberto Grubba nascido em 1884 em Polchau Alemanha, filho de Jose Grubba e Bertha Schwabe. As testemunhas foram o irmão da noiva Ludwig de 21 anos e Guilherme Speter de 26 anos. O Juiz de Paz e Casamentos foi Luiz Henrique Piazera e o escrivão Venâncio da Silva Porto. Note-se que o noivo Antonio Alberto Grubba assinou sofrivelmente seu nome, a noiva e seu irmão Ludwig assinaram seu nome legível dando indícios que dominavam a escrita (Registro Civil Jaraguá do Sul 1904 1909, 083 versos n.110, Family Search). O casal faleceu e foi sepultado em São Francisco do Sul.

 7- Bertha Möller nasceu por volta de 1899 em Jaraguá. Casou-se com Otto Schultz em Jaraguá do Sul ainda não se sabe a data, sendo que mais tarde foram morar em Curitiba. Tinha 40 anos de idade por ocasião do casamento de seu filho nesta cidade no dia 27 de dezembro de 1941 e o esposo Otto tinha 41 anos de idade. Portanto seu nascimento deve ter sido um pouco antes da morte do pai em 1901. O nome do filho era Germano Schultz pedreiro nascido em Jaraguá do Sul, Santa Catarina no dia 28 de setembro de 1920. 

 7- Else Möller foi madrinha de sua sobrinha Adele Möller filha de seu irmão Pedro Möller em novembro de 1910. Ela nasceu em 14 de janeiro de 1891 em Joinville e faleceu em 17 de junho de 1966. Foi trabalhar como doméstica na cidade de São Paulo. Lá casou se em primeiras núpcias com Rudolfo Augusto dos Santos tendo 3 filhos. Rudolfo faleceu em 16 de dezembro de 1919 em São Paulo. Após o falecimento do esposo, Else retornou a Jaraguá do Sul passando a morar em uma pequena casa perto do centro da cidade onde costurava para sustentar os filhos. (Hertel, Walter Carlos,2022)

    Os filhos do primeiro casamento foram: - Alberto dos Santos nascido em 23 de maio de 1913 e falecido em 24.8.1981 

 -Alice dos Santos nascida em 11 de novembro de 1914, casou-se com Wilhelm Schulz Junior. Alice fez o comunicado de óbito de sua avó Maria Joana Suerdick. Faleceu em 17 de julho de 2009 e está sepultada em Jaraguá do Sul cemitério central lado B na Rua Procópio Gomes.

 -Else dos Santos nascida em 22.12.1917, falecida aos 4 anos em 4 de agosto de 1921. (dados extraídos do registro civil e Billion Graves do Cemiterio lado B na Rua Procópio Gomes, Jaraguá do Sul.)

    Else se casou em segundas núpcias em 5 de agosto de 1922 com Walter Hertel relojoeiro procedente de Blumenau nascido em 22.2.1889 e falecido em 12 de dezembro de 1960. (dados dos registros de casamentos e óbitos Jaraguá do Sul disponível no Family Search.) -Do segundo casamento teve apenas um filho que nasceu em 1923, Walter Carlos Hertel que deu continuidade a relojoaria de seu pai e Ótica em Jaraguá do Sul. Foi expedicionário na 2° guerra mundial. Walter Hertel o filho relata em seu livro de memórias que Else sua mãe costurava vestidos de casamento. Assim ela e o marido tiveram sucesso nos negócios pois na loja de seu pai as noivas adquiriam o enxoval completo: as alianças, o vestido de noiva e das damas. (Hertel, Walter Carlos,2022)

 8- Eduardo nascido em 14 de fevereiro de 1893 e falecido em 25 de dezembro de 1941.Faleceu com 48 anos, era solteiro e morava na Estrada Itapocu na casa e terreno adquirido por seu pai. Faleceu de câncer de laringe conforme registro de óbito.

 9- Hedwig nasceu em 27 de setembro de 1898 se casou com Maximiliano (MAX) Hindelmeyer em 6 de setembro de 1939. Na ocasião do casamento ela tinha 40 anos. Foi o segundo casamento de Max, que era viúvo e já tinha filhos. Era industrial, sendo que o casamento foi em regime de separação de bens conforme consta no registro civil. Hedwig que ainda era solteira quando a mãe faleceu em 1936, ficou residindo na casa original do imigrante, e consta que foi ela que vendeu a casa e o terreno.11 O esposo Max faleceu em 24 de maio de 1963. Hedwig faleceu em 22 de janeiro de 1978 e está sepultada no cemitério lado B na Avenida Procópio Gomes, outrora chamado de cemitério luterano no centro de Jaraguá do Sul. 

Filhos de Pedro Möller e Mathilde nascida Müller

1-Roberto Nasceu em 13.2.1907 e faleceu em 29.11.1988 (reg. 1.12 1988 C 16, 249 Verso)) casou-se com Frida Krohn *4-5-1913 + 24 7 1979.Casaram em 11-07-1936 em Guaramirim. Testemunhas :Germano Möller ferreiro solteiro de Mafra e Alberto Krohn. Por ocasião do casamento foi registrado que os pais de Roberto residiam no Paraná em local ignorado. Roberto viveu boa parte de sua vida na casa da avó paterna na Estrada Itapocu em Jaraguá do Sul. Foi o único descendente que permaneceu morando e lavrando uma pequena fração do terreno original adquirido por Peter Möller,do Domínio Dona Francisca. 

 2- Alberto nasceu em 12 de maio de 1912 na localidade de Ribeirão Grande sendo o quarto filho do casal. Foi testemunha do casamento de sua irmã Ignes. 

 3-Eduardo nasceu em 30 de março de 1919. Casou-se em 17 de outubro de 1942 com Erna Krohn nascida em 25 de abril de 1917 e irmã de Frida Krohn esposa de Roberto Möller.

 4-Augusta casou com jovem de sobrenome Rosa12 morou em muitos lugares, depois que ficou viúva foi para Joinville onde faleceu. Cuidou dos pais que faleceram no estado do Paraná. Segundo o registro de casamento dos demais filhos, constava a informação de que Pedro e Matilde residiam em um lugar denominado São João no Paraná.

5-Adele casou com um jovem de sobrenome Krause   (sem informações do primeiro nome) viveu e faleceu em Schroeder

6-Maria não foram localizados registros desta pessoa,apenas informação oral de sua existencia

7-Ignes nasceu em 27 de maio de 1915.  Casou-se com Adolfo Karsten em 20 de fevereiro de 1937 em Guaramirim, ambos os noivos moravam em Schroeder. Neste registro menciona que os pais da noiva residiam em São João no Paraná. Uma das testemunhas era Alberto Möller irmão da noiva. Segundo relatos orais faleceu após uma chifrada de um touro. 

8- Conrado sem informações.

FILHOS DE ROBERTO MÖLLER E FRIDA KROHN

-Bernardo João,

-Veronica, 

-Alvino apelidado de Vino 

-Mario todos falecidos. 

-Anita nascida em 1953 é a única filha viva e reside em Jaraguá do Sul. 

REFERENCIAS E FONTE DE DADOS

1.HERTEL,Walter Carlos.  Diários da Segunda Guerra Guerra Mundial. Jaraguá do Sul:Design Editora. Organizado por Dionara Radünz Bard. 198p.

2.- ENTREVISTAS via telefone com Anita Möller filha de Roberto Möller, neta do imigrante  Pedro Möller e bisneta do casal imigrante  Peter Möller e Maria Joana Suerdick 

3.-Registro Civil de Casamentos de Jaraguá do Sul disponível em https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HT-61BY-MQ?owc=MXYP-4MH%3A338870801%2C338870802%3Fcc%3D2016197&cc=2016197&personaUrl=%2Fark%3A%2F61903%2F1%3A1%3AHH8B-TH6Z Acesso março de 2023

4.-Registro civil de casamentos de Guaramirim em diferentes datas. Disponível em https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HT-61BY-MQ?owc=MXYP-P2S%3A339082901%3Fcc%3D2016197&cc=2016197&personaUrl=%2Fark%3A%2F61903%2F1%3A1%3AHH8B-TH6Z. Acesso em março 2023.

5.-Registro Civil de Nascimentos de Jaraguá do Sul disponível em: 

https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HT-61BY-MQ?owc=MXYP-4MH%3A338870801%2C338870802%3Fcc%3D2016197&cc=2016197&personaUrl=%2Fark%3A%2F61903%2F1%3A1%3AHH8B-TH6Z Acesso março de 2023

6.-Registro civil de óbitos de Jaraguá do Sul disponível em :

https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HT-61BY-MQ?owc=MXYP-4MH%3A338870801%2C338870802%3Fcc%3D2016197&cc=2016197&personaUrl=%2Fark%3A%2F61903%2F1%3A1%3AHH8B-TH6Z Acesso março de 2023

7.registro civil de óbitos de Guaramirim em diferentes datas disponível em https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HT-61BY-MQ?owc=MXYP-P2S%3A339082901%3Fcc%3D2016197&cc=2016197&personaUrl=%2Fark%3A%2F61903%2F1%3A1%3AHH8B-TH6Z. Acesso em março 2023.

8.-Registro Civil de Nascimentos de Mafra. Disponivel em: 

https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HT-61BY-MQ?owc=MXYL-T6D%3A338285001%2C338285002%3Fcc%3D2016197&cc=2016197&personaUrl=%2Fark%3A%2F61903%2F1%3A1%3AHH8B-TH6Z Acesso março de 2023

9.-Registro civil de óbitos de Mafra. Disponivel em:  

https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HT-61BY-MQ?owc=MXYL-T6D%3A338285001%2C338285002%3Fcc%3D2016197&cc=2016197&personaUrl=%2Fark%3A%2F61903%2F1%3A1%3AHH8B-TH6Z Acesso março de 2023

-Registro de famílias da Igreja Luterana de Mafra 

https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HT-61BY-MQ?owc=MXYL-T6D%3A338285001%2C338285002%3Fcc%3D2016197&cc=2016197&personaUrl=%2Fark%3A%2F61903%2F1%3A1%3AHH8B-TH6Z Acesso março de 2023

10.Billion Graves. Tumulo Família Möller. Disponível em  https://pt.billiongraves.com/grave/M-Johanna-M%C3%B6ller-Suerdick/25444677. Acesso em 27.3.2024

11.LIVRO DE REGISTRO DE CONFIRMAÇÕES DA IGREJA EVANGÉLICO LUTERANA DE JARAGUÁ DO SUL 1907-1941. Livro consultado na secretaria da Igreja Evangélico Lutarana Centro de Jaraguá do Sul.


ANEXOS

Anexo I

Em uma casa túmulo no cemitério lado B antigo  do centro de Jaraguá do Sul na Rua Procópio Gomes fotografado pelo Biliongraves constam  as placas de 

1-M. Joana Suerdick *19.6.1852 +25.08.1936

2- Hedwig Möller Hindelmayer, 22 Sep 1898 - 22 Jan 1978

 3-Eduardo Möller 14.2.1893 + 25.12.1941

4-Hugo Möller sem datas  

5-Peter Möller sem datas. Peter Möller o imigrante esposo de Maria Joana Suerdick faleceu em 1901 e foi sepultado no cemitério do Bananal citado acima

6-Wilhelm Schulz Junior *19.12.1912 +20.7.1964

7-Alice dos Santos Schulz *11.11.1914 +30.7.2009

8-Astrid Liane Schulz *01.07. 1944 + 23.08.2005

ANEXOS

Anexo I





Em uma casa túmulo no cemitério lado B antigo  do centro de Jaraguá do Sul na Rua Procópio Gomes fotografado pelo Biliongraves constam  as placas de 1-M. Joana Suerdick *19.6.1852 +25.08.1936

2- Hedwig Möller Hindelmayer, 22 Sep 1898 - 22 Jan 1978

 3-Eduardo Möller 14.2.1893 + 25.12.1941

4-Hugo Möller sem datas  

5-Peter Möller sem datas. Peter Möller o imigrante esposo de Maria Joana Suerdick faleceu em 1901 e foi sepultado no cemitério do Bananal citado acima

6-Wilhelm Schulz Junior *19.12.1912 +20.7.1964

7-Alice dos Santos Schulz *11.11.1914 +30.7.2009

8-Astrid Liane Schulz *01.07. 1944 + 23.08.2005

Anexo II


Em meio a este bosque se situavam a casa e os ranchos de Roberto Möller

Credito da Foto feita em 2023 de Astrid Eggert Boehs

Na primeira fila do lado do direito do Pastor  a terceira  jovem é Anita Möller filha de roberto Möller neta de Pedro Möller e bisneta de Peter Möller e Maria Joana Suerdick

Observações adicionais

 Bananal era o antigo nome de Guaramirim. Este cemitério estava situado no local onde atualmente está a Casa Paroquial e Salão Paroquial da Igreja Luterana de Guaramirim. O cemitério foi desativado em 1938 e destruído pela Lei Municipal n° 40 de 14 de dezembro de 1950 assinada pelo prefeito de Guaramirim Bruno Manke Junior.  Foi dado o prazo de 1 ano para as famílias realizarem o translado dos corpos para o cemitério municipal. A destruição foi feita em 1952 contrariando muitas famílias da comunidade, sendo que grande parte não fez ou não puderam fazer o translado dos corpos para o cemitério municipal. Neste cemitério estavam sepultados todos os imigrantes luteranos que povoaram a localidade de Itapocuzinho atual bairro dos imigrantes em Guaramirim e atuais bairros Centenario e Vieras em Jaraguá do Sul. O cemitério dos imigrantes católicos desta região também foi destruído na mesma época. (Depoimentos orais feito para a autora.) 

  De acordo com dados orais Maria Joana residia na casa e terreno comprado pelo imigrante Peter Möller

  O exame confirmatório é feito antes da cerimônia da confirmação sob a vigilância dos pais. Neste exame o confirmando precisa dominar os principais princípios da igreja evangélica constantes na bíblia. Para isto a pessoa precisa estar alfabetizada. 

  No registro de casamento dos filhos Pedro e Hedwig o nome de Maria Joana  aparece como Maria Elizabeth.

Importante não confundir os nomes. Há dados sobre a família de Peter Möller na plataforma do Family Search no qual se escreve erroneamente   Mueller 













domingo, 17 de março de 2024



 

FAMILIA EGGERT
JOHANN HEINRICH EGGERT E DOROTHEA LOUISE TESSMANN/TESSMER

 Astrid Eggert Boehs[1]

 

Sumário

1-   A história desta pesquisa

2-  Introdução

3-  Terra de origem

4-  A nova pátria: Joinville

4.1 Friderike Eggert

4.2 Auguste Eggert

4.3 Berta Eggert

4.4 O casamento de Carl Eggert

4.5 O casamento de Gustav Eggert

4.6 O ano de 1891: mudanças à vista 

5-  Em Jaraguá, Itapocuzinho/Bananal

5.1 Os filhos de Gustavo
5.2 Os filhos de Carl
 

6-A História de Emil Eggert e Emma Friedemann

6.1 A vida adulta dos filhos de Emil e Emma

7- Tempos depois lembranças da casa de Emil

8-Na casa de Alitor Eggert

9- Os reencontros 

 

Esquecer os ancestrais é como ser um riacho sem nascente, uma árvore sem raízes. Provérbio chines


1- A história desta pesquisa
Em 1982, realizei uma pesquisa sobre os descendentes de Johann e Luize Eggert e escrevi um pequeno texto que circulou entre alguns parentes. Depois fiz um livro que foi lançado com uma pequena cerimonia no Museu Histórico Emilio da Silva em Jaraguá do Sul no ano de 2003.
Após este evento realizei uma viagem junto com meu esposo e a prima Mariane Eggert para a região da Pomerania em 2008. Novas descobertas foram feitas nestes anos, de modo que apresento aqui a versão do livro revisada com a introdução de novas descobertas sobre a vinda da família e correção de um lugar de nascimento. Também sobre a descendência das irmãs que permaneceram em Joinville.
Como autora deste estudo, sou filha de Alitor Eggert neto de Carl Eggert, portanto, tataraneta de Johann Heinrich Eggert e bisneta de Carl. Cresci nas terras que Carl Eggert adquiriu quando se instalou, em 1892, na então localidade de Itapocuzinho I, hoje limite entre os municípios de Guaramirim e Jaraguá do Sul, por conseguinte, nos primórdios da formação dos mesmos. Parte deste terreno abriga a Empresa Weg e uma pequena parte ainda está com a familia.
Passei minha infância ouvindo meu avô Emil, meu pai e meu tio Oscar falando de Carl Eggert. Muitas vezes, mostravam certas árvores e diziam: “estas foram plantadas por meu pai”, “aqui, meu pai já tinha feito uma roça”. Lembro também, da foto de Carl morto no caixão, pendurada no quarto do meu avô. Estes detalhes foram instigando – me a buscar mais detalhes sobre a história da família.
Assim, em 1982, quando eu já estava distante deste meio, residindo  em Florianópolis, foi a morte trágica dos meus tios Emílio e Nilda, os quais residiam em uma das partes do terreno original da família, que me fez buscar dados e escrever a história, pois eu temia que esta parte daquele lugar encantado, onde estavam nossas raízes, poderia desaparecer, e o que em parte já aconteceu.
O meu estudo começou tendo, como a principal fonte de dados, meu pai Alitor e o tio Oscar. Com os principais nomes e algumas datas específicas, fui ao Arquivo Histórico em Joinville, depois consultei os livros da Igreja Evangélica Luterana em Pirabeiraba, local em que se encontravam[2]  os livros da Paróquia da Estrada da Ilha. Consultei também os livros de registro da Paróquia do Centro da Igreja Luterana de Joinville, da Paróquia da Igreja Luterana de Guaramirim e Jaraguá do Sul e Cartório em Jaraguá do Sul.
Auxiliada por meu pai, entrei em contato com parentes que não conhecia, como Hedwig, a filha de Gustav Eggert, e Matilde Grun, filha de Helene, portanto neta de Carl, que se constituíram em fontes valiosas por me revelarem aspectos do cotidiano destes dois pioneiros, detalhes que incluíam o modo de ser e agir. Em muitos momentos, usei os detalhes de minha própria memória, aquilo que tinha ouvido na infância, checando-as novamente e procurando detalhes com o tio Oscar ou com meu pai. Fotografias foram resgatadas, e sempre, acompanhada por meu pai, visitei cemitérios para ver os túmulos daquelas pessoas que na medida que ouvia falar delas, passavam a ter vida na minha imaginação.
Em 1982, quando ainda não dispúnhamos de computadores, minhas irmãs, Roseli e Gisela, datilografaram o trabalho, mas também envolvi minhas outras irmãs como a Renita, que, por residir mais perto das fontes de dados sempre procurava um dado de última hora. Ainda escrevi para parentes que eu nem conhecia e descobri na lista telefônica como foi o caso de Afonso Eggert em Joinville que me auxiliou nos dados dos descendentes de Gustav.
É importante enfatizar que, nas pesquisas realizadas nos Livros de Atas, Batismos, Casamentos, da Igreja de Pirabeirada, município de Joinville, encontrei outros integrantes da Família Eggert que eram mencionados como padrinhos de casamento e batismos e que eu não conseguia identificar. Posteriormente após o lançamento do livro consegui saber quem eram estes integrantes da família, mas sem ligação com nossa família. Isto mostra que a história é dinâmica, novas descobertas nos fazem corrigir, elucidar ampliar os conhecimentos.

Este texto escrito em 1982, reescrito em 2002 e publicado em 2003, foi revisto  em 2023 utilizando fontes dos registros civis digitalizados, com novas informações recolhidas ao longo do tempo.

2-Introdução
A vida familiar pode ser comparada a uma grande corrente na qual cada elo representa uma geração. Este elo simboliza um importante papel, embora pequeno, se olharmos a corrente como um todo. Normalmente, vivemos a nossa vida pensando apenas em nosso elo, sem avaliar a importância dos anteriores e posteriores, isto é, não avaliamos a importância que as gerações anteriores desempenham em nossa vida e nem a importância da nossa vida nas gerações futuras.

 Na Família de Johann Heinrich Eggert e sua esposa Dorothea a decisão de emigrar partiu provavelmente de Frederike e seu esposo August Klug que chegaram em Joinville em 1865 trazendo também a sua irmã a menina Bertha de apenas sete anos. No ano seguinte vieram os pais e os demais filhos Carl, Auguste, Gustav e Emilie. Esta grande viagem foi um destes elos significativos na corrente da família. Foi deles a importante decisão de emigrar ao Brasil, proporcionando-nos um destino diferente, uma vida no Brasil e não na Alemanha.

Normalmente, conhecemos a história de uma dinastia na França, mas não conhecemos a história de nossa própria família, por isto, não nos valorizamos, não valorizamos nossos ancestrais e nem a futura vida dos nossos descendentes. Isto acontece, porque o meio em que vivemos, não valoriza o trabalho e a história do homem comum, apenas a história dos que governam, esta sim é ensinada nas escolas e escrita nos livros.
Os homens e as mulheres comuns gastam a vida fazendo o trabalho pesado e árduo, e são eles e elas que verdadeiramente constroem um país. Por esta razão, sua história merece ser conhecida e transmitida através das gerações, e isto poderá acontecer se as próprias famílias buscarem um pouco mais suas histórias.
Imbuída deste pensamento, resolvi estudar a história da Família de Johann Heinrich Eggert e Dorothea Luise Tessmann. Esta história começa na Pomerânia no século XIX   a viagem para o Brasil e sua vida aqui na terra brasileira até a segunda geração e alguns dados da terceira geração.  Esta obra tem como objetivo ser   um subsídio para encontros de família, para as histórias que podem ser contadas às crianças e aos jovens contribuindo para compreender de onde vieram e se identificar dentro de sua própria história.

Sobre o significado do nome Eggert este aparece primeiramente em terras germânicas na idade media por volta de 1300 como primeiro nome, de um tal Meister Eckart. Significando forte, duro,canto (ecke). Variantes do nome Eggert são Eckhardt,Eckert, Eckart. Como nome de família começa a aparecer por volta de 1500 em diante em terras germânicas.


3-Terra de Origem
A Alemanha, antes de sua unificação em 1871, era formada pequenos e grandes reinos independentes entre si.  Após a revolução de 1848, começaram várias disputas com a finalidade de unir os seus inúmeros pequenos estados. Várias guerras se sucederam, o povo do campo e da cidade sofria privações.
Da América procedia a propaganda de um mundo maravilhoso, um lugar onde os indivíduos teriam oportunidade de tornarem - se proprietários de terras e enriquecerem. Assim, muitas pessoas optaram pela emigração.
A Pomerânia, nesta época, uma província da Prússia, era limitada a oeste por Mecklemburgo, ao sul por Brandeburgo, a leste pela Prússia Ocidental e ao norte pelo Mar Báltico. Era um dos territórios mais baixos da Alemanha, com uma temperatura média de 8ºC. Constitui-se em uma área cercada pelo mar. Os produtos agrícolas mais importantes consistiam no centeio, cevada e batatas. Entre as plantas para fins industriais, cabe mencionar o cânhamo, tabaco e o lúpulo. Como a Pomerânia era constituída de grandes latifúndios a terra estava concentrada nas mãos dos nobres e ricos; os camponeses apenas trabalhavam nestas terras, em um regime de servidão feudal, em condições miseráveis. Com a libertação dos servos que começou na Pomerânia Ocidental a partir de 1806 os agricultores passaram a trabalhar na condição de diaristas para os donos dos latifúndios.  O trabalho era sazonal, isto é, próprio de uma época do ano, provavelmente no verão, que havia trabalho na plantação e colheita.
A Pomerânia nesta época, era dividida em três   distritos governamentais:  Stettin, e Köslin na Pomerânia Oriental que está situada na parte oriental do Rio Oder, e que atualmente pertence à Polônia (Hinterpommern), e Stralsun na Pomerânia Ocidental, na parte ocidental do rio mencionado (Vorpommern) que integra a Alemanha. O distrito governamental de Köslin, apresentava-se subdividido em treze distritos menores, em média de 600 habitantes cada um.
De acordo com Granzow (2009), referindo-se à Pomerânia Oriental, local de onde vieram nossos antepassados, naquela época, integrava a Prússia. A emigração dos alemães não era muito bem aceita pelos governantes, já que estavam perdendo muitos trabalhadores. Este autor salienta que Otto Bismark após 1870 quando a Alemanha foi unificada e se tornou Chanceler, fez uma declaração sobre aqueles que estavam emigrando: “Um alemão que se despe de sua pátria como se despe de uma roupa velha, não é mais um alemão para mim, não tenho mais interesses patrióticos para com ele”. Daí as leis que se seguiram dificultando qualquer alemão emigrado ou seus descendentes de reaverem a cidadania alemã.

Somente a partir de 1859, os pomeranos receberam autorização para emigrar, razão pela qual, a emigração dos pomeranos ocorre da década de 1860 em diante. Ainda segundo Granzow (2009), a escolha do destino à América do Norte ou do Sul, se fazia na maioria não de acordo com os interesses dos alemães, e sim dos Agentes das Companhias que arregimentavam os migrantes com sua propaganda. Refere – se ao fato de que esta propaganda mostrava a possibilidade de serem proprietários de terras com independência. Isto era particularmente atrativo, já que grande parte dos pomeranos eram pobres trabalhadores agrários de vários tipos: trabalhadores nômades pagos por dia de trabalho, servos, às vezes pequenos proprietários. No entanto, a maioria das famílias trabalhava e dependia dos propritários dos latifúndios que eram comuns na Pomerânia (Hinterpommern). Ressalta ainda que os locais de nascimento dos Pomeranos no Brasil são: aldeias ou localidades pequenas (Dörfer) das cidades (Kreisen) de Köslin, Kolberg, Regenwalde, Belgard,Greifenberg, Schiebelbein, Neusstetin entre outros.
Assim, segundo registros de imigração e da igreja evangélica luterana, foi na aldeia de Moltow, no distrito governamental de Köslin, que viviam Johann Heinrich e Dorothea Luise Eggert nascida Tessmann, quando nasceu a 04 de maio de 1851, um de seus filhos mais velhos Carl  Friedrich Ferdinand. Johann o pai, era “landmann” e, presume-se que não possuia terras, sendo também um trabalhador agrário nômade, trabalhando sempre em lugares diferentes. Isto, pode ser deduzido pois os outros filhos de Johann nasceram em lugares diferentes, porém, próximos. Como pode ser observado no quadro a seguir.

 

Nome

Local de nascimento

Data do nascimento

Frederike Wilhelmine Luize

Fritzow (Wrzosowo)

1844

Suposto Wilhelm

Provável Fritzow

Suposta data 1846 / 1847

Carl  Friedrich Ferdinand

Moltow (Moltowo)

4-5-1851

Auguste Wilhelmine Luise

Ramelow  ( Ramlewo)

5-4-1855

Bertha Henriette Auguste

Ramelow (Ramlewo)

1858

Johann Gustav Carl 

Gross Jestin (atual Góscino)

24-8-1860

Emilie

 Gross Jestin

Janeiro 1866

Moltowo e Ramlewo são atualmente duas aldeias que pertencem ao distrito de Góscino no município de Kolberg/Kolobrzeg uma cidade turística a beira do mar Báltico.

Na época do nascimento de Carl, presume-se que o pai Johann Heinrich trabalhava para a Família Braunschweig que tinha ali em Moltow o seu feudo. Esta família era muito rica e possuía um Palácio na cidade de Kolberg distante a 15 kms de Moltow, e que é um museu na atualidade.

 


 O casal ainda tinha um outro filho, chamado supostamente de Wilhelm, provavelmente segundo mais velho, do qual nós temos informações apenas na história oral. Este filho provavelmente nasceu em 1848, considerando que as mulheres tinham filhos num espaço de 2 a 3 anos.
Em 1865 a filha mais velha Friderike já casada com August Klug e a irmã Berta então com apenas 7 anos de idade viajaram ao Brasil no navio Franklin de acordo com a lista de passageiros em Hamburgo e a lista de chegada. (BÖBEL, SANTIAGO, 2001). Zarparam de Hamburgo no veleiro Franklin em 10 de outubro de 1865 chegando no Porto de São Francisco em 12 de dezembro deste ano. Ventos contrários fizeram com que ele se detivesse por muitos dias no Mar do Norte além de 21 dias no temido canal da Mancha. No Kolonie Zeitung de 23 de dezembro de 1865 consta a notícia da chegada dos imigrantes: A barca Franklin sob o comando do Capitão Fend chegou sã e salva com 191 passageiros após 66 dias de viagem com 191 passageiros. Deste 142 foram destinados a permanecer na Colônia Dona Francisca e 49 para a Colônia de Blumenau. Uma criança de meio ano faleceu durante a viagem. Os recém-chegados a Colônia Francisca eram 106 adultos, 32 crianças e 3 lactentes. A maioria 122 eram da Prússia sendo assim a maioria era também protestant. Observando-se a lista de passageiros é possível verificar que apesar de muitas famílias terem procedência da Pomerania oriental, apenas August Klug e esposa e cunhada vinham de Gross Jestin. (BÖBEL 2001 p. 420.)
No ano seguinte 1866, o casal Johann Heinrich e sua esposa e 4 filhos incluído a mais nova Emilie com 4 meses viajaram em direção a Hamburgo, após se desfazer de seus pertences. Conforme Granzow (s/d) era o caminho trilhado pelos pomeranos, facilitado pelo fato de que havia já uma estrada férrea da Pomerânia para Berlin e de Berlin para Hamburgo inaugurada alguns anos antes.

Ainda existe uma versão na relatada na família, de que viajaram até Hamburgo com 5 filhos, mas chegando lá Wilhelm resolveu que não acompanharia seus pais ao Brasil e rumaria sozinho aos Estados Unidos, sendo que a família nunca mais teve notícias dele. O restante da família partiu de Hamburgo em 14 de maio de 1866, chegando a Joinville em 03 de setembro de 1866 na barca Najade, sob o comando do Capitão Maalz.
De acordo com o Livro de Registros da Entrada dos Imigrantes do Arquivo Histórico de Joinville, desembarcaram: Louise e Johann que se encontravam ambos no desembarque com 43 anos, seu filho mais velho Carl com 15 anos, Auguste com 11 anos, Gustav com 5 e Emilie sua filha mais nova com apenas 4 meses de idade. Tanto na saída como na entrada em Joinville, o nome das pessoas e as idades eram os mesmos. Não se fazia um novo registro da entrada, apenas era conferido os dados e registrados posteriormente em um caderno. Apenas no caso de morte no navio isto era comunicado. No caso de Emilie, ela deve ter falecido logo após o desembarque pois não há registro posterior confirmando sua existência e nem registro de óbito no navio.

Encerra-se assim a trajetória da família na Alemanha, onde deixavam suas raízes para encarar um novo mundo que legaram para todos os seus descendentes. Importante considerar o valor das decisões provavelmente tomadas pelo jovem casal August Klug e Frederike Eggert que devem ter convencido o casal já quase idoso Johann e Louise a tomarem esta decisão. O real motivo sempre lembrado na família é que a decisão foi fugir do serviço militar do filho Carl   e ter que prestar serviço na guerra.

Há lacunas que até hoje não foram respondidas, ou seja, a do segundo filho, o suposto Wilhelm e ainda outra versão da emigração que meu avô Emilio portanto filho de Carl contava a seus filhos: que Carl  veio sozinho com amigos antes da família. Desembarcaram primeiramente na Bahia onde não lhe agradou o lugar, vindo depois para Joinville. Os registros mostraram que esta narrativa não se sustenta, talvez tenha havido confusão com a vinda no ano anterior de August, Frederike e Bertha.  Provável a história sobre Wilhelm também tenha se transformado em um mito na família sobre sua viagem aos Estados Unidos que até o momento deste escrito não há comprovação de registro.

Hoje estes lugares deixados por nossos antepassados pertencem a Polônia, em virtude de que após a segunda guerra mundial, a denominada o território da Pomerânia oriental foi devolvida para os poloneses como dívida de guerra. Esta foi sempre uma zona de litígio e por isto, lá hoje só vivem poloneses, uma vez que todos os alemães foram evacuados da região.
Moltow (Moltowo), Fritzow (
Wrzosowo), Gross Jestin (Goscino) são pequenas aldeias rurais que pertencem a cidade de Kolberg (Kolozobreg) e Ramelow  (Ramlewo) pertence a pequena cidade de Carlino. Todas são aldeias que tem igrejas construídas na idade e se conservam até hoje. Estas igrejas que eram católicas depois se tornaram evangélicas luteranas sendo que depois de 1945 se transformaram em igrejas católicas novamente com a chegada dos poloneses.

4-A Nova Pátria

Na chegada do Navio Najade não consta nenhum acontecimento relevante na imprensa de Joinville. Mas é possível enfatizar que outra família também veio no mesmo navio da localidade de Gross Jestin, trata-se da família Berndt um jovem casal: Friedrich de 28 anos, Johanna de 27 e o filho Wilhelm de 1 ano de idade.  Um total de 99 passageiros do Najade seguiram para Itajai onde desembarcaram seguindo para Blumenau e posteriormente para a colônia Rio do Texto futura Pomerode. Grande parte das famílias deste navio vinham da Pomerânia das localidades de Regenwalde.
Segundo Ficker (1965), em 1865, foi realizado em Joinville um levantamento da situação da colonização. Verificou-se que havia 4.275 habitantes, e que nasceram naquele ano, 184 crianças e faleceram 87 pessoas. Existiam, até dezembro, na zona rural, 25 arados e 112 carros de quatro rodas, 827 vacas leiteiras e 400 cavalos.
Ainda de acordo com este autor, em dezembro, foram realizados os exames escolares na presença das principais autoridades da colônia. Foram examinados 115 alunos do Colégio Público para rapazes e 101 alunas do Liceu para meninas. Em seguida, foram examinados os 109 alunos da localidade de Annaburg, sendo que os últimos estabelecimentos a serem visitados foram o de Pedreira, com 32 alunos, e a Escola Particular da Inselstrasse (Estrada da Ilha) sob a direção do Pastor Feynauer com 44 alunos.

O ano de 1866 foi marcado por vários acontecimentos relevantes para a história de Joinville. De acordo com Ficker (1965), em fevereiro a costa de Santa Catarina foi castigada por forte temporal seguida de intensas chuvas. Joinville estava em vias de tornar-se independente de São Francisco do Sul. A 22 de maio era inaugurada a Usina de Açúcar na localidade Pedreira que hoje é denominada de Pirabeiraba as margens do rio Cubatão.  Ainda de acordo com este autor, o cenário que se apresentava na região de Pedreira era de grandes áreas desmatadas e transformadas em pastos, plantações de cana de açúcar que se estendiam ao longo do rio, e a serra azulada com suas florestas virgens ao fundo. A chaminé alta da usina, dava um aspecto fabril nesta paisagem.

 Depois da chegada do Barco Franklin em dezembro de 1865, que trouxe August Klug e sua esposa Frederike Eggert grávida com sua irmã a menina Bertha, no anos seguinte apenas dois barcos aportaram em São Francisco trazendo no total 214 imigrantes. Um deles era o Najade no qual estavam os outros integrantes da família Eggert que foram alocados no norte da colônia na localidade da Estrada da Ilha.

 A Estrada da Ilha se constitui em um lugar privilegiado para a agricultura, é uma área extensa com terras férteis, totalmente plana, no qual de todos os ângulos se visualiza ao longe as montanhas azuis. No entanto no início da colonização este lugar estava sujeito a enchentes o que somente muitos anos mais tarde foi resolvido com obras de contenção.
A Comunidade Luterana da Estrada da Ilha, foi fundada em 1862 e a Casa de Oração foi inaugurada em 1864. O Pastor Feynauer veio para assumir o pastorado na Estrada da Ilha em 1864 por solicitação dos próprios colonos e permaneceu na localidade até 1883.

A família Eggert na chegada a Colônia Dona Francisca foi recebida pelas filhas Bertha de 7 anos, Frederike com esposo Augusto Klug e a filhinha Emilie que nasceu em janeiro. Certamente tinham muitas novidades para contar pois já estavam se acostumando depois de 9 meses. Portanto quando chegaram já havia uma parte da família que podia ajudar na integração a esta nova Pátria onde ainda reinava o Imperador D. Pedro II. Um Brasil prestes a entrar na Guerra do Paraguai, e uma Santa Catarina cuja capital era Desterro. Já havia outras colônias em formação com imigrantes alemães como Blumenau, Brusque, São Pedro de Alcântara, Teresópolis, Santa Isabel.

O casal Johann Heinrich e Luise já era um casal maduro enfrentando um novo país e ao mesmo tempo já vendo a experiencia de acolher os primeiros netos, mas tendo ainda crianças pequenas.  Na descrição sobre a vida de cada filho podemos acompanhar a vida desta família.

4.1 Frederike Eggert: 5-11-1844; + 2-9-1891

Frederike era a filha mais velha de Johann Heinrich Eggert e Luize Tessmer . Ela nasceu em Fritzow, Kolberg Körlin, Pomerania. C asou com August Cristian Friedrich Klug nascido em 13 de março de 1839 em Lustebuhr também pertencente a Kolberg-Körlin, Pomerania oriental.

Ela veio para a  Colonia Dona Francisca junto com o esposo e a irmã Bertha meio ano antes dos pais e irmãos. Ela já veio casada e estava grávida quando embarcou no navio Franklin em 10 de 0utubro de 1865 chegando em Joinville um pouco antes do Natal em 16 de dezembro em pleno calor do verão. Logo em janeiro dia 28 nasceu sua filha Emilie, talvez tenha nascido no barracão dos imigrantes.  Se instalaram na Estrada da Ilha e tiveram nove filhos.

Frederike faleceu com 46 anos em 2 de setembro de 1891 a causa morte foi Influenza sendo sepultada no cemitério da Estrada da Ilha. Nesta data seus pais ainda viviam na Estrada da Ilha e o irmão Carl estava tomando providencias para mudança a colônia Jaraguá.  A sua filha mais nova Martha tinha apenas sete anos e vários filhos e filhas ainda jovens e solteiros. Seu esposo August faleceu em 1902. Deixando todos os filhos órfãos de pai e mãe.

Filhos de Frederike Eggert e August Klug

1-Emilie Louise Henriette*28-1-1866 se casou com Carl Böge ( *12.1.1864) em 31 de junho de 1888.Carl Eggert o tio, e Hermann Penski  foram as testemunhas no casamento religioso.

2- Ricardo Alberto *1869 Casou com Luiza Kühl. Faleceu em 1924.

3-Anna *20-5-1870 se casou em 29 de maio de 1891 com Guilherme Augusto Emilio Retzlaff filho de Guilherme e Augustina Retzlaff. As testemunhas foram Carl Eggert e Johann Wilhelm Friedrich Mühlmann.

4- Augusta *1873 se casou com Carlos Otto Patzch em 22-12 1896.  Tinha 18 anos quando a mãe faleceu.[3]

5- Frederica *1875. Tinha 16 anos quando a mãe faleceu em 1891

6- Alma tinha 14 anos quando a mãe faleceu. Casou-se com Gustavo Meier.

6- Hedwig *1880 tinha 11 anos quando a mãe faleceu. Casou-se com Jorge Meier. Faleceu em 2 de dezembro de 1946

8- Helene Frederike Luise *1882. Casou com Emilio Guilherme Schramm  em 29-7-1901. +1953 tinha 9 anos quando a mãe faleceu

9-Martha Augusta Anna *1884 casou com Emilio Oscar Paulo Schwarz e faleceu em 1964.

August Klug faleu em 14 de junho de 1902 na casa de seu filho Ricardo residente na Estrada Meldorf ? . A causa da morte registrada foi inflamação do fígado comunicada por Ricardo. Foi sepultado no cemitério de Pedreira ( Pirabeiraba) na Estrada Dona Francisca.

4.2 Auguste Eggert: *5.4.1855 +7.5.1932
Auguste Wilhelmine Luise a número 4 do casal Johann e Louise veio ao Brasil com seus pais em 1866. Casou com Wilhelm Heinrich Christow Ponick  em 18 de dezembro de 1877.  Ele, o esposo era o filho do primeiro casamento de Anton Gottlieb Christow Ponick e de Regina Friderike Scheibe, vieram da Pomerânia em 1860. Após o casamento Auguste e o esposo se estabeleceram como lavradores no morro onde atualmente está situado o Jardim Sofia.

Filhos de Auguste Eggert e Wilhelm Heinrich Christow Ponick 

1-Gustavo se casou com Karoline Karnnop

2-Augusto se casou com Helena Holz

3-Marie nasceu em 1884 e se casou com Heinrich Wolfgramm após ficar viúva se casou pela segunda vez com Francisco Hardt também era viúvo e residia na Estrada Dona Francisca. Após o falecimento de Francisco casou novamente, desta vez com seu cunhado com Ricardo Holz que tinha ficado viúvo de sua irmã Liuze  falecida  em 1941. Após o casamento o casal foi morar em uma nova casa na Estrada da Ilha. (Holz 2011)

4-Hermann / Germano se casou com Luize Elmer Se estabeleceram na Estrada Botucas.

5-Luize casou com Ricardo Holz, faleceu em 5 de outubro de 1941.

6-Luiz se casou com Paula Kersten.

7-Otto se casou com Luize Hardt

8-Adolfo se casou com Serafina Moreira

De acordo com Holz 2011, na memória da família ainda permanece a história do parto de Marie que aconteceu durante a grande enchente de 1884 na Estrada da Ilha e região. Como o casal Auguste e Wilhelm Ponick moravam em um morro estavam tranquilos pois a água não costumava invadir a casa. No entanto Auguste entrou em trabalho de parto.  Sabendo que a parteira não poderia chegar no morro para fazer o parto durante a enchente, de forma resoluta tomou uma decisão. Pegou um cocho que era utilizado para colocar açúcar que tinha 2 metros de comprimento e um metro de largura para servir de canoa. Com muita habilidade remando contra a correnteza e com risco de bater em obstáculos como troncos de árvores, levou a esposa para a casa de comercio da família Hoff. Em seguida usando o mesmo cocho foi buscar a parteira que corajosamente também embarcou no cocho de açúcar e pode chegar na casa de comercio para realizar o parto com muito sucesso. Nasceu a Marie abençoada no dia 11 de março de 1884.

Auguste faleceu aos 77 anos de morte natural na casa de seu filho Hermann na Estrada Botucas/ e foi sepultada no Cemitério Municipal de Annaburgo.

 4.3 BERTHA EGGERT *26-1-1858, + 27 -10-1932

Bertha Henriette Auguste nascida em Ramelow no 26 de janeiro de 1858, batizada em 7 de fevereiro de 1858 veio em 1865 acompanhando sua irmã Frederike e seu cunhado August Klug ao Brazil no navio Franklin. Bertha se casou em 28 de janeiro de 1876 com Johann Wilhelm Friedrich Mühlmann nascido em 1852, Saxônia.

Bertha Eggert faleceu aos 74 anos de Insuficiência Cardíaca atestada pelo médico Norberto Bachmann. Faleceu na casa de sua filha Anna que residia na Rua Duque de Caxias s/n. O esposo Friedrich faleceu em 9-8-1929 de fraqueza senil e gripe também atestado pelo médico Roberto Bachmann. Faleceu na casa da filha Frida na Rua Duque de Caxias. O sepultamento e o registro no livro da igreja foram feitos pelo Pastor Carl Müller. O registro no cartório de ambos foi feito pelo genro Roberto Bachmann.

 

Johann Friedrich Mülhmann

Registro de óbito da Igreja, destaque para o local de nascimento

Filhos de Bertha Eggert e Johann Wilhelm Friedrich Mühlmann

1- Louise Wilhelmina Frederike *1876. Possivelmente sua tia Frederike foi a madrinha de batismo, daí seu nome.

2-Ida Auguste * 1878, casou-se com Guilherme Voos

3-Bertha *1-2-1880 + 5-9-1946, recebeu o mesmo nome da mãe. Antes de casar já teve uma filha aos 22 anos como mãe solteira,a quem a família deu o nome de Lina Bertha Mühlmann. Sabe-se que o pai desta criança era um jovem da família Karnnop. Lina seguiu morando e sendo educada pelos avós, após o casamento de sua mãe com Carlos Pollnow. [4]Posteriormente se casou com Carlos (Carl Hermann Wilhelm) Pollnow *9-10-1873 +6-3-1953 (Holz, 2011)

3.1Hedwig Pollnow (*1904 +1999), 2.2Helena Anna Pollnow (*1906 +1972), 2.3Rudolfo Pollnow, (*1914 +1993) 2.4 Gottfried Pollnow (1918 +2003), 2.5Adolpho Pollnow (1920 +1966)

4- Cristian Friederich *1882

5- Gustavo*1882, casou-se com Helena Proknow

6-Anna Wilhelmime *1884, casou-se com Guilherme Hörner

7-Frida *26-4-1890 + 27-7-1962, casou-se com Heinrich Johann Karnopp. Tinham propriedade na Estrada da Ilha e produziam cachaça, melado, açúcar mascavo, tinham gado e muitas caixas de abelhas. Seu Hindirique como era apelidado ocupou cargos na Diretoria da Igreja. (Holz,2011 p. 162)

8- Mina* 1893 se casou com Gottlieb Hardt

 

Familia de Frida Mülhmann

 

Registro de falecimento do esposo de Bertha no número 54

4.4 O CASAMENTO DE CARL EGGERT
Carl, sendo filho mais velho, logo que chegaram a Colônia, foi trabalhar na construção da “Serrastrasse”/Estrada da Serra, para trazer dinheiro à família pois  Auguste e Bertha já tinham  idade para  ajudar  os pais no trabalho da  lavoura.

Estrada da Serra, era a denominação na época para a estrada em construção ligando a Colonia Dna Francisca/Joinville   à Colonia de São Bento. De acordo com Ficker (1965), o projeto para a construção de uma ligação para o planalto iniciou em 1856, ficando estabelecido depois de uma viagem pelo local, que esta seria feita pela subida da Serra Geral no Vale do rio Seco. De acordo com este autor, a construção desta estrada teve muitos percalços, pois dependia de verbas dos governos provincial e imperial, ainda acrescida das dificuldades próprias de construir uma estrada na serra, assim teve uma construção lenta com várias interrupções. Em 1865, a construção já estava bem adiantada e chegando ao alto da serra, e empregava principalmente colonos recém-chegados, que assim tinham condições de obter um salário mensal, para aliviar as primeiras necessidades financeiras. Pela história da família Eggert, pode-se deduzir que as famílias mandavam seus filhos solteiros para estes obterem um salário, enquanto os demais integrantes cuidavam da lavoura.
Através de relatos de seu neto Oscar, sabemos que Carl morava em acampamentos de trabalhadores e só raras vezes visitava seus pais pois a obra se encontrava em cima da serra onde atualmente se situa o município de Campo Alegre.

Neste período, apaixonou-se por uma jovem, filha de pais brasileiros, estes o receberam muito bem em seu meio, presenteando-o com um cavalo.   È provável que devido ao  namoro com a jovem brasileira, Carl teve a oportunidade de aprender a língua portuguesa. Isto   lhe foi muito útil durante toda sua vida, já que os alemães geralmente não falavam português e, portanto, tinham dificuldade de se comunicar com os brasileiros. O dominio da língua portuguesa permitiu que, mais tarde, ele   teve papeis de liderança em Jaraguá.

 Depois de algum tempo, seu pai, Johann Heinrich, soube através de vizinhos acerca do namoro  com a brasileira.  Muito preocupado, mandou chamar o filho imediatamente, e disse-lhe: “Nós somos alemães, sempre pertencemos a Igreja Evangélica Luterana e não admitimos nenhum filho casado com moça brasileira e católica”. Conforme depoimento de Oscar Eggert Johann impediu o filho de voltar para o trabalho da construção da estrada, cortando definitivamente o namoro. A partir deste dia, Carl voltava a trabalhar com pais e irmãos na lavoura.
Mais tarde, para a alegria de seus pais, Carl se casou com Johanna Wilhelmine Keyser, filha de Gottfried Keyser e Elfriede Luise Giese. A família Keyser chegou a Joinville alguns anos depois da fundação da colônia de Joinville, sendo que Johanna Wilhelmine nasceu em Joinville a 06 de fevereiro de 1859. Moravam na estrada Cometa atual Rua dos Bororós que inicia na Zona Industrial de Joinville atravessa a Br 101 e termina na SC 418.

 A família Keyser tinha outros filhos e filhas, sendo que a  filha nascida em 9.10.1866 casou com um jovem da família Teichel da West Strasse em 6 de maio de 1886.
O casamento de Carl e Johanna Wilhelmine realizou-se em 05 de dezembro de 1878, na Casa de Oração da Estrada da Ilha, tendo por testemunhas August Klug e  Fredericke Eggert e Friedrich Holz possivelmente pai ou irmão da esposa de seu irmão Gustav. O casal Carl e Wilhelmine foi morar na Estrada Cometa, nas terras da família Keyser. Lá nasceram seus filhos Marie, em 1881; Helena Carolina Wilhelmina em 27 de novembro de 1882. Os demais Gustav Albert Bernard, em 1884; Paul Friedrich Gottfried, em 30 de junho de 1888; e por último, Emil Louis Guilherme, em 20 de março de 1891 nasceram na Estrada da Ilha de acordo com os registros[5]. Isto nos leva a concluir que após um período na Estrada Cometa, Carl voltou para a Estrada da Ilha já que suas irmãs já estavam casadas e residindo em outro local. 

4.5 O CASAMENTO DE GUSTAV
Johann Gustav Carl, filho mais novo de Johann Heinrich, casou em 26 de junho de 1887, com Luise Wilhelmine Holz, filha de Friedrich Holz e Ernestine Duwe que eram procedentes de Rheienbach localidade da cidade de Stettin e na data do casamento moravam na Estrada Cometa. (Livro3, ano de 1887, n.6. da Igreja da Estrada da Ilha). No registro de casamento consta que Gustav já morava na Estrada da Serra e sua profissão era ferreiro. Segundo os relatos de Oscar Eggert ele trabalhava na Usina de Açucar de Pirabeiraba, exercendo esta profissão. No registro de nascimento da filha Hedwig consta também que Gustavo era ferreiro.  Esta informação mostra que as terras de Johann Eggert na Estrada da Ilha   eram insuficientes para manter os filhos na agricultura e como Carl assumiu a propriedade dos pais, Gustav que era solteiro na época, teve que  buscar  outra maneira de prover seu sustento.

  Gustav, após seu casamento, levou sua esposa para o lugar que ele já morava na Estrada da Serra. Os três primeiros filhos nasceram na Colônia Dona Francisca na Estrada da Serra (Registro Civil de Nascimento, Joinville):  Otto nascido em 1888 um ano depois do casamento, Guilherme nascido em 1889 e Sophie nascida em 1891.  Já os demais filhos nasceram após a migração para a localidade de Itapocuzinho atual município de Guaramirim. Importante relatar que mesmo já residindo nesta nova localidade distante 80 km, Gustav foi para Joinville para fazer o Registro civil do nascimento de dois de seus filhos: Roberto nascido em 1894 e Elisa nascida em 1896. 

4.6 O ANO DE 1891: MUDANÇAS.

O patriarca imigrante nascido em 1821 já estava completando 70 anos e a matriarca imigrante nascida em 1825 completava nestes anos de 1891, 66 anos. Já tinham um número considerável de netos e começavam a nascer os bisnetos. Neste ano nasceu Emil filho de Carl e Sophie filha de Gustav.  As filhas mais velhas de Frederike já estavam se casando, a filha Emilie já estava casada desde 1888 e filhos nascendo. A segunda filha Anna se casou em 29 de maio de 1891. E no meio destas alegrias, também veio uma tristeza que a família teve que vivenciar: a morte de Frederike  em dois de setembro neste ano de 1891

Depois de 25 anos no Brasil é possível dizer que o sonho de ter terras próprias estava se realizando para quase todos os filhos e filhas. Exceto para Gustavo que trabalhava para terceiros.

 

 

A Colônia Dona Francisca já tinha se desmembrado de São Francisco em 1886 passando a se chamar de Joinville. Tinha neste tempo mais de 15 mil habitantes. No ano de 1891 foi inaugurada a primeira agência bancária do Banco Industrial e Construtor Paraná. Já funcionava o Cartório de Registro civil de nascimento, casamento e óbitos desde 1888, um ano antes do Brasil se tornar República.

Com o rápido progresso da cidade as terras já não estavam mais facilmente disponíveis para quem queria trabalhar na agricultura. Novas colônias estavam sendo fundadas e terras mais baratas eram possíveis muito longe de Joinville. 

 Assim Carl vivendo na Estrada da Ilha não conseguia mais ver futuro no terreno dos pais onde morava, pois, com os filhos nascendo queria garantir um futuro na agricultura para eles. Talvez o terreno que os pais compraram também estava sujeito a enchentes o que acontecia com certa frequência nesta região.

Nesta época, o Domínio Dona Francisca estava vendendo os terrenos próximos à margem esquerda do Rio Itapocú, na Colônia Jaraguá (Ficker 1965). Algumas famílias da Estrada Cometa e Estrada da Ilha, sentiram-se atraídas para este novo lugar, os lotes da localidade eram mais baratos e, portanto, poderiam adquirir mais terras. Certamente, movidas pela necessidade de ampliar a fronteira agrícola para seus descendentes, pois a família não tinha terras suficientes para que seus filhos pudessem praticar a agricultura com uma razoável área para plantar.
Carl acompanhou a propaganda feita oficialmente e aquela feita pelos seus vizinhos sobre a localidade, por isto, resolveu conhecer pessoalmente as novas terras, fazendo assim, uma longa viagem a cavalo. Segundo o depoimento de Oscar Eggert, ele saiu de madrugada e chegou ao cair da noite daquele mesmo dia em Itapocuzinho. Conversou com as pessoas possivelmente perto do barracão de recepção dos imigrantes que estava situada na cabeceira da atual ponte férrea e a ponte do Zannoti (Emendoerfer, 2001).  Neste local ficava a sede da localidade de Itapocuzinho. Possivelmente já tinha tratado sobre a compra do terreno com a administração do Domínio Francisca em Joinville e vinha agora ver a localização e as condições destes terrenos.  Não se sabe se ele pode escolher, mas pode-se dizer que os dois terrenos adquiridos foram de excelente qualidade, planos e longe do perigo de enchentes.

 Ainda durante esta viagem, Carl resolveu que trocaria Joinville pela nova colônia. Voltando para casa comunicou entusiasmado a decisão à sua esposa, aos filhos, aos pais e parentes.

 Presume-se que ainda neste ano de 1891 ou no início de 1892, Carl deixou seus pais junto com seu irmão Gustav, vendeu o que lhe pertencia e rumou para as novas terras em Jaraguá.

Johann Heinrich e a esposa Luise com a venda do terreno da Estrada da Ilha, passaram a morar com Gustav na Estrada da Serra. Eles já eram idosos e não poderiam enfrentar mais uma vez a derrubada da floresta, a moradia improvisada.

 Mais tarde por influência de Carl, Gustav também deixou Joinville, levando consigo os pais Johann e Louise e os filhos já nascidos: Otto nascido em 1888, Guilherme nascido em 1889 e Sophie nascida em 1891 estabeleceram-se no Bananal, atual Guaramirim. Não se sabe a data que da mudança, mas em 1894 nascia Roberto. Gustav foi a Joinville fazer o registro de nascimento no cartório em Joinville, mas comunicou que ele nasceu em Itapocú. Adquiriu terreno na atual Rua 28 de agosto entre a igreja católica e o cemitério. A Empresa Nutrimental ocupou por muito tempo este terreno.

E possível verificar em registros posteriores de nascimentos e casamentos que as famílias de Joinville continuaram se comunicando com os de Jaraguá. No entanto este elo se perdeu logo na geração seguinte. Ninguém mais nas gerações seguintes mencionava parentesco com as famílias Mühlmann, Ponick ou Klug.

5-EM JARAGUÁ, ITAPOCUZINHO/BANANAL
Itapocuzinho I foi fundada a partir de 1887, situava-se próxima a atual ponte férrea sobre o Rio Itapocuzinho, local que hoje faz divisa entre os municípios de Guaramirim e Jaraguá do Sul. É próximo onde o rio Itapocú e o Rio Itapocuzinho se encontram, no qual ainda hoje há uma ponte da Estada de Ferro no bairro Imigrantes em Guaramirim. Havia ali, um barracão de imigrantes próximo ao rio, que tinha sido construído previamente pela Sociedade Colonizadora de Hamburgo[6] que estava vendendo as terras do Domínio Francisca colonizando as terras da margem esquerda do rio Itapocú e na margem esquerda e direita do Rio Itapocuzinho com colonos na maioria de origem alemã. A fundação do povoado ocorreu aproximadamente em 1887 com a chegada dos imigrantes Carlos Schäfer. Manoel Alves Siqueira, Jose Vicente Caetano, Ferdinand Hänsch, Carl Vasel.  (Silva 1975 p.84).
Neste local junto ao barracão, mais tarde foi construída a Escola de Comunidade Evangélica Luterana, esta construção funcionava também como Igreja aos domingos para os cultos. Algum tempo depois com a construção da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande que entrou em funcionamento em 1910, a povoação com o nome Itapocuzinho I entrou em decadência, sendo sua sede transferida para o local onde atualmente se situa o município de Guaramirim.
Foi próximo dali na atual Rua Waldemar Grubba município de Jaraguá do Sul, perto da entrada para o município de Schroeder, que Carl adquiriu em 25 de julho de 1892 seus dois lotes de terra (Silva 1975 p.153). Eram terras planas, ideais para a agricultura e longe do perigo de enchentes.
Oficialmente no Registro dos lotes do Domínio Francisca constam os lotes 790 e 791 em Itapocuzinho I registrados como vendidos em 25 de julho de 1892. Já tinha um proprietário vizinho Hermann Rörich no lote 789/ 389 adquirido em 1889. Posteriormente outro vizinho foi Theodor Bolduan em 1894 e do outro lado no ano seguinte se instalou Peter Möeller em 1893.  (Silva,E.)

 A nova terra era uma imensa mata virgem. A primeira moradia foi um rancho construído na parte leste do terreno, na encosta de uma pequena elevação[7]. Para Carl e esposa, tudo começava outra vez, a derrubada da mata, a primeira plantação, a espera pela colheita. Para isso, todos os integrantes da família trabalhavam arduamente desde a madrugada. Este fato ainda era relatatado nas gerações seguintes, sendo exemplo de abnegação ao trabalho árduo.

Em Jaraguá, nasceram ainda os seguintes filhos de Carl:  Max, Carlos e Johann Theodor Anton.
Em pouco tempo, houve progressos nas terras de Carl.
 Carl, logo no início, enfrentou dificuldades, quando os federalistas, também chamados de maragatos, passaram, em 1893, pela localidade de Itapocuzinho. Estes revoltosos contra o governo do presidente Floriano Peixoto estavam sendo levados por um de seus principais chefes, Gumercindo Saraiva, pelo interior de Santa Catarina. Durante a sua trajetória, estes revoltosos chamados de maragatos praticavam horrores ao povo civil: assassinavam, roubavam tudo o que encontravam principalmente o gado dos colonos. Carl foi levado pelas tropas, mas conseguiu fugir. Marie e Helena tiveram que levar o gado, para o meio do mato durante alguns dias, para evitar os roubos, mesmo assim, os maragatos mataram o único touro que a família possuía. Estes fatos foram relatados por Mathilde filha de Helena em 1982 para a autora.
Após estes incidentes iniciais, a família começou a colher os frutos do seu trabalho e a vida continuava. Agora, que o irmão de Carl, Gustav e seus pais Johann e Luise, moravam  também no Bananal a família podia ajudar-se com frequência.
Construíram uma olaria, sendo que os primeiros tijolos e telhas fabricados foram utilizados na construção em 1898 de uma grande e bonita casa, no lado oeste do terreno, um local plano de fácil acesso à entrada. Mais tarde, em 1901, foi demolido o rancho que serviu de primeira morada à família Eggert, este material foi aproveitado para a construção de um rancho próximo à nova casa, que serviu de estrebaria, na época e gerações seguintes. Conforme Silva (1975 relatos dos netos [15], Carl construiu também um engenho de açúcar e aguardente. Levava os produtos para Joinville de carroça onde eram comercializados, já que Jaraguá, uma colônia incipiente, ainda não tinha mercado para absorver plenamente todos os produtos produzidos. Provável que nestas viagens entrava em contato com os parentes, pois tinha que pernoitar em Joinville, visto que não era possível ir e voltar num mesmo dia.
Carl foi um dos pioneiros na fundação de Jaraguá, dinâmico e desembaraçado, participava ativamente de todos os acontecimentos da nova localidade. Segundo Silva (1975p.153) foi, além de Juiz de Paz, também zelador da estrada de Itapocuzinho I, cargo que exerceu de 1896 a 1913. Este cargo, na época, exigia enormes sacrifícios, pois além de seu trabalho na roça, mantinha a estrada em condições de uso, um trabalho do qual não recebia remuneração alguma.
 Ainda sobre sua participação na comunidade, Ficker (2008 p.346) faz o seguinte relato em sua obra sobre a história de Joinville:
.... em dezembro de 1906, realizaram-se em Joinville as eleições para Superintendente Municipal, Conselheiros e Juízes de Paz para Joinville e Jaraguá. Carl Eggert, juntamente com Domingos da Nova e Henrique Piazera e Caetano Deeke, foram eleitos Juízes de Paz de Jaraguá. O fato já mencionado que ele dominava a língua portuguesa possibilitou a participação junto com pessoas como Domingos da Nova que só falava português. Importante enfatizar que Jaraguá era neste período um distrito do município de Joinville e só iria se tornar município em 1930.

A Igreja Evangélica Luterana começou a ser organizada em Itapocuzinho I e na colônia Jaraguá a centro da cidade. A data da fundação da Comunidade Evangélica Luterana em Itapocuzinho I é 1891 com a construção de uma pequena edificação que servia para escola e também para os cultos. Os filhos de Carl e Gustav frequentaram esta escola. Hedwig a filha de Gustav Eggert, irmão de Carl,  na entrevista se referiu a esta escola como a “escola da cooperativa”
 O pastor Walter Lange que fundou Brüderthal  em 1880, vinha  a cavalo atender os imigrantes os evangélicos luteranos da região de Jaraguá. Com a saída dele em 1897 veio o pastor Conrad Rösel que permaneceu até 1901. A partir deste ano de 1901, veio o Pastor Schlünzen para Brüderthal e região, e como a população de Jaraguá estava ficando maior ele decidiu em 1907 fixar a sede de Jaraguá.  Carl e Gustav participaram na fundação da Igreja Evangélica Luterana de Itapocuzinho I.  No entanto Carl também consta no Livro O primeiro livro de Jaraguá do Frei Aurélio Stulzer   como um dos integrantes do grupo que elaborou os primeiros estatutos da Comunidade Evangélica de Jaraguá centro.

Algumas características da pessoa de Carl ainda permaneciam nos relatos daqueles que o conheceram ou eram próximos de seus filhos, cujos depoimentos foram possíveis de se levantar no ano de 1982. Uma delas era que Carl gostava de beber a cachaça que fabricava, pois todos que o conheciam, mencionavam que carregava em um bolso próprio da camisa uma pequena garrafa de cachaça, que o acompanhava a todos os lugares. Antes de iniciar uma conversa com um amigo ou conhecido, oferecia um gole e só depois conversava. Era um homem divertido que animava adultos e crianças. Conta-se que em 1962, quando da demolição da casa, encontraram a garrafa, mas infelizmente não a guardaram.
De acordo com Hilda Rode filha de Emil, única neta que o conheceu relatou em 1981, que na velhice Carl tinha dificuldade de andar e por isso andava com uma bengala para ir para roça. Quando ela tinha em torno de 6 anos, ela geralmente voltava da roça com ele antes dos outros no final da tarde. Ela tinha que andar na frente dele e ele mandava que andasse rápido e se ela não o fizesse logo, já levava uma bengalada.
A vida na povoação de Itapocuzinho I prosseguia com sucessos e percalços. A enchente de 1906 foi um desastre, alagou boa parte de toda a região. Os rios Itapocú e Itapocuzinho, sairam de seu curso natural, formando um imenso lago. Nas terras de Carl, as baixadas foram tomadas de água, e quem viveu a tragédia, posteriormente dava referências da altura em que a água chegou, pois foi a pior enchente que a região conheceu, pior ainda do que a enchente que ocorreu depois, em 1944.

Desde 1901 estavam em projeto a construção da estrada de Ferro da Cia Estrada de Ferro S. Paulo-Rio Grande. Os primeiros trabalhos de terraplanagem iniciaram em 1905 no trajeto São Francisco,Joinville e distrito de Jaraguá e Colônia Hansa ( Corupá atual).  Para viabilizar a construção uma larga faixa de terra teria que ser ocupada da propriedade dos imigrantes.No caso de Carl e de seus vizinhos Moeller, Bolduan  esta faixa era em torno de 120 metros  na parte frontal do terreno. Desta forma ficou uma faixa de terra entre os trilhos e o caminho, futura rodovia, atual Rodovia Waldemar Grubba. De acordo com Ficker 2008 p. 348, os trabalhos estavam sendo perturbados no Distrito Jaraguá e Colonia Hansa em virtude da falta de pagamento das indenizações dos terrenos por onde passava a linha férrea”. Os moradores a expulsaram os trabalhadores da construção alegando que só poderiam voltar a entrar em seus terrenos após o pagamento da referida indenização. Somente em 1910 a linha férrea atingiu a Colonia Hansa, e em 1913 foi inaugurado o último trajeto via São Bento atingindo Rio Negro.

A inauguração da Estrada de Ferro, que faz até hoje a ligação do interior ao Porto de São Francisco, ocorreu em 1910 e se constituiu um marco no progresso na região, afetando a vida cotidiana das famílias imigrantes. A manutenção da ferrovia por trabalhadores de origem lusa, repercutiu muito na vida das famílias de imigrantes alemães.   Na família Eggert podemos observar, na história dos descendentes de Gustav, casamentos que ocorreram com integrantes da “turma”, como eram chamados estes trabalhadores funcionários da Rede ferroviária.

Após a construção e funcionamento da via férrea, os trabalhadores moravam em uma vila de casas que estava situada às margens da via próxima a ponte que fazia divisa entre Jaraguá e Guaramirim. Atualmente chamada Ponte do Zanotti. As casas tinham todas o mesmo padrão de tamanho, cor e todas as casas de madeira. A cor era marrom com traços em amarelo.

 A ferrovia fez com que, aos poucos, Jaraguá e Guaramirim se tornassem locais de passagem para quem vinha de outras regiões como de Blumenau e Curitiba. Com isto houve um incremento na economia com a construção de hotéis, do comercio e transportes próximos as estações de trem. Aos domingos, o lazer nas duas cidades era passear na estação, uma vez que lá havia oportunidade de conhecer as pessoas que estavam em trânsito.

Em Guaramirim houve o deslocamento da primeira povoação perto do rio Itapocuzinho,atual bairro dos Imigrantes,  para  as proximidades da estação.  Com esta mudança o nome de Itapocuzinho I passou para o nome de Bananal. Ficaram ainda perto do rio a Igreja Evangélica luterana e a escola da cooperativa, sendo que por volta de 1940 a escola pública estadual foi construída também no atual centro. Mais tarde   na década de 1950 com a demolição do cemitério evangélico, a igreja, o salão paroquial e a casa pastoral foram construídas sobre este local próximo à estação.

5.1 Os filhos de Gustav

Os pais imigrantes Johann Heinrich e Luise, que viviam na casa de Gustav, já estavam bastante idosos, e a vida ia declinando lentamente. Conforme o Registro de Óbito:João Eggert faleceu no ano de 1898 às seis horas no seu domicílio na Estrada Itapocú,sendo do sexo masculino, cor branca, natural da Alemanha. Tinha a idade de setenta e seis anos e seis meses. Não constava a filiação e nem a causa de morte. Consta ainda que ele deixou 4 filhos e que foi sepultado no Cemitério de Bananal O registro foi lavrado em 29 de junho de 1898, sendo declarante o filho Gustavo Eggert.

 Louise Eggert nascida Tessmer, segundo a Certidão de Óbito faleceu dia 7 de julho de 1905 às duas horas na  residência de Gustav, sendo do sexo feminino, cor branca, natural da Alemanha, aos 81 anos. Destaca-se ainda que: a causa de morte é ignorada e faleceu sem assistência médica.Foi sepultado no Cemitério da Estrada Itapocú.  O registro foi lavrado em 7 de julho sendo declarante Gustavo Eggert. Como observação, consta que ela deixou 4 filhos. Como Frederike já tinha falecido entendemos que os 4 filhos são: Bertha, Auguste, Carl e Gustav.

Johann e Louise, faleceram sem voltar a sua terra natal, provavelmente saudosos da sua antiga Pomerânia, mas também é possível que, junto a esta saudade, estava a certeza que vieram para esta nova terra e venceram. Estas são minhas conjecturas, mas também foram feitas por Granzow ( 2009 p.  ), um alemão da Pomerânia Oriental, que, na década de 60 do século passado, veio ao Brasil para conhecer os descendentes de pomeranos. Na sua viagem de ônibus de Curitiba para Pomerode, descrevia a paisagem e fez esta mesma conjectura quando escreveu:

 ao olhar a paisagem, as casas, percebe-se que os imigrantes e seus descendentes venceram, pois, seus filhos agora tinham terras, sendo que estes eram proprietários e não apenas servos”

Apesar das estreitas relações entre as duas famílias Eggert, o modo de vida de cada uma tinha particularidades e diferenças.
Parece que Carl era aventureiro, ousado, mais conservador da origem germânica e mais determinado em suas atitudes em relação aos membros da família. Os filhos de Carl eram obrigados a seguir rigorosa disciplina, como levantar as três horas da madrugada para trabalhar no engenho de cana e na roça, segundo meu avô Emil. A terra era extensa e naquela época, era plantada e bem conservada em toda a sua extensão. Mesmo depois de sua morte, a terra original não foi dividida e nem vendida. Todos os filhos de Carl se casaram com pessoas de origem alemã e de religião evangélica luterana. Já as filhas de Gustav e os filhos de Gustav, casaram-se com pessoas católicas e não descendentes de alemães.

Também Hedwig de Souza, a filha de Gustav no depoimento feito em 1982 fazendo uma comparação entre seu pai e seu tio Carl, referiu que Carl era muito dinâmico, quando chegava para uma visita na casa de Gustav, entrava abordando as crianças, falando alto, colocando todos em movimento.  Ao contrário, seu pai Gustav era diferente, jamais queria tirar fotografia, razão pela qual, os filhos não tinham sua foto como lembrança. Tinha uma estranha maneira de proteger-se do sol quando trabalhava na roça, em vez de chapéu como era costume, usava um pano que cobria a testa e era amarrado atrás do pescoço, semelhante ao que as mulheres usavam naquele tempo ou ainda hoje usam em algumas localidades.

Ainda de acordo com sua filha Hedwig na roça plantavam cana, arroz, cará, taiá, aipim, criava porcos e fabricava açúcar e cachaça.

A esposa de Gustav, Luise Wilhelmine, além de trabalhar na roça e cuidar da casa e quintal, era parteira da localidade. Iniciou este trabalho numa emergência quando ainda morava em Joinville. Depois no Bananal já com mais experiencia era muito solicitada de acordo com o depoimento de sua filha Hedwig. Muitas vezes, era chamada durante a noite e enfrentava a travessia do Rio Itapocú de canoa, mesmo em época de cheias. Era também uma espécie de agente de saúde da localidade, atendia as pessoas com ferimentos, prestava os últimos cuidados a pessoas em estado terminal, lavava e vestia os mortos. [8]

Filhos de Gustav e Louise

1-      Otto *17-8-1888 Joinville /Estrada da Serra +1929

Filhos conhecidos:

-Erwin Paul Max se estabeleceu em Guaramirim

- Marie

2-     Guilherme Augusto Gustav Eggert *6-9-1889 na Estrada da Serra em Joinville+1956 casou com

Filhos:

- Affonso residente em Joinville com três filhos: Sandra Maria, Marlene e Affonso.

-João residente em Blumenau,

-Arno Bruno casou Avanil Anna falecida em 2019. Residiam em Joinville

- Yolanda

3-     Sophie *13-4-1891 em Joinville/ Estrada da Serra/+10-01-1981 faleceu na Ilha da Figueira na casa da filha.

Casou-se com Adolfo Bolduan. Residiram na propriedade que herdaram do pai Theodor Bolduan. Filhos: Wanda, Bertoldo, Waldemar, Elvira e Melita.

4-     Robert August Wilhelm * 7-8-1894 em Itapocuzinho + 5-7-1982

Casou-se com Otilia Fröchlich (Ricardo Fröchlich e Ida) sendo que as  testemunhas do casamento civil foram: Adolfo Bolduan.

Filhos:Armando Rudolfo,Dorvalino, Waldemar Adolfo.

5-     Elise/Elisa * 7.12.1896 Itapocuzinho + 11-01-1960. Casou-se com Mathias Oliveira. Teve uma filha ainda solteira Paula Eggert que depois casou com Roberto Haensch agricultor na Estrada Itapocú. Esta propriedade era próxima da casa de sua mãe Elisa e de seu irmão João que residiam em lotes entre a estrada de ferro e a estrada de rodagem. [9]Elisa era uma pessoa forte e saudável, no entanto foi acometida de um câncer no estomago que foi a causa de sua morte. Roberto Haensch fez a comunicação do óbito no cartório, sendo que o médico Fernando Sprigmann atestou como causa da morte “caquexia cancerosa”, ou seja, fraqueza e emagrecimento devido ao câncer. Faleceu aos 63 anos e foi sepultada no cemitério municipal de Guaramirim, onde seu esposo que faleceu em 15.01.1951 já estava sepultado.

Demais filhos de Elisa: João,Ines, Nino e Domenice

6-     Hedwig Marie Helene * 1898 + 21-6-1988 se casou com Belarmino de Souza.  Belarmino foi um dos empregados de Gustav,sendo que  Hedwig se apaixonou por ele nesta ocasião. Mais tarde Belarmino também trabalhou na Rede Ferroviaria.  Residiam no centro de Guaramirim [10].Filhos: Maria, João, Lidia, Alfredo,Valdir.

7-   Jorge Carlos Marcos * 27.10. 1900 + 19-4-1956 atestada a causa de carcinoma gástrico  Foi registrado que residia na Estrada Itapocú. Roberto Haensch o esposo de sua sobrinha Paula Eggert foi quem   fez o registro de óbito. Faleceu solteiro,consta no registro que era agricultor.

 

5.2- Os filhos de Carl Eggert
Agora, todas as terras nas imediações estavam sendo plantadas, as pessoas se visitavam e se auxiliavam com freqüência. Aos domingos, Carl  saía para a vizinhança e jogava baralho com pessoas de sua idade. Johanna também visitava seus vizinhos e recebia visitas. Seus filhos, já moços, gostavam de música e tocavam aos domingos à tarde. Os ensaios de uma pequena banda eram realizados aos domingos na ampla varanda da casa de Carl.
É claro que, junto a isto, buscavam o companheiro ou companheira para suas vidas, esta busca foi bem-sucedida

Maria Emilia Agnes * 27.02.1881 em Joinville.  + 27-02-1933. Casou com Wilhelm Sacht (Frederico/Friedrich Sacht e Ernestine) de Itapocuzinho II (atual bairro João Pessoa) em 29-09-1901, sendo testemunhas Wilhelm Vogel e Otto Falgather. (Registro ano de 1901 n° 59) Foram morar nas terras daquela família que se situavam próximos do cemitério evangélico luterano. Marie faleceu em 27 de fevereiro de 1933 aos 52 anos. Relata-se que faleceu de tétano, no entanto o médico Fritz Weise atestou a causa de septicemia. Deixou 9 filhos 5 maiores e 4 menores de idade.  Foi sepultada no cemitério evangélico luterano de Itapocuzinho II, seu túmulo junto a seu esposo ainda se conserva no local no ano de 1923. Meu pai Alitor sobrinho de Maria relatou que era conhecida por “Tante Marichen”.

Tiveram 10 filhos temos apenas alguns nomes: Wanda sacht, Marie Sacht, Bernardo Sacht, Adele Sacht que se casou com Carlos Friedemann, Fritz Sacht, Willi Sacht, Frida Sacht, Paula Sacht falecida prematuramente em 1916.


Helene Caroline Wilhelmine* 27-11-1882 em Joinville + 8-09-1937.  O casamento civil foi em 2-8-1902 com 20 anos com Otto Falgatter, 27 anos, marceneiro, natural de Anaburg-Joinville filho de Henrique Falgather e Catarina Kohlmann. As testemunhas foram: Augusto Mielke e Otto Radner, Joinville.  Helena se casou grávida de 8 meses aproximadamente pois já em setembro nascia seu primeiro filho Rudolfo.   Por ocasião deste nascimento moravam na casa dos pais dela na Estrada Itapocú. De acordo com os relatos dos parentes o casal fez uma tentativa de residir em Joinville com a Família Falgather,mas logo houve desentendimentos com a família e o casal voltou a morar com a Família Eggert.

Mas havia muita gente na casa, Carl adquiriu as terras defronte ao seu terreno, doando-as para Helene e esposo. Infelizmente, Helene e o esposo não tinham a energia e agressividade necessárias para o trabalho duro, tão indispensável naqueles tempos. Os filhos do casal permaneciam a maior parte do tempo aos cuidados da avó materna.  A filha Otilia quando estava um pouco maior ajudava nos serviços da casa da avó Guilhermina. Apesar de possuírem bastante área de plantio, plantavam pouco, pois Otto trabalhava como marceneiro e Helene trabalhava na roça com os filhos, mas  não tinha boa saúde. Nos últimos anos de sua vida tinha ferida crônica na perna. Faleceu em 1937 [11]e foi sepultada no cemitério evangélico luterano do Bananal, Otto faleceu alguns anos depois em 1944.

 Mais tarde um dos filhos prováveis o mais velho Rudolfo foi trabalhar na Empresul a empresa de eletricidade inaugurada em 1938, na localidade de Bracinho exercendo um serviço de vigilância na área da represa de energia elétrica. Algum tempo depois, a família vendeu as terras para a família Tribess.

Filhos de Helene:

 -RUDOLFO *13.9.1902 em Jaraguá do Sul, os pais residiam na Estrada Itapocu. Faleceu em 26.10.1964 No Hospital Dona Helena em Joinville, o médico Harald Karmann atestou a causa: Ictus cerebral. Foi sepultado no cemitério da estrada Dona Francisca Km 21. Está registrado que faleceu com 62 anos e sua profissão era guarda florestal. Deixou 5 filhos maiores de idade.

- ALFREDO * 12.11.1906 em Jaraguá se casou em 29.4.1939 com Wanda Elvira Bolduan (Adolfo Bolduan e Sofia Eggert) Ela nasceu em 11.12.1914.  As testemunhas do casamento civil foram: Emilio Bolduan, Emilio Eggert, Elvira Bolduan e Irma Friedemann. Ficaram residindo em Jaraguá do Sul onde faleceu em 12-5-1972. Filhos: Ingo e Nelson.

- LINA *11.5. 1904 +21.4.1948. Casou-se em primeiras núpcias com Ricardo Guilherme Alberto Behling natural de Blumenau e morador do Bairro Retorcida atual Nereu Ramos. Foram morar na Estrada Nova em Três Rios do Norte. Tiveram quatro filhos e quando Ricardo completou 30 anos suicidou-se em 14-5-1937.Tinha uma doença crônica, impaludismo/malária, atestado pelo médico Godofredo Suce.

Depois em 13-12-1941 casou em segundas núpcias com Alvin Strelow, solteiro , lavrador e fixaram residência na  Estrada Nova em Jaraguá. Ela faleceu de insuficiência cardíaca aos 43 anos atestada pelo médico Godofredo Suce. Deixou seis filhos menores:  Egon Behling, Ely Behling, Raymundo Behling, Arthur Behling, Renato Strelow e Alberto Strelow. Foi sepultada no cemitério de Tres Rios do Sul.

 -MATHILDE /TILLI. * 15.3.1909 + 19.9. 1986. Casou aos 36 anos com Carlos Guilherme Grun*(15.8.1908+ 2.7.1981 filho de Carlos Grun e Olga Engehart) profissão carpinteiro com 37 anos.  Casaram-se em Guaramirim em 19.1. 1946, no registro consta que ela residia no centro de Jaraguá o que nos mostra que já tinham vendido a propriedade pois os pais já tinham falecido. As testemunhas do casamento civil foral o irmão de Mathilde, Rudolfo de profissão operário e Oswaldo Grun de profissão ferreiro.  Não tiveram filhos, na velhice após a morte do esposo Mathilde foi acolhida na casa de Irena filha de Carlos Eggert no município de Schroeder. Morava no rancho da família dentro do qual improvisaram uma moradia. A autora a entrevistou em 1982 e com muita alegria ela contou vários fatos ocorridos na casa de seus avós Carl e Guilhermina. 


GUSTAV ALBERT BERNHARD/GUSTAVO

Nasceu em 1884 em Joinville e faleceu  em  1960 em  Joinville.

Era o   filho mais velho e, casou aos 22 anos com Wilhelmine /Minna Bolduan de 22 anos Seu casamento civil ocorreu em 4 de maio de 1907 tendo por testemunhas João Doubrawa e Jorge Czherniewics. Mina Bolduan era filha de Theodor Bolduan e Emma Körner família vizinha de Carl. Após o casamento, se estabeleceram no terreno ao lado de Helena. Aproximadamente onde atualmente se situa supermercado, banco e comercio no início da Rua Joao Lucio Costa. Lá iam nascendo os filhos. A vida transcorria normalmente, até que um dia o seu rancho incendiou, destruindo todos os pertences necessários à lavoura. Desanimado, sem forças para recomeçar, vendeu o terreno, estabelecendo-se no Itapocuzinho II. Lá teve participação na Igreja Evangélica Luterana. Ele consta junto com seu irmão Paul e integrantes da Familia Sacht no documento colocado no fundamento da construção da igreja em 1936, num culto festivo tendo como Pastores:  Richard Hermann Weidner e Ferdinand Sclünzen.

 Seus filhos Henrique e Werner sem perspectivas de conseguir novas terras migraram para Joinville lá seguindo outras atividades ligadas a marcenaria. Anos mais tarde, por insistência dos filhos, transferiu-se para Joinville. Seus descendentes continuaram na área de fabricação   de móveis.
Quando Gustav já estava envelhecido, veio de Joinville visitar seu irmão Emil e pernoitou na casa que era também a sua casa de infância. De manhã ao acordar, foi no pátio dos fundos da casa onde estava situado o poço de água. Bombou água, bebeu e lavou o rosto sentindo o frescor da água e daquele momento em que revivia a infância e a vida naquele lugar. Disse em seguida: que maravilha, estou de novo em casa, bebi da minha água e me lavei com ela, agora já posso morrer. Pouco tempo depois, receberam a notícia de que Gustav tinha falecido foi no ano de 1960 em Joinville de tétano. (Depoimento de Oscar Eggert). 
A comunicação do falecimento foi feita pelo filho Werner exibindo o atestado de òbitop do médico Albano Schulz no qual consta a causa da morte tétano, idade 78 anos, lavrador e residia na Estrada da Roça atual Estrada dos Holandeses.

Minna depois da morte do esposo em 1961, voltou a morar no Bairro João Pessoa provável na casa da filha Luisa. Faleceu em 22.10.1972 com 87 anos. Consta que a causa da morte foi trombose cerebral atestada pelo médico Paulo Jorge Wiens. Não deixou bens e não era eleitora. Deixou os seguintes filhos vivos: Henrique, Werner, Alwino e Luisa.  O registro do óbito foi feito por Hilário Krüger de profissão viajante.

Filhos de Gustavo e Minna

-Henrique Guilherme Adolfo, nasceu em 27.11.1908.  Migrou para Joinville ainda solteiro casando-se nesta cidade  com Thereza.  Teve dois filhos Aldo e Iris. Faleceu em Joinville de câncer de pulmão aos 85 anos. Consta que era viúvo e de profissão industrial aposentado. Deixou bens a inventariar e foi sepultado no Cemitério Municipal de Joinville

-Alwin/Alvino Casou em primeiras núpcias com Cecilia Lange (Gustavo Lange e Catarina Machado Lange) e se estabelecerem também no Itapocuzinho II.  Ela faleceu em 23.08 1938 no hospital São Jose em Joinville por problemas renais aos 19 anos deixando um filho:  Erno Eggert.  Quem fez o registro de óbito foi o cunhado Henrique de profissão marceneiro.

Alvino se casou novamente sendo que residiram por muitos anos em Jaraguá do Sul na Avenida Waldemar Grubba próximo do local onde atualmente é a loja da Havan. Teve uma filha Marli Eda Eggert. Alvino mantinha relações com seus primos filhos de Emilio Eggert visitando-se mutuamente. A filha Marli se casou com o proprietário da Relojoaria Hardt e atualmente (2023) residem no município de Penha. Alvino foi sepultado no cemitério do bairro João Pessoa junto aos seus tios e primos.

 -Werner supostamente também tenha migrado para Joinville.

- Luisa nasceu em 30 de 1gosto de 1907, casou-se em Primeiras Núpcias com José Rech que faleceu em 20.9.1935. Em segundas núpcias casou com o também viúvo Rudolfo Carlos Emilio Lange em 6.6.1936.  Permaneceu em no bairro Joâo Pessoa e faleceu em 28 de junho de 2002 residiram no Bairro João Pessoa. O casal foi sepultado no Cemitério Ecumênico de João Pessoa.

PAUL FRIEDRICH GOTTFRIED

Paul Friedrich Gottfried * 30.6.1888 em Joinville + 21.07 1959 no Bairro João Pessoa, Jaraguá do Sul. Foi batizado na Igreja E. L. da Estrada da Ilha em 2-9-1888, sendo padrinhos Gottfried Keyser (avô materno), Friedrich Naas e Luise Eggert (avó paterna). O nome dos dois padrinhos e avôs deram o nome para Paul por isto Gottfried Friedrich. (Livro n°5 1888 p.72).  Casou com Hedwig Wilhelmine Lange * 15.9.1891 nascida em Blumenau ( Ferdinand Lange e Augusta Anlauf,)  Hedwig  faleceu  em 07-09-1972

 O casamento civil foi em 11.5.1912 e as testemunhas foram: Augusto Mielke 46 anos comerciante residente no centro de Jaraguá e Guilherme Witt 29 anos profissão negociante.  O casal estabeleceu-se também em Itapocuzinho II, próximo às terras de Marie e mais tarde também de Gustav. Não se sabe se recebeu auxílio de seu pai para se estabelecer neste local.

 Paul não ficou satisfeito com seu pai, devido à partilha da herança, que no seu entender, foi injusta.  Houve rompimento com a família sendo que se manteve sempre afastado das famílias de seus irmãos, foram cortadas as relações de amizade e as visitas aos domingos entre os parentes, tão comuns naquele tempo. Os netos e netas de Emilio que herdou as terras do pai e razão da discórdia, não o conheceram e nem era mencionada a família de Paul nas conversas na família.

 No ano de 2003 por ocasião do lançamento da primeira versão do livro da presente autora, realizamos uma visita para o filho Walter, herdeiro da propriedade de Paul. De forma muito amistosa nos receberam a mim e a meu pai Alitor filho de Emil Eggert. Os primos conversaram e ficaram muito felizes com o convite do lançamento do livro.

Nesta conversa a esposa de Walter confidenciou que havia na casa a foto no caixão de Carlos Eggert, pai de Paul pendurada na parede. Ela não gostava daquela foto lúgubre e aproveitou a oportunidade da morte de Paul colocando secretamente a foto dentro do caixão dele. Note-se que apesar do rompimento ele assim como os demais filhos, receberam a lembrança do pai morto, um costume da época.

Os integrantes da família de Paul estiveram presentes no lançamento do livro, no qual foram apresentados aos demais parentes.  Os presentes no lançamento do livro foram: Walter e a esposa Bertha S, Elizabeth A. Eggert, Edina S. Eggert. Houve assim uma espécie de reconciliação dos descendentes. Walter e Bertha em 2023 já são falecidos.

 Paul faleceu em 21 de julho de 1959 aos 71 anos, a causa da morte foi Insuficiência Cardíaca atestada pelo médico Alexandre Otsa. Foi sepultado no Cemitério de Itapocuzinho II atual cemitério evangélico luterano de João Pessoa. No Bairro João Pessoa no município de Jaraguá do Sul há uma rua em sua homenagem.

 Hedwig faleceu em 8-9-1972 aos 81 anos foi atestado velhice como causa pelo médico Waldemiro Mazurechen. (livro n°38 1972-1977 n° 6.804 p.20)

Filhos de Paul e Hedwig

FERNANDO, ELOISA, PAULO, ERNA E WALTER.

EMIL LUIS GUILHERME EGGERT

Nasceu em 20-3-1891 na Estrada da Ilha em Joinville. Faleceu em 31-7-1972 em Jaraguá do Sul
Em 19-7-1913, contraíram núpcias Emil e Emma Friedmann, filha de Julius Friedmann e Ida Nielsen Friedmann. As testemunhas do casamento civil foram o Pastor Ferdinand Schlünzen e o Professor Theodor Lutz.

 Após o casamento, passaram a morar juntos com os demais membros da família, na casa de seu pai Carl Eggert. Nesta época, Max de 19 anos, Carlos com 17 anos e João com 13 eram ainda solteiros. No entanto Max já tinha saído de casa pois era aprendiz de alfaiate no centro da cidade. Carlos um pouco mais tarde também foi para a cidade trabalhar na fábrica de charutos. João sofria de ataques epiléticos frequentes, ocasionando muito trabalho para Wilhelmina e portanto Emma a nora  entrou nesta grande família com muitas tarefas a enfrentar.

Em 1915, nasceu a primeira filha de Emil, deram-lhe o nome de Hilda. Johanna Wilhelmina, a avó, não gostou muito deste acontecimento, pois tinha que cuidar da neta, enquanto Emma trabalhava na roça. Ela brigava muito com a nora, dizendo que não arranjasse outros filhos, uma vez que já estava cuidando de uma, porém, de duas não cuidaria.  De fato, após a morte de Guilhermina em 1920, logo em 1921 nascia Oscar o segundo filho de Emma e Emilio.  Era Mathilde filha de Helene que ajudava a cuidar de Hilda e baseada nesta vivência, contou este e outros fatos. Em uma ocasião ela (Mathilde) ficou cuidando de Hilda, que tinha em torno de 3 anos de idade. Em um determinado momento ela engoliu uma semente de “tucum”[12][28] o que a deixou muito receosa de receber uma reprimenda, por sorte, após alguns dias, Hilda evacuou a semente para o alívio de todos.  [29]

Max Friedrich Carl/ Max Frederico Carlos

Nasceu  no ano de  1894 em Jaraguá do Sul e faleceu + 2-8-1948  em Jaraguá do Sul.. Casou-se em 13-11-1915 aos 21 anos com Elizabeth Emmendoerfer (Guilherme Emmendoerfer e Maria Luiza Scharf) com 20 anos. No registro civil do casamento consta que a profissão era alfaiate. As testemunhas do casamento civil foram: Jacob Buck 35 anos alfaiate e João Dobrawa 52 anos negociante. (Livro 9 n°2.147 p.108,1915) É provável que Max nesta época era um aprendiz do conhecido alfaiate Jacob Buck[13] que tinha vários aprendizes. Para aceitar um aprendiz, a família tinha que depositar $500 mil réis como garantia garantindo o ensino, casa,roupa lavada e comida. Se ao fim de 3 anos saia formado alfaiate recebia o retorno do dinheiro. (Silva 1975 p.260).

Após o casamento com Elizabeth Emendoerfer, estabeleceu-se no Kammerland perto do local onde está situada a Industria Duas Rodas.  Max que migrou para a cidade e fez o aprendizado de alfaiataria parece que não seguiu nesta profissão, abriu um comercio no mesmo local da moradia, além disso tinha uma pequena roça. Em Jaraguá do Sul no Bairro da Ilha da Figueira há uma Rua em homenagem a seu nome.

Max faleceu aos 54 anos a causa foi colapso cardíaco devido a arteriosclerose. O médico Waldemiro Mazurechen atestou o óbito. Foi registrado que faleceu em sua residência nesta época na Estrada Itapocú Hansa. Seu irmão Arthur fez o registro do óbito.

Filhos de Max e Elizabeth

1-Hugo se estabeleceu na localidade de Rio Molha.  * 13-12-1916.Faleceu em 13-7-1975. Casou-se com Ursula Krabeck *29-9-1922 +09-05-1994. Filhas conhecidas Carmem e Claudete.

2-Arthur *19-7-1918. +2-2-1986. Residia no centro de Jaraguá do Sul e era casado com Irmgard Müller. Tiveram 3 filhos: Flavio, Ruy e Marlice.

3-Conrado *8-10-1921 + 4-8-1983 aos 61 anos. Casou-se em 25-5-1946 com Ilka Fehmert e tiveram dois filhos: Edemar e Ivone.

4-Vitor * 28 11-1920 + 2-11-1920, faleceu com 4 dias de vida.

5- Gisela se casou com Werner Enke falecido em 27-2-1965.

Carl Robert

Nasceu em 07 .12. 1896 em Jaraguá do Sul e faleceu  em 15-9-1961 na cidade de Schröder. No registro de seu nascimento foram nomeadas duas testemunhas: Máximo Schubert e Vitor Rosenberg comerciante. Seu comercio se localizava no local onde atualmente é a SCAR.  Carlos casou-se em 22-2-1919 aos 22 anos com Luiza Mielke chamada de Lisa pela família. *10.11.1901 (Robert Mielke e Luiza Hoerner). As testemunhas foram do casamento civil foram: Augusto Schlupp,23 anos de profissão charuteiro e o irmão Emilio Eggert, 27 anos, lavrador.

O casamento de Carlos e Luise foi registrado em uma foto na propriedade da família Mielke onde foi realizado o casamento, casamento. De acordo com o costume, a festa era realizada na casa da noiva. O terreno da família de Roberto Mielke se situava na Avenida Waldemar Grubba lado direito para quem se dirige ao centro da cidade entre no local onde atualmente (2024) tem um comercio de frutas e verduras englobando ainda um terreno de uma dos fundadores da Empresa Weg. O casamento de Carlos e Luise aconteceu em 22 de fevereiro e já em 20 de março nascia do mesmo ano de 1919 nascia o primeiro filho do casal.
Depois destes dois anos, Carl Robert e a família foram morar também na casa do pai Carl Eggert, onde permaneceram durante mais dois anos, até que Carl   comprou terras no município de Schroeder e ali estabeleceram-se, sendo que seus descendentes permaneceram no mesmo local. Carlos construiu uma casa de alvenaria com varanda e muitos quartos. Na minha percepção de criança, era uma casa muito grande. Quando já idosos Irena com seu esposo Reihnold Maske assumiram a propriedade. Como a casa era muito grande e precisava de manutenção após a morte de Carlos e Luise, esta casa foi demolida e substituída por uma casa menor de madeira. Mais tarde Ivo Maske permaneceu na propriedade. Carlos faleceu aos 64 anos de Apoplexia por doença hipertensiva e Luise 4 anos depois por caquexia carcinomatosa atestada pelo médico de Jaraguá do Sul Alexander Otsa.

Filhos de Carlos e Elisa

Harry Robert   *20-3-2019 + 28-4-1920 as 9 horas da noite com 11 meses e 8 dias causa da morte difteria sem assistência médica e sepultado no cemitério do distrito. O registro foi feito pelo pai Carlos, constando que residia no centro do distrito e era charuteiro, ou seja, trabalhava fabricando charutos. De acordo com as narrativas da família, esta fábrica que pertencia a família Dobrawa estava situada na quadra entre as Ruas Jacob Buck e Hugo Braun onde está situado o banco Bradesco.

Irena Paula Luiza *1920  casou com  Rheinold  Maske. Permaneceu na casa e terrenos dos pais. Teve 6 filhos: Isolde, Gisela, Ingeburg, Ivo, Horst e Mafalda. Irena faleceu em 4-12-1995 aos 75 anos de morte natural sem assistência médica. Irena era uma mulher de fala mansa e expressão bondosa seu apelido era Rena.

Alvira Erna Martha após o casamento com um integrante da família Lange foi morar no Bairro João Pessoa.

Johann Theodor Anton/João

Nasceu em 15 -4-1901. Seu Pai Carl fez o registro diante de duas testemunhas: Vitor Rosenberg e Roberto Mielke.  Faleceu 30-3-1928 aos 27 anos, a causa da morte foi epilepsia. O Registro da morte foi feito por seu irmão Max que residia mais próximo do cartório. Deve ter sido um alívio para Emma que além dos afazeres com seus filhos ainda muito pequenos com as idades de 7 anos ,4, e 2 tinha que cuidar do cunhado, que após uma queda na estrebaria ficou em estado quase vegetativo (depoimento de Otilia filha de Helena em 1972)

Segundo depoimento oral de Emilio da Silva prestado a esta autora em 1982, estes ataques iniciaram após castigo corporal que o professor lhe aplicou na escola. De acordo com este depoimento, as correções do Prof. Walter mestre da “Escola da Gemeinde” era muito rigoroso e as vezes nem olhava onde batia.[27] Esta Escola funcionava de forma cooperativa entre os colonos, pois eles em conjunto com a igreja zelavam pela sua manutenção e era ministrada em língua alemã. Situava-se em Itapocuzinho I próximo ao barracão dos imigrantes como já foi relatado anteriormente.
Foi sepultado junto dos pais e avós no cemitério de Bananal /Guaramirim que já não existe mais desde 1950.

Após o falecimento de João a imensa casa tornou-se a habitação de apenas uma família com o casal Emil e Ema e seus filhos Hilda que já tinha 13 anos e ajudava no serviço da casa e no cuidado dos irmãos pequenos Oscar, Alitor, Edgar.

A partilha da herança foi feita segundo o costume da época, um filho recebia toda a terra, sendo que os outros recebiam a sua parte em dinheiro.
Após a morte dos pais, Carl e Gustav visitavam-se com freqüência, Na família sempre ficou a narrativa sobre aquele irmão Wilhelm que não veio ao Brasil. Seus pais e irmãos nunca souberam seu destino, embora sempre sonhassem com isto.

Gustav sempre dizia aos filhos:
“Um dia nós receberemos uma carta ou quem sabe uma herança do meu afortunado irmão dos Estados Unidos”.( Depoimento de Hedwig , filha de Gustav gravado em 1982)
No entanto, eles nunca souberam se ele era realmente afortunado ou morava nos Estados Unidos, se estava vivo ou morto..
A primeira geração Eggert brasileira, já era adulta, quase todos casados, na década de 20. No ano de 1920, faleceu Johanna Wilhelmine, em um dia de agosto, as três horas da tarde, de trombose. Sua cunhada, Luise, cuidou de seu corpo e fez todos os preparativos para o sepultamento. Foi a primeira morte naquela casa e o grande relógio na parede parou em sinal de luto. Wilhelmine foi sepultada no cemitério do Bananal. Carl faleceu dia 09 de setembro de 1923.Uma foto foi tirada de Carl  no caixão aberto, como era costume naquele tempo.
Luise, a esposa de Gustav, faleceu em 1925, após um longo período de doença, sofria de uma moléstia do estômago, Gustav a seguiu cindo anos após, no dia 18 de julho de 1930.
Hoje não podemos visitar suas sepulturas  no Cemitério da Comunidade Luterana de Bananal onde foram sepultados  estes pioneiros. Houve a demolição dos dois cemitérios o evangélico e o católico
 no início da década de 50. No lugar do cemiterio  foi construido o Salão Paroquial da Comunidade Luterana de Guaramirim. [14] Conta-se que havia muitos integrantes da comunidade que eram contrários, entre eles meu avô Emil. Alguns mais afoitos e inconformados, no dia em que colocaram um trator para destruir tudo, se posicionaram em frente da máquina como protesto, mas foi tudo em vão. Tudo foi destruído, voando ossos para todos os lados. As lápides de muitas famílias foram perdidas, entre estas da família Eggert. Apesar da possibilidade da remoção dos ossos Emil o principal herdeiro de seus pais e tutor de seu irmão João Anton que também estava sepultado alí, não providenciou a remoção.  Os descendentes de Gustav não se sabem se providenciaram a remoção dos pais e avós alí sepultados. Por muito tempo havia uma grande cruz que podia ser avistada ao longe, diziam que era alí que estavam os ossos dos dois cemitérios. Este tema deveria ter uma atenção dos historiadores, até hoje não há nem menção nos locais onde estes dois cemitérios se situavam. Completo descaso com a história dos primeiros imigrantes.

Meu avô Emil, que era um membro muito ativo da igreja de Itapocuzinho mas morava em Jaraguá, desgostoso tanto com a demolição do cemitério como com a mudança da comunidade para o centro de Guaramirim, rompeu com esta comunidade transferindo-se para a Comunidade Luterana do centro de Jaraguá do Sul.

 6-A História de Emil Eggert e Emma Friedemann

Emil herdou as terras que Carl comprou quando veio a Jaraguá. Não sabemos exatamente porque foi Emil o escolhido, não sendo ele nem o primogênito, nem tampouco o filho mais novo.
Assim, após a morte dos pais, Emil continuou trabalhando nas mesmas terras e morando na mesma casa. Nesta época, também Carl  Robert com a família residiam ali, mas depois, este instalou-se em Schroeder onde comprou terras.
Johann Anton, o mais novo dos irmãos, ficou sob a guarda de Emil, pois como já mencionado, ele sofria de “ataques”, precisava de muitos cuidados e era solteiro.
Emil e Emma tiveram 6 filhos: Hilda, nascida em 1915; Oscar, em 1921; Alitor em 20 de fevereiro de 1924; Edgar nasceu em 21 de julho de 1926, Gehard em 22 de fevereiro de 1929 Emílio Júnior em 7 de abril de 1932.
Emma contava com a ajuda da filha de Helena chamada Matilde, que ajudava nos serviços da casa, cuidava das crianças e de Johann Anton, enquanto os outros trabalhavam na roça. Johann Anton sofria ataques provavelmente epilépticos, com muita freqüencia. Um dia, Emma deixou-o sentado no sótão da estrebaria descascando milho e foi capinar numa roça próxima, recomendou a Matilde para que esta o vigiasse. De repente, Johann teve um forte ataque, caiu da janela sobre as pedras da entrada da estrebaria, ferindo gravemente a cabeça. Após este fato, os ataques tornaram-se muito freqüentes, não tinha mais responsabilidades sobre seus atos e era um perigo para as crianças. Nos últimos meses de sua vida, permaneceu na cama totalmente dependente, sem controle das eliminações, fazendo com que Emma além do trabalho com os próprios filhos, tivesse ainda sob sua responsabilidade este cuidado. Anton faleceu dia 30 de março de 1928, quando contava a idade de 27 anos, e foi enterrado também no cemitério do Bananal.
Depois da morte de Anton, a antiga casa passava a abrigar apenas os membros de uma única família, isto é, a família de Emil.

Emil tinha um empregado que era casado e morava em uma pequena casa no lado leste do terreno. Ele ajudava na lida da roça e ela na casa e no quintal. No entanto na lembrança do filho Alitor, este casal depois foi despedido pois a esposa era alcoólatra em alto grau. Trabalhava na casa alcoolizada trazendo as garrafas de bebida que escondia debaixo do colchão de alguma cama.

Aproximadamente na década de 1930/1940, a casa antiga  construída por Carl em 1898 foi reformada e ampliada. A pintura com os desenhos de flores nas paredes, foram feitas por um conhecido pintor da redondeza que era imigrante alemão novo, como eram chamados aqueles que tinham imigrado já no século XX.

Os filhos mais velhos, Hilda e Oscar, estudaram na antiga escola da comunidade Luterana em Itapocuzinho I. Como Hilda nasceu em 1915 deve ter frequentado esta escola aproximadamente de 1923 em diante. Oscar nasceu em 1921 portanto deve entrado na escola em 1929. Já  os mais novos, Alitor , Gehard, Edgar e Emilio na Escola de Jaraguá na década de 1930. A Escola Jaraguá  que foi inaugurada em 1907 servindo primeiramente como escola e igreja para a Comunidade Evangélica de Jaraguá do Sul. A igreja de Jaraguá do Sul que conhecemos até hoje foi construída somente em 1935. Alitor relata que muitas vezes os alunos tinham como tarefa de aula, carregar tijolos para ajudar na construção.
Emil e Emma foram pessoas que mantinham vivas as relações de amizade com parentes e vizinhos. Participavam também, do trabalho na Comunidade da Igreja Luterana de Itapocuzinho I até 1950, que se situava próxima do rio Itapocuzinho. Nota-se que a família devido ao fato de residir em uma região de divisa de municípios que naquele tempo ainda não era como hoje, oscilava entre um e outro município.
Gostava de música e quando mais jovem tocava trombone em uma pequena banda da localidade. Os ensaios, geralmente se realizavam na espaçosa varanda de sua casa.
Emil na década de 30, abraçou as idéias do Integralismo, e de acordo com estes preceitos utilizavam roupas próprias o que pode ser observado em fotos de festas de família.
De acordo com Cavalett (1998), que realizou um estudo sobre o movimento integralista na região de Joinville, havia recomendações expressas quanto ao uso de vestimentas e comportamentos. A camisa era de cor verde com gravata preta, ao estilo militar,uniforme este que adaptado também era utilizado pelas crianças e pelas mulheres. Os homens eram chamados de camisas verdes e as mulheres de blusas verdes. A gravata era de tecido preto e as calças eram pretas ou brancas. O sigma era o sinal simbólico do Movimento Integralista.É uma letra grega que corresponde ao nosso S e indica SOMA, seria a soma dos infinitamente pequenos, lembrava que o movimento vinha no sentido de integrar todas as forças do país na suprema expressão da nacionalidade.
Na região do norte do estado, havia vários núcleos de integralistas, sendo que o sub núcleo de Itapocuzinho era liderado por Emílio Silva, sendo que Emil Eggert era um auxiliar direto, uma espécie de vice líder. Faziam reuniões e encontros ampliados que eram realizados nos salões de sociedades de atiradores. Em um sábado, dia 7 de outubro de 1936, ocasião em que se comemorava um aniversário do movimento, vários encontros estavam programados em toda a região. Um deles ocorreu no Salão João Pessoa em Itapocuzinho II.
Um forte esquema de repressão foi acionado pela polícia de Blumenau sendo que um pelotão de vários homens que lotavam um ônibus foi destacado para surpreender os adeptos. Quando estavam todos reunidos no salão, a polícia entrou. A reação de muitos presentes foi de fuga e outros de enfrentamento. Os que fugiam saltavam pelas janelas e corriam para as casas próximas, pedindo roupas emprestadas tirando o uniforme e vestindo roupas comuns para disfarçar o envolvimento com o movimento. Outros, mais valentes, honrando a camisa verde, mesmo sem armas resolveram enfrentar os policiais o que resultou em uma morte e algumas prisões. Fernado Sacht de 54 anos, foi morto e Emil como vice-líder do movimento foi preso e levado para Blumenau onde foi solto alguns dias depois.[34]
Fernado Sacht foi considerado um mártir do movimento, foi enterrado no cemitério de João Pessoa e em sua homenagem foi construído um túmulo especial com uma espécie de obelisco no qual além da “sigma “ dos integralistas está escrito: Província de Santa Catarina ao seu segundo mártir. Anauê, Deus, Pátria, Família.
Depois deste acontecimento e com a proibição das atividades do integralismo no país, os participantes ainda tentaram  em 10 de março reabilitar o movimento. Nas edições do Jornal Correio do Povo  de Jaraguá, noticia sobre  medidas repressivas  empreendidas pelo Tenente Hersbter que era o interventor municipal do município, junto com o delegado de polícia.Em Guaramirim o sub delegado João Lira também fez diligencias.

AINDA O LEVANTE INTEGRALISTA.
Prisão de mais dois implicados – Aprehensão do archivo.
A polícia continuou, debaixo da activa, orientação do delegado Oswaldo Buch e Tenente Leonidas, as diligencias para completo esclarecimento da tentativa de subversão da ordem pública na noite de 10 de março p.p. neste município.
Com as últimas diligencias levadas a efeito pelo sr. João Lyra, activo sub-delegado de Bananal, chegou ao conhecimento de que Emilio Silva, ex-fiscal da prefeitura e chefe do sub-núcleo integralista de Itapocuzinho, mandara uma carta a Carlos Oechsler, sub-chefe do núcleo de Ilha da Figueira, afim de que este convocasse seus homens para estarem de prontidão, pois naquele dia o exército e marinha, iriam dar o golpe integralista. Detidos Oechesler, João Sanson e Emilio Eggert, este último portador da carta, ficou confirmada a denúncia. Detido Emilio Silva este informou com todos os detalhes a sua participação no aliciamento. Ambos, os detidos foram remetidos a Florianópolis com respectivo inquérito. Correio do Povo,
Anno XVII' Jaraguá -:- 2 de Abril de 193, n°.925. Sobre a prisão de Emilio a narrativa na família é de que Emil Eggert foi levado a Blumenau e solto em seguida.
Não sabemos ao certo, porque Emil participou deste movimento, envolvendo os filhos a mulher e demais parentes que também vestiam as camisas verdes. Talvez de forma simplista, poderia-se dizer que foi levado pelo calor do discurso de Emílio Silva e por que grande parte dos colonos aderiu, mas por outro lado, é importante considerar os motivos considerados por Cavalett (1998) sobre a adesão dos teutos da região a este movimento:
-a busca de uma ascensão social e política para que pudessem fazer valer seus anseios;
-a organização e o discurso que defendia os interesses dos descendentes de alemães;
- a hostilidade dos Ramos às colonias alemãs com medidas enérgicas que culminaram mais tarde com a Campanha de Nacionalização com repressão aos descendentes de alemães.

Em novembro de 1944, a região foi abalada por uma grande enchente, que segundo os mais velhos, não foi tão forte como a de 1906, porém foi a uma enchente de proporções que não mais ocorreram até os dias atuais. Choveu quase sem parar durante uma semana, os rios Itapocú e Itapocuzinho se tornaram um só, somente as partes mais altas dos terrenos ficaram de fora da água. A casa de Emílio não foi atingida. As pessoas que vivenciaram esta enchente, relatam que o mais lúgubre era estar cercado de água e ouvir os gritos dos animais, bois e vacas, que, na época, eram muitos. A propriedade de Emil estava situada num local onde o rio saia do seu leito apenas na sua margem atingindo o pasto onde o gado era levado sempre no período da tarde. Portanto todas as terras a casa e os ranchos eram livres de enchente.

Emil e família eram participavam ativamente das atividades da Igreja Evangélica Luterana. Em 1933 aconteceu na cidade de Joinville a Assembleia Sinodal da qual  Emil teve participação  de acordo com uma foto que  foi conservada  na casa de Emil e depois resgatada por Alitor Eggert (vide fotos no final)

6.1 A vida adulta dos filhos de Emil e Emma
Emma era uma mulher que acompanhou a tragetória do esposo, na lavoura e nas atividades sociais, como uma mulher do seu tempo. Apesar do trabalho duro que enfrentava no dia a dia, tinha um rosto meigo, um olhar que inspirava simpatia e confiança para as pessoas. Emma tinha apenas uma filha que era a mais velha 7 anos mais velha que seu irmão Oscar o segundo filho. Portanto as lidas da casa eram da responsabilidade de Emma e Hilda.
Hilda* 1915 +01.09.1984 Casou em 6-05-1939 em Jaraguá com Gustavo Rode de 28 anos, ferreiro natural de Massaranduba, filho de Gustavo Rode lavrador nascido na Alemanha em 1-08-1874 e de Emma Leu também nascida na Alemanha em 16.01.1885. As testemunhas do casamento civil foram: Erich Rode, Auguste Rode, Jenny Fröchlich e Augusto Möglich. Logo em 24 de outubro nascia o primeiro filho Heinz. Foram residir em Massaranduba, lá se estabeleceram em uma propriedade cujas terras se extendiam até o rio situada na Rua 11 de novembro. Ao lado da casa estava localizada a ferraria de Gustavo. Hilda e os filhos trabalhavam na roça, tinham também algumas vacas e galinhas utilizadas apenas para a subsistência.

 Após o casamento de Hilda, Emma ficou sem sua principal ajuda nos serviços da casa. Assim, Alitor, passou a auxiliá-la. Este, com paciência e habilidade, fazia pão, ajudava a lavar e estender a roupa, enfim todas as tarefas domésticas necessárias para uma família em que havia 5 filhos homens em casa. Alitor foi dispensado do serviço militar, os seus irmãos Edgar, Gehard e Emílio cumpriram o serviço militar no Rio de Janeiro.

Oscar * 12.06. 1921 + 09.12.1996. permaneceu solteiro. Residiu com os pais e irmão na mesma casa construída pelo seu avô Carl. Após a morte dos pais continuou residindo com a família de seu irmão Emilio Junior. Dedicou sua vida a lavoura e ao Clube Recreativo Vierense, do qual foi um de seus fundadores. Decidiu abreviar sua vida, causa de morte foi enforcamento.

Alitor dito Ali pelos pais e irmãos, * 20.02.1924; +2-10-2013.  Casou-se aos 25 anos com Helga Maas de 17 anos, filha de Alwin Maas e Lina Fischer nascidos em Pomerode e residentes no Bananal/Guaramirim. O casamento ocorreu em 20 de setembro de 1949 tendo por testemunhas: Raulino Maas[15] mecânico residente em Blumenau, Edgar Eggert, Lucia Maas e Anita Bublitz futura Bürger

Nos dois primeiros anos de casados residiram na casa de Emil, sendo que logo construíram uma pequena casa de madeira no lado leste do terreno dentro da propriedade de Emil. Nesta época na casa ainda moravam e trabalhavam na lavoura os demais filhos solteiros: Edgar, Emilio e Oscar. A grande casa mais uma vez abrigava a todos os filhos na expectativa de que cada um pudesse encontrar seu caminho e seu sustento.
Edgar * 21.07.1926 + 24.03.1997. Casou-se em 24 de abril de 1953 com Berta Vogel filha de Arnoldo Vogel e Leopoldina Ender, lavradores, residentes na Estrada Itapocú (terreno ao lado da atual fábrica de elásticos Zanotti). Após o casamento o casal Edgar e Bertha foi morar na propriedade da família Vogel sendo que herdaram a mesma com a responsabilidade de cuidar dos genitores. Bertha tinha apenas uma irmã, Gertrudes Vogel.

Arnoldo pai de Bertha, era filho de Julius Vogel nascido na Alemanha e morador de Timbó. No entanto, após ele ter participado de um massacre aos índios Botocudos [16], fugiu para a localidade onde atualmente é o bairro de Vieiras/Jaraguá do Sul. Era um homem muito rico por conta das pepitas de ouro roubadas dos índios adquirindo vastas terras e construindo uma moderna serraria.

Gehard *22.02.1929 + 1922. Já tinha se retirado da casa de seus pais para trabalhar no comercio, casou aos 21 anos com Verônica Dalvowo de 17 anos, em 27 de maio de 1950. Ela era filha de Alexandre Dalfowo natural de Indaial, operário da Empresa Hufnnesler (atual Duas Rodas) e de Paula Wagner natural de Jaraguá do Sul.  As testemunhas do casamento civil foram: Oscar Eggert, Alexandre Friedemann, Paula da Costa e Elfride Gehring. Primeiramente foram morar em Itapocuzinho II, onde Gehard trabalhava em casa de comércio da família Costa. Posteriormente Foi trabalhar na Empresa Breithaupt e se estabeleceu na localidade de Rio Molha próximo a família Dalfowo.  Era apelidado de “ Schwartze Eggert” por ter cabelos pretos e parecer um pouco mais moreno do que a maioria dos descendestes alemães.

Emílio Júnior dito Milo pelos pais e irmãos *07.04.1932 +9-12-1981 Casou-se com Nilda Nagel * 1934 nascida em Timbó, filha de Hugo Nagel e Olga Sieman. Hugo Nagel era marceneiro tinha muita habilidade com madeira.  Nilda trabalhou na casa do pastor Weidner da Igreja Evangélica Luterana de Jaraguá do Sul antes de casar-se. Ela vinha do meio urbano e teve que se adaptar a vida rural pois o casal ficou residindo com os pais e o irmão Oscar na antiga casa e foram sendo herdeiros da propriedade e responsáveis pelo cuidado dos pais de Emilio de acordo com a tradição. Nilda fez esta adaptação com habilidade, sutilezas, carinho. O casal faleceu em 1981 devido a um acidente na ferrovia em frente de sua propriedade. Emilio tinha 49 anos e Nilda 47. Em maio daquele mesmo ano já tinha falecido devido acidente o filho Emilio Carlos de apenas 17 anos.


7-
Tempos depois lembranças da casa de Emil

Como autora deste escrito nascida em 1953, viví até 1969 nas terras compradas por Carl Eggert em 1892. Nós morávamos até 1962 em uma pequena casa de madeira verde, no lado leste do terreno. Era aproximadamente a 500 metros da casa do meu avô Emil, e onde ainda moravam meus avós, meus tios Emílio e família e meu tio Oscar. Da nossa casa podíamos observar todos os movimentos na casa grande e no terreno e vice-versa.

Os terrenos e a casa

A área total dos terrenos em 1958 era de 275.333 m2. Consta nos dados da doação, que o terreno foi adquirido por compra de Augusto Schlupp e sua mulher por escritura pública na Comarca de Joinville sob o número 292, pg 72 do livro n°4. Augusto Schlup era na década de 1920 um operário da fábrica de charutos e tinha sido testemunha de casamento de Carlos Eggert, irmão de Emil. Há uma hipótese para esta compra de um terreno que tinha sido adquirido do Dominio Dona Francisca em 1892.Provável por ocasião da morte de Guilhermina esposa de Carl ainda não tinha sido feita a doação do terreno para Emil. Era costume no caso de morte, passar o terreno para uma pessoa estranha da família, impedindo o inventário. Depois o terreno era retomado numa compra simbólica. Foi o que aconteceu neste caso em que Emil como herdeiro do total do terreno recomprou simbolicamente o terreno passado para Augusto Schlup.

Do total do terreno Emil e Emma doaram para o filho Alitor Eggert 117.362 m2 sem benfeitorias .Os doares também reservam para Alitor Eggert um caminho com a largura de  4 metros através do terreno de Emilio Junior para garantir acesso.

Para Emilio Junior foi doado em regime de usofruto vitalício para os pais, 157.973 metros quadrados com uma casa de construção mista de 1 pavimento medindo 6x8 metro, .construida em 1898na Estrada Itapocú Km 12 . Presente no ato da doação todos os filhos e noras que concordaram e assinaram.

 Meu pai pagou aos demais irmãos Hilda,Oscar, Edgar e Gehard a quantia de 100 cruzeiros e meu tio Emílio ficou responsável pelos pais até sua morte. O tio Oscar solteiro, como já mencionado anteriormente, ficou morando na casa com os pais e com Emílio Junior e sua família.

Apesar de todos terem assinado concordando com a partilha, havia insatisfeitos. Em 1959 na reunião familiar num domingo após a assinatura, Bertha a esposa de Edgar, corajosamente expressou sua insatisfação e a partir desta data as relações foram cortadas. Foi um momento de muita emoção no qual nós crianças, vimos pela primeira vez os adultos como meu tio Gehard e meu pai chorando. No entanto a vida seguiu seu rumo, pois os pais tinham poder de decisão e foi a forma de os três filhos continuarem na lavoura. Em 1963 nas bodas de Ouro de Emil e Emma, Edgar e sua esposa Bertha estavam presentes, no entanto cessaram as visitas que fazíamos naquela casa de enxaimel da família Vogel.  Tantos anos depois constatou-se que não somente Bertha ficou insatisfeita com a partilha, já no século 21 Gehard que na velhice escrevia diários na forma de poesia, entregou para nós descentes de Alitor Eggert e ainda proprietárias das terras, uma reflexão revelando inconformismo. (vide anexo). Assim a história se repetia, como aconteceu na partilha feita por Carl 35 anos antes, no qual o filho Paul saiu insatisfeito e cortou relações com a família. A vida é mesmo um eterno retorno.

Na minha lembrança  dos 6/7 anos até 1962 quando a casa foi demolida, lembro dos detalhes do interior e do exterior. Havia uma grande varanda na parte da frente com arcos, o piso era de cimentado com uma cobertura esverdeada brilhante. Havia ali vários vasos de folhagens dispostos sobre a mureta ou em vasos com suporte de madeira sobre o piso. Emma cuidava destas folhagens, regando, afofando a terra.  Saindo da varanda e entrando na casa, havia um pequeno hall, com cabides pregados na parede, onde eram pendurados os chapéus. Em seguida, se deparava, à esquerda, com uma grande sala de estar, que tinha as paredes pintadas de flores e uma das paredes coberta de fotos. Entre estas as fotos estava o grande relógio, que batia de hora em hora. Havia uma saleta, à direita, em que os móveis eram uma cristaleira e um conjunto de uma mesa e cadeiras de vime amarelas. Havia dois quartos de dormir um deles ocupados por Emil e Emma e o seguinte ocupado pelo casal Emilio Junior e Nilda. No lado oposto do quarto de Nilda havia um quarto utilizado como dispensa, ali ficavam latas com trigo, fubá entre outros. Saindo deste pequeno corredor na segunda parte da casa, havia uma grande sala de jantar com uma mesa grande cercada por dois bancos, sobre um aparador no lado esquerdo estava o rádio. Esta sala, era separada da cozinha por uma escada de dois degraus. Lembro que Emma se queixava da dificuldade de subir e descer esta escadinha. A parte posterior do forno ficava dentro da cozinha do lado esquerdo e logo perto da porta estava o fogão a lenha em seguida a mesa de lavação de louça sobre a qual havia uma bacia. No lado oposto dois armários um para as panelas e outro para as louças.

 A cozinha dava para uma área de serviço aberta com piso de tijolos, ali estavam instalados os coxos para a lavação de roupa e mais tarde Emilio Junior comprou uma máquina de lavar roupa que também ficava nesta área. A boca do forno ficava nesta área.

 Da área de serviço entrava-se no banheiro, que era uma sala para tomar banho, pois o banheiro propriamente dito para as eliminações estava situado fora da casa a aproximadamente um metro descendo-se uma baixada.

 Nesta área, também estavam pendurados uma gaiola com um periquito e solto estava num local próprio um papagaio. Havia também dois cachorros grandes, mas após uma suspeita de raiva eles desapareceram, certamente sacrificados. O piso desta área era de tijolos vermelhos já muito gastos.

Foi a casa que viu e abrigou as várias gerações da família, até sua demolição em 1962, quando ainda estava em boas condições de conservação.

No quintal, na parte de traz da casa estava o poço que tinha uma forma arredondada. A água do poço era bombada com uma bomba manual e despejada em dois tanques com água para o gado. O poço e os tanques   estavam localizado estrategicamente numa área ladeada pelas 5 edificações: a casa, a estrebaria, o rancho dos cavalos e dos carros onde no tempo de Carl localizava-se a fábrica de açúcar e melado, o chiqueiro e o galinheiro. Esta configuração se assemelhava com as construções das vilas europeias onde o poço é o centro e as casas ao redor. Estas 5 edificações estavam na parte alta do terreno. Logo em seguida havia uma baixada onde estava situada a “privada” que era o sanitário da casa. Uma casinha de madeira em cujo acento havia um buraco para a pessoa sentar e fazer as necessidades. Esta casinha foi construída estrategicamente sobre um pequeno riacho que levava os dejetos para o pasto da propriedade. Por volta de 1958 a vigilância sanitária da prefeitura fiscalizou as propriedades rurais e ensinou a fazer fossas secas. Emma que ainda era a senhora da casa e tomava as decisões foi contra este projeto. Na construção da casa nova em 1962 foi construído sanitário dentro da casa com fossa séptica e sumidouro de acordo com os padrões sanitários.

Na parte de cima do galinheiro moravam os pombos.  Costumavam ser assados na brasa como galetos, uma iguaria utilizada pela família principalmente pela geração mais jovem como Oscar e Emilio Junior na reunião com os amigos e regada com cerveja.

O rancho destinado aos porcos era emendado num grande cercado cheio de arvores frutíferas onde os porcos eram soltos. Mais tarde este cercado foi desativado e os porcos em menor quantidade pastavam em todos os lugares do pasto.

O jardim na parte frontal era um grande cercado com uma entrada lateral. Lembro que a cerca era bem velha. Havia um gramado central utilizado para quarar a roupa no sol. Depois do gramado havia vários canteiros alguns com flores, outros com morangos e ainda outros com verduras folhosas tipo couve, alface, na parte lateral do lado esquerdo de quem olha para o trilho havia arvores antigas s e embaixo delas pés de bambú de salão e outras folhagens. Em cada uma das pontas da cerca, havia do lado esquerdo um grandioso pé de jabuticaba e do lado direito um pé de jabuticaba de uma espécie menor mas que também produzia muitos frutos. Nós crianças passávamos muito tempo sentadas nos galhos nos deliciando com os frutos. Após a demolição da casa, o jardim continuava quase com a mesma configuração, mas menor de modo que os pés de jabuticaba ficaram fora da cerca do jardim.

Ao lado da casa quase em frente ao galinheiro havia uma pequena lagoa para os patos e marrecos nadarem. No centro dela uma pequena ilha onde tinha uma palmeira com folhas tipo leque. 

Algum tempo depois da partilha oficial das terras, aproximadamente em 1961 foi construída uma cerca entre os terrenos de Alitor e Emilio Junior. Após esta construção e com a nova casa em 1962, os ranchos foram reformados e mudou a configuração da área destinada aos porcos.

As rotinas e as mudanças na casa.

Nas férias escolares nossos primos de Massaranduba filhos de Hilda, e nossos primos “da cidade”, filhos de Gehard, passavam as férias na casa grande de Emil e Emilio Júnior. E nós, como vizinhos, tínhamos a oportunidade de usufruir destas companhias que, para nós, se constituíam em uma festa.
Também parentes mais distantes vindos de Rio Negrinho, a tia Amanda[17], com seus filhos, passavam alguns dias naquela casa grande que parecia abrigar a todos. Aos domingos, sempre havia alguma visita ora da família Friedmann ora da família Eggert. E não raro nós íamos visitar estes parentes aos domingos em Itapocuzinho na casa de Franz Kleber e Frida, Guaramirim na casa de Carl Friedemann e Adele, Guamiranga na casa de Helene Friedemann. Para visitar Hedwig Bruns a filha de Helene Friedemann atravessávamos o rio de canoa. Esta travessia era tensa para nós crianças pequenas, mais tarde quando já tínhamos carro fazíamos a volta por Guaramirim para chegar na casa dos Bruns.  Para visitar a família de Estefano Meier cuja esposa era Rosa costa filha de Auguste Friedemann iámos a pé pelo trilho o mesmo acontecia na visita a Familia Bolduan

Quanto aos parentes do ramo Eggert lembro apenas das visitas na casa de Carlos em Schroeder  que visitávamos aos domingos  indo de manhã e só voltando no final da tarde. Estas visitas também aconteceram nos tempos que Emma e Emilio eram vivos depois se tornaram mais raras. Nunca fomos visitar os parentes de Max, Paul ou Gustav. Muito era falado sobre a família Sacht, mas nós de outra geração já não sabíamos qual era nosso parentesco.
Os domingos seguiam uma rotina. De manhã, íamos para a casa grande onde brincávamos com nossos primos filhos de Emil, espiávamos o que estava sendo preparado para o almoço e descobríamos a visita que tinha por lá.
Meu avô Emil tinha sua própria rotina de domingos, jogava baralho na casa dos vizinhos de sua idade, como o Alvin Tribess, Alwin Muller, Gustav Hänschel, tanto no período da manhã como no período da tarde. Enquanto isto, as mulheres minha avó e minha tia Nilda faziam o almoço.
Emil Eggert era uma pessoa que gostava do prazer das pequenas coisas, como saborear uma boa alimentação, fumar e contemplar. No final da tarde, após a lida da roça, gostava de preparar uma fatia de pão com banha de porco coberta com rodelas de pepino de conserva e sobre estes uma camada de mostarda. Sentava-se em um banco de madeira nos fundos da casa e saboreava devagar. Depois ia fumar seu cigarro de palha, sentado na beira do poço de onde tinha uma boa visão da  vizinhança. Ficava  ali conversando conosco ironicamente ou simplesmente ficava consigo mesmo, olhando para o  horizonte. Tinha um vocabulário às vezes rude, porém, sabia manter uma conversa irônica e carinhosa, principalmente com as crianças, para as quais sempre tinha um apelido interessante. Apelidou nossa irmã Renita de Môta Repsch.
Até a demolição da casa grande dos meus avós, em 1962, aparentemente o poder ainda estava nas mãos de minha avó Emma. Porém, depois na casa nova, tia Nilda a esposa de Emílio, foi impregnando gradativamente seu estilo. As fotos antigas foram guardadas no sótão novo. Na nova sala, apenas fotos dos casamentos recentes, e dos filhos bebês iniciando os passos eram alinhados de forma estética. Os móveis mais antigos foram deixados no quarto dos meus avós, a cômoda, a cama, um armário. As fotos antigas, como de Carl no caixão, desapareceram.
Conforme meu pai, Alitor, a antiga casa ainda estava em ótimas condições de uso, porém, a disponibilidade de dinheiro, e a facilidade de empréstimos que o governo João Goulart fazia aos pequenos agricultores, motivaram a construção da nova casa. Na minha percepção, talvez a tia Nilda tenha impulsionado esta mudança, pois isto a levaria finalmente a ser a dona da casa, de seu espaço e não mais o espaço da sogra.
Com a destruição daquela casa, e o avanço dos tempos, as mortes das pessoas mais velhas como irmãs e irmãos dos meus avós, as visitas destes ramos mais distantes da família foram diminuindo cada vez mais.
Aos poucos, também a saúde de Emma foi se deteriorando, cada vez ela caminhava menos. Nos últimos 4 ou 5 anos de sua vida, ficou restrita a cama e a cadeira. Esta imobilidade era motivo de maior convivência com ela, passávamos muitas horas sentadas em seu quarto ouvindo suas histórias, suas recordações e suas explicações sobre os parentes que só mais tarde passei a considerar nas minhas recordações e dar valor histórico e afetivo.
Emil Eggert, foi um guardião das tradições e da língua alemã. Ele se preocupava em ver-nos na adolescência falando a língua portuguesa, chamava nossa atenção, não permitindo que na sua frente falássemos português mesmo entre nós primos ou irmãos da mesma idade. Também vigiava nossas saídas de casa , e quando em uma ocasião descobriu que a Renita, nossa irmã, estava namorando um aluno interno do Ginásio São Luiz, com aspecto de “não alemão”, ele logo foi avisar nossa mãe, o que rendeu a todos nós uma bela  surra e proibição de sair de casa aos domingos.
Em maio de 1968 faleceu Emma. Foi num dia nublado, estava apenas ela com meu avô em casa, quando começou a sentir-se mal. Estávamos todos na roça, era em torno de 16 horas e ele veio nos chamar muito apreensivo. Nossa mãe e tia ficaram ao lado dela enquanto os homens foram chamar o médico. Ela viveu ainda até às 18 horas, nossos pais estavam perto dela no momento da morte, que segundo eles foi uma morte sem sofrimento. Nós ficamos em casa, cuidando de nossas irmãs, não foi permitido vê-la, nestes momentos derradeiros. Na cerimônia do velório e enterro estavam presentes os integrantes das várias famílias Friedemann, Kleber, Frölhich, um integrante da família Nielsen que veio de Joinville. Uma imensa tristeza se abateu sobre nós netos pois alí começávamos a perceber que a configuração da família estava começando a se modificar. Após o enterro quando já começava a escurecer todos os filhos ficaram juntos ainda conversando ao lado do portão do jardim.
A partir da morte de Emma, Emil tornou-se mais triste, mais fechado em si mesmo. Costumava falar de morte, neste tempo a neta Mariane era seu alento e sua alegria. Em junho de 1972 contraiu uma doença pulmonar, esteve internado no Hospital Jaraguá durante alguns dias. Era o tio Oscar que ficava  a seu lado fazendo o cuidado. Lembro que fui visitá-lo e como sempre costumava fazer, me perguntava, de modo rude e com olhar irônico, quantos tinham morrido naquela semana[18]. Depois disse um provérbio “Heute rot morgen tot”. Fiquei um pouco sem graça, pois o estado dele não era dos melhores. Retornou para casa onde faleceu no mês de julho.
No enterro, pela última vez os descendentes da grande família estavam presentes. Com a morte de Emil, fechava-se um ciclo, aquela geração estava encerrada. Nós a terceira geração de brasileiros, adolescentes e crianças junto com as todos os tios, tias e demais parentes, estávamos todos juntos pela última vez, pois a pessoa que nos agregava estava deixando o palco da vida.
Depois de 1972
A vida ia seguindo, agora Emilio Jr e sua família juntamente com Oscar continuavam morando na parte oeste do terreno enquanto Alitor na parte leste. Todos seguiam a vida como agricultores, mas preparando seus filhos para um futuro que nos anos do “milagre econômico”, parecia muito promissor.
A cidade de Jaraguá do Sul crescia rapidamente com as fabricas ampliando seu espaço. Assim a terceira geração da família acompanhou o movimento do campo para a cidade, os pais permaneceram na roça, ao passo que os filhos, alavancados pelo estudo foram gradativamente buscando empregos urbanos.
Em 1981, acontecimentos drásticos modificaram totalmente a trajetória da família de Emílio Jr. E, por sua vez, o destino daquele lugar. Em maio deste ano Emílio Carlos o terceiro filho de Emílio, foi atropelado enquanto andava de bicicleta em uma noite de sábado dirigindo-se para Guaramirim e faleceu  logo no  dia  seguinte devido ao traumatismo de crânio.
Em novembro daquele mesmo ano, quando Emilio Jr e Nilda em um sábado no início da tarde  estavam saindo de  carro para uma Festa de Rei no Salão Vierense acompanhados de sua filha e de uma das noras, colidiram com uma automotriz férrea também chamada de litorina, que passava naquele momento. Após internação em estado grave ambos faleceram.
Seus filhos diante desta tragédia, tentaram por algum tempo manter a propriedade, porém inúmeros fatores contribuíram para que mais tarde fosse vendida.
Oscar, o filho solteiro, que até ali tinha vivido no conforto do lar dos pais e depois do irmão, permaneceu morando com um dos sobrinhos até sua morte escolhida, isto é, suicidou-se em 9 de dezembro de 1996 na mesma data em que 15 anos antes tinha falecido seu irmão Emilio Júnior. Hilda a filha mais velha de Emil faleceu já em 1984, Edgar em 1995, Alitor em 2013 e Gehard em 2022.

A propriedade de Emilio Jr e uma parte da propriedade de Alitor foi vendida para a Empresa WEG.  

 

8-NA CASA DE ALITOR EGGGERT

Nós, os filhos de Alitor Eggert,netos de Emil Eggert, ainda crescemos naquelas terras que foram adquiridas e desbravadas  pelo bisavô Carl Eggert. Ainda tivemos uma vida que no cotidiano que se assemelhava com a vivida por nossos pais, tios e avós. Neste capítulo vou descrever sobre o nosso trabalho e lazer utilizando como principal fonte as minhas próprias lembranças na posição de segunda filha, pois as rotinas variavam um pouco de acordo com esta posição.
O lazer e o trabalho não tinham limites muito definidos, pois desde as minhas mais remotas lembranças aos 6 a 7 anos, ajudávamos nas atividades dentro da casa, no quintal e na roça.
 

 Os finais de semana

Creio que a recordação das atividades de preparo para os finais de semana são as que primeiramente vem a minha mente. A expectativa de sair dos limites do terreno para o lazer nos fins de semana, que simbolizava o nosso mundo, era grande. Desta forma, sábado, era um dia de trabalho, mas também um dia festivo, pois tudo era feito na expectativa do dia seguinte, o domingo.
Os preparativos começavam na sexta feira a tarde. Era necessário fazer os molhos de trato.  Estes molhos eram grandes feixes de folhas das mais variadas origens que cresciam ou eram plantadas para este fim. Eram cortados com um ancinho e depois amarrados com cipós. Também era preciso cortar  os molhos de inhame na beira do rio. No rancho, estes molhos eram desfeitos e colocados em uma máquina para serem cortados em pedacinhos resultando em uma ração que era colocada no cocho das vacas de manhã, ao meio-dia e a noite. Nossa tarefa era “cortar batata” para que as vacas estivessem abastecidas no fim de semana. Este cortar batatas significava colher as batatas com uma enxada do terreno, e armazená-las em um balaio de cipó. Estas batatas eram um importante complemento para as vacas, sendo colocado no cocho no exato momento em que era feita a ordenha do leite, assim a vaca ficava calma e satisfeita naquele momento.
Também um balaio de aipim cheio para os porcos era necessário, mas esta tarefa cabia ao nosso pai.  No sábado, era preciso recolher tudo, colocar na carroça e levar para casa antes das 8:30 da manhã. Por conseguinte, aos sábados, até a hora do Frühstück[19] (primeiro lanche após o café da manhã), por volta das 8:30, no mais tardar às 9 horas isto já estava pronto. Geralmente voltávamos para casa, quando o trem de passageiros, vindo de São Francisco, estava passando pelos trilhos em frente da casa. O trem era o nosso relógio.

Depois disso, para o nosso prazer, e entrando em um clima mais festivo, fazíamos um serviço mais leve, como varrer o rancho e o quintal, ou ajudávamos em algum serviço dentro da casa.
No período da tarde, íamos muitas vezes capinar perto do rio. Exceto nossa irmã mais velha que limpava a casa, as demais que tinham idade suficiente e o irmão, íamos felizes, visto que quando o tempo era propício, levávamos roupas para depois tomar banho no rio. Capinar perto do rio era divertido, pois podíamos ver o que acontecia no outro lado da margem. Pessoas que também capinavam, ou estavam simplesmente pescando ou ainda tomando banho.
Tomar banho no rio era a nossa maior recompensa. Tentávamos nadar com um tronco de bananeira servindo como bóia. Ou subíamos no barranco e de lá pulávamos simulando, na nossa fantasia, um mergulho de piscina. Nosso pai geralmente aproveitava para nadar nas partes mais fundas do rio, e fazia brincadeiras para ver quem jogava as pedras com mais habilidade fazendo-as deslizar sobre a água.

Aos sábados, a mãe fazia pão e cuca na parte da manhã, no período da tarde auxiliava nossa irmã mais velha na limpeza da casa e, no final da tarde, providenciava a matança, normalmente de um marreco, ou pato ou ganso para o almoço de domingo.
Voltávamos para casa ao anoitecer, sob os protestos de nossa mãe, que, a estas alturas, estava debruçada sobre uma ave morta, tirando as penas, enquanto as galinhas, porcos e vacas grunhiam de fome.

Quando as irmãs mais novas ainda eram pequenas (3 a 4 anos e a mais nova ainda era um bebê), minha tarefa semanal, a esta hora, era de  banho  de banheira nelas.  Além disso ainda tínhamos os animais para tratar, por sua vez, nossos pais tiravam o leite e nossa irmã mais velha providenciava a janta. Depois de lavada a louça, íamos dormir exaustas, enquanto nossa mãe ainda preparava a sobremesa para o domingo que consistia geralmente um pudim de fruta ou de leite com um molho doce.
Domingo, nossa tarefa era ir ao Culto Infantil no centro de Jaraguá, que distava 5 km. Quando éramos menores, em torno de 7 anos, íamos a pé e mais tarde de bicicleta. Na volta um almoço especial nos esperava, com marreco ou pato assado, macarrão e sobremesa. Aipim, feijão e frango eram alimentos da semana e não comíamos aos domingos.
Finalmente, à tarde, tínhamos a grande oportunidade de sair de casa ou então receber uma visita. Quando éramos pequenas, sempre acompanhávamos nossos pais, ou na garupa da bicicleta em visita a casa dos Maas, pais de nossa mãe, em Guaramirim, ou com o Trole do nosso avô, quando em companhia deles íamos visitar parentes como os irmãos e irmãs de nossa avó da família Friedmann, ou parentes do nosso avô Emil. Quando nosso pai adquiriu um carro, em 1961, ficamos mais independentes e saímos com mais freqüência.
Quando íamos visitar nossos parentes, levávamos um buquê de flores. Chegando lá, depois de uma boa conversa entre os adultos, que às vezes escutávamos, outras vezes quando havia outras crianças, íamos brincar, tomávamos café. Nestes cafés sempre tinha algum tipo de bolo ou cuca. Os bolos de aniversário, normalmente tinham um pouco de recheio de pudim, que me deixava um tanto nauseada. Depois do café, os adultos iam para a roça ou curral mostrar as plantações e os animais. As mulheres mostravam o jardim, sempre levando alguma muda de flor para casa.
Mais tarde, com mais de 10 anos, os domingos eram passados com nossos primos Wilson e Ronald na casa de nossa avó brincando de esconde-esconde, futebol, pega-ladrão, lendo a revista Seleções comendo amendoim torrado roubado do forno.  Já na adolescência depois dos 14 anos, íamos com frequência para o rio sem nossos pais saberem, tomávamos banho, andávamos de canoa e nos encontrávamos com nossos primos segundos, os filhos e filhas da família Bruns e Meier que moravam nas imediações e utilizavam o rio como lazer. Também olhávamos para outros rapazes de outras famílias que tinham como fundos de terreno o rio e para lá se dirigiam nas tardes de domingo.
Um fato que nos deixou amedrontadas aconteceu em uma ocasião: nossa irmã mais velha que estava de “paquera” com um filho da família Ribeiro que morava no outro lado do rio na localidade de Ilha da Figueira. Em um domingo à tarde, ele nos levou em sua canoa no sentido da correnteza, isto é em direção a Guaramirim. Quando não estávamos ainda muito distantes do nosso terreno, a canoa entrou em um redemoinho fazendo uma volta brusca de 360 graus.Por sorte ninguém caiu na água, pois neste local o rio era muito fundo. Conseguimos sair dali tremendo de medo. Juramos que nunca mais iríamos nos meter fora daquele espaço do rio que já conhecíamos.

 Os dias de semana
A segunda-feira era sempre o pior dia da semana pois começava com a lavação de toda a roupa da casa que era feita pela mãe com nossa ajuda. A rotina da semana variava em função de nossos turnos na escola. Havia assim uma divisão de tarefas, aqueles que estudavam à tarde ajudavam no período da manhã e vice-versa. Lembro que estudei com mais frequência no turno da manhã. Desta forma, chegávamos em casa por volta de meio dia e meio, muito cansadas em razão de termos enfrentado 5 km de estrada poeirenta andando de bicicleta. Almoçávamos, e depois de lavada a louça, tínhamos um breve descanso até às 14 horas. Após o café, ainda tínhamos aproximadamente mais uma hora para fazer os deveres, depois íamos para a roça cortar batatas ou capinar aipim, arroz, ou molhar as verduras quando era outono.
Na adolescência, tentávamos de todas as formas ludibriar nossos pais, fazendo de conta que trabalhávamos. Assim, íamos para a roça, enquanto uma de nós ficava por lá fazendo a tarefa acompanhada de nossas irmãs menores, e a outra voltava para casa a fim de ouvir a novela de rádio, que era algo proibido. A novela Redenção, que ouvíamos na Rádio Guarujá de Florianópolis, foi motivo de muitas de nossas aventuras de fuga. Creio que o prazer não estava só na novela, mas na própria proeza de estarmos fazendo algo proibido.
Tentávamos, dentro do possível, sanar nossas dificuldades de meninas que trabalhavam na roça e estudavam em um colégio particular no centro da cidade, o que nem sempre era fácil. A nossa tarefa de cortar batatas, por exemplo, fazia com que nós andássemos sempre com as mãos manchadas, precisando todas as noites limpá-las criteriosamente esfregando com limão para as manchas desaparecerem. À noite, depois de todas as tarefas cumpridas, nos esmerávamos em passar a ferro nosso uniforme e arrumar o material para o dia seguinte. A estrada de barro[20] até o centro da cidade nos trazia muitos desconfortos, pois em dias de chuva, corríamos o risco de sermos respingadas com a água que se acumulava nas poças e nos dias de sol, a poeira deixava a nossa blusa branca com a cor amarela.

A rotina anual
A nossa rotina anual era diferente daquela que nossos colegas de aula viviam, que nas férias iam descansar na praia. Sempre dizíamos para os nossos primos da cidade, o Odemir e a Lilian, que as nossas férias eram quando tínhamos aulas. Eles nos ouviam meio incrédulos e com certeza não compreendiam muito o que estávamos dizendo.
O verão era a época de muito trabalho na roça. Plantávamos o arroz em fins de novembro. Assim quando as aulas estavam terminando, nosso pai contava com a nossa ajuda para este empreendimento. Quando ainda plantávamos todo o arroz “no seco”[21], assim que as mudinhas despontavam passávamos grande parte do tempo fazendo a capina. Tínhamos uma pequena máquina feita para ser puxada a fim de tirar o capim que crescia entre as linhas de arroz. Como o espaço entre as linhas era muito pequeno e não podíamos usar a força de um cavalo, uma vez que este derrubaria tudo, nós mesmos tínhamos que puxar a máquina. Além disso, depois ainda tirávamos o restante do capim com a enxada para tudo ficar bem limpo.
Em janeiro, colhíamos o milho que geralmente era plantado em julho. Era a tarefa mais difícil de que tenho lembrança. Não era um trabalho pesado, mas era muito desagradável. Como janeiro é o mês mais quente do ano, esta tarefa era muito desconfortável, pois a palha seca do milho liberava uma poeira fina que que ia se fixando nas roupas produzindo coceira e desconforto. Era um trabalho que tinha um começo e fim, ou seja, começávamos de manhã tendo que colher uma carroça cheia, transportar e armazenar no rancho visto que, com as trovoadas de verão, este milho colhido não poderia ficar no relento, e por este motivo fazíamos uma espécie de mutirão no qual todos da família trabalhavam em conjunto. Íamos com a carroça e os cavalos para a plantação bem cedo as 7horas da manhã para fugir do calor. Comíamos o Früshtück na roça, e voltávamos para casa quando a carroça estava cheia, em torno das 10:30 da manhã. Aí a tarefa era jogar o milho da carroça para o sótão do rancho, esta parte era mais divertida. Trabalhávamos na sombra, e para nos divertir, deixávamos cair propositalmente algumas socas de milho que os porcos prontamente pegavam. E nós corríamos atrás deles para reaver a soca de milho. Muitas vezes nosso pai entrava na brincadeira ensinando-nos a brincar de galinha cega, que consistia em fazer de um pedaço da palha de milho uma armadilha para as galinhas. Com um grão de milho encaixado na palha e depois jogado às galinhas elas logo iam ciscar para comer o grão preso, mas acabavam por prender o bico na palha e não conseguiam se livrar dela, o que dava um efeito de viseira e elas corriam alucinadas de um lado para o outro até conseguirem se livrar da armadilha. E nós riamos da pobre galinha.
 No final de final ou neste meio tempo nos períodos da tarde, voltávamos a nos ocupar com a capina de arroz que a estas alturas já estava de tamanho maior e já não exigia uma capina tão rigorosa. As tardes de verão costumavam ser curtas, pois íamos para a roça somente depois das 15:30 devido ao calor, e muitas vezes tínhamos que ficar atentas para as nuvens, pois era comum as trovoadas e neste caso voltávamos correndo para casa.

Final de março iniciando abril fazíamos a colheita. Esta foi uma época muito divertida, pois era uma tarefa comunitária. Nós ajudávamos a colher arroz da família Meier, que eram nossos parentes por parte da família Friedmann, do tio Emílio Junior, e, por sua vez, eles vinham ajudar na nossa colheita. Todo o arroz destas famílias era plantado em uma mesma época para ser colhido no mesmo tempo, e assim ser trilhado com a mesma trilhadeira.  Nestas colheitas, podíamos ouvir o que os adultos falavam, e até participar das conversas. Muitas das histórias de parentes, nós ouvimos nestas colheitas. Nesta ocasião, nosso avô e tios principalmente o tio Oscar, lembravam dos antepassados ou contavam casos de parentes ainda vivos, de política e outros assuntos. Lembro particularmente da colheita de arroz em março de 1964, o assunto era a eminência da chamada revolução.  Estávamos em final de março, e a cada dia o desfecho da crise era eminente.  Quando chegávamos em casa, ouvíamos as últimas notícias que nossa mãe tinha ouvido no rádio, ela não estava colhendo arroz porque estava grávida de nossa irmã Edla que nasceu em 29 de abril.
Em abril depois do arroz já colhido, ensacado e vendido, passávamos a nos ocupar com  a plantação de verduras. Após o transplante das mudas, principalmente quando não chovia regularmente, nós tínhamos que buscar a água em latas de um pequeno córrego e molhar plantinha por plantinha.

Em julho fazíamos o preparo para o plantio do milho, que era ajudar no arado do terreno, gradear e plantar. Isto era feito com o arado puxado com um cavalo, nossa tarefa era sempre de ajuda. Uma delas era recolher as batatas doces que sempre teimavam em aparecer na terra recém virada pelo arado. Na hora de semear tínhamos que guiar o cavalo para marcar as linhas do terreno a serem semeadas.
E assim passava o ano, no qual algumas tarefas variavam em função das plantações e outras seguiam uma rotina o ano todo, como a função com o gado de leite e as tarefas do quintal e da casa. Eu  não assumia  das tarefas da casa, meu trabalho maior, era o de cuidar de minhas irmãs menores. Cada uma de nós tinha tarefas específicas, mas havia também um sistema de revezamento. Às vezes brigávamos primeiro durante meia hora para decidir a quem cabia a responsabilidade de uma determinada atividade.

 Pão com melado
Quando, aos sábados nós éramos encarregadas de levar algum produto agrícola para a venda do nosso tio Gehard, em Rio Molha, aproveitávamos para nos fartar com uma alimentação mais citadina, com produtos mais industrializados e variados. Nossa tia Verônica preparava uma mesa com muito salame e queijo, pãozinho de trigo e eu comia avidamente. Ela ficava ali conversando comigo e talvez se admirasse com o prazer que eu demonstrava ao devorar a comida e quanto eu sentia feliz em estar ali.
Depois que eu saí de casa observei, o quanto nossa alimentação tinha um padrão definido, diferente do que se comia na cidade. A alimentação era farta, mas de certa forma frugal, com ingredientes que atualmente são considerados alimentos orgânicos, pois comíamos basicamente o que produzíamos. Comíamos usualmente carne de porco e de aves como galinha nos dias de semana, e marreco e pato ou ganso nos finais de semana. De tempos em tempos, matávamos um bezerro novo e comíamos assado de vitela. Carne de boi era um prato que só comíamos nos feriados de Natal, Páscoa e Ano Novo, quando fazíamos a encomenda de churrasco no açougue do João Lúcio da Costa em João Pessoa. Fora destas datas, só comíamos carne bovina quando mandávamos matar um boi ou vaca velha, e ficávamos com uma parte desta carne.
O ritmo das tarefas da casa na semana era determinado em função das tarefas maiores e menores, uma delas era o fazer pão. Era a mãe que fazia o pão nas quartas feiras e nos sábados. Como era assado no forno a lenha, era uma operação em que se gastavam horas. Geralmente era um pão de mistura, isto é, cará ou aipim cozidos onde se acrescentava fermento feito em casa, com fubá e um pouco de trigo. Durante muito tempo, o trigo era considerado um produto de luxo, custava muito caro, por isto os colonos usavam fubá. Nós mesmos é que levávamos o milho em um saco na garupa da bicicleta para ser moído no moinho que existia nas imediações.
O dia começava com o café da manhã, que era de pão com banha de porco e melado, as vezes com doce de banana feito em casa que nós chamávamos de “muss” e queijinho branco, às vezes com banha e açúcar mascavo ou açúcar branco. Pão de banha com açúcar branco já era uma iguaria, pois o usual era usarmos açúcar mascavo que os nossos parentes e vizinhos os Meier fabricavam.
No Früschtück, comíamos pão com algum salgado, geralmente à base de porco como sülse (uma espécie de geléia de porco), morsilha, torresmo. Ou ainda queijo fundido ou queijo branco curtido e, invariavelmente melado. Depois, até a hora do almoço, a nossa fome era aplacada com frutas da época, banana, goiaba, laranjas, carambolas, que tínhamos em abundância.
O almoço era colocado na mesa ao meio-dia pontualmente e todos se sentavam à mesa comendo em conjunto. No almoço, sempre havia algum tipo de carne, aipim, ou batata ou arroz e muita verdura de acordo com a época do ano. A sobremesa dos dias de semana se resumia em caldas de fruta, os pudins eram feitos somente para os finais de semana. Tinhamos dois pés das carambolas que davam muitos frutos, para aproveitá-los eram cortados em pedaços finos, secados no forno a lenha e depois colocados em uma lata fechada. Assim quando não havia frutas em natura usávamos frutos secos.
O café da tarde acontecia em torno das 14 horas e tinha mais ou menos o mesmo cardápio do café da manhã, pão com banha e melado ou açúcar e queijo branco.
No final da tarde, voltámos para casa com muita fome e invadíamos o armário e comendo pão com melado, às vezes quando era véspera de quarta ou sexta feira e não tinha mais muito pão, fazíamos uma mistura muito gostosa com farinha de mandioca e melado. Enfim, o melado era o nosso doce mais abundante.

 No jantar comíamos o que sobrava do almoço, com algumas variações como: batata doce ou aipim frito com toucinho, sopa de leite engrossada com alguma farinha de trigo ou de araruta, pão e chá de mate.

 Alguns mitos fizeram parte da nossa alimentação como ser perigoso ingerir agua depois de comer melancia, ou beber leite após comer pêssego sob a alegação que  era morte certa. Era proibido comer caquí, embora na casa da avó Emma havia um pé gigante que a cada ano dava frutas em abundância. No entanto nós geralmente burlávamos esta proibição e comíamos escondido.Esta proibição tinha como motivo a morte de Doris aos 9 anos, era a prima de Massaranduba que nós não chegamos a conhecer. O motivo da morte foi a aspiração para os brônquios de uma semente de caquí falecendo um tempo depois num Hospital de Blumenau. 

 O “Streppe de milho”
Na condição de filhas mais velhas nós testemunhamos o nascimento de nosso irmão Alois em 1957, das irmãs gêmeas Gisela e Roseli em 1960 e da Edla em 1964.
A avó Emma e a tia Nilda eram um amparo nestas ocasiões. Enquanto a mãe estava na maternidade, nós ficávamos sob o cuidado delas, com a vantagem de poder ficar na casa delas durante o dia e fazer as refeições por lá.

No nascimento de Alois em 1957 a tia Zita veio alguns dias para ajudar na lida da casa, sendo por isto convidada para ser a madrinha.
O nascimento das irmãs gêmeas foi um acontecimento que mobilizou toda a família e a vizinhança, pois não era um evento muito comum. Assim, desde que a mãe voltou da maternidade, as visitas eram constantes, dando aquele ar de festa a todo instante. A tia Regina, irmã mais nova da mãe, foi a pessoa que ficou na nossa casa para fazer todos os serviços domésticos por alguns meses.
O agradável aroma de álcool ou cachaça misturado com a água do banho impregnava a casa quando eram dados os primeiros banhos nas gêmeas. Nos primeiros meses, a presença delas era meio distante para nós, já que os adultos faziam o cuidado. Mais tarde, com talvez 7 a 8 meses, quando a mãe já ia para a roça, nós ficávamos em casa cuidando delas. Isto era árduo, pois mal tínhamos terminado de trocar e alimentar uma delas já a outra estava chorando.
As febres e doenças de infância eram tratadas em casa, havia um livro que a mãe consultava com freqüência quando alguém estava com algum problema. Os chás eram muito utilizados, a ida ao médico era excepcional, visto que, na época, um colono pagava todas as despesas de uma consulta médica. Assim, a farmácia era um recurso. Lembro quando tive uma ferida na cabeça que custou cicatrizar e o pai me levou na Farmácia Schulz, mostrou a ferida e o dito farmacêutico logo vendeu uma pomada que foi muito eficiente.
Um problema próprio de quem andava descalço era pisar em algum corpo estranho, o mais comum era o estrepe de milho. Isto é, farpas do pé de milho que, após colhido, eram colocados na posição horizontal no terreno, que apodreciam aos poucos. Ao pisar neste terreno, na época da colheita, ou após, quando tirávamos o trato para as vacas, com frequência pisávamos em uma destas lascas que se alojavam na planta dos pés. A tarefa, então, era colocar calor sobre o local com coalhada quente ou pirão de camomila, para a farpa sair espontaneamente. Quando isto não acontecia, nosso pai tinha uma faca própria pontiaguda para tirá-la mecanicamente. Não lembro de alguém ter ido ao médico para tirar estas farpas.
Problemas como sarampo, varicela e cachumba foram todos resolvidos em casa com cuidados como repouso, e boa alimentação. Cachaça com ramos de alecrim colocados dentro de uma garrafa era o antisséptico preferido da avó Emma. Era antisséptico para ferimentos cortantes como também analgésico tópico para dores musculares e dores reumáticas.

Chás de folha de laranja era remédio para gripe. Para fluidificar e retirar o catarro colocava-se no chá um pedacinho de gengibre.  No caso de gripe muito forte além de gengibre colocava se no chá uma brasa bem quente, que logo depois era retirada. Em caso de tosse seca e rebelde esquentava-se banha de porco e esfregava-se no peito depois cobria o peito com um pano de lã para manter bem quente.

Chá de folhas de goiaba eram utilizados para diarreia.  Em vez de bolsa de água quente, era utilizado um saco branco com farinha de mandioca esquentada previamente na frigideira.

A homeopatia da “Tante Adele” em Guaramirim era o recurso para dores de cabeça, dores de ouvido ou outros males que os remédios caseiros não davam conta.

 OS JORNAIS, AS REVISTAS E OS LIVROS.

A televisão veio a Jaraguá por volta de 1965, mas só entrou na nossa casa aproximadamente em 1970, quando eu já morava em Joinville.  Nossa realidade anterior era o rádio que preferencialmente era ligado para ouvir notícias ao meio-dia e anoite e músicas em programas da Radio Jaraguá normalmente com músicas alemãs. Havia também um programa de manhã cedo denominado Rancho do Dadí que o pai ouvia eventualmente. As novelas que ouvíamos eram de forma clandestina.

Nosso maior lazer era a leitura. Meu avô assinava um jornal semanal escrito em língua alemã editado em São Paulo: A Brazil-Post, e meu pai assinava o jornal também semanal e local: Correio do Povo. Estes dois jornais eram trocados entre si a cada semana. Por sua vez o tio Emilio Junior assinava a revista SELEÇÕES, mas esta não circulava, nós líamos quando íamos na casa deles. Mais tarde quando já éramos adolescentes, podíamos levar para casa os exemplares mais antigos.

Eventualmente adquiria-se a Revista O Cruzeiro quando tinha algum acontecimento importante, como por exemplo o golpe de 1964.

Tínhamos também o recurso das bibliotecas. Desde o curso primário na Escola Jaraguá podíamos levar para casa um livro por semana aos sábados. Lemos todos os clássicos como os três mosqueteiros, Robin Hood, Barba azul. O primo Wilson era um leitor voraz e no caminho da escola trocávamos idéias sobre o tema dos livros lidos ou que estávamos lendo.

Jà no curso ginasial no Colégio Divina Providencia tínhamos a disposição uma biblioteca imensa com livros para juventude de autores como M. Delly.  Além disso havia livros mais densos que a professora de história nos indicava de acordo com os temas que estamos estudando, lembro particularmente dos livros sobre o império romano como: A Vestal e Quo Vadis.

Na adolescência emprestávamos ou comprávamos de segunda mão, revistas como Sétimo Céu, Capricho, Contigo. Líamos na nossa curta folga depois do meio-dia e a noite após todas as tarefas deitadas na cama.

Além disso a leitura da bíblia, ouvir programas religiosos, ensaiar cantos fazia parte das nossas obrigações nas festas de Natal, Páscoa e Ano Novo.

8.7 Os primos

Atualmente as crianças a partir de uma certa idade costumam frequentar a casa de amigos. Nossa realidade principalmente das filhas mais velhas, era de que  tínhamos colegas de escola entre as quais algumas amizades. No entanto devido ao fato de morarmos a 5 km de distância, nossa convivência na infância e início da adolescência se limitava as irmãs e aos primos vizinhos Wilson, Ronald, Emilio e Mariane e os primos de Massaranduba filhos da tia Hilda Heinz, Ingo, Lendi e Günther e Odimir e Lilian filhos do tio Gehard. Com os primos vizinhos a convivência era diária quando ainda não estávamos na escola. Mais tarde quando éramos maiores, convivíamos no caminho da escola e principalmente nos finais de semana. Nos juntávamos sempre na casa dos avós e tios para brincar de esconder, sendo que o rancho das vacas era nosso principal esconderijo, fugir para o rio, ler e pegar amendoim do forno.

Também os nossos segundos primos filhos da família Meier, Bruns e Bolduan todos do parentesco com a família de nossa avó Friedemann foram nossos companheiros de infância aos domingos. Na família Bruns a convivência ocorria dentro de uma visita formal junto com nossos pais já que moravam no outro lado do rio. Íamos para lá de canoa e mais tarde de carro. Quando adolescentes nos encontrávamos no rio. Já para a família Bolduan e Maier quando éramos maiores íamos sozinhos para jogar futebol, conversar e brincar. Também tinha a família Esterei vizinhos ao lado de nosso terreno no lado leste. Lá havia duas moças que se tornaram nossas companheiras de brinquedo quando nossos pais iam fazer visita. Esta família vinda da localidade de Benjamim Constant, Massaranduba, adquiriu o terreno da Familia Zastrow e mais tarde vendeu para a família Dalprá que fez deste local um loteamento residencial. Nossas irmãs menores tiveram maior convivência com os filhos da vizinhança que que cursaram o ensino primário na escola municipal perto de nossa casa.

 

8.8 A busca de novos caminhos
No final do curso ginasial, nós, as irmãs mais velhas, tínhamos que pensar em um emprego fora de casa, pois as irmãs menores já podiam fazer os serviços e  nos substituir. Foi feito um acordo conosco, que os estudos em colégio particular seriam pagos até o final do ginásio, depois teríamos que arranjar um emprego. Como eu decidi ser enfermeira já aos 14 anos, fui trabalhar, em janeiro de 1969, com 15 anos e meio de idade, no Hospital Dona Helena, em Joinville, voltando apenas para visitas. Em 1973, passei no vestibular para o curso de Enfermagem, em Florianópolis, o qual concluí em 1976. Casei-me e permaneci morando nesta cidade, construindo uma outra história muito diferente daquela da nossa infância. Mas aquelas conversas nas colheitas de arroz e ao redor da cama da avó Emma, sempre me levaram a olhar para trás na busca das minhas raízes. Neste ano já na aposentadoria após mais de 40 anos de dedicação à enfermagem e a minha família, voltei-me quase integralmente aos estudos das histórias de famílias[22].

 
9- Os reencontros
 A festa dos descendentes de Emil Eggert
Os tempos mudaram, a família Eggert que era essencialmente agrária, mudou - se para a vida urbana acompanhando a trajetória de grande parte da população brasileira. Com esta mudança também mudaram as relações entre os parentes. Antes a convivência era entre as pessoas da família, vizinhos, agora as distâncias separam as pessoas.
Talvez com saudades daqueles tempos em 1998, em uma festa de aniversário em Massaranduba nosso primo Ingo Rode (filho de Hilda Eggert) veio com a idéia: por que não nos reunimos todos?
Esta pergunta ficou no ar, atravessou Jaraguá, Blumenau, Joinville, e da pergunta começaram a surgir respostas.  A data 21 de fevereiro foi escolhida com facilidade, pois logo foi lembrado que os mais velhos da família, Alitor e Gehard, fazia aniversário dias 20 e 22 de fevereiro respectivamente.
Ainda em 1998, foi reservado o Salão da Comunidade Luterana dos Apóstolos em Jaraguá do Sul, que, coincidentemente, foi edificado no local onde Carl Eggert tinha construído sua primeira casa. A organização da festa foi liderada por Alitor e Helga Eggert, que elegeram em cada família um representante para fazer os contatos com os demais. O restaurante de Mauro Bolduan foi contratado para oferecer o almoço, que seria pago pelos próprios convidados.
O encontro aconteceu no dia 21 de fevereiro de 1999 e o programa constou das seguintes atividades:

9 : 00 – 9:30 horas: recepção e entrosamento. Um pequeno grupo foi encarregado desta tarefa. Quase todos chegaram dentro do horário estipulado.

Foi organizada uma sessão de posters com dados sobre a história da família, e solicitado que os diferentes integrantes trouxessem fotos, que foram penduradas em duas paredes preparadas para este fim. O esboço da arvore genealógica foi colocada sobre a mesa e os integrantes das novas gerações foram convidados para colocar seus nomes.Também um cartaz sobre a origem do nome Eggert foi apresentado

Esta primeira etapa transcorreu de forma ímpar, pois quem se conhecia, mas há muito tempo não se encontrava, ficava feliz por estar junto novamente. Parece que mesmo quem não se conhecia, principalmente os jovens, logo entravam no clima festivo. Havia um sentimento de pertença, um sentimento de família. Houve o comparecimento de quase todos, exceto de dois primos e uma prima que estavam distantes, sem condições de comparecer.
Depois deste primeiro momento, com as cadeiras em círculo foram realizadas as apresentações. No início esta apresentação começou aleatoriamente, no entanto Gehard logo interrompeu dizendo que eles os mais velhos deveriam se apresentar primeiro,sendo que prontamente todos concordaram.Este momento que durou aproximadamente 2 horas, formou-se um clima muito familiar no qual muitos contaram sua trajetória de vida sem constrangimentos, incluindo os sucessos e os fracassos. Até segredos de família foram revelados. Esta parte foi filmada.

Esta parte terminou com palavras de gratidão e uma benção do Pastor Ingo Piske da Igreja Evangélica Luterana - IECLB.  A seguir  todos foram convidados a partilhar do almoço feito pelo restaurante de  Mauro Bolduan neto de Sophie Eggert  e bisneto de Gustav Eggert.
Após o almoço , houve uma pausa, na qual os convidados foram passear e rever um pouco dos arredores que se constituíam as terras de Carl, Emil, depois de Alitor.
Às 14 horas começou uma sessão de entrevistas com Alitor e Gehard que transcorreu da seguinte maneira: todos os convidados se reuniram no salão  em círculo e foram fazendo perguntas sobre o cotidiano da  infância e adolescência. Esta sessão teve a duração de uma hora e meia e foram momentos mágicos, no qual Alitor e Gehard puderam falar sobre suas vidas e das vidas de quem já não estava mais ali. Todos e especialmente os jovens, estavam ouvindo atentos e fazendo perguntas. Foram feitas perguntas tais como: onde faziam as compras, onde cortavam o cabelo, como era o namoro naqueles tempos entre outros.
Logo em seguida, todos se dirigiram novamente ao salão das refeições, no qual um grande bolo e café os aguardava. Finalmente, após o café, uma sessão de fotos foi realizada com o intuito de que este dia fique registrado para a posteridade. Dois imprevistos aconteceram neste meio tempo: uma grande trovoada com forte chuva típica de verão; e o fotógrafo que trouxe uma máquina sem filme. Assim, todos tiveram que ficar aguardando o fotógrafo Waldemar Behling proprietário do Foto Loss, voltar ao centro da cidade para tomar as providências e garantir as fotos.
Na despedida, grandes promessas para futuros reencontros em outras festas foram feitas . Infelizmente até o ano de 2023 a família se reuniu parcialmente nos enterros de Alitor Eggert em 2013 e de Gehard em 2022.
 A festa dos descendentes de Robert Eggert.
Em 21 de abril de 2001, os descendentes de Robert Eggert filho de Gustav Eggert irmão de Carl, reuniram-se para uma confraternização no Parque Malwe em Jaraguá do Sul. Na preparação deste encontro, dados da família foram resgatados e uma árvore genealógica foi confeccionada. Desta forma, também os descendentes de Gustav, começaram a pensar em suas origens, e como refere a reportagem no Jornal A Notícia daquela semana sobre a festa: o encontro também serviu para resgatar laços afetivos.

10 - Referências

Referências Bibliográficas
CAVALETT, Laucí Aparecida. O Integralismo e o Teuto- Brasileiro: Joinville - 1930-1938.1998. 164p.Dissertação (Mestrado em História) – Programa de Pós - Graduação em História, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
BÖBEL, Maria Thereza; SANTIAGO Raquel. Joinville Os Pioneiros Documentos e Histórias -1850-1866. Joinville: Editora Univille, 2001

EMENDÖRFER FILHO, Vitor. A primeira história de Guaramirim. Jaraguá do Sul: Editora Correio do Povo.
FICKER, Carlos. História de Joinville – Crônica da Colônia Dona Francisca. 2.ed. Joinville: Ipiranga, 1965.

FICKER,Carlos. História de Joinville- Crônica da Colônia Francisca. 3°ed. Joinville: Editora Letradagua,2008.


GRANZOW, Klaus. Pomeranos sob o cruzeiro do sul: Colonos alemães no Brasil. Tradução: Selma Braun. Vitória, E.S-Arquivo Público do Estado do Espírito Santo,2009. Disponível em:
https://ape.es.gov.br/Media/ape/PDF/Livros/pomeranos_sob_o_cruzeiro_do_sul.pdf. Acesso em 15-11-2023. 

Gierus,Friedrich;Ziemer,Osmar;Balz. Abrindo Novas Fronteiras:De uma Igreja de Migração à Igreja de Confissão Luterana no Brasil. Blumenau:Editora Otto Kuhr Ltda,2017

HOLZ, Nelson.  A comunidade conta sua história: Percorrendo o caminho da Ilha. Blumenau: Editora Todaletra,2011
Jornal O CORREIO DO POVO 17:923, 19 mar., 1938.
SILVA, Emílio da. Um capítulo na povoação do Vale do Itapocú.  1975. 385p.

STULZER, Frei Aurelio. O primeiro livro de Jaraguá. Editora Vozes,1973. Consulta presencial na Biblioteca Pública Municipal de Jaraguá do Sul em 2019

Entrevistas  

EGGERT, Alitor. Jaraguá do Sul: Entrevistas concedidas em 1982 e 2001. Exposição oral sobre o cotidiano na casa de Emil por ocasião da Festa da Família Eggert em 21 de fevereiro de 1999
EGGERT, Gehard, Filho de Emil Eggert. Jaraguá do Sul: Exposição oral sobre o cotidiano na casa de Emil por ocasião da Festa da Família Eggert em 21 de fevereiro de 1999
EGGERT, Oscar. Jaraguá do Sul: Filho de Emil Eggert, prestou vários depoimentos em diferentes datas no ano de 1982.
GRUN, Matilde Elisa Ana. Município de Schröder: Filha de Helene, neta de Carl Eggert. Entrevista concedida à autora, em 1982. Gravado.
SILVA, Emílio. Jaraguá do Sul Entrevista concedida em julho de 1982. Não gravada.
SOUZA, Hedwig Marie Helene. Filha de Gustav Eggert. Entrevista concedida a autora em 1982 em sua residência em Jaraguá do Sul. Gravado.

Outras Fontes

-Acervo fotográfico casa da família de Alitor Eggert, Jaraguá do Sul
-EGGERT, Afonso. Carta com informações sobre a descendência de Gustav Eggert. Joinville,14 de junho de 1982.
-Livro de registro de óbitos nº C-2 do Cartório de Registro Civil de Jaraguá do Sul.
-Livro de Atas e Registros de Óbitos, casamentos e batizados da Comunidade Evangélica Luterana de Jaraguá do Sul – Paróquia Apóstolo Pedro.
-Livro de Atas e Registros de Óbitos, Casamentos e Batizados da Comunidade Evangélica Luterana de Guaramirim.
-Livro de Atas e Registros de Óbitos, casamentos e batizados da Estrada da Ilha.
-Livro de Atas e Registros de Óbitos, casamentos e batizados da Comunidade Evangélica Luterana de Joinville – Paróquia da Paz.

Webgrafia

Family Search - Registro Civil de Jaraguá do Sul. Nascimentos de 1899 a 1931, casamentos civis de 1896 a 1950 e óbitos 1896-1997. Disponível em https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HT-62XS-JQV?owc=MXYP-4M4%3A338870801%3Fcc%3D2016197&wc=MXYB-C2W%3A338948001%2C340937001%2C340938801&cc=2016197   Acesso 2023.

 

Family Search - Registro Civil de Guaramirim. Nascimentos de 1919-1931, casamentos civis de 1919 a 1955 e óbitos 1931-1997. Disponível em https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HT-62XS-JQV?owc=MXYP-P23%3A339082901%2C339082902%3Fcc%3D2016197&wc=MXYB-C2W%3A338948001%2C340937001%2C340938801&cc=2016197   Acesso 2023

 

Family Search - Registro Civil Joinville 1852-1997 Nascimentos, casamentos civis e óbitos. Disponível em https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HT-62XS-JQV?owc=MXYK-K5M%3A337702401%2C337702402%3Fcc%3D2016197&wc=MXYB-C2W%3A338948001%2C340937001%2C340938801&cc=2016197 Acesso 2023

 

Family Search – Registro Civil Pirabeiraba: casamentos civis1933-1958,óbitos 1973-1997. Disponível em  https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HT-62XS-JQV?owc=MXYK-K5M%3A337702401%2C337702402%3Fcc%3D2016197&wc=MXYB-C2W%3A338948001%2C340937001%2C340938801&cc=2016197 Acesso 2023

 

Family Search – Registros Igreja Evangélico Luterana Joinville centro Batismos 1851 a 1970, Confirmações 1852-1937. Disponível em  https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HT-62XS-JQV?owc=MXYK-K5M%3A337702401%2C337702402%3Fcc%3D2016197&wc=MXYB-C2W%3A338948001%2C340937001%2C340938801&cc=2016197 Acesso 2023

 

Family Search- Registros Igreja Evangélico Luterana Estrada da Ilha Filme n°1 1859, n°2 1873 em diante batizados casamentos e óbitos, n° 3 após filme de Pirabeiraba/Pedreira Estrada da Ilha atas até 1890, Confirmações e óbitos de 1863-1882. Disponível em

https://www.familysearch.org/search/catalog/1122786?availability=Family%20History%20Library Acesso 2023



[1] Reside em Florianópolis. Contatos: astridboehs@hotmail.com

[2] Os livros de registros da estrada da Ilha encontram-se atualmente na secretaria desta igreja. Também é possível encontrar de forma digitalizada no site do Family Search

[3]  No cartório de registro civil há o registro de casamento em 11 de janeiro de 1891 de seu casamento com ilegível....Kühl  residente na Kreutzerstrasse testemunhas foram Germano Brietzig e Julius Zietz

[4]  Informação via e-mail de  Helcio Costa  pentaneto de Bertha Eggert, tataraneto de Bertha  e bisneto de Lina Mühlmann. 

[5] Na Certidão de Registro de Nascimento do Escrivão Francisco Antônio Vieira, Juiz De Paz, consta, entre outros dados, que: aos vinte e cinco dias do mês de março de 1891 compareceu em meu Cartório, Carlos Eggert, natural da Alemanha, casado, lavrador, residente na Estrada da Ilha. Declarou que no dia 21 do corrente pelas doze horas do dia, sua mulher Guilhermina Eggert deu a luz a uma criança de sexo masculino Declarou mais que a referida criança é o quinto filho ainda não tem nome por não estar batizada, e casou-se conforme o rito evangélico com a dita mulher na Casa de Orações da Estrada da Ilha neste Município.

 

[6] A Sociedade Colonizadora de Hamburgo foi substituída pela Sociedade Colonizadora Hanseática que passou a vender os lotes as margens do Rio Itapocú em direção a Corupá, as terras do atual município de Corupá que naquele tempo foi denominada Colônia Hansa. 

 

[7] Esta elevação por volta de 1980 foi aplainada para construir um salão para servir de  Igreja Evangélica Luterana  em terreno vendido por Alitor Eggert. Este salão estava situado onde atualmente passa a Rua Benildo Zamim em frente da Comunidade Evangélica dos Apóstolos.

[8] Informações de sua filha Hedwig para a autora deste escrito

[9] Elisa residia em uma casa de madeira na Estrada Itapocu onde atualmente está situada a Empresa WEG 2 e próximo dos descendentes de Carl Eggert. Conheci seus descendentes na infância e juventude dos quais obtive informações

[10] Conheci Hedwig na sua casa em Guaramirim. Uma pessoa meiga e falante com muitas lembranças de seus pais, da infância e juventude

[11] Helena foi sepultada neste cemitério um ano antes de um decreto estadual proibir novos sepultamentos. Em 1950 o cemitério foi demolido, não se sabe se a família dela fez o translado dos ossos para o cemitério municipal.

[12] Tucum (Bactris setosa) é um coqueiro de pequena estatura que era abundante nas matas nativas da região do Itapocu e nas terras da família Eggert. Seus frutos maduros têm cor lilás cujas sementes volumosas têm uma cobertura branca muito deliciosa.

[13] Jacob Buck nasceu em Stuttgart e veio ao Brasil com 23 anos no ano de 1903. Veio a Jaraguá, mas logo depois foi para São Leopoldo retornando a Jaraguá onde se estabeleceu definitivamente. Sua estava residência com a alfaiataria estava situada na esquina da Rua Floriano Peixoto com a Cel. Gomes de Oliveira.  

[14] Logo após  Guaramirim tornar-se um município  o primeiro prefeito Emilio Manke sancionou a LEI  N° 40 com o seguinte teor:
-Considerando que os antigos cemitérios Católico e Protestante, desta cidade, ambos interditados por força do Decreto-Lei estadual nº 105, de 6 de maio de 1938, mais cedo ou mais tarde, deverão ser demolidos;
-Considerando que o primeiro já está sendo demolido, a fim de dar espaço a construção de aumento da Igreja Matriz, e o segundo constituem sérios obstáculos á retificação da rua central;

-Considerando que cabe a prefeitura, de conformidade com a lei acima mencionada,resolve:
Art. 1º Fica reservada uma área no Cemitério Municipal, onde poderão ser abertas as covas destinadas a receber as ossadas removidas sos antigos cemitérios católicos e protestantes, desta cidade.
Art. 2º O chão de que trata o artigo anterior, será requerido ao Prefeito Municipal que o cederá gratuitamente e em caráter perpetuo, ao interessado, uma vez se tratando de remoção daqueles dois cemitérios:

Art. 3º Todas as despesas decorrentes das aludidas renovações, abertura da cova, transporto etc. Correrão por conta do interessado.

Art. 4º O lugar para a abertura da cova, nos casos da presente lei, será indicado pelo zelador, ou cujo cargo também estará a fiscalização da fiel observância do regulamento do cemitério.

Art. 5º O prazo para a remoção de ossadas dos antigos cemitérios Católicos e Protestantes será de um ano, a contar da data da assinatura da presente lei, afim de que haja o tempo suficiente para notificação dos respectivos interessados, muitos dos quais não residem nesta cidade.

Art. 6º A escolha da área de que trata o artigo 1º desta lei, ficará a critério do Prefeito Municipal.


[15] O nome correto era Raulino Fischer visto que ele era filho de mãe solteira, no entanto não se sabe por qual razão no registro do casamento civil de Helga e Alitor consta Raulino Maas e ele assinou o documento também com este nome.

[16] A história da família de Julius Vogel está descrita com detalhes no livro de Emilio da Silva Um capítulo na Povoação do Vale do Itapocú,1975. Pgs: 186 e 187.

[17] Tante Amanda era uma pessoa muito querida da família, era viúva e trabalhava na fábrica Móveis Cimo. Não consegui dados sobre qual era o parentesco com a família Eggert.

[18] Na época eu trabalhava no Hospital Dona Helena em Joinville.

[19] Na Alemanha o Frühstück seria o café da manhã como primeira refeição. Em Jaraguá talvez pela influência da língua portuguesa , denominávamos  Kafee a primeira refeição e  Frühstück o lanche da 9 hs da manhã.

[20] Na época, a atual rodovia Waldemar Grubba era denominada estrada Joinville, uma estrada de barro com morros e curvas que só foi retificada e asfaltada aproximadamente em 1975/1976.

[21] Plantar arroz no seco significa plantar arroz num terreno comum sem que a plantação fique submergida em água chama de arrozeira. Esta técnica mais utilizada atualmente  foi introduzida mais tarde por volta de 1969 quando foram feitas modificações no terreno aproveitando as nascentes de agua que corriam no terreno.

[22] Co-autora com Lourival Boehs do Livro Trajetórias e Transformações: um resgate histórico da Família Boehs 1550-2020, Florianópolis,2020, e pesquisas sobre as famílias Maas, Fischer, Bolduan e Möller, Friedemann in https://astrideboehs.blogspot.com/

 

 Anexo I

Lista de Presença ou mencionados no livro de presenças

da festa da Família de Emil Eggert e Frida Friedemann

Em Jaraguá do Sul,21 de fevereiro de 1999.

Alitor Eggert e Helga Maas Eggert e descendentes

Astrid Eggert Boehs/Florianópolis

Lourival Boehs/Florianópolis

Carlos Gabriel Eggert Boehs/Florianópolis

Gustavo Eggert Boehs/Florianópolis

Alois Eggert /Jaraguá do Sul

Laurita Ficher Eggert esposa

Bruno Guilherme Ficher Eggert

Roseli Eggert Nascimento/Florianópolis

Helcio Garcia Nascimento

Leticia Eggert Nascimento

Ligia Eggert Nascimento

Inge Eggert/Blumenau

Gisela Eggert Steindel/Florianópolis

Mario Steindel

Renita Eggert Lenzi/ Jaraguá do Sul

Angela Eggert Lenzi

Sara Eggert Lenzi

Edla Eggert/Porto Alegre

Efraim Golbert/Porto Alegre

Sofia Eggert Golbert

 

Descendentes presentes de Hilda Rode nascida Eggert in Memorian

Iris Rode Morsch/Massaranduba

Luciana Morsch Ramos

Paulo de Tarso Ramos

Lucas Ramos

Cristina Morsch

Ricardo Curt Morsch

Heinz Rode/Joinville

Wilma Kleine Rode

Ingo Rode/Massaranduba

Rosarita Rode

Günther Rode/Massaranduba

Daniel Rode

Gustavo Rode

Gabriela Rode

Thiago Rode

Thiago Rode

Haroldo Rode/Massaranduba

Venilda Rode esposa

Andrea Rode

Relinda Rode Macedo/Massaranduba

Rafael Cristiano Rode Macedo

Ana Paula Rode Macedo

 

 

Gehard Eggert/ Mafra

Isolde Herbst Eggert (segunda esposa)

Lilian Eggert Gesser/Joinville

Aloísio Gesser

Marco Tulio Gesser

Adriano Eggert Gesser

Katia Simone Gesser

Edmar Eggert/Joinville

Vitelina Etelvina C.C. Eggert esposa

Sandy Eggert Claumann/Jaraguá do Sul

Simone Eggert/Joinville

Marcio Eggert/Joinville

Cassiano Eggert/Joinville

Vanessa Cristine Eggert/Jaraguá do Sul

Lilian Daniele C. Eggert/Joinville

Odimir Dorneles Eggert In memoriam

Claudinei Eggert cc Bianca/Blumenau

Claudia/Blumenau

Anderson//Blumenau

 

Alexandre//Blumenau

Fer…..ilegível

Alessandra/Blumenau

Cristiane/Blumenau

 

 

Descendentes presentes de Edgar Eggert in memorian

Bertha Vogel Eggert esposa de Edgar/Jaraguá do Sul

Valmor von Eggert/Jaraguá do Sul

Ana D. von Eggert

Juliane Karline von Eggert

Julio Cesar von Eggert

Alexandre von Eggert

Edie João von Eggert

Fernando Ramires da Silva

Juan Carlos von Eggert

Didimo Satyro da Silva

Felipe Eduardo Berté

Maichel Robert Theilocher

Adolar Eggert /Guaramirim

Norma Zastrow Eggert esposa de Adolar

Adriana Fabiana Eggert

Ana Paula Eggert

Carlos Roberto Eggert

Descendentes de Emilio Eggert Jr. E Nilda Nagel in Memoriam

Wilson Eggert/Jaraguá do Sul

Lorena Eggert esposa

Carlos Alexandre Eggert

Paulo Henrique Eggert

Ronaldo Eggert/Jaraguá do Sul

Edilene Eggert esposa

Edinaldo Eggert

Fabiana Eggert

Greice Eggert

Cintia Eggert

Os presentes deixaram algumas mensagens

Edemar Eggert escreveu: São das pequenas sementes que nascem as maiores árvores de frutos saborosos.

Lilian Daniele Eggert filha de Edemar menciona que: O homem não morre quando deixa de viver, mas quando deixa de sonhar.

Sandy S.E. Claumann residente na Barra do Rio Cerro neta de Gehard: um abraço e que venham grandes alegrias em nossas vidas

Gisela Eggert: somos muito felizes

Renita Eggert Lenzi: Para nós este foi um dia inesquecível...num domingo de céu azul.

Bianca  (esposa ) e Claudionei filho de Odimir escrevem: Foi um dia bastante agradável.

Efraim Golbert e Edla Eggert referem que moram em Porto Alegre e gostam muito de encontrar nossa família

Norma Zastrow Eggert explica que moram em Guaramirim próximo a divisa de Jaraguá do Sul

Odimir escreve que tem os seguintes filhos: Claudionei, Anderson, Claudia,Alexandre, Alessandra e Cristiane

ANEXO II

Escrito Por Gehardt Eggert e entregue para as filhas de Alitor Eggert  em 2020



ANEXO III      FOTOS


Cena de uma rua de Gross Jestin/Pomerania/Prussia

atual Goscino/atual Polonia terra de origem 






Cena da casa senhorial de Moltow 

localidade onde nasceu Karl Eggert

em 1851




Placa de Moltow atual

 Moltowo/Polonia








Karl Eggert

e esposa Guilhermina

nascida Kayser. data: 1919




Casamento 

de Carlos Eggert (filho)

e Elisa Mielke  em 22.2.1919.

Notar a presença de Karl e Guilhermina 

no lado E da foto. 





Tumulo de Maria Eggert 

Sacht filha de Karl Eggert

Cemiterio Evangélico do 

Bairro Joao Pessoa




 Emil Eggert e esposa Emma  

nascida Friedemann. Herdeiro 

das terras de Karl Eggert

Foto 1960

 

 


 

Emil Eggert em frente a casa 
construida por Karl Eggert em 1898. Foto de ca 1940

ANEXO V             DESCENDENTES DE EMIL EGGERT ADULTOs


 


 Alitor Eggert e Helga Maas

Data do casamento: 20-8-1949

 

 

 

 






Edgar Eggert e Bertha Vogel 

Data do casamento: 25-4-1953









Gehard Eggert e Verônica Dalfowo
 Data do casamento:27-5-1950











Emilio Eggert Junior e Nilda Nagel
Data do casamento: ca. 1955

















Emil E Emma 19de julho 1963 Bodas de Ouro
da E para D. atrás
Alitor,Edgar,Gehard,Emilio,Oscar
Frente:Emma,Hilda e Emil 
Em frente a recem construida nova casa de Emilio Junior local da festa. 









Hilda Rode nascida Eggert com esposo e filhos em 1963



 AS EDIFICAÇÔES  NAS  TERRAS  ADQUIRIDAS POR KARL EGGERT EM 1892

Estrebaria, da propriedade. Os antigos contavam que a madeira deste rancho provinha do primeiro 
rancho construido na parte leste do terreno.
foto de  1982 por Helcio Garcia do  Nascimento












Frente da casa construida
por Emilio Junior em 1962 no lugar da antiga casa construida por Karl Eggert em 1898

Foto década 1990.










Foto lateral da casa 
com o pé de jabudicaba mas sem o jardim
Foto década 1990 






Foto de 1982 feita por Astrid Eggert Boehs

mostrando o caminho final da roça com o pasto 

frente ao rio. Ultima visita. 





Alitor Eggert passeando dentro do rio 

nos fundos de sua propriedade

foto ca. década 2000





Imagem do rio Itapocú das margens do terreno de Emilio Junior. Na foto Gisela, Roseli, Mariane ,

Edla e menina não identificada. 









Caminho dos coqueiros nas terras adquiridas por Karl 

e plantadas supostamente por ele. Vista da rua

 em direção a casa.Autor da foto desconhecido acervo

 casa de Alitor Eggert


Caminho dos coqueiros vista da casa
 para o trilho e a rua
Casa de Emilio aos fundos a estrebaria 
e o quintal dos fundos. Foto feita em 1982 por Helcio Garcia do Nascimento


Oscar Eggertna maturidade em um natal 
na casa de Alitor Eggert
Encontro dos descendentes 
de Emilio Eggert 1999.
Foto Loss
Certidão de Confirmação 
de Alitor Eggert. Acervo casa de Alitor Eggert

FOTOS DE DESCENDENTES DE BERTHA IRMä DE KARL EM JOINVILLE

Frida Karnnop e familia filha de Bertha Eggert
casada com Johann Friedrich Mühlmann
foto do livro de Nelson Holz 2011











Johann Friedrich Mühlmann esposo de 
Bertha Eggert


Gustav Mühlmann filho de Bertha e Johann 
Friedrich Mühlmann 
fotos colocadas no Family Search por Helcio 




Paul Eggert e  Hedwig  Wilhelmine  Lange 
(acervo Nelson Eggert)